Pagosvenator candelariensis

O achado natalino

Ilustração: Renata Cunha.

Este é talvez um dos maiores erpetossúquios já encontrados, com um crânio de quase 40 cm de comprimento. Provavelmente um hábil carnívoro que convivia lado a lado com os grandes predadores do Triássico, como o Prestosuchus.

FICHA TÉCNICA

Classificação: Reptilia: Archosauromorpha: Archosauria: Pseudosuchia.

Alimentação: Carnívora, animais de pequeno e médio porte.

Comprimento: Aproximadamente3 metros.

Peso:Mais de 120 kg.

Época: Triássico Médio-Superior, aproximadamente 240 Ma (Ladiniano-Carniano).

Distribuição: Sul do Brasil.

Sítios onde foram encontrados em Candelária: Desconhecido.


Os erpetossúquios eram desconhecidos para o Brasil até muito recentemente, até que em 2015 uma doação anônima mudou esta história. Próximo ao Natal daquele ano, o Museu de Candelária recebeu literalmente um crânio de um animal que habitou a região a aproximadamente 240 milhões de anos atrás. Depois de ser analisado, em detalhe, pelo então doutorando Marcel B. Lacerda e sua equipe, o material foi identificado como uma espécie completamente nova. Nesta mesma época, na Argentina, novos materiais de Tarjadia ruthae, um fóssil enigmático de réptil, estavam sendo também estudados. Os pesquisadores argentinos e brasileiros publicaram seus resultados quase que ao mesmo tempo, e surpreendentemente ambos constataram que os respectivos materiais se tratavam de erpetossuquídeos.

O informalmente apelidado “Papai Noel” o material doado é o material tipo (o holótipo) da espécie Pagosvenator candelariensis. O “Pagos” significa ‘do campo’ e o ‘venator’ significa caçador. O ‘caçador dos campos’ apresenta como epíteto específico uma homenagem à cidade de Candelária, onde o fóssil está em exibição. Juntamente com seu parente próximo da Argentina, Tarjadia ruthae, mudaram a história destes parentes dos crocodilianos. Outro material que, agora, parece ser um erpetossuquídeo é o Archaeopelta arborensis, baseado em elementos fragmentários da região de Chiniquá.

O Pagosvenator era um carnívoro de tamanho médio, menor que os rauissúquios, mas maior que os cinodontes carnívoros. Isso indica que poderia caçar animais pequenos à médios, como os cinodontes Massetognathus e filhotes de dicinodontes. Além disso, seus dentes podem também ter sido úteis para caçar peixes na beira dos rios, ou mesmo, remover a carne de carcaças.


Foto do fóssil de Pagosvenator candelariensis, destacando o crânio em vista lateral esquerda. Abaixo, imagem de tomografia computadorizada – Foto: divulgação UFRGS.

Referências:

Lacerda, Marcel B.; França, De; G, Marco A.; Schultz, Cesar L. (2018). "A new erpetosuchid (Pseudosuchia, Archosauria) from the Middle–Late Triassic of Southern Brazil". Zoological Journal of the Linnean Society. 184 (3): 804–824. doi:10.1093/zoolinnean/zly008.