muna (2017)

Espaço reservado para possíveis retornos

(ou como rasurar o ar)


concepção

Projeto de instalação que possui como mote e ponto de partida, uma exposição (imediatamente anterior, ou simplesmente de uma outra edição) que tenha ocupado o mesmo espaço. Esse conceito visa a abordagem de algumas funções atribuídas a um museu, como: o resgate da memória. Como o projeto baseia-se nas áreas demarcadas pelas obras anteriormente expostas, nas mesmas posições, será um exercício em lembrar dessas outras artes, ou estimular a pesquisa, caso o visitante não pôde ter contato com elas.

A instalação em questão, ao ligar os pontos dos vértices resgatados, lembra também, em certos aspectos, as antigas brincadeiras infantis encontradas em livros e materiais didáticos, cujas páginas eram praticamente em branco com alguns grafismos. Ao traçar e unir uma sequência de pontos numerados, formavam figuras antes desconhecidas. É evidente que nessa instalação, não importa a criação de uma imagem figurativa, mas um desenho muito específico e livre causado por uma expografia anterior. Esse fato reforça a ideia de que uma obra artística não nasce ao acaso, mas que ela pode ter como referências outras criações, outras ‘bagagens’, provocando novas relações e leituras.

O termo `retorno’ do nome da instalação, dá margem também a algumas interpretações, principalmente se lembrarmos dos tempos em que vivemos atualmente, de turbulência econômica e política, em que ressoaram estranhamente coros antidemocráticos. O conjunto de linhas formadas, uma grande rasura no espaço, passa a ter um vínculo, praticamente direto, à própria ação e consequência da ditadura. Afinal, ela não tem apenas `apagado’ informações, mas usado uma força desproporcional, impondo e sobrepondo-se.

descrição/ características

Instalação imersiva, com utilização de fitas, cuja base é uma exposição anterior que ocupou o mesmo espaço, para mapeamento dos pontos (resultantes das marcações feitas conforme os vértices - ‘cantos’ - dos quadros). A ligação dos pontos é dada, de forma a resultar no ambiente um emaranhado praticamente suspenso.

Obs.:

A- é permitida o manuseio, com cuidado, da obra em si, inclusive por deficientes visuais, por se tratar de tramas que possuem certa elasticidade;

B- nos espaços em que a instalação é montada, é feita uma maquete tátil, em escala 1:25, para o público que possui deficiência visual tenha a noção da instalação toda.

2018

- MACC (Museu de Arte Contemporânea de Campinas) - SP

2017

Programa de exposições - MUnA (Museu Universitário de Artes) Uberlândia - MG

2016

Programa de exposições MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto) - SP

Programa de exposições MAB (Museu de Arte de Blumenau) - SC

Programa de exposições MARCO (Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande) - MS

(A partir da instalação no Muna, os pontos de furação não foram numerados, para se anotar a ordem na montagem, pois era desse dado em que a maquete era construída. Como o espaço do Muna, é feito de mezaninos que permitem a visualização em vários ângulos da instalação em si, foi abandonada a construção da maquete. Dessa forma, a fita percorreu o espaço com maior fluidez e liberdade, sem quebra do ritmo.)