DINOSSAUROS (DINOSAURIA)

O grupo que mudou o planeta

Os dinossauros são os mais populares animais pré-históricos; espécies icônicas como o Tyrannosaurus e o Triceratops povoam a imaginação popular em filmes, quadrinhos e jogos eletrônicos, entre outros. No Rio Grande do Sul, não há registro destes gigantes, porém, no território gaúcho são encontrados os mais antigos representantes do grupo. Em Candelária há registro de três tipos de dinossauros, que viveram há apenas oito milhões de anos após o surgimento dos primeiros dinossauros. Desta forma, os dinossauros de Candelária também figuram entre os mais antigos do planeta, e assim são importantes para a compreensão do surgimento e posterior predominância dos dinossauros entre a fauna do Mesozoico.

Os dinossauros são arcossauros, isto é, pertencem ao grupo de répteis que compreende também os pterossauros e os crocodilos. Originados a partir de arcossauros de pequeno porte, bípedes e carnívoros, os primeiros dinossauros surgem em rochas do Triássico datadas em mais de 230 milhões de anos, na Argentina (Formação Ischigualasto) e no Rio Grande do Sul (Formação Santa Maria). Estes dinossauros ancestrais já se encontram diversificados em formas onívoras de pequeno porte (por exemplo, Buriolestes schultzi, de São João do Polêsine) e carnívoros de médio-grande porte (por exemplo, Staurikosaurus pricei, proveniente de Santa Maria). O aparecimento dos dinossauros no registro fóssil já como um grupo de moderada diversidade indica que sua origem recua ainda mais no tempo, provavelmente há cerca de 240 milhões de anos, e pegadas fossilizadas de origem possivelmente dinossauriana em rochas desta idade na Europa parecem suportar esta hipótese. Tradicionalmente, os dinossauros são divididos em dois grandes grupos: Ornitischia (ornitísquios) e Saurischia (saurísquios). Estes últimos, por sua vez, são subdivididos em Theropoda (terópodes) e Sauropodomorpha (sauropodomorfos). No território de Candelária são conhecidos representantes dos dois grupos que integram os Saurischia.

No início de sua evolução, os dinossauros eram animais relativamente pequenos – comparados ao gigantismo que muitas espécies adquiriram mais tarde, especialmente a partir do Jurássico – de dieta carnívora ou onívora, e não eram os animais dominantes em seus ecossistemas. Os nichos ecológicos de herbívoros e carnívoros de grande porte eram ocupados por outros tipos de arcossauros, de parentesco mais aproximado com os crocodilos atuais (por exemplo, aetossauros, rauissúquios e ornitosúquios), bem como por rincossauros e por sinápsidos (o grupo relacionado aos mamíferos) como os cinodontes e dicinodontes. Ao final do Triássico, quando esta fauna não-dinossauriana foi extinta, os dinossauros irradiaram em numerosas formas adaptadas a diferentes modos de vida, tornando-se os tetrápodes predominantes durante o Jurássico e o Cretáceo. O desenvolvimento da verticalização dos membros locomotores, do bipedalismo e da homeotermia foram algumas dos aperfeiçoamentos que concederam aos dinossauros a sua história evolutiva bem sucedida.

Ao final do Cretáceo, quase toda a imensa diversidade de dinossauros foi extinta, dentre outras formas que desapareceram no evento de impacto responsável pela extinção em massa que encerrou a Era Mesozoica. As Aves, evoluídas no final do Jurássico a partir de um grupo de terópodes de pequeno porte, representam a única linhagem dinossauriana que sobreviveu até os tempos atuais. Hoje, a linhagem dinossauriana ainda é um componente predominante na biota terrestre, exemplificada pela alta diversidade de formatos, cores e hábitos da vida das cerca de 10 mil espécies viventes de Aves.


VER:

Referências:

Benson, R. B., Hunt, G., Carrano, M. T., & Campione, N. (2018). Cope's rule and the adaptive landscape of dinosaur body size evolution. Palaeontology, 61(1), 13-48.

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