2ª Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro é realizada em Campina Grande

Post date: 27/08/2014 11:30:16

Na última sexta-feira, 22, aconteceu em Campina Grande a segunda edição da II Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro. A atividade teve início às 15h, com concentração em frente à Escola Estadual Monte Carmelo, no bairro da Bela Vista. Cerca de 200 pessoas participaram, entre ativistas de direitos humanos e do movimento negro, estudantes e jovens negros, alunos e professores de universidades e escolas de capoeira de Campina Grande e de João Pessoa e ainda representantes das comunidades quilombolas de Pedra D’água, no município de Ingá e do Grilo, em Riachão do Bacamarte, no Agreste da Paraíba. A II Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro acontece em 15 países e 17 estados brasileiros. Nacionalmente ela tem à frente a Quilombo X Ação Cultural Comunitária, sediada em Salvador-BA e idealizadora da Campanha “Reaja ou será morta, reaja ou será morto”. De acordo com Jair Nguni, representante do Movimento Negro de Campina Grande e um dos organizadores da marcha, o objetivo é denunciar o genocídio da população negra, sobretudo da juventude negra, e cobrar das autoridades posicionamento e respostas com ações que enfrentem o problema: “Estamos ocupando as ruas para exigir políticas públicas e afirmativas para superar as desigualdades raciais em Campina Grande. Não podemos ficar calados diante da verdadeira matança que está acontecendo diariamente, atingindo a juventude negra, empobrecida e moradora das periferias e favelas de Campina Grande”, afirmou.

Os participantes da marcha seguiram com carro de som e segurando faixas e cartazes ao som do batuque pela Rua Rodrigues

Alves, passando pelas Ruas Siqueira Campos e Santa Clara e em seguida ao lado do Terminal de Integração de Passageiros, no Centro da cidade, até chegar ao Palácio do Bispo, sede do Governo Municipal. O objetivo da parada final era, além de realizar um ato público, denunciando os assassinatos da população negra, fazer a entrega de um documento contendo reivindicações de políticas públicas afirmativas para a população negra no município. Ao final, o prefeito Romero Rodrigues (PSDB-PB) recebeu o documento e se comprometeu a tomar providencias em seu favor.

Maurino Medeiros é negro e professor da disciplina de Direitos Humanos, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). De acordo com ele, a academia tem um papel importante no combate a todas as formas de discriminação: “A universidade pode dar uma contribuição no campo da educação para a criação de uma

cultura de paz, isso é fundamental, porque a partir daí a gente pode aprofundar questões relativas ao racismo, uma herança que trazemos há séculos”, disse. Ranking de mortes - Segundo o DataSus, do Ministério da Saúde, Campina Grande é a 26ª cidade onde mais se mata negros no país. “Isso é uma vergonha para a sociedade e para a classe política deste município, que vem se mostrando omissa e indiferente à luta que estamos travando contra essa matança indiscriminada”, completou Jair Nguni.

A II Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro em Campina Grande é uma iniciativa do Movimento Negro de Campina Grande com o apoio do Centro de Ação Cultural – CENTRAC, através do Programa Juventude Participação Política, escolas de capoeira Negro Nagô, de Campina Grande e Mucambo, de João Pessoa, ONG Nova Consciência, Coletivo Contigo e Comissão de Direitos Humanos da UFCG, além de militantes de vários movimentos de Direitos Humanos.

Fonte: http://centrac.org.br/2014/08/24/ii-marcha-internacional-contra-o-genocidio-do-povo-negro-e-realizada-em-campina-grande/