bomba 1968 (nasc.1986)

parte 1

parte 2

 Vídeoinstalação composta por dois vídeos de 1 minuto cada. Ao lado esquerdo, foram retratados cerca de trinta locais onde houve atentados a bombas (e/ou com outros artefatos) em 1968, cuja significativa parte teve autoria da extrema direita, como forma de culpar a esquerda e enrijecer a ditadura civil-militar. Outros endereços foram símbolos de resistência aos militares, como os teatros Maria Della Costa e Ruth Escobar que levavam nomes de mulheres e apresentavam peças de vanguarda, e de questionamentos políticos ficando assim constantemente sob a mira do regime. Os órgãos de repressão (DOPS, II Exército, DOI-CODI, Batalhão da PM de São Paulo e a Tropa de Choque) também aparecem no vídeo. Importante ressaltar que foram escolhidos por último os locais que acobertaram o regime intervencionista e foram o resultado dele: a vala clandestina do Perus e o antigo Incinerador de Pinheiros. O retratado é nascido em 1986, um ano depois do fim do regime ditatorial. Apesar dele ter a idade aproximada de uma democracia recente no país, ele apresenta um uniforme nos moldes da Força Pública (antiga PM) baseado nos anos 1960 e 70.

A frase final 'FICA REGISTRADO QUE OS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SERÃO SEMPRE DESCOBERTOS' é um trecho do texto da Luiza Erundina, quando prefeita de São Paulo, escrito no momento da descoberta da vala clandestina onde estavam enterrados os perseguidos políticos.


Na segunda parte, que é exibida simultaneamente com a primeira, estão as imagens de época publicadas pelos veículos de comunicação: Jornal Folha de S.Paulo, Jornal O Estado de S.Paulo, El País.; além da fonte iconográfica existente no Memorial da Resistência, em São Paulo. Destaque para os seguintes locais: praça 14 BIS, DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), II Exército, Vala clandestina do Perus (onde corpos de perseguidos políticos e torturados eram enterrados criminalmente), Teatro Ruth Escobar, Batalha da Maria Antônia (faculdades públicas da Universidade de São Paulo, em massa com posição política na esquerda, foram afastadas do centro da cidade), Consulado Americano (as Forças Armadas estadunidenses estiveram envolvidas no ensino das práticas de tortura), antigo prédio do Estado de S.Paulo, Bolsa de Valores, além de linhas de trem e ônibus da cidade de São Paulo. Todos esses locais sofreram atentados a bombas, em grande parte organizados pela extrema direita, com o intuito de ver o regime ditatorial se tornar mais rígido. No final de 1968, foi promulgado o AI-5 (Ato Institucional número 5), o pior de todos os atos, que fechou o Congresso Nacional e instituiu severa censura.

concepção e direção: Élcio Miazaki

atuação: Andre Kirmayr

som: Bruno Gold

assistência: João Galera 

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2023

Prêmio Branco de Melo - Belém/PA - Galeria  Theodoro Braga


2022

_ 47º SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo – SP

_ Fora Dali na Parada 7/ Arte em Resistência – Rio de Janeiro/RJ

_Timeline BH #7 - Festival Internacional de Videoarte – BH/MG

 _Festival do Minuto – tema livre – mostra virtual

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BOMBA 1968 (série NASC.1986) 2022, videoperformance, 1’ colorido c/ e  s/  áudio. (2 vídeos monocanais reproduzidos simultaneamente em looping)