Anteprojeto para Doutorado

Nem sei ao certo se choro ou se chora

o corredor no qual me prostro:

o agora.

Isaias Carvalho, "Corredores"; (in)versos (1999)

Isaias Carvalho - Doutorado

Anteprojeto para Doutorado

Memorial

Tese de Doutorado

Agradecimentos

Resumo

Abstract

Universidade Federal da Bahia

Instituto de Letras - Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística

Isaias Francisco de Carvalho

Orientador: Prof. Dr. Décio Torres Cruz

Omerso e Viva o povo brasileiro:

outrização produtiva, chulice e identidades diaspóricas no Caribe Estendido

ANTEPROJETO PARA DOUTORADO

Derek Walcott

João Ubaldo Ribeiro

Fonte: Nobel.org Fonte: Academia Brasileira de Letras

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Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial para o exame de qualificação do curso de Doutorado em Letras do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, na área de Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, na linha de Estudos de Teorias e Representações Literárias e Culturais.

Salvador, 2010

SUMÁRIO

1 - Problema e Hipóteses

2 - Justificativa

3 - Objetivos

4 - Pressupostos Teóricos

5 - Revisão Bibliográfica sobre o Problema

6 - Metodologia

7 - Referências

1 Problema e Hipóteses

[...] a fila de soldados, quase todos pretos,

dando porrada na nuca de malandros pretos,

de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos

só pra mostrar aos outros quase pretos (e são quase todos pretos)

como é que pretos, pobres e ricos e quase brancos,

quase pretos de tão pobres são tratados. CAETANO VELOSO, Haiti

Nesta proposta de tese, um trabalho de cunho ensaístico, revisito minha proposição teórica de “outrização produtiva” (2003) – conceito-atitude para se pensar as estratégias, as possibilidades e as realizações de encontros culturais na contemporaneidade – com o objetivo de perscrutar e explicitar o lugar da linguagem chula e das identidades diaspóricas no que se pode considerar o “cânone pós-colonial”, especificamente em duas obras representativas: Omeros, do poeta caribenho Derek Walcott (1992), e Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro (1984). A chulice presente nessas obras (como na maior parte dos textos literários mais relevantes das últimas décadas no Ocidente) é, portanto, tomada como “outrização produtiva linguística”, ou seja, a língua, em suas variantes indisciplinadas e vernaculares, como o “outro lingüístico” que, na maioria das vezes, fica invisível na carnalidade do texto, pois que, em geral, as obras literárias são tomadas como monumentos em que essa linguagem de baixo calão não passa de um detalhe, de uma licença poética pela fala dos personagens e, cada vez mais, no texto dos narradores. Desse modo, visibilizar e refletir sobre a chulice, sobre a representação identitária diaspórica, subalterna ou não, nas duas obras literárias referidas, é a proposta central deste projeto, que se insere no âmbito dos Estudos Culturais Pós-Coloniais, especialmente pela utilização da “outrização produtiva” como operador teórico desse campo, mas com o suporte epistemológico de campos diversos, tais como, entre outros: o pós-moderno, pelo conceito de “metaficção historiográfica” de Linda Hutcheon (1988) e por suas interseções com o pós-colonial; e a teoria literária e estética mais consistente no século XX, representada aqui, também entre outros, por Northrop Frye, em Anatomia da crítica (1973), e por Roland Barthes, com sua noção de “texto” (1998), que reserva grandes afinidades com a postura de outrização produtiva, no âmbito dos estudos culturais pós-coloniais.

Outrossim, considero de antemão como naive qualquer intenção de cientificidade e objetividade absolutas, quando se sabe que há muito se suspeita da linguagem pura ou neutra:

O que recentes teorias da enunciação sugerem é que, mesmo que falemos, por assim dizer, “em nosso próprio nome”, de nós mesmos e a partir de nossa própria experiência, entretanto quem fala e o sujeito de que é falado nunca são idênticos, nunca estão exatamente no mesmo lugar (HALL, s/d: p.392; t.a.)

Se o sujeito da enunciação não consegue ser exato e positivo mesmo quando fala de si (ou o outro de si próprio), imagine-se quando o objeto dessa enunciação é o Outro de fato, um Outro que teima em ficar invisível mesmo quando sua presença é óbvia. De onde falamos é um ponto central para o entendimento de práticas de representação em qualquer nível discursivo. Com essa atitude, proponho para esta pesquisa uma abordagem comparativa, sob o signo da outrização produtiva (CARVALHO, 2003), sobre as identidades diaspóricas nas literaturas de Derek Walcott e João Ubaldo Ribeiro, representantes de dois lados do assim chamado Caribe Estendido, como se para levantar espelhos para que vejamos nossa própria face mestiça de “quase brancos, quase pretos”, como bem nos lembra Caetano Veloso (1987) na epígrafe acima.

Para formular a proposta de trabalho cabe, portanto, apresentar esses dois sujeitos diaspóricos e esse lugar – essa comunidade imaginada chamada Caribe Estendido, termo que é aqui usado para contrastar com o Caribe Político-Geográfico ou Índias Ocidentais, como o Caribe também é conhecido nas culturas de língua inglesa. Esse termo foi cunhado por Immanuel Wallerstein, em 1974, para se referir a uma vasta área de culturas distintas, mas que guardariam traços caribenhos em comum, se estendendo desde o que agora é o Sul da Virgínia, nos EUA, até o Nordeste do Brasil, mais especificamente a Bahia, ou ainda mais precisamente: o recôncavo baiano. Visto de outra maneira, Wallerstein ainda descreve essa região como incorporando desde o “resgate” de John Smith por Pocahontas – fronteira Norte – até a plantação de Robinson Crusoé na Bahia – fronteira Sul. Assim, esta proposta de trabalho se aproveita de uma metáfora geográfico-intelectual para buscar as interseções entre visões, reescrituras e representações de afrodescendentes acima e abaixo da Linha do Equador.

O primeiro sujeito é o poeta de Santa Lúcia, Derek Walcott (Prêmio Nobel de 1992), como forma de dar continuidade ao meu exercício dissertativo no curso de Mestrado. Portanto, identificar e analisar sinais de outrização produtiva na obra de João Ubaldo Ribeiro, o segundo sujeito, em torno da negritude afro-baiana-caribenha e das identidades diaspóricas, comparativamente ao trabalho de Derek Walcott é a proposta central deste projeto.

2 Justificativa

Este projeto se justifica por se inserir conveniente e conscientemente em um momento – que se espera não seja passageiro – em que se dá a tentativa de desrecalque de vozes e faces interditas no discurso historiográfico tradicional, o qual impôs o branco europeu como padrão de normalidade e universalidade. Nesse diapasão, o desrecalque e o destaque à linguagem chula é um lance de outrização linguística produtiva e de conexão com meu fazer poético.

Sendo a pesquisa uma produção intelectual/acadêmica, outro argumento ganha relevo: a tarefa de trabalhar com outrização, conceito redefinido em termos do epíteto “produtiva”, no contexto da representação da negritude, da subalternidade e das identidades diaspóricas em expressões literárias no âmbito do Caribe Estendido, o que se configura como continuidade dos estudos feitos em meu curso de Mestrado, neste mesmo programa de pós-graduação do Instituto de Letras da UFBA, sobre literatura anglófona pós-colonial e representação da negritude caribenha.

Em última instância, justifico este projeto em termos que vão além do estritamente acadêmico: uma vontade genuína de melhor conhecer e conviver com os signos e sinais da maioria silenciosa que compõe o tecido social da comunidade (imaginada, mas carregada de realidade) em que vivo, particularmente no, epicentro do extremo sul do Caribe Estendido. Mesmo porque o negro e a cultura afro-baiana-caribenha são simplesmente omitidos, em um processo inconsciente de representação de um certo pathos social, de muitos dos contextos literários em que a herança africana poderia comparecer legitimamente, uma vez que a maioria da população é negra. Do mesmo modo, o patois, o pidgin e o crioulo que se destacam nos falares e nas literaturas do Caribe geográfico, mais especificamente.

3 Objetivos

GERAL

Identificar, descrever e analisar comparativamente as obras de Derek Walcott, principalmente Omeros, e de João Ubaldo Ribeiro, especialmente Viva o povo brasileiro, no que trazem de expressões literárias que lidam com a representação da herança africana e suas identidades diaspóricas de reescritura e ressignificação, incluindo a chulice, e no que se configuram exemplares de outrização produtiva nos encontros culturais contemporâneos.

ESPECÍFICOS

1) Identificar e analisar os traços de outrização produtiva nas obras propostas no corpus deste projeto de pesquisa; 2) Identificar as diversas vozes que atuam, de modo convergente ou divergente, na “apresentação” ou mediação desses autores e de um imaginário afro-baianao-caribenho às comunidades local, nacional e internacional; 3) De um modo conciso, pretendo também contribuir para uma maior visibilidade poética caribenha de Derek Walcott no cenário acadêmico brasileiro, bem como das produções e signos da herança afro-baiana-caribenha, estimulando a discussão em torno da necessária reescritura dos discursos outrizantes construídos sobre os descendentes de uma das maiores vergonhas da história ocidental nos últimos cinco séculos: a diáspora e a escravidão de povos de origem africana.

4 Pressupostos Teóricos

The recodification of knowledge gets us embroiled in sometimes painful ironies and contradictions.

Clyde R. Taylor, in: The mask of art: breaking the aesthetic contract

A delimitação teórica preliminar para esta proposta de projeto de doutorado deve muito à pesquisa desenvolvida para a escritura de minha dissertação de mestrado. Assim, teorias do campo dos estudos culturais pós-coloniais e de representações identitárias formam o instrumental de análise prioritário, sem interditar “outras” vozes que explícita e implicitamente tomem parte nesta leitura dialógica de dois autores do Caribe Estendido.

Com o intuito de contextualizar ainda mais a continuidade que este projeto pretende dar aos resultados de minha dissertação de mestrado, aponto mais especificamente o percurso teórico que me traz até o problema que ora se configura. Assim, em “Omeros-Walcott: outrização produtiva; uma poética semi-utópica dos encontros culturais” (2003), tentei empreender uma análise da poética caribenha de língua inglesa como um espaço de performatividade para a inserção cultural de comunidades e países minoritários sem a noção de déficit com suas ex-metrópoles européias, evitando ao mesmo tempo uma tônica de ressentimento e vingança. Para o estudo mais específico do poema épico Omeros, do poeta de Santa Lúcia, Derek Walcott (Prêmio Nobel de 1992), o trabalho começou com o ajuste do conceito de “outrização” [othering], o qual foi modulado por Gayatri Spivak (1985) para se referir aos processos pejorativos e hierárquicos da representação do “outro” subalterno pelo colonizador, excluindo esse outro dos limites de uma humanidade européia. Esse conceito também se presta a descrever “um número de práticas ocidentais recorrentes cruciais para o colonialismo e para o imperialismo [as quais] incluem a presunção de autoridade, “voz”, e controle da “palavra”, ou seja, apropriação e controle dos meios de interpretação e comunicação” (SPIVAK apud ASHCROFT, 1994, p. 97, t.a.). O ajuste do conceito de outrização significou sua mudança de sinal para outrização produtiva, que funciona como contraponto a outrização, sendo apresentada como o argumento central de meu texto dissertativo, uma vez que se propõe uma abordagem de ressignificação, no âmbito da literatura pós-colonial caribenha, da memória silenciada pelo colonialismo, diante das relações de trocas simbólicas correntes entre culturas diversas, num mundo que se consolida como globalizado.

Nessa dissertação, utilizei o impulso metodológico dos Estudos Culturais, ao qual agora será acrescido o impulso da Literatura Comparada. Para a pesquisa no doutorado, como é natural, serão acrescentadas especialmente mais obras teóricas brasileiras e baianas, como se poderia esperar de uma pesquisa que agora também lida com questões da ponta sul do Caribe Estendido.

Além do de outrização, já descrito e reconfigurado como “outrização produtiva”, os seguintes termos merecem uma delimitação preliminar, vez que serão fundamentais para a contextualização do referencial teórico:

1) Chulice. Uma primeira ressalva deve ser feita: no que se refere à chulice, ou ao que por vezes também chamo de “cânone grosseiro”, não centralizo minhas considerações no aspecto de a linguagem ser apenas não-padrão, apesar de ser aí que mais se realiza, mas naquele caráter de transgressão, indisciplina, agressão, ofensa, obscenidade e de toda sorte de impropérios, com ilustração específica feita através das duas obras propostas, no que denomino o “cânone pós-colonial” (nessa parte da abordagem, “grosseiro”, repito): Omeros e Viva o povo brasileiro. Para um primeiro contato com esse “outro” objeto de análise da linguagem literária aqui privilegiado, um fragmento de cada uma das obras: Em Omeros, na cena de conflito e duelo entre os pescadores Achille e Hector por uma lata surrupiada pelo segundo (na verdade, lutavam por Helen, na simbologia homérica que impregna a obra de Derek Walcott):

Touchez-i, encore: N’ai fendre choux-ous-ou, salope!

“Mexa nisso de novo, e eu lhe parto a bunda, seu filho da puta!” (WALCOTT, 1994, cap. III, i)[1]

E em Viva o povo brasileiro, quando o nego Leléu, agora comerciante ilegal e agiota, falava consigo mesmo sobre a neguinha que havia arranjado em troca de favores (i)legais do tabelião e que havia sido devolvida, talvez grávida:

Deu um murro no tabuleiro, teve vontade de saber mais palavrões. E aquela estuporada da desgrama, que não lhe resolve nada, sabe pescar! Caraio! (RIBEIRO, 1984, p.194)

Caraio (corruptela de “caralho”), desgrama, estuporada, puta e bunda (por excesso de zelo do tradutor? Pois a tradução de arse mais apropriado é “cu”, nesse contexto). Impropérios, obscenidades e palavrões que merecem, neste trabalho, o devido destaque como força expressiva da linguagem mais cotidiana, de predominância do vernáculo oral, de personagens (em geral, subalternos) da literatura contemporânea.

2) Metaficção historiográfica. Para Linda Hutcheon (1988), nos (i)limites do pós-moderno [outro campo fora da área de abrangência específica da outrização produtiva, mas que dá suporte ao caráter pós-colonial das obras sob análise, pois aí se dá uma interseção disciplinar], as fronteiras são explicitamente fluidas entre o romance e a coleção de contos, entre o romance e o poema longo [como é o caso das obras abordadas no presente estudo], o romance e a biografia, o romance e a história. Em que pese o fato de Linda Hutcheon privilegiar o gênero romance em sua descrição da metaficção historiográfica, insisto na inclusão do poema Omeros nessa categoria, pois contém, por sua hibridação de gêneros, suas principais características, a saber: o caráter de autorreflexividade intensa e, paradoxalmente, faz referências explícitas a personagens e eventos históricos; a imbricação de reflexões literárias, históricas e teóricas; o trabalho que realiza a partir das convenções com o objetivo de subvertê-las; e a defesa de que, apesar de não negar a existência da história, o passado só nos é acessível por meio da textualidade (HUTCHEON, 1988).

3) Literatura Negra. Para dar um enfoque crítico inicial e provisório, uma vez que esse será um termo que precisará de mais consistência em sua delimitação e compreensão no desenvolvimento da pesquisa, convido Sandro Ornellas:

A adjetivação da “literatura” [como negra] é uma dessas atitudes interessadíssimas, pois revela a existência, viva e produtiva, de uma grande parcela da população com direito a se auto-representar e adquirir visibilidade sociocultural. Para isso, é preciso valorizar autores postos à margem pela crítica nacionalista e/ou esteticista, revitalizar os autores negros do passado, buscar novas referências no presente e, num exercício radical, criar possíveis elos com autores estrangeiros também (ORNELLAS, 2003, online).

4) Pós-Colonial. Termo utilizado pelos países do centro para contrastar as literaturas das ex-colônias, exceto Estados Unidos e Canadá,[2] com aquelas produzidas em seu meio, as quais são denominadas de pós-modernas. Muitos críticos dessa distinção defendem que ela já traria em si uma postura preconceituosa (CRUZ, 2001, p. 2). Em algum ponto de minha tese de doutorado, sei que terei de confrontar expressões literárias chamadas pós-coloniais, como é o caso de Omeros, estudada no mestrado, com as expressões poéticas baianas, discutindo e problematizando a adequação da rubrica “pós-colonial” para o contexto baiano e brasileiro.

5) Estilística da ironia e era da ironia. (Essa conceituação se coaduna com o trabalho a ser feito em torno da chulice) O campo específico da abordagem aqui empreendida é o dos Estudos Culturais Pós-Coloniais, aliado ao estabelecimento da linha específica escolhida para este estudo, na proposição de outrização produtiva, que preza pela postura de reescrever os discursos coloniais em novas bases e em novos encontros de signos, vozes e identidades, como bem o representam Omeros e Viva o povo brasileiro. Entretanto, vez que uma das principais característica dessa área teórica é a interseção entre variadas visões do moderno, o que envolve uma postura que utiliza muitos dos corpos teóricos mais influentes no século XX (como marxismo, feminismo, psicanálise, pós-estruturalismo e pós-modernismo, dentre outros), como é o caso do presente trabalho, tomo uma contribuição conceitual fora do escopo dos Estudos Culturais Pós-coloniais, mas que contribui como empréstimo para a consolidação da outrização produtiva, a saber: o conjunto de reflexões acerca de uma “estilística da ironia”. Nesse sentido, a ironia é ao mesmo tempo um estado espiritual e um processo típico de expressão. Essa atitude de espírito é a ironia em seu sentido amplo e o processo de expressão é a ironia em seu sentido restrito. Enquanto a definição de ironia como estado interior é de difícil delimitação, seu sentido específico é mais conhecido: é a maneira de expressar per contrarium, ou seja, é a figura de retórica que atribui às palavras sentido contrário ao que usualmente expressam. Essas são considerações introdutórias ao livro de Maria Helena de Novais Paiva, Contribuição para uma estilística da ironia (1961, p. 3). É essa autora que também oferece o conceito de ironia, que, é relevante anotar, na linguagem cotidiana ou popular, a exemplo da linguagem sob análise neste trabalho, pode ser tida como troça, mangação, graça e piada, além de outras formas diversas assumidas pela ironia, em seu sentido amplo e em seu campo semântico, que inclui termos que são parcialmente seus sinônimos. Porém, o sentido mais “espiritual” da definição precisa de ironia como atitude interior é mais difícil, pois é resultado da combinação de fatores psicológicos que assumem gradações diversas em conceitos diferentes, que também a traduzem de modo parcial:

Se nela predomina uma feição de alegria amigável, individualiza-se em humor; se traduz uma amargura ácida, chama-se então sarcasmo; se joga agudamente com conceitos, recebe o nome de espírito; se se alia ao burlesco, toma a forma de facécia; se recorre à imitação, diferença-se em sátira. A verdade é que nenhuma destas palavras é sinônima de ironia, mas há nas esferas semânticas respectivas um sector comum, que corresponde ao que, no sentido mais lato, se entende vulgarmente por ironia (PAIVA, 1961, p. 3).

Apesar de ser uma zona semântica plural, que inclui o humor, o sarcasmo, a espirituosidade, o burlesco, a facécia, a sátira e outros termos afins, pretendo enfatizar, em comunhão com essa autora, que esses conceitos diversos são bastante parecidos para que sejam estabelecidas diferenciações estanques para as gradações da estilística da ironia. Na verdade, tomo a ironia como um ethos e um pathos de nossa era e como

uma atitude eminentemente social: é-o pelos temas que foca e pela sua repercussão; é-o sobretudo pela atitude de diálogo que é a sua: a ironia busca sempre o efeito da sua ação sobre o público, espera a reação dos auditores, conta com a reação dos leitores como o estímulo de que necessita para existir. Daí que, servindo-se da palavra, a conduza à sua função de intercomunicação humana por excelência, e encontre nela a sua forma de expressão mais variada e sutil (PAIVA, 1961, p. 7).

Essa ampliação do alcance da ironia é para contextualizar Derek Walcott e João Ubaldo Ribeiro, com suas respectivas obras, no que Northrop Frye (1973) – outra contribuição externa ao campo dos Estudos Culturais Pós-Coloniais – denomina de época irônica da literatura ocidental. Mesmo que seja uma palavra de base no grego antigo que “significa originariamente ‘aquele que diz uma coisa que não pensa’, ou seja, ‘aquele que nas palavras dissimula o seu pensamento’” (PAIVA, 1961, p. 9), o escopo a ser utilizado aqui é de outra ordem, mas que inclui essas considerações anteriores. De qualquer modo, é a partir de Aristóteles, especificamente no capítulo segundo da Poética, que Frye desenvolve seu esquema de cinco épocas ou modos da ficção. Ele começa apontando o equívoco em que os críticos até então incorriam ao traduzir, de modo moralista, o que Aristóteles chamava de bom e de mau em termos da poética. Ou seja, bom significa “importante” e mau, “sem importância”. A partir dessa consideração, Frye propõe pensar a literatura em termos não moralistas, mas pela intensidade da ação do herói, ação que pode ser mais intensa, menos intensa ou tão intensa quanto aquela dos seres humanos comuns. E conclui: “durante os últimos cem anos, a ficção mais séria tendeu crescentemente a ser do modo irônico” (FRYE, 1973, p. 41). De modo atualizado, nos últimos cento e cinquenta anos.

O modo irônico, nessa teorização, implica uma ação de poder inferior ao dos comuns dos mortais por parte do herói. Ou como se olhássemos de cima para baixo uma cena com escravos. O esforço que empreendi foi o de posicionar, tanto em termos linguísticos quanto temáticos, Omeros e Viva o povo brasileiro nesse ambiente da ironia, em que os heróis são exatamente os silenciados e historicamente inferiorizados em relação ao homem mediano eurocêntrico. Mas que isso não implique qualquer conotação moralista ou de valor essencial: não estou trabalhando em termos de bondade e maldade, mas em termos de representação ficcional irônica, em que a postura de outrização produtiva é o fio condutor. De resto, mas não menos importante, é pertinente apresentar os outros quatro modos ou épocas da ficção, como forma de melhor compreender essa contextualização irônica como marca da contemporaneidade.

De acordo com Frye (1973, p. 40), “podemos ver que a ficção [ocidental], durante os últimos quinze séculos, desceu constantemente seu centro de gravidade, lista abaixo”. O baixo dessa lista é, na verdade, o quinto modo da ficção – o irônico. Portanto, apresento os outros quatro modos em sequência numérica decrescente, mas em intensidade ou importância da ação do herói em sequência crescente, a saber: 4. o modo “imitativo baixo”, em que o herói é como um de nós, não sendo superior aos comuns dos mortais (e aí se espera da representação literária reações que teríamos em nossa experiência cotidiana e comum); 3. o modo “imitativo elevado”, que se dá na epopeia e na tragédia, em que o herói é superior aos homens comuns, mas inferior a seu meio natural (o que o torna um líder); 2. a lenda, que se dá na “estória romanesca”, em que o herói tem um grau superior em relação aos outros homens e a seu meio, pois as leis naturais são suspensas em nome de ações maravilhosas e mísitcas; e 1. o mito, em que o herói é superior em grau aos mortais e à natureza, ficando no plano do divino (FRY, 1973, p. 39-40).

[1] No original: “Touchez-i, encore: N’ai fendre choux-ous-ou, salope!” / “Touch it again, and I’ll split your arse, you bitch!” (WALCOTT, 1998, cap. III, i). Note-se que esse trecho está em francês, ou melhor, no patois crioulizado advindo do francês falado em Santa Lúcia, a pequena ilha caribenha, país de origem de Derek Walcott e cenário principal de Omeros.

[2] Alguns estudiosos, é necessário que se aponte, incluem o Canadá entre os países pós-coloniais, como é o caso em The Arnold Anthology of Post-Colonial Literatures in English, editado por John Thieme (Londres: Arnold, 1996).

5 Revisão bibliográfica sobre o problema

Proponho uma recusa à limitação de meras territorialidades nacionais ao fazer a conexão entre a dissertação de mestrado – contexto caribenho geopoliticamente restrito – e a proposta de tese de doutoramento – contexto do Caribe Estendido, especificamente a Bahia. Por esse prisma, Zilá Bernd, em Negritude e literatura na América Latina (Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987), se apresenta como leitura obrigatória por fazer a mesma ponte transnacional em um estudo comparativo entre a literatura negra caribenha e sua correlata brasileira.

Como base para o entendimento dos Estudos Culturais, ou Crítica Cultural, GROSSBERG et al (1992, p. 1-22) descreve o campo de inserção desta pesquisa com as seguintes características: os efeitos de um texto devem ser estabelecidos sempre em termos de seus contextos, e as noções de contexto devem ser elas mesmas pensadas contextualmente; constantemente interroga-se sua própria conexão com as relações de poder contemporâneas, bem como seus próprios interesses; a interseção entre variadas visões do moderno é constitutiva desse campo; trata-se também de uma postura que se utiliza de muitos dos corpos teóricos mais influentes no século XX (como marxismo, feminismo, psicanálise, pós-estruturalismo e pós-modernismo, dentre outros). Outrossim, os Estudos de Cultura não constituem um ambiente apenas inter-disciplinar, mas delimitam uma área anti-disciplinar, em constante desconforto com os campos acadêmicos tradicionais. O grande ímpeto dessa área é o de identificar e articular as relações entre cultura e sociedade, não se limitando à chamada cultura popular, mesmo que estejam sempre abalando o cânone. Os Estudos Culturais também criticam a construção normatizante e exoticizante de cultura e alteridade, como o faz a antropologia tradicional; finalmente, mas não dizendo tudo, uma preocupação contínua dos Estudos de Cultura é a transformação radical da cultura e da sociedade, e a forma de analisar essa transformação.

É notório também que, para a crítica cultural, o locus de enunciação é fundamental. É por isso que o lugar de fala tanto de João Ubaldo Ribeiro quanto de Derek Walcott (e o meu próprio, poderia acrescentar) é aquele de representar enquanto “se fala por”, “se fala de”, não deixar calar um passado que não se corrigirá, por ser passado, mas que pode ser “enunciado” em novas bases. Um passado que se apresenta agora esteticamente, mas, no caso de João Ubaldo Ribeiro, em Viva o povo brasileiro, com uma crueza de linguagem que nos incita à reflexão, por exemplo, sobre as relações entre a casa-grande e a senzala na formação da “alminha brasileira” e em seus ecos nas relações e hierarquias sociais vigentes no Brasil de hoje. Nesse romance antiépico, João Ubaldo

expõe, de forma intensa, reiteradamente, o que talvez seja a significação imaginária mais radical na instituição da sociedade brasileira: a violência que os rituais de dominação e a tradição dos discursos da identidade camuflaram e legitimaram, a ponto de essa mesma violência poder ter sido reposta, em representações e discursos, como regras de cordialidade que cimentaram as relações sociais e as relações étnicas no Brasil (CUNHA, 1998).

As representações e discursos a que Eneida Cunha se refere acima são principalmente os vários modos da chamada assimilação luso-africana e luso-tupi que, segundo Alfredo Bosi, adquirem um formato tal que relevam “os aspectos estruturais e constantes de assenhoramento e violência que marcaram a história da colonização tanto no Nordeste dos engenhos e quilombos quanto no Sul das bandeiras e missões”. Principalmente as representações de Gilberto Freyre (“assimilação”) e de Sérgio Buarque de Holanda (“processo de feliz aclimação e solidariedade cultural”).

Já no caso de Derek Walcott, em Omeros, é um contraponto ao processo pejorativo e hierarquizante de outrização e silenciamento do subalterno colonial, em que são problematizadas, com a postura metodológica do campo dos estudos culturais pós-coloniais, dentre outros aspectos, as noções de cânone e de déficit cultural, as dicotomias centro/periferia e civilizado/primitivo, especialmente no contexto caribenho, bem como o papel do inglês como língua de poder e como língua literária, em um contexto mundial.

6 Metodologia

O lugar privilegiado do fazer não é o campo da visão, mas antes, o do sonho.

Monclar Valverde, in: Objetos de papel

O que pode ser chamado de “metodologia” em um estudo comparativo no âmbito da Crítica Cultural? É mais uma vez em comunhão com GROSSBERG et al (1992, p. 1-22) que sintetizo a atmosfera metodológica a ser instaurada neste trabalho: marcadores difusos, ambíguos, mas pragmáticos, estratégicos e auto-reflexivos – uma bricolagem impregnada de sua própria história e da história possível. É uma metodologia permanentemente aberta ao inesperado, ao surpreendente e até às possibilidades menos desejadas, em uma tentativa abrangente, mesmo que neste trabalho localizado, de caracterizar e articular as relações entre cultura e sociedade, entre a negritude baiana e o espectro amplo da idéia de uma comunidade do Caribe Estendido. Na medida do possível, o método arqueológico proposto por Foucault será seguido, especialmente naquilo que comunga com a Crítica Cultural proposta por teóricos como Silviano Santiago, Frederic Jameson, Simon During, Lawrence Grossberg e Raymond Williams, dentre outros.

Dada essa necessidade constante de contextualização e posicionamento crítico, resta ainda elencar alguns passos metodológicos específicos:

a) Levantamento completo e leitura da bibliografia: 1) específica do corpus da pesquisa; e 2) teórica, com vistas a uma melhor explicitação do referencial epistemológico;

b) Revisão da literatura que tematiza a cultura negra caribenha e a cultura negra baiana/brasileira a partir das referências dos textos tomados para análise;

c) Análise comparativa entre Viva o povo brasileiro e Omeros, no que trazem de chulice e no que são exemplares de outrização produtiva.

7 Referências (citadas no texto do projeto e a serem inicialmente estudadas durante a pesquisa)

ANDERSON, Benedict. Imagined communities: reflections on the origin and spread of nationalism. London - New York: Verso, 1991.

ASHCROFT, Bill et al. The Empire writes back: theory and practice of post-colonial literatures. New York: Routledge, 1994.

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[1] Alguns estudiosos, é necessário que se aponte, incluem o Canadá entre os países pós-coloniais, como é o caso em The Arnold Anthology of Post-Colonial Literatures in English, editado por John Thieme (Londres: Arnold, 1996).

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