Ecomuseu de Maranguape

Cachoeira, ontem, hoje e sempre... uma comunidade viva.


Uma luta pela memória.

Uma comunidade. Uma Agenda.


O ano é 2005.


Os anos 2000 chega, e com ele, as pautas ambientalistas consolidam-se no mundo e no Brasil como tema emergente e como maior visibilidade, sobretudo, devido aos movimentos sociais e aos investimentos governamentais na elaboração de programas que contemplassem cada vez mais as questões ambientais para às políticas para o desenvolvimento (sustentáveis?). A esta política ambiental deu-se o nome de Agenda 21.


O município de Maranguape no ano de 2001 deu inicio ao processo de elaboração de sua Agenda 21 (vide publicação sobre o tema: Agenda 21 local: experiências da Alemanha, do Nordeste e Norte do Brasil. Fundação Konrad Adenauer, 2003.). Concluindo este processo no ano de 2003.


Convocando todos os setores e segmentos da sociedade. A Fundação TERRA foi uma das organizações não-governamentais do município, convidadas para representar este segmento dos grupos de trabalhos de elaboração de propostas. Foi nesta troca de experiências entre de instituições, lideranças e demais pessoas interessadas na temática que ocorreu o primeiro encontro entre a Fundação TERRA com a Comunidade de Cachoeira, na altura representadas por Nádia Almeida, então dirigente a ONG e Graça Timbó, na altura Diretora da Escola Municipal José de Moura, localizada no distrito de Cachoeira. Deste encontro dois anos depois tem inicio o processo que deu origem ao 1º Ecomuseu comunitário do estado do Ceará naquele distrito. O Ecomuseu de Maranguape.


Desta forma, uma grande mobilização da comunidade de Cachoeira deu-se inicio em 2005. A Fundação TERRA foi convidada para junto com as instituições locais - Comitê Agrícola de Cachoeira, Escola Municipal José de Moura, e Centro Comunitário de Cachoeira - como também todos os segmentos da população local participassem dos grupos de temáticos de trabalho.



(Acervo Ecomuseu. Plenária da Agenda 21 local de Cachoeira. População local. 2005)

(Acervo Ecomuseu. Plenária da Agenda 21 local de Cachoeira. População local. 2005)

Na plenária que na altura realizou-se na frente da Capela da comunidade aproveitando a parede para projetar os resultados das discussões dos grupos temáticos. Cerca de 80 pessoas da comunidade e convidados preencheram todo espaço aberto do bonito terreiro da Capela. A plenário elencou as principais propostas para serem apreciadas e votadas. Legitimando-se assim como um processo de natureza comunitária.


Uma das principais diretrizes aprovadas pela plenária da Agenda 21 de Cachoeira foi a proposta de utilização do importante conjunto histórico arquitetônico do período colonial, construídos em meados do séculos XVIII, composto por um Casarão, uma Capela e um Açude. A ideia inicial foi de transformar este patrimônio arquitetônico em um equipamento cultural. Desta forma, o contributo principal da ONG Fundação TERRA, na altura coordena por Nádia Almeida, a proposta de criação de um Ecomuseu para aquele espaço. Proposta aprovada pela plenária, legitimando o processo comunitário do Ecomuseu de Maranguape desde sua origem.

Sede do Ecomuseu de Maranguape. Casarão do séc. XIX - Cachoeira, Maranguape- CE. Acervo Ecomuseu, 2014.

O Programa de Educação Patrimonial do Ecomuseu de Maranguape


Históricos e Perspectivas

Os jovens e o Programa de Educação Patrimonial do Ecomuseu de Maranguape

A primeira turma de 20 jovens (12 e 18 anos) guias culturais do Ecomuseu de Maranguape formou-se entre os anos de 2006 e 2009. Foi composta por estudantes da Escola Municipal José de Moura e das Escolas de Ensino Médio de Maranguape. Jovens que em comum, compartilhavam o fato de serem moradores da mesma comunidade rural, o distrito de Cachoeira.

(Durante a organização de um exposição no Ecomuseu de Maranguape. 2007. Alguns dos primeiros Agentes Jovens do Patrimônio Cultural. Da direita para esquerda: Alexandre Arruda, Leandro Oliveira, Rayane, Cavalcante, Lucivânia Ferreira, Hartemísia Sousa, Aline Freire, Iara Cavalcante, Milena Santos, Marcos Meneses)

Estes primeiros jovens, hoje tomaram seus próprios caminhos e alguns deles continuam no Ecomuseu de Maranguape por meio dos seus filhos... Pois o programa de formação em educação patrimonial com duração de 03 anos, desde o ano de 2006 já formou 04 turmas diferentes. E é processo sócio-educativo o tema central deste artigo...


A ideia da criação do Ecomuseu de Maranguape nasce em 2005 com a parceria entre a ONG Fundação TERRA e a Escola Municipal José de Moura que juntamente com outras duas organizações sociais da comunidade rural do distrito de Cachoeira, o Centro Comunitário de Cachoeira e o Comitê Agrícola de Cachoeira. Naquele ano realizou-se tanto a Conferência Infanto-Juvenil do Meio Ambiente na Escola e a elaboração da Agenda 21 local coordenada pelo Centro Comunitário de Cachoeira. Esta articulação reuniu as melhores condições, sobretudo da participação comunitária, para a autodeterminação em assumir projetos em museologia comunitária na iniciativa de um Ecomuseu como diretriz da Agenda 21 de Cachoeira.


No ano seguinte e como forma de aliar a missão do Ecomuseu de Maranguape aos princípios da Declaração de Quebec, em 12 de outubro de 2006 inaugura-se o primeiro Ecomuseu do estado do Ceará, sediado em uma comunidade rural, o distrito de Cachoeira, município de Maranguape.



Ponto de Cultura



Durante os anos de 2009 a 2011 com o apoio do Programa Ponto de Cultura e Cultura Viva do Ministério da Cultura do Governo Federal (MINC) e da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT), o Ecomuseu de Maranguape integra o programa tornando-se também um PONTO DE CULTURA.

O projeto desenvolvido como Ponto de Cultura pelo Ecomuseu de Maranguape, tratou de pedagogicamente estruturar o programa de formação em educação patrimonial para 50 (cinquenta) jovens da comunidade local que denominou-se de PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGENTES JOVENS DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE MARANGUAPE (2009/2011).

Jovens participantes do Programa de Formação do Ponto de Cultura do Ecomuseu de Maranguape. Acervo Ecomuseu de Maranguape, 2011.

Para os anos de 2011 a 2013 juntamente com o programa de educação integral, o programa de educação patrimonial do Ecomuseu de Maranguape abrangeu diretamente todos os estudantes do Ensino Fundamental II da Escola Municipal de José de Moura e indiretamente todo o Ensino Fundamental I por meio de uma disciplina formal denominada AEL (Arranjos Educativos Locais), em que um profissional do quadro de educadores ministrava (e ainda ministra) semanalmente conteúdo em educação patrimonial.


O programa de educação integral do Ecomuseu de Maranguape contou com uma articulação com o programa MAIS EDUCAÇÃO/MEC. Os agentes jovens do Ecomuseu ao integrar as monitorias deste programa de jornada ampliada do MEC, integraram as equipes de educadores também da Escola local. Ou seja, o programa promoveu a fusão de tempos e espaços de aprendizagem. Esta articulação em 2015 fundamentou a tecnologia social chancelada pela Fundação Banco do Brasil, denominada COCRIANDO COMUNIDADES EDUCADORAS.

Agentes Jovens do Patrimônio do Ecomuseu de Maranguape. Acervo Ecomuseu de Maranguape. 2014.

Tecnologia Social com base na Educação Patrimonial



Entre os anos de 2013 a 2015 com o incrementos de dois outros projetos do Ecomuseu de Maranguape - Rede de Tecnologias Sociais de Maranguape e e Rede Juntos pela Educação Integral - o programa de educação patrimonial procurou aliar de modo cada vez mais interdisciplinar as temáticas ambiental e educacional com vista ao desenvolvimento integral do território.

Equipe de Agentes do Ecomuseu de Maranguape, Moradores de Cachoeira e funcionários da Escola Municipal José de Moura. Acervo do Ecomuseu de Maranguape. 2015.