Hughes. Multi-culti e seus descontentes

Fichamentos bibliográficos diplomáticos de Isaias Carvalho

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HUGHES, Robert. Multi-culti e seus descontentes. In: ____. Cultura da reclamação: o desgaste americano. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 73-124.

A - Considerações Gerais:

1. Trata-se de uma crítica dura ao politicamente correto radical (destacando-se uma crítica a Foucault\p. 103) e ao essencialismo grupal – étnico, religioso, cultural, etc –, que Hugues chama de “multiculturalismo azedo, fermentado pelo desespero e pelo ressentimento”. Desse modo, ele não critica exatamente o projeto inicial ou “ideal” do multiculturalismo (“pessoas com diferentes raízes podem coexistir, podem aprender a ler os bancos de imagens de outras, podem e devem olhar além das fronteiras de raça, língua, gênero e idade sem preconceito ou ilusão, e aprender a pensar no cenário de uma sociedade hibiridizada. Surge – muito modestamente – que algumas das coisas mais interessantes da história e da cultura acontecem na interface entre culturas. Quer estudar situações limítrofes, não apenas por serem fascinantes em si, mas porque sua compreensão pode trazer consigo um pouco de esperança para o mundo” \ p.75), mas os grupos mais radicais do politicamente correto cuja retórica leva ao “separatismo radical”. É também uma defesa dos valores do Iluminismo e da tradição européia, considerada não como um monólito: “[...] apesar da atual mania de depreciar o eurocentrismo, sei que tive sorte em receber a formação escolar que recebi. Ela foi ampla, ‘elitista’ ao enfatizar o desempenho, e rigorosa – só a carga de trabalho, o número de livros que se esperava que lêssemos e absorvêssemos, já pareceria cruel a um moderno estudante americano.” [p. 82 e ver trecho transcrito abaixo – p. 120!!!]

2. Atentar para o uso do termo ‘multiculturalismo’, que é muito criticado por todos os lados das trincheiras no momento. No Brasil, o termo Crítica Cultural parece ser preferido (ver Santiago e Eneida Leal), inclusive em detrimento do termo Estudos Culturais.

3. Lugar de fala de HUGHES: nasceu em Sydney, 1938. É crítico de arte da Time desde 1970. Seu principal livro: “O Choque do novo” (1991). “(...) minha educação foi monocultural, na verdade classicamente colonial, no sentido de que se concentrou na história, literatura e valores da Europa Ocidental, em particular da Inglaterra, e não muito mais.” [p. 78] “Na Austrália, que não é nenhuma Utopia, mas uma sociedade de imigrantes menos truculenta que [a dos Estados Unidos], o multiculturalismo funciona em benefício social de todos, e o papo crítico dos conservadores sobre a criação de uma “torre de Babel cultural” e coisas assim é visto como alarmismo obsoleto de um tipo bastante inferior.” [p. 79]

4. Omeros é mencionado [p. 95-6] (ver trecho transcrito abaixo; ver se Botelho o aborda em sua dissertação)

5. Talvez fazer um paralelo entre Harold Bloon e Robert Hughes: ambos do mesmo lado da trincheira em relação aos Estudos Culturais?

6. Jorge Amado é mencionado na p. 102 sobre a comemoração dos 500 anos.

7. Quando for utilizar os trechos transcritos, devo atentar para erros de concordância (e outros) da tradução. Corrigi-los!

8. Termos-chave:

· multiculturalismo: “O obsessivo tema de nosso estéril confronto entre os dois PCs – o política e o patrioticamente correto – é canhestramente chamado de ‘multiculturalismo’. […] Isso transformou o que devia ser um generoso reconhecimento de diversidade cultural num indigno programa simbólico, recheado de jargão lúmpen-radical. O resultado é a retórica do separatismo radical.” [p. 75]

B - Trechos extraídos do texto:

poéticos acadêmicos parentéticos

isaiasfcarvalho@gmail.com

Itabuna/Ilhéus, Bahia, Brasil

Imagens dos temas na base desta página por: Wellington Mendes da Silva Filho