Breve História


Cartografia Sentimental Tucuju é uma obra audiovisual experimental, dirigida por Cleber Braga e realizada em parceria com o coletivo Tenebroso Crew no ano de 2021, na capital do Amapá. Com estreia prevista para 06 de novembro, o trabalho, que conta com trilha sonora original de Paulinho Bastos, propõe uma reflexão sobre Macapá desde a conexão estabelecida entre o lugar e as diferentes histórias de vida de diversos artistas e outros agentes culturais presentes no filme.

Assim, como em um jogo, cada uma dessas pessoas foi convidada a propor uma ação de até 03 minutos, com base na relação entre conteúdo biográfico e este território amazônico singular, “tucuju”, como são chamadas as pessoas nascidas na região. O resultado é um conjunto polifônico de performances, cenas, números musicais e etc, sem uma linguagem artística definida - o que dificulta inclusive sua classificação enquanto gênero cinematográfico.

Neste sentido, a obra se aproxima da ideia de cabaré, espetacularidade fronteiriça caracterizada pela disposição em números de variedades e que, como a arte da performance, é historicamente insubordinada à disciplinaridade, pois os artistas se valem de “quaisquer disciplinas e quaisquer meios como material” (GOLDBERG, 2006, p.19) tendo, por objetivo final, o apagamento entre a fronteira arte/vida.

Já a noção de “cartografia sentimental” evocada, em referência direta ao pensamento de Suely Rolnik(1989), traduz a natureza deste mapeamento afetivo desde os encontros e acontecimentos que atravessaram Braga quando de sua chegada ao Estado, em 2016. Mapa afetivo que se desprende do compromisso em retratar uma realidade específica, projetando-se mais como um mergulho na geografia dos afetos, abrindo espaço para a expressão das intensidades e dos desejos.

Em Cartografia Sentimental Tucuju é a vida que é compartilhada na obra, os modos, jeitos, os sabores do lugar. Essa vida, reinterpretada por cada artista, por cada corpo - feminino, negro, indígena, não-binário, etc -, ao ser captada pelas câmeras, torna-se produção de memória, registro e potencial contágio afetivo-reflexivo, lembrando-nos de que o Brasil é sempre mais do que supomos.

Este projeto foi realizado com fundos da Lei Aldir Blanc (SECULT/AP) e em parceria com o Programa de Cultura da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).


Referências:

GOLDBERG, Rose Lee. A arte da performance: do futurismo ao presente. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989.