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Coelho de Sousa o poeta enigmático
A poesia era a vida vivida. A ilha vivida. E a sonhada Ilha-Do-Amor-Por-Vir
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Encontro
Nunca te vira, nunca em ti pensara
e no entanto, um dia, o telefone
tocou e a tua voz tão doce e clara
ouvi dizendo António...Era o teu nome
E querias-te encontrar comigo. Enorme
a ânsia de te ver, estranha, ignara,
confunde quem serás e me consome.
Eras o anjo bom que então sonhara?
Sintonizando a dor e amizade
que em sintonia posta nos invade
a florescer a vida em comunhão.
E mais que amigo assim se torna irmão
o sacerdócio vivo que é verdade
em nós eternizado na Saudade.
Não toques...
Não toques a rebate
antes que chegue
a noite dos silêncios cor de rosa.
E depois
a lua, saborosa,
remate
o abraço de nós dois
na arca do sonho
por sonhar...
Então,como suponho,
amanhecerá o canto
da nossa comunhão
solar
num êxtase de encanto.
Que importa...
Que importa a multidão dos dedos
na usura dos cabelos revoltados
e as vozes marginadoras
soletrando estigmas,
se a força dos segredos
se desvenda em comícios orquestrados
com gritos de cadeias
nas estrelas?
E os fados dos tristes e famintos
perdidos na mentira e labirintos
da paz sem liberdade.
Ergue-te coração...
Ergue-te coração
para que as mãos
não fiquem no chão
e os olhos
sejam estrelas
que não haja escolhos
nos caminhos delas.
Contigo,
ninguém deixará de ser pastor
ou anjo amigo
no colo da manhã
do grande dia-amor.
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