Dissertação de Mestrado - UFBA

Apenas não esqueçam:

façam o que eu digo,

não façam o que eu falso.

Isaias Carvalho, "Gênese arrependida"; (in)versos (1999)

Universidade Federal da Bahia Instituto de Letras - Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística

Rua Barão de Geremoabo, nº147; CEP: 40170-290, Campus Universitário - Ondina, Salvador - BA /Tel.: (71) 263-6206 / E-mail: pgletba@ufba.br

ISAÍAS FRANCISCO DE CARVALHO

Orientador: Prof. Dr. Décio Torres Cruz

Omeros-Walcott: Outrização Produtiva

uma poética semi-utópica dos encontros culturais

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística do Instituto de Letras

da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras.

Salvador, 2004

Biblioteca Central – UFBA

C331 Carvalho, Isaías Francisco de.

Omeros-Walcott : outrização produtiva : uma poética semi-utópica dos

encontros culturais / por Isaías Francisco de Carvalho. - Salvador : I. F. de

Carvalho, 2003.

158 f.

Orientador : Profº. Dr.º Décio Torres Cruz.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras,

2003.

1. Poesia caribenha (Inglês). 2. Poesia latino-americana.

3. Walcott, Derek. I. Cruz, Décio Torres. II. Universidade Federal da Bahia.

Instituto de Letras. III. Título.

CDU – 821(7/8)-1

CDD – 860.01

às letras, às estradas, às estrelas.

AGRADECIMENTOS

Nomes e epítetos no pouco território-página. Uma lista para sempre incompleta:

Décio Torres Cruz, orientador companheiro; Cláudia Mônica, companhia orientadora; Ciro Antônio e Pedro Arão, crias criativas; Maria, mãe e amante das letras, mesmo que parcas; Antônio, pai épico; Jamyson Machado, guerreiro de tempos infantes; Monclar Valverde, referência viva; Profa. Araci, letras colegiais fartas; Rita de Cássia, equilíbrio espontâneo; Valter Soares, pensador do sertão; Eyder Alex, sóbrios pensamentos etílicos; Eneida Leal Cunha, patrulhamento epistemológico produtivo; Sílvia Maria Guerra Anastácio, abertura de portas acadêmicas; Margarete Lopes, re-visões; República Federativa do Brasil, biblioteca na roça, escola e universidade públicas; Alunos de letras e línguas, aprendizagem do ensino; Acaso, esse minúsculo deus sem livro; Outros, pequenos e grandes.

Pesquisa insana que alimenta as academias de letras, essa de investigar o ininvestigável: o que fica fora do nome, o gesto da escrita, a paixão que não se vê na letra impressa.

Michel Foucault, O que é um autor?

O segredo da Busca é que não se acha

Fernando Pessoa, Primeiro Fausto

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,

Tu, que dormes das nuvens entre as gazas,

Sacode as penas, Leviatã do espaço!

Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas...

Castro Alves, Navio Negreiro.

RESUMO

Trata-se de uma análise do livro-poema Omeros, do poeta caribenho Derek Walcott, como exemplar de uma outrização produtiva – conceito-atitude que serve de contraponto ao processo pejorativo e hierarquizante de outrização e silenciamento do subalterno colonial. Com a postura metodológica do campo dos estudos culturais pós-coloniais problematizam-se, dentre outros aspectos, as noções de cânone e de déficit cultural, as dicotomias centro/periferia e civilizado/primitivo, especialmente no contexto caribenho, bem como o papel do inglês como língua de poder e como língua literária, em um contexto mundial. Parte da recepção crítica de Omeros no Brasil também é analisada visando a consolidar a delimitação de outrização produtiva e a tentar oferecer uma maior visibilidade a essa poética caribenha no cenário acadêmico brasileiro.

Palavras-chave: Derek Walcott, Omeros, outrização produtiva, estudos culturais pós-coloniais, língua inglesa.

ABSTRACT

This study attempts to analyze the poem-book Omeros, by Caribbean poet Derek Walcott, as a paradigm of productive othering – an attitude-concept which serves to counter the pejorative and hierarchizing process of othering and silencing of the colonial subaltern. With the methodological posture of the field of post-colonial cultural studies, this work aims at problematizing, among others, the notions of canon and cultural deficit, the dicotomies center/periphery and civilized/primitive, especially within the Caribbean context, as well as the role of English as the ‘international’ language of power and of literature. Part of the critical reception of Omeros in Brazil is also analysed in order to consolidate the theoretical delimitation of productive othering, while seeking to offer greater visibility to this Caribbean poetics in the Brazilian academic scenery.

Key-words: Derek Walcott, Omeros, productive othering, post-colonial cultural studies, English language.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 OUTRIZAÇÃO PRODUTIVA: UMA SEMI-UTOPIA

DOS ENCONTROS CULTURAIS

2.1 Omeros-Walcott: hifenização produtiva

2.2 Os nós e os pós

2.2.1 Outrizações produtivas

2.2.2 Cânone, influência, déficit; pastiche, paródia, digressão

2.2.3 Os ‘altos’ e os ‘baixos’ da cultura

2.3 Representação: o subalterno está falando?

2.3.1 Sob o signo do encontro; o turista como ‘ladrão de imagens’

2.3.2 O narrador pós-colonial

3 INTERLÚDIO: LÍNGUA E OUTRIZAÇÃO PRODUTIVA

3.1 “Em Deus Confilamos”: a contra-poética da crioulização

3.2 A língua como herança colonial

3.3 Arauaques e Caribes: traços fantasmáticos

4 RESSENTIMENTO E REMORSO VERSUS

OUTRIZAÇÃO PRODUTIVA

4.1 Uma poética do remorso e do resgate?

4.2 Uma épica menor na poética pós-colonial

4.3 Apologia da épica das Antilhas ou outrização produtiva maximizada

4.4 Revide ou outrização inversa: la négritude e Caliban

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

Caso deseje ler o texto na íntegra, favor entrar em contato com o autor. E-mail: isaiasfcarvalho@gmail.com

poéticos parentéticos

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Itabuna/Ilhéus, Bahia, Brasil

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