Amphibia

Vivendo próximo a água

O termo anfíbio, por definição, indica organismos que vivem tanto água quanto em ambiente terrestre. Os sapos (Anura), as salamandras (Urodela) e as ceclílias (Gymnophiona) representam o grupo atual chamado de Lissamphibia, que inclui o que historicamente nos referimos como Amphibia. Entretanto, estes grupos, em geral, apresentam dois estágios de desenvolvimento distintos ao longo de suas vidas, um dependente da água (geralmente a fase larval) e outra independente (fase adulta). Por dependerem de corpos d’água para a reprodução, estes organismos tendem a viver nas imediações de rios, lagos, lagoas, pântanos. E o processo da metamorfose é talvez uma das mais importantes novidades evolutivas do grupo.

De modo mais abrangente, os lissanfíbios pertencem ao grande grupo dos tetrápodes (organismos com quatro membros), assim como os répteis, mamíferos e aves. Este grande grupo (Tetrapoda) pode ser subdividido em duas linhagens: a Amphibia que os inclui, e os Amniota (répteis, aves e mamíferos). A diferenciação destas linhagens se deu, principalmente, pela independência, adquirida pelos Amniota, dos corpos d’água pela evolução do ovo amniótico, composto por três membranas (o âmnio, córion e alantóide), que além de conferirem uma maior resistência mecânica aos fetos, os nutria e os protegia do ressecamento. Este foi o “ponto-chave” para a conquista dos ambientes terrestres pelos répteis e sinápsidos.

Entretanto a história dos ‘anfíbios’ não terminou quando os aminiotas abriram caminho nos ambientes mais secos. Durante o final do Paleozóico e todo o Mesozóico, os anfíbios irradiaram em diversos grupos incluindo os chamados Temnospondyli, que provavelmente incluem os lissanfíbios atuais e seus ancestrais. Por exemplo, durante o Triássico, os anfíbios possuíam uma distribuição cosmopolita havendo registros desde a Antártica, África do Sul e Brasil (Gondwana); até Groelândia e Europa (Laurásia). Uma característica típica deste grupo é a perda de um dos dedos das mãos nos Amphibia, ou seja, apenas4 dedos e não 5 como nos Amniota.

Os Temnospondyli surgiram ainda durante o Carbonífero (aproximadamente 346 a 330 Ma., no Viseano), irradiam-se nos diferentes nichos durante o Permiano e o Triássico, vindo a registrar perdas consideráveis a partir do Triássico Superior, havendo registros pontuais de espécies no Cretáceo (Aptiano-Albiano). Milner (1990) e Dias-da-Silva & Dias (2009) contabilizaram aproximadamente 170 gêneros e 30 famílias que se distribuíram por todos os continentes.Alguns destes eram tipicamente terrestres, tal como os espécimes americanos, Eryops e Parotosuchus, entretanto alguns grupos que retornaram ao ambiente aquático (e.g. Trematisauridae, Romer (1947); Archegosauridae, Dias & Barberena (2001)). Os grupos que regressaram a água apresentaram mudanças adaptativas ao novo habitar, como por exemplo: achatamento no sentido dorsoventral do crânio; perda da ossificação de punhos e tornozelos, tornando-se possivelmente cartilaginosos, consequentemente, causando uma perda de sustentação fora d’água; presença de escamas ósseas no abdômen, o que funcionava como lastro de mergulho, fonte de Ca, bem como, estrutura de proteção/apoio, dentre outras (Dias-da-Silva & Dias, 2009). Seu tamanho varia de 27 a 325 mm (salamandra pletodontídeas atuais) até Chigutissaurídeos (cerca de 6 m), conforme levantado por Marsicano (1999) e Warren & Marsicano (2000).


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Referências:

Da-Rosa, Á.A.S. (2009) Vertebrados fósseis de Santa Maria e região, 480 p.