- JUDAÍSMO DECOLONIAL: JUDAÍSMO CONTRA A CIVILIZAÇÃO JUDAICO-CRISTÃ

JUDAÍSMO DECOLONIAL:

JUDAÍSMO CONTRA A CIVILIZAÇÃO JUDAICO-CRISTÃ

Prof. Yonathan Listik

26/04 às 18 hs.

Inscrições: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php?page=INS&acao=2&code=19643

Através das teorias de Levinas e Memmi, buscaremos analisar o quanto o pensamento judaico pode servir como um discurso contra hegemônico. O argumento será construído com base no livro Decolonial Judaism: Triumphal failures of barbaric thinking de Slabodsky onde o autor traça uma aproximação entre as teorias decoloniais de Mignolo e Dussel e o pensamento judaico de Levinas e Memmi.

Se considerarmos o discurso hegemônico como resultado de processos coloniais e civilizatórios, vemos que o judaísmo e os judeus têm uma posição ambígua nesse discurso. Ao mesmo tempo em que aparecem como uma base da chamada ‘civilização judaico-cristã’, sabemos que esse conceito é marcado não pela harmonia entre os dois elementos, mas pela perseguição de um pelo outro. Fica claro que o judaísmo e os judeus historicamente jamais foram membros do projeto civilizatório e pertenciam ao grupo dos inimigos ‘bárbaros’ desse projeto. Se pensarmos a modernidade como a concretização desse projeto, vemos que ela é marcada pela constante perseguição a esse inimigo ‘incivilizado’. Obviamente que o judaísmo e os judeus não são as únicas vítimas desse projeto. A expulsão de judeus e muçulmanos da península ibérica, a conquista das Américas, a caça às bruxas, a escravidão e o holocausto são eventos de uma mesma narrativa. Nesse sentido, o argumento de Césaire de que o fascismo seria somente as políticas coloniais aplicadas na Europa não visa minimizar o fascismo ou criar uma ‘competição’ entre desastres, mas somente contextualizar o fascismo dentro da grande narrativa civilizatória. Ou seja, segundo ele o fascismo meramente coroa o que começou na península ibérica, passou por todo o mundo e retornou à Europa. Da mesma maneira, a análise de Adorno e Horkheimer de que dentro dessa lógica, negros devem ser colocados em seus lugares, enquanto judeus devem ser eliminados da face da terra, deve ser lida não como uma comparação ou uma hierarquização, mas como uma exposição de duas faces de um mesmo projeto.

Considerando a importância e o uso do conceito ‘judaico-cristão’ na política atual, é fundamental analisar as suas origens e ramificações. Principalmente considerando a natureza repressiva e civilizatória que muitas vezes acompanha essa narrativa.

Bibliografia:

-Levinas, E. (1990). Autrement qu'etre, ou, Au-dela de l'essence. Kluwer Academic Publishers

-Memmi, A. (2019). The liberation of the Jew. Plunkett Lake Press.

-Slabodsky, S. (2014). Decolonial Judaism: Triumphal failures of barbaric thinking. Springer.

Esta palestra é parte do ciclo “Seminários NUR 2021”.

Organização: NUR – Núcleo de Pesquisas em Filosofia Islâmica, Judaica e Oriental – UNIFESP

Coordenação: Profa. Dra. Cecilia Cintra Cavaleiro de Macedo

Inscrições: SIEX- UNIFESP

Certificado será liberado mediante participação no evento em até 60 dias após sua conclusão.

Divulgação: canais oficiais da UNIFESP, página do NUR, redes sociais

Yonathan Listik

É doutorando em Filosofia pela Universidade de Amsterdam pesquisando na área de teoria política e filosofia. Recentemente passou 2 anos na Universidade de Essex (UK). Mestre em Filosofia pela Universidade de Tel Aviv com intercâmbio na Sciences Po Paris. Graduado em Filosofia, Sociologia & Antropologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém.