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Coelho de Sousa-o homem da rádio e das velhas tradições da Ilha

A vida é para ti. Era um programa de rádio. Era um programa de vida. Era um programa de Poesia...

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...Da poesia saudosista de usanças e tradições

Um desfolhar de Saudade

1º Poema

Ceia na Aldeia

Gentes do campo em descanso

Couves ao lume para a ceia...

Como é belo, como é manso

O fim do dia na aldeia...

Boa tarde! olá amigo!

Como vai a ceifa este ano?

Vais contente. Há muito trigo...

E o trigo não tem engano.

Vens da sacha, já o sei...

Trazes a fronte suada...

Como tu também andei

Ao meu ombro com a enxada...

Os milheirais são promessa,

São verdes cor de esperança

Fica a saber: não te esqueça

Quem espera, sempre alcança!

Olha o sino! Avé Maria...

Reza comigo: Deus louvado

P'lo trabalho deste dia

Por mais um dia passado...

Em casa põem a mesa,

O pão de milho molinho

As couves e a sobremesa,

Batata doce e toucinho...

Ai deste caldo, o sabor!

Eis a riqueza do pobre.

Cada gota é de suor

E com ele a mesa é nobre...

Enquanto a mãe lava a loiça

Vai o pai rezar as contas...

Mais os filhinhos pequenos

Cabeças de sono tontas!

Por quem anda sobre o mar,

Está na América e Brasil,

E pelos nossos defuntos

E por todos, graças mil!

E depois bebe-se leite...

Com açúcar ou sem ele...

Deite mais açucar, deite...

Antes que arrefeça e pele...

Ceia da aldeia ao luar

Pelo postigo da cozinha!

Quem me dera ir cear

desta ceia uma coisinha!...

O pão nosso da saudade

É o meu sustento agora.

Verdes anos! Mocidade...

Oh! Tempos lindos de outrora!...

2º Poema

A Viola e S. João

Lá dormia sobre a cama

Uma viola afinada.

Minha irmã tocava nela

Eu não tocava nada.

E trovas já muito antigas

Velhas nem Salve rainha...

cantadas ao desafio

na nossa casa da vinha.

Oh! Fado Maria Rosa

Dá pancada vira-mão

Tem cuidado meu amor

Não vires o coração!

Tem cuidado, tem cuidado,

Que o amor é traiçoeiro...

Que o prometer não é dar

Quem promete, dá primeiro.

Porto Martim, olha as uvas,

Olha as lapas mais o vinho.

S. João não tarda aí

E mais o seu cordeirinho.

E a procissão pára no porto

música da Vila a tocar!

S.João pousa no barco...

Vá foguetes para o ar

S. João! O Santo é nosso

caranguejos quem não gosta?

pirolitos, peixe frito,

E a perninha de lagosta...

E os primeiros restolhos

rebuscados e escondidos

nas algibeiras da calça

a depois logo comidos!

E os tremocinhos curtidos

boa favinha escoada

vinho velho, sangue novo

pois aqui não falta nada

3ºPoema

As Nossas Modas de Antigamente

Uma corrida veloz

é a nossa vida a passar.

E que rouca a minha voz

sem ter jeito p'ra cantar...

Chamarrita! Chamarrita!

Anda de par e mais o fado.

Ela traz saia de chita

e o fado é o namorado!

Ah! meu bem se tu te fores

Como dizem que te vais

Deixa-me o teu nome escrito

numa pedrinha do cais...

Quem não terá saudade

Dos olhos pretos que tens!

Quero os teus olhos de herança

pois é o maior dos teus bens!

Oxalá não dês à costa

Como o Samacaio deu

Se tu morreres, eu morro

E vamos juntos p'ró céu!

O pior é que nós vamos

à terra dos bravos ter!

e quem sabe se o inferno

é dos bravos o sofrer?

Tirana, linda tirana,

anda na roda e desanda!

Vira o baile p'rá outra banda

e toca lá a charamba!

Oh! velhas feias de manto

Cuidado com o rimar...

velhas nojentas e feias

não as q'remos a cantar!

E a terminar quero a Praia

Bela aurora e repetida.

Uma saudade sem fim

esta saudade da vida!

Saudade, minha saudade!

A saudade é um tormento

Mas a vida é saudade

e a saudade é meu sustento.

Canta o poeta e que bem

Como ele sabe cantar!

Oh! tirana saudade

feliz de quem te não tem!

Há lá no mundo quem viva

sem saudades de ninguém?

saudades todos as temos

Saudades quem as não tem!

Esta palavra saudade

que poeta a inventaria

Talvez a dor ao dizer:

Não tenho outra alegria.

Duas fases tem a vida:

A primeira a mocidade

A segunda cabe toda

nesta palavra: Saudade!

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