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I

Em Outubro diz-se adeus

Ao sol branco do verão.

Há tintas negras nos céus...

Folhas rolando no chão...

As derradeiras maçãs...

E despidos os vinhedos...

Acordam frias manhãs

Com invernos em segredos...

Ficaram cheias as tulhas

Para o pão de todo o ano...

Trilho do tempo...debulhas

Minha tristeza e engano

E as roseiras não têm rosas

Que o vento as levou a todas

Bouquet de noivas formosas

Qual será nas vossas bodas?

Em Outubro diz-se adeus

No verde monte e no mar...

Todos voltam para os seus,

Braseira quente do lar...

Há-de vir sol ainda

Furtivo sobre os caminhos

E a lua branca tão linda

A pratear os espinhos.

Mas o verão, sol aberto

já se foi... já passou...

Quem tiver sonho desperto,

volte a sonhar, se sonhou.

Mas depressa... e de corrida...

Não deixe para amanhã

O que agora pede a vida.

Nunca é cedo p'ra quem tem

certo o fim, incerta a ida.

II

Em Outubro, diz-se adeus...

Pois até Nossa Senhora

Disse adeus, voou aos céus.

No mês de Outubro e na serra...

Se era tormenta a saudade

Que tormenta não encerra

Este adeus da piedade?

Senhora de Portugal!

No teu regaço materno

Seja um adeus outonal

Aquecendo nosso inverno!

Não há frutos nos pomares

que os homens trazem cuidados...

Mas se tu não nos deixares

Abrem-se em graça os pecados...

Nossa Senhora do adeus!

Mês de Outubro, o teu rosário

Aberta a escada dos céus,

Já tem norte o meu fadário...

III

Andava o mar tão revolto,

Em ventania dispersa...

Um derradeiro pano ia solto.

Barco sem norte...

Em cada rosto a tristeza

Traçava os riscos da morte...

Onda a onda, um novo abismo...

Nem estrelas.

Noite fria.

Um girar de paroxismo

desprendeu todas as velas.

Vem tão longe o porto e o dia!

E no entanto sorria

Uma criança contente...

-Mas porquê essa alegria,

Quando vês sofrer a gente?

Oh! homens que não tendes fé,

porque chorais sem esperança...

Governais barcos de pé

Quando o mar é em bonança:

Mas agora que o escarceu

traz de luto a vossa alma,

Em vez de olhares ao céu

a pedir-lhe doce calma,

Julgais as vidas perdidas?

Não descobris nas estrelas

A graça divina, salva vidas?

Aqui o tendes. São elas,

Que dos céus às minhas mãos

Fazem cordame e cadeias...

Luz das alturas, contas da Virgem,

oh! irmãos,

Brilham mais que luas cheias...

Por elas nosso caminho...

Por elas nossa alegria..

Nenhum de nós é sozinho

Quando no barco um rosário

É presença de Maria...

De joelhos também se pode governar

Um barco no alto mar...

Rezemos... Padre Nosso... Avé Maria,

que hão-de vir bonança e dia.

Porto e brasa

em nossa casa!

E o menino que sorria;

Ao outro dia

Em suave sono imerso

Entrava no porto sem ser acordado...

Nas mãos lindo terço

os dedos e os sonhos lhe tinham enlaçado.

Gota a gota nasce o rio,

E os rios vão dar ao mar...

Grão a grão faz-se o trigal,

O celeiro, o nosso pão...

Passo a passo, o caminhar

Pranto a pranto, o meu chorar,

Salinas do coração...

Fala a fala, este programa,

lume a lume, a doce chama

Que, em dia a dia,

esta vida há-de abrasar...

Canto a canto, este cantar

Avé, Mãe celestial!

Avé canta Portugal!

Rosa a rosa, este rosário,

num abraço, mão a mão.

Senhora da salvação!

Vinde a todos abraçar!

IV

Mãe, que me escutas chorando

Porque esperas o teu filho

e não sabes quando

buscará de casa o trilho,

Por Deus te peço:

Se queres o seu regresso

faz das gotas do teu pranto

um rosário de orações...

E um dia há-de chegar

Que o amor há-de abraçar

os vossos dois corações!

Porque os lucros não surgiram

nessa empresa que sonhaste,

Os teus lábios não sorriram

E talvez desesperaste...

Pai, que me escutas

Eu peço-te, acalma

E espera...

Nunca vem a Primavera

Antes que passe o inverno!

Pois soma os teus desenganos,

E esperanças que não floriram...

Contas de dor

também são

os mistérios do amor

Nas asas duma oração!

E tu sonhaste gozar,

Meu rapaz cheio de vida!...

Faz dos teus dias alegres

cinco mistérios de gozo...

Do gozo da outra vida.

Se os teus dedos se mancharem

com tintas de perdição,

Cinco mistérios encerram

os mistérios da paixão.

Tu sonhas com heroísmos.

Não desistes da vitória.

Luta! Luta, dia e noite.

Só depois da guerra, a paz.

Só depois da paz, a glória.

E cinco são os mistérios

do oiro da eternidade!

Trazes no seio escondido

um sonho cor do ideal!

Donzela,

Tu queres ser bela?

Formosura sem igual?

Não ponhas só ao pescoço

as contas da moda nova...

Põe-nas junto ao verniz

das tuas unhas. E nos teus dedos

enlaça as contas de mil segredos

que te farão feliz!

Quatro poemas sem graça

Ei-los que ficam aqui...

Depois de serem da Virgem,

São, ouvinte, para ti...

Nossa Senhora das contas,

Nossa Senhora do terço,

Nossa Senhora da vida

No teu regaço adormeço...

Na palma da tua mão

Nove estrelas de mistério.

As contas deste rosário...

nas contas dos Açores!

E se nove são apenas

É por quereres, Senhora,

Duas vezes a Terceira!

Na conta dos teus amores!

Sal dos olhos inundou

gota a gota os pescadores...

Mar de prantos aumentou

Vendaval, penas e dores...

Nota:A divisão dos quatro poemas é da responsabilidade do editor. No original ela não está feita.

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Créditos: Dionísio de Sousa; Contacto:dionisiomendes@gmail.com

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