3ª FORMAÇÃO

Education for Sustainable Development: tools for cooperative learning lessons design


Formação dinamizada pelo Centro de Formação Teachersrise, entre os dias 20 e 27 de março de 2022 em Pádua, na Itália, com a participação do docente de Geografia, Pedro Peixoto.

O foco deste curso está no desenvolvimento sustentável, um dos tópicos fundamentais das disciplinas de Geografia e Cidadania e Desenvolvimento. Os principais temas a desenvolver são: as mudanças climáticas (causas e efeitos), o cálculo da pegada de carbono, a Educação para o Desenvolvimento Sustentável e a aprendizagem cooperativa. Os principais encontros e documentos nacionais e internacionais serão divulgados e sintetizados, realçando a sua importância para as intervenções escolares e educativas, com foco na estratégia da UNESCO para esta temática.

Mapas mentais e fluxogramas do complexo e articulado “mundo” da Sustentabilidade serão criados em conjunto.

Um foco especial será dado às relações entre o Desenvolvimento Sustentável e as competências-chave para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida.

O curso alterna momentos de apresentação frontal, com utilização de diapositivos, testes e questionários, trabalhos individuais e em grupo cooperativo, com a construção em conjunto de um glossário temático sobre Sustentabilidade. Pretende-se analisar como adaptar algumas das melhores práticas apresentadas à realidade de cada um, de forma a moldar Aulas Cooperativas.


Objetivos do Curso:

- Melhorar o conhecimento sobre as questões das mudanças climáticas, conhecer ações tangíveis para as reduzir e investir em diferentes abordagens de Educação para o Desenvolvimento Sustentável;

- Aumentar as competências dos professores para desenvolverem aulas mais desafiadoras, práticas e de reforço da cooperação entre alunos;

- Melhorar a abordagem inclusiva e cooperativa e o conhecimento para aulas mais eficazes;

- Reforçar as competências para aulas de Cidadania sobre os ODS da ONU: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável);

- implementar novos conhecimentos na gestão equilibrada da de sala de aula.

1º dia de formação - 21 de março de 2022

Início do 3º curso de formação deste nosso projeto tão ambicioso. O curso "Education for Sustainable Development: tools for cooperative learning lessons design" conta com a participação do docente Pedro Peixoto e de mais 9 participantes da Alemanha, Áustria e Espanha.

O objetivo é conhecer, experienciar e partilhar estratégias pedagógicas que visem o reforço da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, numa lógica de preparar aulas que permitam aos alunos serem os verdadeiros motores da aprendizagem, ficando o professor com o papel de orientador e facilitador dessa aprendizagem.

Neste curso estão presentes professores de Geografia, História, Inglês e Educação Especial, sendo certo que a temática do Desenvolvimento Sustentável pode e deve ser abordada em todas as disciplinas.

O curso tem lugar no Centro de Formação Teachersrise, em Pádua, Itália, cidade conhecida pela Santo António (nasceu em Lisboa e faleceu em Pádua) e pela sua Universidade (onde estudaram muitos famosos, sendo o mais conhecido Galileu Galilei).

Hoje foi dia dos participantes se conhecerem, trocarem informações sobre as suas escolas e países, abordarem a temática do Desenvolvimento Sustentável e a apresentação de diferentes formas de envolver os alunos neste temática tão atual e tão importante. Foram experienciadas diversas estratégias pedagógicas que podem levar os alunos à descoberta e partilha do informação para que depois se passe do conhecimento à prática. Destaque para as estratégias "corners activity" e "inside-out side circles", que levam os alunos a reforçarem as suas competências da autonomia e cooperação, tão importantes e tão interligadas, com vista a que possamos ter jovens cidadãos mais ativos e interventivos na procura de um planeta mais sustentável.

O final de tarde foi aproveitado para fazer uma visita cultural por Pádua, com destaque para a sua Universidade e Catedral.

2º dia de formação - 22 de março de 2022

O dia de hoje foi dedicado a desenvolver o tema da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, base deste curso e que deverá ter uma abordagem holística por parte da Escola para motivar alunos, famílias e comunidade local para a importância de se preservar o planeta Terra com atitudes e gestos verdadeiramente sustentáveis.

A Educação para o Desenvolvimento Sustentável constitui uma prioridade que é desenvolvida nas disciplinas de Geografia, Ciências Naturais e Cidadania, mas que pode e deve ver abordada em todas as disciplinas, clubes, atividades e projetos que a Escola realiza.

A Educação para o Desenvolvimento Sustentável capacita os alunos com conhecimento, capacidades, valores e atitudes para que estes estejam informados, de forma a tomarem decisões e a terem ações responsáveis em prol de um ambiente viável e de uma sociedade justa. Este é um processo que exige um sistema educativo que tenho foco nas dimensões cognitiva, social, emocional e ambiental, tendo sempre presente a importância do respeito pela diversidade cultural. O cálculo da pegada ecológica é uma boa forma de começar por abordar este tema nos alunos do 3º ciclo do ensino básico. Feito o diagnóstico, podem ser desenvolvidas muitas atividades que permitam aos alunos serem os verdadeiros atores da sua aprendizagem.

Na sessão de hoje abordámos várias atividades que podem ser realizadas pelos alunos sobre este tema, sendo que uma das estratégias tem que ver com a pesquisa de soluções simples e práticas que podem ser realizadas para reduzir a pegada ecológica (https://www.footprintcalculator.org/pt/results/0/solutions). Cada um dos participantes no curso apresentou uma webpage onde é possível calcular a pegada ecológica. Focámo-nos sobre como deve ser feita uma apresentação de um trabalho. Na apresentação dos trabalhos por cada grupo, uma das estratégias pedagógicas que pode ser dinamizada nas nossas aulas é a de dividir os alunos (por exemplo, numa turma de 20 alunos) por grupos de 5 alunos com funções diferentes à medida que os alunos apresentam o seu trabalho: um grupo fica responsável por dar o feedback sobre o conteúdo da apresentação, outro grupo fica responsável por monitorizar o tempo da apresentação e o outro grupo fica responsável por analisar a forma de comunicação do grupo que está a apresentar o trabalho. Há medida que os grupos vão apresentando os seus trabalhos, os grupos mudam de funções. Esta foi uma das estratégias pedagógicas que abordámos hoje sobre a forma de apresentar trabalhos de grupo. Amanhã iremos focar-nos nas estratégias de como é que esses trabalhos de grupo deverão ser dinamizados: a aprendizagem cooperativa.

Curiosidade do dia de hoje: falámos sobre os salários dos professores nos 4 países presentes no curso. Aqui ficam, para professores com 10 anos de serviço: Portugal 1200 euros, Espanha 2000 euros, Áustria 3200 euros, Alemanha 3500 euros.

3º dia de formação - 23 de março de 2022

Hoje continuámos focados no tema da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, tema cada mais atual e que necessita de ser abordado na Escola de forma contínua e holística, ou seja, por todas as disciplinas. Ontem ficámos no conceito da pegada ecológica. Hoje abordámos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), 17 objetivos prioritários definidos pela ONU e que abrangem um conjunto de temas importantes para o mundo, relacionados com a educação, a saúde, o emprego, o ambiente e outros temas e que irão contribuir para um planeta mais limpo e saudável. Este é um tema transversal a todas as disciplinas e que pode ser explorado pelos alunos de formas muito diversas. A ideia é que sejam os alunos a trabalharem os temas, através de um conjunto de instruções fornecidas (e, por vezes, idealizadas e trabalhadas pelos próprios), de forma a que, através da aprendizagem cooperativa, se passe da teoria à ação.

Depois de termos analisado os ODS, focámos sobre diversas estratégias pedagógicas que têm por base a aprendizagem cooperativa. Mas, afinal, o que é a aprendizagem cooperativa, diferente da aprendizagem colaborativa (que é a que muitas vezes fazemos nas nossas aulas, pensando que estamos a pôr os alunos a cooperar)? Ora, a aprendizagem cooperativa é uma forma de aprendizagem em que o trabalho é dinamizado em pequenos grupos e a aprendizagem mediada por pares, para que todos possam participar e contribuir para atingir o objetivo de um grupo. Já a aprendizagem colaborativa é um método de ensino e aprendizagem em que os alunos se unem para explorar uma questão significativa ou criar um projeto significativo. Um grupo de alunos que debate um tema ou um conjunto de alunos que trabalham juntos numa tarefa compartilhada são exemplos de aprendizagem colaborativa, bem diferente da aprendizagem cooperativa.

Na aprendizagem cooperativa, os alunos trabalham juntos em pequenos grupos numa atividade estruturada. Eles são individualmente responsáveis pelo seu trabalho, e o trabalho do grupo como um todo também é avaliado. Os grupos cooperativos trabalham face a face e aprendem a trabalhar em equipa.

Em pequenos grupos, os alunos podem compartilhar pontos fortes e também desenvolver as suas capacidades menos desenvolvidas. Podem melhorar as suas competências interpessoais. Aprendem a lidar com o contraditório. Os grupos cooperativos devem ser orientados por objetivos claros, permitindo que os alunos se envolvam em inúmeras atividades que melhoram a sua compreensão sobre os assuntos explorados.

Para criar um ambiente no qual a aprendizagem cooperativa possa ocorrer são necessárias três premissas: primeiro, os alunos precisam se sentir seguros, mas também desafiados; em segundo lugar, os grupos devem ser pequenos o suficiente para que todos possam contribuir; terceiro, a tarefa em que os alunos trabalham juntos deve ser claramente definida.

Na sessão de hoje abordámos três estratégias importantes em termos de aprendizagem cooperativa: a teoria das estruturas de Kagan, idealizada para alunos até ao 3º ciclo do ensino básico; a teoria de Slavin “STAD” (Student-Teams-Achievement Divisons - divisão dos alunos por equipe para o sucesso), apropriada para turmas com muitos alunos com dificuldades de aprendizagem; e a teoria de Sharan de investigação em grupo, utilizada sobretudo para turmas do ensino secundário.

Foquemo-nos na teoria das estruturas de Kagan sobre a aprendizagem cooperativa aborda estratégias livres de conteúdo para os alunos se envolverem e discutirem na sala de aula. Essas estruturas podem ser usadas para qualquer assunto abordado na sala de aula. Aqui ficam as mais importantes:

Em duplas, os alunos alternam-se, gerando breves respostas orais.

Exemplos:

• Lista adjetivos para descrever a personagem.

• Lista elementos naturais.

• Compartilha as etapas da experiência.

• Descreve um evento da história.

Em pares, os alunos compartilham com um colega por um tempo predeterminado enquanto o colega ouve. Em seguida, os dois trocam de papéis.

Exemplos:

• O que aprendeste primeiro?

• Qual é a técnica literária que planeias usar na tua escrita e como a usarás?

Em grupos, os alunos revezam-se respondendo oralmente.

Exemplos:

• O que faz um bom ouvinte?

• Lista objetos que flutuam?

• De que grupos és membro?

• Qual é um dos teus filmes favoritos?

Os colegas revezam-se, um resolvendo um problema enquanto o outro treina. Em seguida, os parceiros trocam de papéis.

• Útil para qualquer processo ou procedimento com certo/errado definido.

• Bom para a resolução de problemas de palavras com várias etapas em matemática.

• Transformar cada decimal em uma fração simplificada.

Os alunos levantam-se, levantam a mão e rapidamente encontram um colega com quem compartilhar ou discutir.

Essa estrutura é perfeita para construção de turmas, processamento e revisão de informações, energização da turma, formação de pares ou equipas aleatórias, início ou finalização de aulas.

O professor tem de ser cada vez mais um mediador e facilitador da aprendizagem!

4º dia de formação - 24 de março de 2022

Hoje tivemos a oportunidade de conhecer um projeto escolar do "Sistema Cittadella dello Studente Grosseto" de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, possível de ser consultado em slideplayer.it/slide/956172/ . Este projeto que junta várias escolas da cidade de Grosseto teve como ponto de partida os problemas de lixo, desperdício e falta de consciência ambiental dominante na cidade de Grosseto, tendo as escolas sido o motor visando a alteração de valores, atitudes e comportamentos em relação ao ambiente por parte de alunos, famílias e restante comunidade. A aprendizagem cooperativa esteve presente nas várias atividades desenvolvidas pelos alunos das várias escolas. Os alunos trabalharam em grupos pequenos, com tarefas e funções bem definidas e os resultados foram visíveis ao fim de 3 anos: a separação do lixo passou a ser algo banal, a reutilização e a reciclagem de desperdício começou a ser dinamizada e até a venda de telemóveis usados serviu como fonte de rendimento para que os alunos pensassem em melhorar os espaços exteriores das escolas, com bancos, mesas e demais materiais de lazer. As escolas ficaram com melhor aspeto, o ambiente começou a ser uma prioridade de alunos e famílias e, através de divulgação, os hábitos saudáveis começaram a ser replicados pela comunidade. Este é um exemplo de um projeto que pode ser levado a cabo de forma interdisciplinar, numa lógica de articulação curricular, visando a melhoria da escola e da comunidade local, tendo como estratégia o trabalho cooperativo.

Depois da apresentação deste projeto, focámos nas fases que o processo de aprendizagem cooperativa deverá comportar quando é utilizado para desenvolver um determinado conteúdo de qualquer disciplina de forma autónoma pelos alunos. São fases que podem ser adaptadas tendo em conta o contexto da turma e a profundidade que se quer desenvolver no tema a abordar.

5º dia de formação - 25 de março de 2022

Dia muito produtivo, com a dinamização de três trabalhos de grupo utilizando diversas estratégias da aprendizagem cooperativa. Os temas estiveram relacionados com a Educação para a o Desenvolvimento Sustentável. Um grupo focou-se num projeto sobre como evitar o desperdício de alimentos, o outro teve como tema de exploração as formas que podem ser levadas a cabo para reduzir a pegada ecológica e o terceiro grupo (aquele onde participei, juntamente com uma colega espanhola e outra alemã) projetou atividade visando a utilização equilibrada e sustentável do telemóvel por parte dos alunos. Foram três projetos que serviram de exemplo do que podemos fazer com os nossos alunos, independentemente da disciplina, tendo como foco a exploração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Este tipo de trabalho deve ter como fases de exploração os seguintes itens:

1. Título proposta de projeto

2. Breve descrição e objetivos gerais

3. Tópicos e metas

4. Disciplinas envolvidas

5. Monitorização (diagrama de GANTT)

6. Para cada atividade: nome, breve descrição da atividade, estratégias de aprendizagem cooperativa utilizadas, competências dinamizadas

7. Pontos fortes da proposta

8. Pontos críticos

9. Sugestões e comentários

O método de Jigsaw foi a estratégia que considerámos como mais apropriada para desenvolver a aprendizagem cooperativa em turmas heterogéneas. Para a sua aplicação seguem-se 10 etapas de trabalho:

1. Dividis os alunos em grupos de 5 alunos Os grupos devem ser o mais heterogéneos possíveis.

2. Nomeie um aluno de cada grupo como líder. Inicialmente, esse aluno deve ser o aluno co mais maturidade do grupo.

3. Dividir a lição do dia em 4 segmentos. Por exemplo, se se quiser que os alunos de Geografia trabalhem sobre formas de utilizar de forma sustentável o telemóvel, indo ao encontro do ODS 12 (produção e consumo sustentáveis), pode-se dividir a pesquisa em segmentos independentes sobre: ​​(1) a produção dos telemóveis, (2) o desperdício ligado aos telemóveis, (3) os efeitos dos telemóveis na saúde física e mental dos jovens (4) as vantagens da utilização correta dos telemóveis. Cada segmento tem em vista o desenvolvimento das quatro dimensões do Desenvolvimento Sustentável: a ecológica, a económica, a social e a cultural.

4. Designar cada aluno para aprender um segmento. Certificar-se de que os alunos tenham acesso direto apenas ao seu próprio segmento.

5. Dar aos alunos tempo para ler o seu segmento pelo menos duas vezes e familiarizar-se com ele. Não há necessidade de memorizá-lo.

6. Formar “grupos de especialistas” temporários fazendo com que um aluno de cada grupo do "jigsaw" inicial se junte a outros alunos atribuídos ao mesmo segmento. Dar aos alunos desses grupos de especialistas tempo para discutir os principais pontos de seu segmento e ensaiar as apresentações que farão ao seu grupo do "jigsaw".

7. Reunir os alunos nos seus grupos do "jigsaw".

8. Pedir a cada aluno que apresente o seu segmento para o grupo. Incentivar os outros no grupo a fazer perguntas para esclarecimentos.

9. Ir de grupo em grupo, observando o processo. Se algum grupo estiver a ter problemas (por exemplo, um membro é dominante ou perturbador), fazer uma intervenção apropriada. Eventualmente, é melhor que o líder do grupo lide com essa tarefa. Os líderes podem ser treinados sussurrando uma instrução sobre como intervir, até que o líder consiga fazer isso.

10. No final da sessão, fazer um teste sobre o que os alunos aprenderam. Os alunos rapidamente percebem que essas sessões não são apenas diversão e jogos, mas realmente são importantes para a aprendizagem.

Foram trabalhadas mais estratégias, possíveis de ser consultadas aqui: www.teachfloor.com/blog/10-collaborative-learning-strategies-for-online-teachers