Erpetosuchidae (ERPETOSSÚQUIOS)

Um grupo envolto em mistérios

O grupo dos erpetossúquios foi por muito tempo considerado como restrito a Europa, onde os fósseis do gênero Erpetosuchus foram encontrados. Este grupo apresenta como característica marcante a ausência de dentes na região posterior da maxila. São considerados como um ramo evolutivo extinto mais aparentado aos crocodilos atuais do que aos dinossauros, sendo, portanto um grupo dentro de Pseudosuchia. Recentemente, foram descobertas novas espécies do grupo, como o pequeno e semi-aquático Dyoplax (Alemanha) e os terrestres Parringtonia (Tanzânia), Tarjadia (Argentina), Archaeopelta (Brasil) e Pagosvenator (Brasil).

Dentro dos Pseudosuchia, os erpetossúqios são hoje considerados como mais aparentados aos aetossauros e ornitossúquios do que aos crocodilianos. Ambos os grupos são bastante especializados, os aetossauros, por exemplo, foram répteis quadrúpedes similares a tatus atuais, sendo onívoros e caracterizados por apresentam uma armadura óssea de escamas dérmicas (osteodermas) recobrindo o dorso, os membros e o ventre. Já os ornitossúquios parecem ter sido formas facultativamente bípedes e insetívoras, o que demonstra uma diversidade paleoecológica incrível para estes três grupos.

Os erpetossúquios parecem ter se distribuído por quase todo o Pangéia, apresentando distintos tamanhos e hábitos. Assim como os ornitossúquios eram carnívoros e como os aetossauros apresentavam uma cobertura de placas ósseas nas costas e também acima dos membros. É possível que cada linhagem dentro de Erpetosuchidae tenha desenvolvido adaptações específicas para a captura de presas, sejam elas pequenos vertebrados terrestres ou aquáticos.

A espécie que dá nome ao grupo, Erpetosuchus gracilis, foi descrita em 1894 com base em materiais encontrados na Escócia. Por muito tempo as relações desta espécie com outras de sua época foi um mistério, já que embora se parecesse com os crocodilianos existiam outros animais bem mais condizentes com os ancestrais ou parentes próximos deles. Nos anos 2000 alguns estudos inclusive indicavam que esta espécie poderia estar intimamente relacionada aos crocodilianos, porém com o reconhecimento de novas espécies ao redor do globo, sabemos que a história evolutiva dos pseudossúquios é bem mais complexa e diversificada.

VER:


Referências:

Lacerda, Marcel B.; França, De; G, Marco A.; Schultz, Cesar L. (2018). "A new erpetosuchid (Pseudosuchia, Archosauria) from the Middle–Late Triassic of Southern Brazil". Zoological Journal of the Linnean Society. 184 (3): 804–824. doi:10.1093/zoolinnean/zly008.