Adictos

Fuligem Poética

Adictos

Isaías Carvalho (2010)

Química

Em cantos semi-escuros

o poeta acha a alucinação com você, poesia,

minha puta!

Encantos traiçoeiros de ácido, álcool e fumaça.

Nosso mercenário sexo filtrado pelo torpor.

Ao largo passam os sóbrios,

ébrios de outras substâncias.

São visões distorcidas pelo sangue contaminado

por caprichos e ânsias químicas.

Poevício

Poetas são como putas e filhos da puta:

todos podem ser.

Porra de inspiração!

Fico parvo escavando sons e sentidos

de todos os buracos da alma e do corpo.

Um corte aqui,

uma contusão ali.

Trabalho torto e árduo

como nos garimpos de Áfricas e Américas.

A diferença maior é que, na poesia,

o suor é desnecessário e sem prêmio,

quando uma pepita bruta é encontrada.

Estes (1997)

(in)versos (1999)

poéticos acadêmicos parentéticos

© 2009 isaiasfcarvalho@gmail.com

Itabuna/Ilhéus, Bahia, Brasil

Imagens: Wellington Mendes da Silva Filho