Guaibasaurus candelariensis

O de cabeça misteriosa

FICHA TÉCNICA

Classificação: Reptilia: Archosauromorpha: Dinosauria: Saurischia: Sauropodomorpha.

Alimentação: desconhecida, possivelmente carnívora.

Comprimento: cerca de 2 m.

Peso: aproximadamente 33 kg.

Época: Triássico Superior, aproximadamente 225 Ma (Noriano).

Distribuição: Espécimes atribuídos à Guaibasaurus foram encontrados nos municípios de Candelária e Faxinal do Soturno, Estado do Rio Grande do Sul.

Sítio onde foi encontrado em Candelária: Sesmaria do Pinhal 2, cerca de 8 km à oeste da malha urbana do município (ver MAPA).

O nome do gênero é uma referência à Bacia Hidrográfica do Guaíba, nos limites da qual o município de Candelária está inserido. Além disso, também é uma referência ao “Projeto Pró-Guaíba”, em cujo âmbito foram realizadas as pesquisas de campo onde o material de Guaibasaurus foi descoberto. A última parte do nome genérico vem do grego “sauros”, que significa “lagarto”. O nome específico “candelariensis” é uma alusão ao município de Candelária. São conhecidos quatro exemplares de guaibassauro: MCN PV2355 (holótipo), MCN PV2356 (parátipo), UFRGS PV0725T (espécime quase completo) e MCN PV 10112. Os dois primeiros exemplares procedem de Candelária, enquanto os dois últimos foram encontrados em Faxinal do Soturno. Os espécimes de Candelária foram os primeiros a serem descobertos, e constituem a base sobre a qual a espécies Guaibasaurus candelariensis foi descrita.

Guaibasaurus exibe um misto de características “primitivas” e outras mais “avançadas”, o que dificulta a compreensão de suas afinidades evolutivas com outros dinossauros. Atualmente, a interpretação de sua anatomia tende a agrupá-lo junto com os Sauropodomorpha, em uma posição basal (ou seja, próximo à origem do grupo) na árvore filogenética. Parte da dificuldade em posicionar o guaibassauro na história evolutiva dos dinossauros está relacionada à ausência de ossos cranianos conhecidos para esta espécie. Isto dificulta, inclusive, a interpretação de seus hábitos alimentares, uma vez que sua dentição é desconhecida. O esqueleto mais completo dentre os exemplares acima, UFRGS PV0725T (procedente de Faxinal do Soturno), está preservado de forma articulada, indicando que o animal foi rapidamente soterrado. A disposição do esqueleto foi interpretada como evidência remota da postura típica de dormir das Aves – agachamento sobre os membros posteriores, com os membros anteriores junto ao corpo e a cabeça possivelmente voltada para trás, repousando sobre o dorso (a julgar pela orientação das vértebras cervicais). Nas Aves atuais, esta postura facilita a manutenção do calor corporal enquanto o animal repousa.


Exemplar de Guaibasaurus candelariensis proveniente de Faxinal do Soturno-RS.

Réplicas do Guaibassauro no Museu Aristides Carlos Rodrigues de Candelária.

Guaibasaurus comparado a uma pessoa de 1,8 metros. Ilustração: PreHistoric Wildlife.

Referências:

Agnolin, F., & Martinelli, A. G. (2012). Guaibasaurus candelariensis (Dinosauria, Saurischia) and the early origin of avian-like resting posture. Alcheringa: An Australasian Journal of Palaeontology, 36(2), 263-267.

Bonaparte, J. F.; J. Ferigolo, and A. M. Ribeiro. (1999). A new early Late Triassic saurischian dinosaur from Rio Grande do Sol state, Brazil. Proceedings of the Second Gondwanan Dinosaur Symposium, National Science Museum Monographs 15:89-109.

Bonaparte, J. F., Brea, G., Schultz, C. L., & Martinelli, A. G. (2007). A new specimen of Guaibasaurus candelariensis (basal Saurischia) from the Late Triassic Caturrita Formation of southern Brazil. Historical Biology, 19(1), 73-82.

Langer, M. C., Bittencourt, J. S., & Schultz, C. L. (2010). A reassessment of the basal dinosaur Guaibasaurus candelariensis, from the Late Triassic Caturrita Formation of south Brazil. Earth and Environmental Science Transactions of the Royal Society of Edinburgh, 101(3-4), 301-332.