A realizar o exame de força muscular;
A compreender a escala de graduação de força muscular;
A assimilar o objetivo e o processo para realização do exame de perimetria;
A conhecer o exame de mobilidade e os valores de referência para amplitudes de movimento normais.
No decorrer deste capítulo, será apresentada a forma de aplicação do exame de força muscular e a escala de graduação de força muscular, para ser registrado no prontuário do paciente. O meio de aplicação desse exame pode ser por meio do Teste Manual Muscular (TMM) ou com aparelhos que mensuram a força muscular quantitativamente, como, por exemplo, o dinamômetro isocinético.
O TMM é o meio mais comumente utilizado por ser prático e sem custo para a sua realização, para tal é necessário um bom domínio sobre a cinesiologia corporal. O fisioterapeuta irá proporcionar posições e resistências ao paciente para que este demonstre efetivamente a sua condição muscular.
Na sequência, aprenderemos o exame de perimetria, que serve para avaliar a condição de trofismo muscular, presença de edema e anormalidades de estruturas corporais. Utilizando uma fita métrica, o fisioterapeuta irá mensurar a circunferência da região que está sendo investigada, visando identificar a simetria ou assimetria com o lado contralateral e, também, levantar dados para comparação com um novo exame após algumas sessões de tratamento.
Ainda abordaremos sobre o exame da mobilidade, que trata da amplitude de movimento que o paciente consegue realizar ativamente e passivamente. Conheceremos o goniômetro universal, e como usá-lo para medir em graus o ângulo de movimento das articulações, e os valores de referência considerados normais para os movimentos dessas articulações.
Esses exames são fundamentais para diagnosticar a condição físico-funcional do paciente e, assim, poder estabelecer o plano de tratamento fisioterapêutico.
Bons estudos!
Dando continuidade aos itens de avaliação fisioterapêutica, neste capítulo, vamos iniciar conhecendo como realizamos o exame de força muscular do paciente.
Esse exame pode ser específico de um músculo ou de um grupo muscular que atua em sinergia para execução de um movimento. A realização do teste muscular envolve o cuidado com o local que será manipulado, o posicionamento para evitar o desconforto e a dor, a sensibilidade requerida no teste de músculos muito fracos e a capacidade de aplicar pressão ou resistência de uma maneira que permita ao indivíduo produzir a resposta ideal.
Os componentes fundamentais do teste muscular manual são a realização do teste e a graduação da força muscular. Para conseguir executar esses procedimentos, o fisioterapeuta deve possuir um conhecimento global e detalhado da função muscular, com entendimento de origem, inserção e ação de cada músculo, compreensão do movimento articular e do significado de ações musculares agonistas e antagonistas.
Além disso, esse teste requer a capacidade de palpar o músculo ou seu tendão, para distinguir entre o contorno normal e para reconhecer anormalidades estruturais, de posição ou de função. Deve-se detectar movimentos de substituição (compensação de outros músculos para fazer o movimento) que ocorrem sempre que existe fraqueza, assim invalidando a fidedignidade do teste. A prática é necessária para se adquirir a habilidade de realizar os testes de força muscular e para graduar com acurácia a força muscular do paciente.
Os testes musculares manuais (TMM) são executados com o paciente fazendo força do músculo ou grupo muscular estabelecido sem resistência, ou contra a gravidade, ou contra a resistência manual do fisioterapeuta. Para promover a graduação da força muscular do paciente, existem escalas como a de Kendall (1993), que propõe examinar músculos individuais, enquanto a escala de Daniels e Worthingham (2007) examina grupos musculares que realizam movimentos articulares específicos.
Ambas escalas utilizam um sistema de classificação com os graus Normal, Bom, Regular, Ruim, Traço e Zero. No entanto, Kendall (1993) gradua a escala de 0 a 10 e Daniels e Worthingham (2007) graduam de 0 a 5.
Na tabela a seguir, vamos estudar as graduações e os respectivos critérios apresentados pelo paciente para receber cada graduação:
Sempre que for utilizada a pontuação numérica, é importante esclarecer qual escala está sendo usada, colocando o valor de pontuação antes de uma barra que é seguida pelo valor máximo da escala. Por exemplo, um grau de força Regular deve ser anotado como 3/5 se utilizada uma escala de 0 a 5, ou 5/10 se utilizada uma escala de 0 a 10. Os resultados devem ser anotados em formulários de avaliação do paciente.
O exame de força muscular deve evocar a contração máxima do músculo que está sendo testado. Algumas estratégias asseguram tal ocorrência e ajudam na validade do teste:
Posicionar o paciente de forma que exista liberdade para a movimentação da articulação envolvida no teste;
Possibilitar o comprimento muscular adequado para o teste, ou seja, afastar a origem da inserção para possibilitar contração muscular durante toda amplitude de movimento;
Repetir cada teste por três vezes consecutivas;
O teste deve ser feito em outro músculo que compartilhe o mesmo tipo de inervação, bem como no lado contralateral, visando comparações.
Os testes musculares manuais apresentam um nível de medição (graduação) com certa subjetividade de interavaliadores, pois o entendimento de graduação de força muscular pode ser diferente entre duas pessoas. Por isso, o exame de força muscular medido por dinamômetros manuais e medidores de tensão tem sido apoiado, ao gerar números quantitativos em Quilograma-força (KgF).
Apesar de ser mais caro do que o TMM, a dinamometria manual pode ser usada para melhorar o resultado do teste quantificando-o mais apropriadamente. Quando os músculos são fortes o suficiente para se mover contra a força da gravidade e a resistência do braço de alavanca do dinamômetro, também pode ser utilizada a dinamometria isocinética.
A perimetria é a fase do exame físico em que o profissional da saúde irá mensurar a circunferência de uma área corporal determinada. Por exemplo, ao receber um paciente que realizou uma cirurgia no membro inferior e que apresenta déficit de força muscular nesse membro operado, pode-se utilizar a perimetria para investigar se há diferença nas circunferências da região femoral (coxa) quando comparado ao membro sadio, visando identificar hipotrofismo muscular.
A perimetria serve para:
Avaliar trofismo (atrofia; hipotrofia; hipertrofia; normotrófica);
Identificar presença de edema (espessamento ou tumefação);
Abaulamento e anormalidades de partes moles.
Para a realização da perimetria, é necessário utilizar uma FITA MÉTRICA, o fisioterapeuta deve estabelecer um ponto de referência (exemplo: Borda Superior da Patela) para ser o início do posicionamento da fita métrica (zero centímetros). A partir desse ponto, serão marcadas distâncias de 5 em 5 centímetros ou 7 em 7 centímetros (será usado proporcionalmente ao tamanho do indivíduo avaliado) para que nesses pontos sejam feitas as mensurações bilateralmente. Assim, o exame será feito igualmente nos dois membros e um servirá de comparativo ao outro.
Orienta-se que o ponto de referência seja em eminências ósseas, correspondendo a zero cm na fita métrica. Posteriormente, marcar distâncias adequadas ao biotipo do paciente:
5, 10, 15 cm (5 em 5 cm);
7, 14, 21 cm (7 em 7 cm).
A mobilidade corporal ou de uma região específica do corpo é a capacidade de movimentação articular e de tecidos moles do local investigado. Quando examinamos a mobilidade, procuramos avaliar a condição de movimento do paciente e se ele realiza o movimento em sua total amplitude.
Integridade das superfícies articulares;
Mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles que circundam as articulações;
Grau de aproximação dos tecidos moles;
Quantidade de cicatrizes. Pois, as cicatrizes intersticiais ou fibroses ocorrem internamente ou ao redor das cápsulas das articulações, dentro dos músculos e dos ligamentos como resultado de traumas anteriores, assim limitando os movimentos;
Idade. Geralmente, o movimento das estruturas corporais tende a diminuir com o avanço da faixa etária;
Sexo. Normalmente, as mulheres têm mais movimento nas articulações do que os homens.
Durante a avaliação da mobilidade, o paciente indica os movimentos deficitários, que podem causar ou agravar a dor. O exame da mobilidade deve comparar ambos os lados, sendo feito bilateralmente. O fisioterapeuta deve, em primeiro lugar, observar o que o indivíduo é capaz de fazer quando movimenta a articulação em toda a amplitude de movimento ativo. Caso o paciente apresente movimentos limitados e que provocam dor intensa, que sugerem um grau elevado de irritabilidade na articulação ou outra condição grave, deve-se protelar o exame.
Para a obtenção de dados quantitativos sobre a amplitude de movimento (ADM) do paciente, orienta-se utilizar um instrumento chamado GONIÔMETRO para a mensuração dos GRAUS de ADM.
O termo goniometria é derivado de duas palavras gregas, gônia, que significa ângulo e metron, que significa medida. O Goniômetro Universal é um instrumento que possibilita a medida de ângulos articulares por meio de medidas em graus. Os goniômetros podem ser de plástico ou de metal e de diferentes tamanhos, mas com o mesmo padrão básico, que é um corpo (onde estão as escalas de medidas) e dois braços.
O goniômetro possui um BRAÇO FIXO que deve ser estabilizado junto à região proximal da articulação investigada, enquanto que o EIXO (fulcro) será posicionado no centro da articulação, e o BRAÇO MÓVEL irá se movimentar junto com a região distal à articulação.
Determinar a presença ou não de disfunção;
Ajudar a estabelecer um diagnóstico fisioterapêutico;
Auxiliar a planejar os objetivos de tratamento;
Mensurar a eficácia do tratamento no ganho da ADM;
Direcionar a fabricação de órteses.
A seguir uma tabela com os valores de referência normais da ADM das principais articulações do esqueleto apendicular (Marques, 2003):
MEMBRO INFERIOR
A ADM de uma região deve ser avaliada de forma ATIVA e de forma PASSIVA. A investigação da mobilidade ativa ocorre quando o próprio paciente realiza a movimentação de determinada região, ou seja, sem auxílio do fisioterapeuta. Dessa forma, avaliamos a condição dos componentes contráteis que movimentam a região.
Na investigação da mobilidade passiva, o paciente não faz contração muscular enquanto o fisioterapeuta realiza o movimento da região, neste momento, visamos informações sobre a integridade dos tecidos inertes e contráteis, bem como sobre a sensação de final do movimento. Os movimentos passivos são executados na amplitude anatômica dos movimentos articulares e de forma suave.
Provavelmente, em disfunções, a limitação aos movimentos ativos ocorre em uma menor amplitude, quando comparada à amplitude dos movimentos passivos.
A FLEXIBILIDADE siginifica a condição que uma estrutura específica ou que um grupo de estruturas possuem de extensibilidade para realizar uma atividade desejada. A extensibilidade e o comprimento habitual dos tecidos conjuntivos é um fator que produz mudanças nas propriedades viscoelásticas e, como consequência, na relação comprimento-tensão de um músculo ou de grupos de músculos, resultando em aumento ou em redução do comprimento dessas estruturas. Reduções no comprimento das estruturas de tecidos moles, ou encurtamentos adaptativos, são muito comuns nas disfunções posturais.
A flexibilidade pode ser medida ao colocar em tensão um conjunto de grupos musculares. Por exemplo, a mensuração da flexibilidade da cadeia miofascial posterior por meio do Teste de Banco de Wells, onde o indivíduo sentado com os joelhos estendidos, tenta alcançar o mais longe possível com o terceiro dedo da mão em uma fita métrica fixada no Banco de Wells.
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