MINI-CURSO:
JUDAÍSMO E DECOLONIALIDADE:
O MAL-ESTAR DA CIVILIZAÇÃO JUDAICO-CRISTÃ
Prof. Yonathan Listik
Yonathan Listik é professor da universidade de Leiden (Holanda).
Pesquisa filosofia e teoria política. Sua pesquisa foca na relação entre conhecimento, poder e democracia.
INSCRIÇÕES em breve: SIEX-UNIFESP
Apresentação:
O curso “JUDAÍSMO E DECOLONIALIDADE: O MAL-ESTAR DA CIVILIZAÇÃO JUDAICO-CRISTÔ é parte de um ciclo de cursos de curta duração voltados para o pensamento judaico. Os cursos estão sendo organizados pelos integrantes do NUR – Núcleo de Pesquisas em Filosofia Islâmica, Judaica e Oriental da UNIFESP, em que os professores apresentam seus temas de pesquisa.
Professor responsável do Curso: Me. Yonathan Listik
Realização: NUR- Núcleo de Pesquisas em Filosofia Islâmica, Judaica e Oriental (UNIFESP)
Coordenação: Profa. Dra. Cecilia Cintra Cavaleiro de Macedo
Duração: 10 horas
De 10/08 a 31/08 de 2022 (quartas-feiras das 17:00 às 19:30h)
Objetivos: Através das teorias decoloniais de Walter Mignolo e Enrique Dussel em paralelo a filosofia judaica de Emmanuel Levinas, buscaremos analisar o quanto o pensamento judaico pode servir como um discurso contra hegemônico. O argumento será construído com base no livro Decolonial Judaism: Triumphal failures of barbaric thinking de Slabodsky onde o autor traça uma aproximação entre teorias decoloniais e o pensamento judaico para fazer uma análise da conjuntura atual.
Justificativa: Se considerarmos o discurso hegemônico como resultado de processos coloniais e civilizatórios, vemos que o judaísmo e os judeus têm uma posição ambígua nesse discurso. Ao mesmo tempo em que aparecem como uma base da chamada ‘civilização judaico-cristã’, sabemos que esse conceito é marcado não pela harmonia entre os dois elementos, mas pela perseguição de um pelo outro. Fica claro que o judaísmo e os judeus historicamente jamais foram membros do projeto civilizatório e pertenciam ao grupo dos inimigos ‘bárbaros’ desse projeto. Se pensarmos a modernidade como a concretização desse projeto, vemos que ela é marcada pela constante perseguição a esse inimigo ‘incivilizado’. Obviamente que o judaísmo e os judeus não são as únicas vítimas desse projeto. A expulsão de judeus e muçulmanos da península ibérica, a conquista das Américas, a caça às bruxas, a escravidão e o holocausto são eventos de uma mesma narrativa. Nesse sentido, o argumento de Aimé Césaire de que o fascismo seria somente as políticas coloniais aplicadas na Europa não visa minimizar o fascismo ou criar uma ‘competição’ entre desastres, mas somente contextualizar o fascismo dentro da grande narrativa civilizatória. Ou seja, segundo ele o fascismo meramente coroa o que começou na península ibérica, passou por todo o mundo e retornou à Europa. Da mesma maneira, a análise de Adorno e Horkheimer de que dentro dessa lógica, negros devem ser colocados em seus lugares, enquanto judeus devem ser eliminados da face da terra, deve ser lida não como uma comparação ou uma hierarquização, mas como uma exposição de duas faces de um mesmo projeto.
Considerando a importância e o uso do conceito ‘judaico-cristão’ na política atual, é fundamental analisar as suas origens e ramificações. Principalmente considerando a natureza repressiva e civilizatória que muitas vezes acompanha essa narrativa.
Aulas: QUARTAS-FEIRAS DAS 17:00 ÀS 19:30
Conteúdo Programático:
Pensamento Decolonial: em defesa do sujeito bárbaro ; Filo-semitismo e Antissemitismo: o problema judaico-cristão; Judaísmo Decolonial I: Levinas contra o império; Judaísmo Decolonial II: Levinas contra hegemônico.
Cronograma:
1. Pensamento Decolonial: em defesa do sujeito bárbaro
a. Mignolo, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, no 34, p. 287-324, 2008
b. Dussel, Enrique D. and Guillot, Daniel E. Liberacion latinoamericana y Emmanuel Levinas / Enrique Dussel, Daniel E. Guillot Editorial Bonum Buenos Aires 1975
2. Filo-semitismo e Antissemitismo: o problema judaico-cristão
a. Badiou, Alain, Eric Hazan, and Ivan Segré. Reflections on Anti-semitism. Verso, 2013. (paginas 47-85)
b. Anidjar, Gil. "We have never been Jewish: An essay in asymmetric hematology." Jewish Blood. Routledge, 2009. 43-68.
3. Judaísmo Decolonial I: Levinas contra o império
a. Levinas, Emmanuel. “Para além do Estado no Estado” em Nova Interpretações Talmudicas. Civilização Brasileira, 2000
b. Abensour, Miguel. "An-archy between Metapolitics and Politics." parallax 8.3 (2002): 5-18.
4. Judaísmo Decolonial II: Levinas contra hegemônico
a. Levinas, Emmanuel. “Judaísmo e Revolução” em Do sagrado ao santo: cinco novas interpretações talmúdicas. Civilização Brasileira, 2001
b. Slabodsky, Santiago. Decolonial Judaism: Triumphal failures of barbaric thinking. Springer, 2014. (Capitulo 1)
5. Sugestões de Leitura:
a. Postone, Moishe. "The Dualisms of Capitalist Modernity: Reflections on History, the Holocaust, and Antisemitism." Jews and Leftist Politics: Judaism, Israel, Antisemitism, and Gender (2017): 43-66.
b. Postone, Moishe. "National Socialism and anti-Semitism." Germans and Jews Since the Holocaust, edited by A. Rabinbach. London (1986).
"Interessados em receber os textos antes das aulas favor entrar em contato no email: yonathan.listik@mail.huji.ac.il"