estudos culturais

Doses de Saber

Resenhas e Resumos

Isaias Carvalho, 2010

Estudos Culturais: uma introdução

“Estudos culturais: uma introdução” (GROSSBERG, L.; NELSON, C; TREICHLER, P. (Eds.). Cultural Studies. London/New York, Routledge, 1992. p.1-16.) é exatamente o que o título diz: uma introdução aos estudos culturais e uma introdução ao livro homônimo, que é parcialmente originado dessa explosão de interesse em estudos culturais. Os autores dessa introdução também apontam que o livro procura identificar as dimensões e os variados efeitos dos estudos culturais, para discutir o campo em relação à sua história intelectual, suas definições variáveis, suas afiliações e afinidades atuais e seus diversos objetos de estudo, bem como suas possíveis perspectivas de futuro. Apresentam o campo dos estudos culturais, descrevem os objetivos do livro e oferecem um “guia do usuário” para a leitura dos ensaios incluídos no volume. A própria divisão das seções no “guia do usuário” fornece um mapa aproximado não apenas dos temas sobrepostos do livro, mas também das principais categorias correntes de trabalho em estudos culturais: a história dos estudos culturais, gênero e sexualidade, nacionalidade e identidade nacional, colonialismo e pós-colonialismo, raça e etnicidade, cultura popular e seus públicos, ciência e ecologia, políticas de identidade, pedagogia, a política da estética, instituições culturais, a política da disciplinaridade, discurso e textualidade, história e cultura global em uma época pós-moderna. Mas os estudos culturais podem apenas parcialmente e com certa dificuldade ser identificados por tais domínios de interesse, vez que nenhuma lista pode conter os tópicos que os estudos culturais poderão abordar no futuro.

Os autores dessa introdução também enfatizam que o campo dos estudos culturais está passando por um crescimento internacional sem precedentes e que nos resta saber quanto tempo esse destaque durará e que impactos terá na arena intelectual. A tensão produtiva em torno de modelos de cultura e modernidade define a prática específica dos estudos culturais, modela as relações em constante transformação entre história, experiência e cultura, e fornece um lugar que torna possíveis o julgamento e a intervenção. Essa tensão informa todas as tradições dos estudos culturais: a britânica e sua rearticulação em outros contextos nacionais; as tradições pragmáticas e antropológicas americanas; trabalhos nos Estados Unidos e alhures nos campos de crítica midiática, educação, história, feminismo, estudos afro-americanos, estudos latinos, estudos de culturas indígenas e aborígenes. E a própria tensão está constantemente sendo questionada e desafiada. À medida que os estudos culturais se confrontam com um mundo histórico em transformação, novas posições e conhecimentos intelectuais, com lutas políticas emergentes, e com suas próprias condições institucionais, devem sempre contestar suas próprias práticas sedimentadas, encontrando novas formas de articular o papel que desempenham. Devem continuar a compreender as relações entre o teórico e empírico e a rearticular a história em termos de contextos materiais específicos. Até mesmo noções de contexto devem ser construídas contextualmente. São essas as considerações finais do texto, concluído com a crença de seus autores de que os ensaios do livro que estão introduzindo representam uma contribuição significativa para a consolidação do campo dos estudos culturais.

GROSSBERG, L., NELSON, C., TREICHLER, P. (ed. and introd.). Cultural Studies: an introduction. London/New York, Routledge, 1992. p.1-16. Trad. livre: Isaías Carvalho. Salvador, 2002.

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Itabuna/Ilhéus, Bahia, Brasil