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Entre o antes e o depois do natal está o Presépio
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Nesta entrada de 11 de Novembro do passado ano 2007, do blogue "Álamo Esguio,"em que se listavam os textos constantes do caderno de originais de Coelho de Sousa, datados de 1961 e de 1962, que tinha vindo a utilizar desde então, constava a referência a um programa de rádio com o subtítulo Ante o Presépio.
Por se tratar de um texto muito breve, resolvi publicar sob este subtítulo um outro texto do mesmo caderno, também curto, mas sem título e de temática enquadrável no anterior.
O texto Ante o Presépio tem a data de 4 de Janeiro de 1962, antevéspera do chamado dia de Reis, que ocorre a 6 de Janeiro.
Na antevéspera...
Na antevéspera dos Reis,
estes poemas saberão
como despedida ao Natal.
Como pastor ou Rei,
cada um de nós
sente a divina atracção
do Presépio.
Ouvimos os anjos no Glória...
Olhamos a estrela nos céus
e vamos adorar
o bom Jesus, nosso Deus.
Com a alma enegrecida pela
culpa original
ou quantas mais nos pesem,
abeirememo-nos do presépio,
osculemos o menino,
suplicando o seu perdão de amor.
E teremos paz.
E seremos felizes.
A vida será nossa.
A verdadeira vida
que ele é
e nos traz.
Os homens falam...
Os homens falam de guerra
Falam de crimes e morte...
Fez-se o ódio o pão da terra
Não há mal que não lhe aporte.
Enchem-se os mares de pranto
Cobrem-se os montes de fogo
Cerram-se as valas enquanto
Vidas mortas tombam logo
Nem há vila nem cidade
Nem há homem nem mulher
Que se escape à mortandade
Que os vitima onde quer.
Cai o rico e vai-se o pobre,
O general ou soldado.
Toca ao plebeu e a nobre
Seja quem for é tocado.
Não há dinheiro...
Não há dinheiro que afaste
Nem empenho que afugente
Ergue-se a foice na haste
Com que ceifa toda a gente.
Descuidados ou atentos,
Sejam velhos, sejam novos
Ninguém foge aos seus intentos
A morte é dona dos povos.
E terá havido alguém
Que haja pensado na sorte
Que ficou a cada mãe
Ante o mistério da morte?
Quem mais sofre do que ela?
Não há calor sem a chama.
E não há luz sem estrela.
Ela sofre quanto ama.
Antes que o filho nascesse
Ela já tanto sofria
E rezou ardente prece
Temendo que o filho morria.
Com três palavras...
Com três palavras apenas
Se escreve a palavra mãe
Que é das palavras pequenas
a maior que o mundo tem...
Diz a quadra e é verdade.
Ninguém há que o desminta
E ninguém mais que a orfandade
Haverá que isto sinta!
Não sofre o sol quando a luz
Faz o dia ao de manhã...
Mas à mulher pesa a cruz
De ser e chamar-se mãe!
Quem sofre antes do tempo
Numa espera dolorosa?
E quem arde no desejo
Da chegada saborosa?
Quem alegra...
Quem alegra a juventude?
E quem ampara a velhice?
É da mãe tanta virtude
Pelo bem que fez e disse!
Não é rosa nem estrela
Nem só gota ou migalha
Outro bem igual a ela
Não tem o mundo que valha!
Pedi às rosas disseram
O que mais queriam ser
E as rosas me responderam
Ao menos mães parecer...
O melhor que a rosa encerra
Mais que a graça é o perfume
Pois o perfume da terra
É na mãe que se resume.
Violeta quantas vezes
Escondida vida fora
Paciência nos revezes
Alegria a toda a hora.
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créditos: Dionisio de Sousa contacto: dionisiomendes@gmail.com