nasc.1986

residência ed. vera

EDIFÍCIO VERA - CENTRO DE SÃO PAULO - 2021

fotos_Vinícius Postiglione


Para a residência artística do edifício Vera, localizado no centro histórico e velho de São Paulo, tomou-se basicamente como referência, duas imagens das décadas de 1960/ 1970, mais precisamente da região da Luz, onde funcionou o Dops.

Foram confeccionadas réplicas dos uniformes (camisa e calça), por meio de um fabricante que sempre forneceu as peças à PM; jugular, suspensório e cinto também precisaram ser construídos. O capacete (trincado e sem a letra 'P' da sigla PM), cassetete e máscara anti-gás eram originais de época. O ator escolhido para os ensaios fotográficos e gravações para a edição de um vídeo, nasceu em 1986, primeiro ano, logo seguinte após o 'fim' da ditadura militar, de forma a se criar uma estranha relação com esses itens retornados de um passado, colocados num 'civil' de uma época que deveria ter essas 'sombras' militares, de repressão superadas e não vivenciadas novamente. Além de fotos realizadas dentro do edifício (que data de 1954), foram feitas outras pelos arredores, chegando até a região da Luz. Reações diversas, de pessoas que circulavam no momento, aconteceram.

Outra parte do trabalho, se concentrou numa numerosa troca de itens militares acumulados ao longo de anos, que lembrou sessões fotográficas (geralmente ocorridas em décadas de 1960 a 1980), com crianças e objetos que serviam para entretê-las.

Deu-se continuidade à pesquisa do manual de primeiros socorros do exército brasileiro. Dessa vez, tomadas como referências ilustrações em que estava somente um soldado, como alusão principalmente ao início do período da pandemia, quando se deveria seguir com isolamento. As ataduras utilizadas no ensaio, eram separadas e acumuladas para pararem num cesto de pesca. Duas placas de madeira com trechos do capítulo extinto durante a ditadura, serviram de suporte para esse conteúdo, e dimensões coincidentes com a frente de gabinetes antigos de máquinas de costura.

No vídeo, carimbos construíam um caderno de assinaturas e que no final, os visitantes precisavam mencionar se eram militares ou civis. Situação encontrada numa visita no Museu da Polícia Militar, em São Paulo. As letras caixas se desenvolveram em cima dessa base 'MILITAR CIVIL' e depois invertidas para 'CIVIL MILITAR' como referência à revisão de historiadores quanto à 'ditadura civil-militar', com participação de camadas da sociedade.