AUERBACH, Erich. O príncipe cansado
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AUERBACH, Erich. O príncipe cansado. In: Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1976. p. 277-297.
A - Considerações Gerais:
1. Trecho de abertura do texto: Henrique IV, II.ii.
2. Rever conceitos de small beer e weary. [The weary Prince, no original]
3. Em linhas gerais, o antepenúltimo parágrafo do texto [p. 20 “A cicatriz de Ulisses; Mimesis] serve como resumo: “Comparamos os dois textos [Odisséia, canto XIX, e Velho Testamento, sacrifício de Isaac] e, de maneira adjunta, os dois estilos que eles encarnam, para obter um ponto de partida para os nossos ensaios sobre a representação literária da realidade na cultura européia. Os dois estilos representam, na sua oposição, tipos básicos: por um lado, descrição modeladora, iluminação uniforme, ligação sem interstícios, locução livre, predominância do primeiro plano, univocidade, limitação quanto ao desenvolvimento histórico e quanto ao humanamente problemático; por outro lado, realçamento de certas partes e escurecimento de outras, falta de conexão, efeito sugestivo do tácito, multiplicidade de planos, multivocidade e necessidade de interpretação, pretensão à universalidade histórica, desenvolvimento da apresentação do historicamente devinte [o devir histórico] e aprofundamento do problemático.”
4. ANOTAÇÕES DURANTE A AULA de Lígia Teles: a. o texto homérico não é um texto alegórico: o que revela e apresenta o outro, dando voz ao que não a tinha; b. as matrizes helênica e judaico-cristã são a base para o trabalho de Mimesis, não apenas o presente texto; c. Mimesis foi escrito na década de 40; d. Auerbach retoma principalmente as matrizes aristotélicas sobre a costrução poética. Neste texto, ele faz uma comparação descritiva, mostrando os planos temporal e espacial, a sintaxe, o uso de discurso direto e indireto, dentre outros aspectos formais. Uma análise comparativo-descritiva de um texto do Velho Testamento (sacrifício de Isaac\Abraão: relação de dominação com o leitor, trazendo uma verdade universal, carecendo de interpretação) e um texto homérico (Odisséia, canto XIX [cena na qual a velha ama Euricléia reconhece Ulisses, que regressa à sua casa, e de quem tinha sido nutriz, por uma cicatriz na coxa]: relação de encantamento com o leitor, sem margem para interpretação); e. tal análise comparativo-descritiva aborda os seguintes elementos: 1. planos de ação: temporal e espacial; 2. uso do discurso direto e indireto; 3. visão de mundo e de Deus: helênica e judaico-cristã; 4. lenda X história; e 5. a intervenção do local de enunciação do narrador\autor.
5. Lígia Telles salienta a importância de COMPAGNON para o curso de Representação literária. Acrescenta, dele: de Aristóteles a Auerbach não houve descontinuidade no uso conceito de MIMESIS no pensametno ocidental. Auerbach ainda entende MIMESIS como Aristóteles o fazia.
6. ver ARISTÓTELES: Poética, que é a primeira sistematização (o primeiro tratado) sobre o que hoje chamamos de literatura (poesia) que se conhece. No Dicionário de Termos Literários, de Massaud Moisés (editora Cultrix), um grande número de palavras é explicado a partir dessa obra de Aristóteles; O que hoje conhecemos como gêneros era chamado de espécies por Aristóteles (p. 68: Poética); Aristóteles não propõe simplesmente a arte pela arte (a autonomização da estética): “(...) o poeta deve ser mais fabulador que versificador, porque ele é poeta pela imitação e porque imita ações.” (p. 79: Poética). Portanto, o conteúdo é muito relevante.
7. Mimesis: p. 8 > “[O relato do sacrifício de Isaac] certamente deve ser considerado épico.”
8. Mimesis: p. 15-16... > contraste entre lenda e história.
9. Quanto mais mimese, mais literário, mais literariedade (formalistas russos)
10. ver: BAKHTIN, Mikhail. Epos e romance: sobre a metodologia do estudo do romance.
B - Termos basilares/vocabulário:
wea·ry (w"rÆ"), adj., 1. physically or mentally exhausted by hard work, exertion, strain, etc.; fatigued; tired: weary eyes; a weary brain. 2. characterized by or causing fatigue: a weary journey.
3. impatient or dissatisfied with something (often fol. by of): weary of excuses.
4. characterized by or causing impatience or dissatisfaction; tedious; irksome: a weary wait.
–v.t., v.i.
5. to make or become weary; fatigue or tire: The long hours of work have wearied me.
6. to make or grow impatient or dissatisfied with something or at having too much of something (often fol. by of): The long drive had wearied us of desert scenery. We had quickly wearied at such witless entertainment.
—Syn. 1. spent. See tired 1. 4. tiresome, wearisome. 5. exhaust. 6. irk; jade. —Ant. 1. energetic. 4. interesting. 6. interest.
Small beer 1. weak beer. 2. Chiefly Brit. Slang. matters or persons of little or no importance.
1. Cosmovisão: visão de mundo; Weltanschauung
2. Odisseu: Ulisses
3. Mimesis = imitação; relação entre literatura e realidade; representação. (Aurélio): Mimese: 1. Ret. Figura que consiste no uso do discurso direto e principalmente na imitação do gesto, voz e palavras de outrem. 2. Liter. Imitação ou representação do real na arte literária, ou seja, a recriação da realidade.
4. Representação/Representar: o mesmo que mimesis/imitar?. (p. 78)
5. Representação em Kanavillil RAJAGOPALAN [Palestra na UESC – Mestrado em Letras – em 12.09.2008]: a) Aristóteles: “mimese” como imitação da realidade [referente real] & David Kaplan: o sonho adâmico da linguagem; b) representação teatral/atuação (cinema); c) representação identitária [referência]; d) tem-se visto a representação como recriação, reinvenção; e) recentemente, a “política da representação” [Estudos Culturais; pós-colonialismo, pós-estruturalismo], além do sentido da representação política [sistema representativo]; f) para Rorty, no neo-pragmatismo: “a representação é um engodo” [não há verdade; não há ligação entre o que dizemos (a linguagem) e o mundo; não adianta tentar consertar o mundo através da linguagem.
6. Poesia (poiésis): a arte em geral; a literatura em geral? (p. 68)
7. Epopéia: v. Épica: Grego epikós; épos, palavra narrativa, poema, recitação. P. 181 (Dicionário de Termos Literários, de Massaud Moisés): ainda que se venha a provar a existência de realizações épicas anteriores a Homero, é com os seus poemas (Odisséia e Ilíada, século IX a.C.) que principia a história dessa espécie de poesia. (...) Os Lusíadas (1572) constituem a mais alta realização épica dos tempos modernos. P.181// A poesia épica deve girar em torno de assunto ilustre, sublime, solene, especialmente vinculado a cometimentos bélicos; deve prender-se a acontecimentos históricos, ocorridos há muito tempo (...). p.184 / ler em Massaud Moisés.
8. Narrativa: (Dicionário de Termos Literários, de Massaud Moisés): Em crítica literária, o termo às vezes é usado como sinônimo de história, ação, mas parece uma abusiva extensão semântica. Melhor será fixar o vocábulo “narrativa”para a denominação genérica, e reservar a palavra “narração” como designativo de recurso expressivo da prosa de ficção, lado a lado com a descrição, o diálogo, e a dissertação. P.356
9. VEROSSIMILHANÇA: Unidade ou coerência dentro da obra: personagens e enredo plausíveis. // (Aurélio): ou verosimilhança: 1. Qualidade ou caráter de verossímil [ou verossimilhante: 1. Semelhante à verdade; que parece verdadeiro. 2. Provável.]; 2. Liter. Coerência interna da obra literária no tocante ao mundo imaginário das personagens e situações recriadas. Verossimilhança X Verdade.
C – Trechos extraídos do texto:
Produção acadêmica do Prof. Isaias Carvalho
Fichamentos diplomáticos de Isaias Carvalho
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