A Paleontologia no currículo de Candelária

Segundo a professora Marina Bento Soares, coordenadora do curso “Paleoeduca: a Paleontologia na Educação de Candelária”,

a Paleontologia caracteriza-se como uma ciência interdisciplinar que transita entre as Geociências e as Ciências Biológicas, promovendo não só a integração destes dois campos do conhecimento, mas também lançando mão de conceitos advindos de outras ciências como matemática, química, física, sem falar no processo histórico e epistemológico que permeia toda a construção do conhecimento paleontológico e que não pode ser desvinculado do ensino da Paleontologia.

Candelária está localizado na região central do Rio Grande do Sul, na microrregião de Santa Cruz do Sul que conta com dezessete municípios. Situa-se a 192km distantes da capital Porto Alegre e tem como limite os municípios de Rio Pardo, Vale do Sol, Vera Cruz, Cachoeira do Sul, Cerro Branco, Passa Sete, Lagoa Bonita do Sul e Novo Cabrais. A sede municipal encontra-se a 29º 33 39 de latitude sul em relação ao Equador e 56º 13 15 de longitude oeste em relação ao Meridiano de Greenwich.

O município possui patrimônios históricos, culturais e naturais de suma importância, com destaque para sua riqueza paleontológica, que é evidenciada na formação geológica do período Triássico e que o colocam como importante local de estudo, ocupando uma posição privilegiada por conter camadas fossilíferas de idades distintas, que contem associações faunísticas diversas e representativas de grande porção do período Triássico. De fato, dentre todas as localidades triássicas do Rio Grande do Sul, é Candelária que conta com a maior representatividade de fósseis.

Marina Bento Soares afirma que:

As várias abordagens científicas que a Paleontologia possibilita, integrando diferentes áreas de articulação e uma pluralidade de conteúdos, fornecem um rico rol de subsídios para os estudantes se envolverem no processo de construção científica como um todo. Se melhor explorada pedagogicamente nos currículos escolares a Paleontologia poderia contribuir diferencialmente na promoção da reflexão crítica dos estudantes, através da articulação, integração e sistematização dos fenômenos e processos naturais, o que vem em consonância com as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1999). Conteúdos relativos à Paleontologia figuram nos PCN da Educação Básica: no Ensino Fundamental, a Paleontologia está inserida nos Eixos Temáticos “Terra e Universo” e “Vida e Ambiente”; já para o Ensino Médio, tópicos relativos à Paleontologia estão contemplados nas áreas das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (Biologia) e Ciências Humanas e suas Tecnologias (Geografia). De fato, percebe-se um esforço por parte do MEC (Ministério da Educação) em inserir a Paleontologia na Educação Básica, com alguns de seus conteúdos constando nos livros didáticos, tanto do Ensino Fundamental quanto Médio, e com tópicos de Paleontologia sendo tema de questões em provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) nos últimos anos. Mas apesar desta inserção nos PCN, e de todo o potencial pedagógico que a Paleontologia carrega, na prática, quase não se trabalha Paleontologia na escola brasileira.

O Documento Orientador Municipal do Território de Candelária engloba todas as competências, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades propostas na BNCC, no RCG e agrega como especificidade local, a Paleontologia nas diferentes etapas e modalidades de ensino, visto que o DOM servirá como um guia de orientação para que os educadores possam, a partir dele, desenvolver atividades com um embasamento teórico correto e atualizado dentro da paleontologia, de modo a proporcionar uma integração natural dos múltiplos aspectos envolvidos nesta área da ciência.

Dessa forma, trabalhar Paleontologia em sala de aula, no currículo do nosso município, é crucial para o entendimento de processos naturais operantes há centenas de milhões de anos na Terra, tanto geológicos quanto biológicos, para isso os educadores têm importante função na divulgação desses conhecimentos de forma clara e com linguagem acessível a todos. Portanto, oportunizar o conhecimento paleontológico aos alunos de forma sistematizada, fará com que, posse desse conhecimento, os estudantes passem a agir como seus multiplicadores no entorno imediato de onde vivem e também como conscientizadores sociais na preservação desse inestimável patrimônio.