Imaginação em Henry Corbin: elementos para a filosofia no século XXI

Imaginação em Henry Corbin: elementos para a filosofia no século XXI

Antonio Madalena Genz

10/05/2021

18:00

Vivemos em um mundo saturado por imagens. Ao mesmo tempo em que somos “bombardeados” pelas imagens, a imaginação como uma função e capacidade humana revela-se extremamente debilitada.

Qual a relação desse estado de coisas com a filosofia? Historicamente, sabemos que a imaginação foi constantemente desqualificada como instância cognitiva e fonte de conhecimento. Como nos lembra Gilbert Durant, ao falar de uma concepção semiológica do mundo que é a concepção oficial das universidades ocidentais, “durante dois séculos a imaginação é violentamente anatematizada. Brunschvicg ainda a considera como ‘pecado contra o espírito’, enquanto Alain só vê nela a infância confusa da consciência; Sartre descobre no imaginário apenas o ‘nada’. “ (Durant, 1988)

É em relação a todo esse pano de fundo que merece ser apreciado o esforço de Henry Corbin em recuperar o estatuto ontológico da imaginação. Corbin, ao fazê-lo ampliou nosso quadro conceitual, com conceitos como imaginal, mundus imaginalis e outros, de modo a recuperar dimensões esquecidas ou perdidas em nossas cartografias do eu e do mundo. Nossa intenção nessa atividade não é o de explorar esses conceitos (o que demandaria outro tempo) e sim reforçar o valor da obra de Henry Corbin ao resgatar o conceito de imaginação e de símbolo do ostracismo em que os mesmos se encontravam no estado da arte da filosofia. É nesse sentido que nos parece fundamental destacar a necessidade de ler Henry Corbin para fazer filosofia no século XXI, uma necessidade que se reflete inclusive e talvez principalmente nas demandas por uma transformação epistemológica nos quadros institucionais dos nossos saberes diante da crise civilizacional que atravessamos.

Esta conferência é parte dos Seminários NUR 2021 – realizado pelo Núcleo de Pesquisas em Filosofia Islâmica, Judaica e Oriental da UNIFESP.

Coordenação: Profa. Dra. Cecilia Cintra Cavaleiro de Macedo

Inscrições: SIEX-UNIFESP:

Antônio Madalena Genz é membro do NUR. Tem doutorado em filosofia pela UFRGS com pesquisa sobre Avicena. É mestre em Antropologia pela mesma instituição, na qual fez também sua graduação em filosofia. Seu interesse pela sabedoria oriental é anterior à formação acadêmica, tendo praticado Tai-chi no Instituto Pai Lin em São Paulo e continuado a prática em Porto Alegre, cidade na qual participou, localmente, do grupo nacional responsável pela primeira vinda de Sua Santidade o Dalai Lama ao Brasil, em 1992, por ocasião da Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.Participou ativamente desse movimento que trouxe a Porto Alegre delegações de monges budistas nos anos seguintes à vinda do Dalai Lama à cidade, ajudando a fundar um centro budista na tradição Gelugpa, e sendo praticante durante alguns anos.