Dossiê Tecnologia, Comunicação e Ética

Post date: 18/02/2014 21:12:35

Sim, existem jornalistas que vendem pautas para cobrirem eventos. Tire as crianças da sala e não estranhe: quando algo recebe pouco crédito do meio jornalístico só significa que não houve dinheiro suficiente para investir em publicidade nos veículos de comunicação tradicionais. Release não garante cobertura jornalística.Nesse dossiê você vai saber como funciona o jornalismo no Brasil e aprender a diferenciar as matérias que são interesse político-partidário ou meramente comercial (vender espaço publicitário em cima de violência e acidentes, por exemplo). Vai conhecer também a mídia jornalística espontânea, aquela que ocorre em função de fatos jornalísticos sérios e realmente imparciais.

"Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data."

Luis Fernando Veríssimo

JORNALISMO X PUBLICIDADE

A Publicidade vende idéias, seduz, cria necessidades. O Jornalismo conta histórias, entretém, informa a sociedade. Em comum, as duas profissões produzem conteúdo.Publicidade é a comunicação impessoal de informação normalmente pagos e, geralmente de natureza persuasiva sobre produtos, serviços ou idéias por patrocinadores através de vários meios de comunicação.

Jornalismo é uma disciplina de escolhas, verificação e análise de informações coletadas sobre os eventos atuais, incluindo tendências, problemas e pessoas. O Jornalismo é às vezes chamado de “primeiro rascunho da história”.

As duas profissões começam sua caminhada lado a lado dentro das universidades, tomando seus rumos no decorrer do curso. Os publicitários e os jornalistas estão sempre juntos, ou pelo menos, uma boa parte, pois ambos os profissionais tem a consciência de que necessitam um do outro. O Jornalismo leva a informação, têm os meios, os veículos. Por sua vez a Publicidade vende, mantém esses veículos circulando.Mas também há aqueles que não pensam dessa forma, que caminham com a certeza de que ambas as profissões independem uma da outra, cada qual tem sua linha pré-definida.Essa discussão é bem vasta, e cada profissional da área tem sua opinião formada sobre o assunto. O importante é que independente de lado cada um entende que as duas profissões são de importância fundamental para a Comunicação Social.

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique.

Todo o resto é publicidade."

George Orwell

Imprensa marrom (não só aquele jornalzinho com mulher nua e sangue na capa)Imprensa marrom é uma expressão pejorativa utilizada para se referir a veículos de comunicação (principalmente jornais, mas também revistas e emissoras de rádio e TV) considerados sensacionalistas, ou seja, que buscam elevadas audiências e vendagem através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos, sem compromisso com a autenticidade1 2 . É o equivalente brasileiro e português do termo em lingua inglesa "yellow journalism". Em ambos os casos registam-se transgressões da ética jornalística.

Yellow Press

Nos Estados Unidos, a expressão yellow press surgiu por causa do personagem de histórias em quadrinhos The Yellow Kid, criado por Richard Felton Outcault e um dos focos da disputa entre os jornais New York World e New York Journal American. Como as duas publicações se destacavam também pela competição levada às últimas consequências, os críticos começaram a se referir a ambas como "imprensa amarela"3 .

A expressão acabou se estendendo a outros jornais que se utilizavam dos mesmos expedientes do New York World: manchetes em letras garrafais, grandes ilustrações e exploração de dramas pessoais4 .

No Brasil

Há diferentes versões para a mudança de cor na tradução da expressão para o português. Segundo Alberto Dines, o conceito foi utilizado pela primeira vez no Diário da Noite, em 1960. Ao noticiar o suicídio de um cineasta, ele escreveu que a tragédia era resultado da atuação irresponsável da "imprensa amarela". O suicida havia sido vítima de chantagem por parte da revista Escândalo5 . O chefe de reportagem Calazans Fernandes, então, mudou para "imprensa marrom", alegando que o amarelo é uma cor alegre, enquanto o marrom seria mais apropriado por ser a cor dos excrementos6 . No entanto, Márcia Franz Amaral sustenta que a expressão é tradução de imprimeur marron, que é como se chamavam na França os jornais impressos em gráficas clandestinas7 .

Uma terceira interpretação é de que no Brasil a cor marrom seria identificada com clandestinidade e a ilegalidade, de forma racista, desde o século XVII, por associação aos escravos fugidos ou em situação ilegal no país8 .

Características

Embora "imprensa marrom" seja normalmente considerada o equivalente da "yellow press" norte-americana, Leandro Marshall propõe uma diferenciação. Para ele, a imprensa amarela seria uma fase anterior, marcada pelo sensacionalismo, com fatos sendo exagerados nas páginas de jornais apenas com o objetivo comercial de atrair mais leitores. Já a imprensa marrom seria mais caracteristicamente definida como a manipulação da notícia com fins políticos9 .

Outros autores, porém, argumentam que o escândalo, a intriga política e a chantagem já faziam parte dos métodos utilizados pelos primeiros jornais sensacionalistas10 .

Norbert Bolz aponta como principal característica desse tipo de jornalismo a comunicação direta, que abre mão de qualquer abordagem mais complexa sobre o mundo11 .

Jabá

Há jabá também no jornalismo?

Infelizmente sim. Não é "mérito" apenas das rádios em que artistas pagam para que suas músicas sejam reproduzidas. No jornalismo funciona mais ou menos da mesma forma. Empresas, marcas ou pessoas podem pagar para que seus nomes sejam ou não publicados em reportagens.Veículos de comunicação que aceitam matérias compradas, sem informar ao público que se trata de publicidade, não de jornalismo, estão cometendo grave desvio ético em sua conduta.A prática também é conhecida como jabaculê ou simplesmente suborno. O jornalismo critica o jabá dos médicos.

Por que não criticar o do próprio jornalismo?

Boa parte dos supostos jornalistas que aqui comentam* assume uma postura de transformar o jabá em um afago inconseqüente, um crime sem vítima.

Alguns acreditam na blindagem moral do jornalista e defendem que a maioria de nós trabalha para fazer boas reportagens (“isentas e verdadeiras”, grifo aqui um comentário) mesmo quando temos a coragem de viajar bancados por quem promove o produto. Como já disse, nessa situação nós, jornalistas, e as empresas de comunicação que representamos, passamos a fazer parte da folha de custos deste mesmo produto. Isenção? Verdade?

Mas isso não basta para convencer alguns. Um leitor deste blog, no entanto, dá excelentes argumentos para mostrar que esta defesa frágil que insistem fazer do hábito da mendicância tem raízes apenas no corporativismo.

Pois vejamos o que acontece quando o rótulo de “jabazeiro” cai sobre outro profissional, alguém distante da profissão dos “bardos”:

Portal Exame, “Mais marketing do que saúde”

FSP, “EUA vão proibir laboratórios de dar brindes a médicos”

Época, “Brindes encarecem os remédios”

FSP, “Médicos denunciam favores de laboratórios”

Leiam. Para descrever a situação do “jabá” na medicina, jornalistas como nós utilizam, corretamente, termos como “promiscuidade”, “conflito de interesse”, “vantagens especiais”, “do ponto de vista ético, deplorável”. Os laboratórios não são poupados de críticas. Nem os médicos.

Começa a parecer mais claro, não?

* Principalmente a primeiríssima leva, a horda que chegou para ironizar o propósito deste blog, mas que lentamente foi suplantada por aqueles que realmente se interessam pela discussão.

No rádio: Fulaninho tem uma rádio que toca os grandes sucessos da música brasileira... Ok me empolguei na do radialista. Então, a gravadora, ou produtor do artista “X” quer que seu produto faça cada vez mais sucesso, para isso ele combina com a rádio de pagar um valor “Y” para que o radialista toque a música da sua banda. Assim fazendo, o publico vai de uma maneira ou outra se acostumar com aquela música. Por sua vez, o ouvinte acaba se “viciando” (se é que posso usar esse termo) na mesma música e quando liga pra rádio adivinha qual ele vai pedir? Pois é.

Na TV: O jabá na Tv se configura quase da mesma forma que no rádio. A diferença é que ao invés de ser através de músicas, os produtores, ou seja lá quem for os interessados, compram o espaço na programação para que seus “produtos” (entenda-se artistas) venham a se apresentar.

No impresso (ou qualquer área que envolva o jornalismo): O deputado “Z” está envolvido em um caso de corrupção. O jornalista “honesto” tem em suas mãos provas de que o parlamentar é mesmo culpado. Tudo pronto para um furo de reportagem. O jornalista é então procurado pela assessoria do deputado que lhe oferece um “Jabazinho” para que não publique sua reportagem, ou ainda que mude a pauta e escreva sob uma ótica que exalte e não crucifique o deputado. Ou seja SUBORNO, PROPINA, FAZ ME RIR, em troca de favores ilícitos. Deu pra entender?

A prática do pagamento do jabá é bem mais antiga do que se imagina. Comenta-se por ai que o velho guerreiro, Chacrinha, foi um dos precursores da prática. Em seu programa chamado “O Cassino do Chacrinha” o apresentador levava ao palco diversas atrações que animavam as tardes dos sábados na década de 70. Muitas dessas atrações rezam as más línguas, pagavam ao apresentador para que pudessem se apresentar².

CURIOSIDADES

¹Definição do dicionário quanto ao jabaculê:

Suborno, dinheiro com que se compra um jogador adversário. 2 gír Dinheiro que o apresentador de um programa de TV ou rádio recebe de um empresário, para que o artista por este representado possa apresentar-se no referido programa, ou tenha sua música executada.

² Reportagem do estadão sobre o Chacrinha: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-havia-o-lado-sombrio-do-velho-guerreiro,458613,0.htm

O Quinto Poder | Filme sobre o Wikileaks ganha novo trailer

Longa estreiou no Brasil em 25 de outubro de 2013

O Quinto Poder, o filme sobre o WikiLeaks estrelado por Benedict Cumberbatch (Sherlock) e Daniel Bruhl (Bastardos Inglórios, Adeus Lênin), ganhou um novo trailer intitulado "Você é a Revolução" - confira:

Daniel Domscheit-Berg (Bruhl) é o autor do livro Inside WikiLeaks: My Time With Julian Assange At The World's Most Dangerous Website, que serve de base para o roteiro do filme, ao lado de WikiLeaks: Inside Julian Assange's War On Secrecy. O longa conta a história do ativista Assange (Cumberbatch), que ficou famoso por vazar na web documentos confidenciais de países.

Bill Condon (A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1) dirige o filme, cujo título sugere que o WikiLeaks já integra um "quinto poder", à parte da mídia, tradicionalmente vista como um quarto poder (em Estados democráticos, Legislativo, Executivo e Judiciário formam os três poderes institucionalizados).

Laura Linney, Dan Stevens, Alicia Vikander, Carice Van Houten, Anthony Mackie, David Thewlis e Peter Capaldi também estão no elenco. O Quinto Poder estreia em 25 de outubro no Brasil.

Mera Coincidência (filme)Quando o Presidente se envolve em um escândalo sexual, a menos de duas semanas das eleições, o habilidoso funcionário da Casa Branca Conrad Brean (Robet De Niro)cria uma guerra de mentira com a ajuda do produtor de Hollywood Stanley Motss (Dustin Hoffman). Do aclamado diretor Barry Levinson e dos escritores Hilary Henkin e David Mamet chega esta comédia sobre os políticos americanos e a relação com a mídia que todos nó abraçamos.

Os EUA x John Lennon"De todos os documentários já feitos sobre John Lennon, este é o que ele amaria", disse Yoko Ono, a viúva do artista, sobre o documentário de David Leaf e John Scheinfeld. O filme de abertura da 30ª Mostra estreia dia 2 de abril em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

O ex-vocalista dos Beatles usou sua fama e fortuna para protestar contra a Guerra do Vietnã e lutar pela paz mundial. O documentário mostra a transformação do artista em ativista social e relata como o governo norte-americano tentou silenciá-lo e expulsá-lo do país.

Focando-se no período de 1966 a 1976, o documentário aborda ainda a luta pelos direitos civis, a nova esquerda e os movimentos políticos, a decepção com o governo Nixon, o caso Watergate. O filme é costurado com depoimentos de pessoas importantes da

época, como os ativistas afro-americanos Angela Davis e Bobby Seale, os jornalistas Carl Bernstein e Walter Cronkite, o veterano do Vietnã e ativista Ron Kovic, o historiador e novelista Gore Vidal, entre outros.

Mas Lennon é a presença central do documentário. Ele surge como uma pessoa de princípios, engraçado, um jovem extraordinariamente carismático, que se recusa a ficar calado frente às injustiças. Yoko Ono, ao contrário da imagem feita pela imprensa e pelos fãs, surge como fator agregador e importante nas decisões políticas do músico. Como o escritor Gore Vidal bem resumiu, Lennon, no início dos anos 1970, representava a vida, enquanto Richard Nixon e George Bush pai eram a morte. Disse então Lennon: O tempo fere todas as curas. Infelizmente, seu sonho, que foi calado ao som de tiros, é até hoje a prova da lucidez dessa afirmação.

O que tem a ver: Espionagem, redes sociais e manifestações?

Discussão na Campus Party Brasil aborda temas como espionagem, redes sociais e manifestações.

Quatro mitos sobre os protestos

Refestelada em seus automóveis de luxo, parte da classe média defende o “bom senso” dos acomodadosPor Luis Fernando Vitagliano

Estudantes e insatisfeitos têm parado as grandes capitais do país em protestos contra o aumento do preço dos bilhetes de transporte coletivo. O Movimento pelo Passe Livre colocou-se à frente dos protestos, que começaram com chamadas pelas redes sociais e internet e foram se avolumando até pelo boca a boca. Agora, Policia Militar e manifestantes opõem-se nas ruas. Governador de um lado, movimentos sociais e partidos de esquerda de outro. Grande imprensa contra as mídias sociais. Representantes das classes médias contra seus próprios filhos. A polarização é evidente: muitos deixam a razão de lado e encontram o momento apropriado para expressar despudoradamente sentimentos preconceituosos, que normalmente esconderiam.

Através de quatro assertivas muito discutidas recentemente este texto pretende mostrar como boa parte do que se diz por aí contra as manifestações são mitos que nada tem a ver com a realidade.

O primeiro e mais frequente mito: fechar ruas e avenidas impede a liberdade de ir e vir das pessoas.

Isso, quando não apelam para o sentimentalismo barato e dizem que os protestos impedem as ambulâncias de circular ou os bombeiros de trabalhar. Todo o argumento gira em torno do prejuízo que os condutores dos seus veículos particulares vão ter por chegar uma hora mais tarde em casa. Ninguém se importa com ambulância ou bombeiro quando está preso no trânsito. Mesmo com leis mais duras e severas os mesmo que se indignam pelo trânsito fechado por protestos continuam cometendo impropérios. Os congestionamentos causados pelos feriados impedem muito mais o trabalho dos socorristas que os protestos, e não há indícios de que isso incomoda o cidadão comum. Alguns “indignados do bom senso” ainda têm a cara de pau de recorrer ao direito de ir e vir. Francamente, e o direito de ir e vir dos milhões trabalhadores que enfrentam horas de trânsito, por conta de milhares de outros cidadãos egoístas que dirigem seus carros sozinhos e engrossam o trafego? Os nobres confortáveis no estofamento de couro dos seus carros podem usar seu direito de ir e vir deixando o carro em casa, e usando o metrô ao preço de R$ 3,20. Direito de ir e vir para parte da classe média significa que ninguém deve protestar contra seu estilo de vida, ou pior ainda: fazer com que cheguem mais tarde em casa e se arrisquem a perder a novela.

Segundo mito: o conservador, que quer pautar o movimento e dizer contra o quê se deve protestar.

E quando a imprensa resolve discutir os motivos do protesto? Protestar por quê? Ninguém perguntou a pauta do movimento. Só pelo preço do transporte? Se tem mais assuntos não importa, porque vai começar aquele discursinho. Deveriam mesmo é protestar contra a corrupção dos políticos, contra o aumento dos impostos, contra o governo. O resto é alienação. Mas quem decide sobre o que protestar? A Folha de São Paulo? O Estadão? Os intelectuais de esquina, como eu ou o Arnaldo Jabor? Jabor disse em um comentário nas rádios que os estudantes deveriam protestar contra o mensalão e não contra o aumento no bilhete dos ônibus. Ué? Pois que ele organize o protesto contra o mensalão. Não é liberdade de expressão? Pois que cada um proteste contra aquilo que acha injusto. E absolutamente descabido e ilógico que quem não participa do protesto diga sobre o que se deve protestar. Nada mais manipulador que isso! Sem mais… Terceiro mito: a violência do movimento e a reação da polícia que deve colocar ordem às ruas

Este é o mito evocado pelo governador, diretamente de Paris. E ganhou peso junto à corporação policial. Com a carta branca do governador a PM soltou os Pit-Bulls – não os cachorros, mas aqueles policiais que primeiro batem, depois se questionam porque estão batendo; se é que em algum momento se questionam. O fato é que as declarações do governador, afirmando que a polícia iria reprimir o “vandalismo”, caíram como luva nas tropas de choque. O que você acha que pensa um policial sobre um cabeludo cheio de tatuagens, que carrega um skate nas mãos e fala “mano!”? Vândalo por antecipação.

Quando a PM reage indiscriminadamente, aumenta e não diminui a desordem. Se cinco mil pessoas estão protestando e meia dúzia resolve cometer um ato de vandalismo, qual a resultado de uma reação indiscriminada da polícia? Teremos, em instantes, um crescimento de seis vândalos para cinco mil e seis revoltosos. A PM não age para colocar ordem, age como líquido inflamável em fogo.

Já as preocupação em desviar o trânsito, dar alternativas ao motorista, manter os serviços de emergência, são menores para a polícia. O grosso do contingente está mesmo preparado para bater no primeiro manifestante que ganha as ruas.

Quarto mito: os vagabundos desocupados é que protestam.

Permita-me o leitor um comentário pessoal, acho esse o mito mais divertido. É meio não ter o que dizer. Um protesto de estudante não é um ato de desocupados. Estudantes estão em uma fase de preparação para ocupar postos de trabalho, mas ainda não têm formação ou experiência para isso – algo perfeitamente normal. Estão em cargos sempre subalternos, com salários baixos – quando encontram emprego. Claro que têm tempo. Muitas vezes, não por opção, mas por falta dela. Observar os protestos por este prisma é ignorar outro. Os jovens, da mesma forma que têm tempo, não tem espaço. Estão buscando seu um lugar na sociedade. Herdaram dos seus país um mundo e obviamente discordam de vários aspectos, por isso querem fazer diferente. Essa é a base do Movimento pelo Passe Livre, um dos mais atuantes nos recentes protestos. É legitimo e não existe casuisticamente: promove debates sobre transporte público e organiza manifestações há alguns anos.

Os partidos políticos tradicionais também não conseguem mais dar conta desses novos movimentos. São bandeiras contemporâneas, que ainda não foram incorporadas às pautas formais das organizações políticas. Expressam novas preocupações. Estamos falando dos defensores do meio ambiente, dos contrários aos maus tratos com os animais, dos ciclistas, das e dos feministas, dos homoafetivos, dos a favor da legalização da maconha e do aborto, enfim de um leque de movimentos que se sentem oprimidos pela ditadura da suposta maioria. Entender isso significa compreender, no mínimo, por que tantos jovens saem à rua para tomar chuva e apanhar da polícia. Se quisermos chamá-los de vagabundos, pois bem: não importa o rótulo. Mas fique claro que esses “vagabundos” começaram a desenhar muito bem o que querem e passaram a defender bandeiras que sinalizam o futuro.

Um parêntese, ao terminar: aqueles que criticam os jovens com argumentos fúteis estão agindo politicamente da forma mais baixa: querem minar, com um tipo particular de violência, as manifestações. Não agridem com paus e pedras, cassetes ou gás pimenta; manejam preconceitos, vociferam ódio, difundem medo. Não sei que violência é pior.

"Um jornal é um instrumento incapaz de discernir

entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilização."

Autor - Shaw , Bernard

Facebook censura e tira página de protestos contra a copa do ar

O Facebook tirou do ar na terça-feira, 28, uma página criada por movimentos sociais para divulgar os protestos contra a Copa do Mundo.

O perfil "Operation World Cup", administrado pelo grupo Anonymous, tinha mais de 16 mil curtidas e foi um dos principais canais de divulgação dos atos do último sábado, 25.

Leia: Facebook limita e restringe visualizações em fan pages

Integrantes dos movimentos classificam a atitude como censura. “A página foi responsável por criar o evento nacional em outros Estados (fora de São Paulo). Ontem, percebemos que ela foi deletada sem justificativa do Facebook. Não questionamos porque sabemos que não adianta, é censura mesmo. Outras páginas que são contra ações do governo já passaram por isso”, disse um integrante do movimento Contra Copa 2014. Ele não quis se identificar.

Nesta quarta-feira, 29, uma nova página do tipo foi criada, com o nome de "Operation World Cup Fase 2". Até as 13h, o perfil já contava com mais de 1,1 mil curtidas.

Procurada às 11h30, a Assessoria de Imprensa do Facebook não se manifestou até as 13h.

Fonte: Folha de São Paulo

Anonymus planeja protestar contra a censura do Facebook em 6 de abril

O grupo quer bombardear o site durante 24 horas com material que geralmente seria censurado

O Anonymous lançou um chamado no site Anonnews no qual convoca as pessoas para o #Op Truth Force, protesto contra a censura exercida pelo Facebook. Para tanto, os ativistas pedem que as pessoas, no dia 6 de abril, postem vários itens que provavelmente seriam censurados pela rede social, para que, assim, o excesso de material dificulte a atuação dos administradores do Facebook no bloqueio de usuários.

A motivação para a manifestação encontrou força nos últimos tempos por conta de reclamações crescentes de usuários que tiveram suas contas bloqueadas. Para se ter uma ideia, o museu francês Jeu de Paume teve seu acesso impedido por 24 horas, após divulgar uma imagem de uma exposição fotográfica que continha uma mulher semi-nua. A imagem teve de receber uma tarja para poder ser veiculada, como se pode ver a seguir:

Com imagem, o museu francês Jeu de Paume teve seu acesso bloqueado por um dia (Foto: Reprodução)

Além desse exemplo, um outro usuário teve seu acesso negado depois de postar um documento público do Tribunal do Missouri dos Estados Unidos.

Sobre o #Op Truth Force, na postagem do Anonnews, pede-se que o facebook seja atingido por um bombardeio de material não-censurado desde a uma hora da manhã GMT, com projeção para durar 24 horas e sobrecarregar o sistema. “Eles não poderão nos banir todos juntos de uma só vez”, diz o post.

Não à toa o protesto do Anonymous elegeu o dia 6 de abril para ocorrer. Em 1930, na mesma data, Gandhi desafiou os britânicos na Marcha do Sal e pregava a desobediência civil sem violência. Mais recentemente, em 2008, nesta mesma data, cidadãos egípcios levantaram-se para protestar contra o governo.

Entre as normas de uso do Facebook, quanto à nudez e pornografia, a rede social afirma: “O Facebook tem um política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e qualquer conteúdo sexualmente explícito onde um menor de idade está envolvido. Também impomos limitações na exibição de nudez. Almejamos respeitar o direito das pessoas de compartilhar conteúdo de importância pessoal, sejam fotos de uma escultura, como Davi de Michelangelo, ou fotos de família da amamentação de uma criança.”

Apesar disso, recentemente, chamou a atenção o fato de o Facebook ter levado quase 8 horas para remover um vídeo de pornografia infantil e o conteúdo teve mais de 30 mil compartilhamentos.

Protestos no Brasil: Como liberar seu Wi-FI

São Paulo – Divulgado nas redes sociais, um cartaz pede para que moradores de locais próximos ao trajeto dos protestos desta segunda-feira liberem o acesso ao Wi-Fi de suas casas para que os manifestantes consigam publicar informações sobre o ato em tempo real.

Segundo os ativistas, a abertura das redes facilitará a comunicação e ajudará as pessoas a se organizarem. Em São Paulo, o novo protesto contra o aumento das passagens de ônibus e metrô está marcado para às 17 horas no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo.

No Facebook, o evento “Quinto grande ato contra o aumento das passagens” já reúne mais de 260 mil pessoas “confirmadas”. Na última quinta-feira, dia que marcou a quarta manifestação na capital paulista, milhares de pessoas publicaram na internet textos, fotos e vídeos que documentaram episódios de violência policial.

Com o nome #vemprajanela, outro evento na rede social pede para que a população coloque lençóis brancos nas janelas de suas casas para demonstrarem o apoio ao movimento. Até agora, mais de 168 mil pessoas confirmaram a participação por meio do Facebook.

Libere seu Wi-FiTambém é possível ajudar de outra forma: liberando seu Wi-Fi se você mora perto do trajeto de algum dos protestos. Todos sabemos que a rede 3G no Brasil é, no mínimo, falha, e alguns apps precisam de uma conexão mais rápida e confiável, então liberar o Wi-Fi durante os dias de manifestações é uma ajuda muito grande, aqui segue um pequeno passo-a-passo de como fazê-lo.No Windows:1-entre no prompt de comando: clique no botão iniciar e digite cmd e dê enter, no Windows 8, digite cmd na tela inicial;2-digite ipconfig e dê enter;3-procure pela linha Gateway padrão e anote o número de IP que aparece (ctrl+c não funciona aqui);4-digite o número na barra de endereços do seu navegador;5-aparecerá uma tela pedindo usuário e senha, os dados são para o seu modem, então são diferentes do da sua conexão. Normalmente eles são admin, tanto o usuário como a senha, se não o for, procure no manual do modem.6-esse passo varia de acordo com a fabricante do modem e a operadora contratada, mas normalmente segue essa ordem:7-entre em configurações (settings);8-procure por rede sem fio, wireless ou wi-fi;9-procure por password ou senha;10-deixe o campo senha em branco;11-o modo de segurança deve mudar para Sem Segurança;12-depois é só recolocar a senha para que a conexão volte a ser fechada.No MacOS:1-entre em Preferências do Sistema;2-procure por Redes;3-dentro de Redes, vá em Avançado;4-selecione o a sua rede;5-clique no ícone de editar: uma caneta ao lado dos ícones de + e -;6-apague a senha e salve;

7-pronto, sua rede está liberada,

8-para voltar a ter senha, apenas refaça o processo, inserindo uma senha quando pedido.

Jornalismo de mentirinha, publicidade de verdade

Por Alberto Dines na edição 497

No último domingo de julho (27) foi a capa promocional adotada pelo Estado de S.Paulo, entregue aos publicitários encarregados de vender os carros Nissan. Na primeira segunda-feira de agosto (4) foi a edição de O Globo, na qual mais uma vez derrubam-se as barreiras que separam o jornalismo da publicidade. Desta vez, a causa não é mercantil. O anunciante (Eletrobrás), armado de ótimas intenções (a defesa do meio-ambiente e o desenvolvimento sustentável), liquidou as frágeis divisórias que ainda separam o serviço público (jornalismo) do comércio (anúncios). De forma engenhosa e enganosa converte-se uma ação com a aparência inocente, cívica, politicamente correta, num acintoso atentado contra a incolumidade da informação jornalística.

Foram três páginas inteiras (págs. 5, 11 e 19) montadas com matérias já publicadas recentemente no Globo e todas as características de matéria apurada, oriundas da Redação. Inclusive com os selos utilizados habitualmente pelo jornal ("Política Ambiental", "Defesa do Consumidor" e "Impunidade é Verde"). O carimbo "Publicidade" não está no alto, destacado, mas confunde-se com outros dizeres.

E para mostrar que esta mixórdia é mesmo anúncio – apesar de todos os indícios de matéria jornalística, inclusive com o nome de repórteres – acrescentaram-se em cima dos textos imagens desenhadas de copas de árvores.

Na última inserção, os mágicos da Eletrobrás associados aos mágicos do Departamento de Markenting [sic] do Globo revelam que a Eletrobrás está plantando 600 mil mudas de árvores no entorno das suas usinas.

Acabou a palhaçada jornalístico-ambiental? Não: ela continua num panfleto chamado "Razão Social" (usado geralmente para abrigar o que no jargão se chama de picaretagem), carregado de anúncios (Firjan, Petrobrás, CNI-SESI, Instituto Ethos e Coca-Cola), entremeados de matérias de origem dúbia (como a entrevista do presidente da Light).

Exibição de esquizofrenia

Quanto custou esse carnaval aos contribuintes? A folia da montadora Nissan no Estadão foi paga por uma empresa privada que resolveu torrar os seus lucros no Brasil à custa da complacência da imprensa com a degradação da sua imagem. Problema da Nissan. Mas o delírio exibido pelo Globo foi pago por uma estatal. Aquelas três páginas inteiras mais o exótico apêndice devem ter custado 10 vezes mais do que as 600 mil mudas plantadas no entorno das usinas.

O Tribunal de Contas da União aprovou (ou aprovará) essa aventura marquenteira? A Corregedoria, Ouvidoria ou Ombudsman da Eletrobrás concorda com esse desperdício de recursos?

Com apenas um anúncio – anúncio propriamente dito – de uma única página pode-se oferecer à sociedade uma mensagem clara, direta, legítima e muito mais eficaz. Sem aviltar o interesse público.

Essa parceria Eletrobrás-Globo e os penduricalhos complementares são uma exibição da galopante esquizofrenia que assola a sociedade brasileira: proclama-se a necessidade de preservar o meio ambiente e não se titubeia em degradar o que a República tem de mais precioso – o seu escasso estoque de decência.

Tropa de elite

A jogada do Departamento de Markenting [sic] é genial. Genial e diabólica. Sob o pretexto de defender a humanidade, faz tábula rasa das diferenças que outrora existiam entre comércio e civismo. Pura pirataria, como diria o bigodudo Nietzsche.

Esses casos são graves porque não são casuais, fazem parte de uma estratégia corporativa. A ANJ (Associação Nacional de Jornais) recomenda com insistência aos associados a utilização agressiva de novos recursos publicitários para enfrentar as vantagens das revistas em matéria de impressão colorida e papéis especiais. Isso não significa apenas a adoção por parte dos diários de novos formatos de anúncios – mesmo que a custa da destruição de velhos hábitos de leitura. Significa também a adoção de simbioses tanto na forma como no teor das mensagens veiculadas pela mídia impressa.

Às redações dos grandes jornais brasileiros foram anexados os departamentos de Projetos Especiais (ou de Markenting), uma tropa de elite regiamente paga, com a dupla missão: fazer do jornalismo, publicidade e da publicidade, jornalismo.

Antigamente gritava-se em francês "Vive la diference!". Hoje berra-se em bom português: "Viva o sincretismo!".

Evidentemente voltaremos ao assunto.

Ética jornalística

A Ética Jornalística é o conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo. Ela se refere à conduta desejável esperada do profissional. Portanto, não deve ser confundida com a deontologia jornalística ligada à dêontica, a deontologia se refere a uma série de obrigações e deveres que regem a profissão. Embora geralmente não institucionalizadas pelo Estado, estas normas são consolidadas em códigos de ética que variam de acordo com cada país. Atualmente, o jornalismo oscila entre a imagem romântica de árbitro social e porta-voz da opinião pública e a de empresa comercial sem escrúpulos que recorre a qualquer meio para chamar a atenção e multiplicar suas vendas, sobretudo com a intromissão em vidas privadas e a dimensão exagerada concedida a notícias escandalosas e policiais.

Jornalismo é também definido como "a técnica de transmissão de informações a um público cujos componentes não são antecipadamente conhecidos". Este particular diferencia o Jornalismo das demais formas de comunicação. Atualmente, termo Jornalismo faz referência a todas as formas de comunicação pública de notícias e seus comentários e interpretações.

O tipo de jornalismo de ética duvidosa ou contestável é chamado de imprensa marrom.

Objetividade

Um princípio comum no jornalismo é o da objetividade, que prega que o texto deve ser orientado pelas informações objetivas, não subjetivas — ou seja, descrevendo características do objeto da notícia, e não impressões ou comentários do sujeito que o observa (no caso, quem redige a matéria). Por exemplo, o texto jornalístico pode conter grandezas (altura, largura, peso, volume, temperatura etc.), propriedades materiais (forma, cor, textura etc.) e descrição de ações, mas não adjetivos e advérbios opinativos ("bom", "ruim", "melhor", "pior", "infelizmente" etc.).

Mais recentemente, no entanto, diversos críticos e profissionais têm refutado este princípio, alegando que, na prática, "a objetividade não existe", pois toda construção de texto é um discurso e uma narrativa em que ocorrem seleções vocabulares influenciadas por ideologias, pela práxis e por outros valores subjetivos.

Estes críticos costumam referir-se a este princípio, desdenhosamente, como o "Mito da Objetividade".

Imparcialidade

A questão da imparcialidade é também central nas discussões sobre ética jornalística. É difícil distinguir textos jornalísticos objetivos do chamado jornalismo opinativo. Jornalistas podem, intencionalmente ou não, cair como vítimas de propaganda ou desinformação. Mesmo sem cometer fraude deliberada, jornalistas podem dar um recorte embasado dos fatos sendo seletivos na apuração e na redação, focando em determinados aspectos em detrimento de outros, ou dando explicações parciais — tanto no sentido de incompletas quanto de tendenciosas. Isto é especialmente efetivo no Jornalismo Internacional, já que as fontes da apuração estão mais distantes para serem checadas. Verdade e precisão

Todos os Códigos de Ética do jornalismo incluem como valores e preceitos fundamentais do jornalismo a busca da verdade, a veracidade e a precisão das informações.

No Brasil, o Código de Ética da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), estabelece, no art. 2º, I, que "a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários" e no art. 2º, II, acrescenta que "a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos". Por fim, o artigo 4º afirma que "o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação" e o art. 7º, que: "O jornalista não pode (...) II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação" 1 .

Por sua vez, a Declaração de Princípios sobre a Conduta do Jornalista, da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ ou IFJ, na sigla em inglês), afirma que "jornalistas dignos do nome" (art. 9) devem seguir fielmente o princípio estabelecido no artigo 1º: "O respeito à verdade e ao direito do público à verdade é a primeira obrigação do jornalista"2 .

Confidencialidade

As fontes jornalísticas são pessoas, entidades e documentos que fornecem informações aos jornalistas, seja emitindo comentários e opiniões, verificando o rigor de dados obtidos ou aferindo a veracidade dos juízos de valor que lhes foram confiados. Em vários casos, as fontes concordam em prover estas informações desde que sua identidade seja preservada incógnita pelo jornalista com quem conversa. Nestas situações, o profissional (repórter, editor ou redator) tem o dever de mantê-la no anonimato e só pode revelá-la caso autorizado pela própria fonte.

Quando a fonte concorda em aparecer mas fornece uma informação pela qual não está disposto a responder ou sustentar, ou não autoriza sua publicação, diz-se que a informação é dada off the records (fora de registro), ou simplesmente "em off".

Nos EUA, entre 2003 e 2005, houve um famoso caso de quebra de confidencialidade de fonte determinada pela Justiça, envolvendo a repórter Judith Miller, do New York Times, o colunista Robert Novak do Washington Post, e a agente da CIA Valerie Plame.

Também em 2005, no mesmo país, foi revelada a identidade do informante Mark Felt, conhecido como Garganta Profunda, que entre 1972 e 1974 servira como principal fornecedor de informações confidenciais aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein no caso Watergate.

Jabá

Algumas relações entre jornalistas e os assuntos de suas matérias chegam a ser promíscuas, principalmente quando as fontes e personagens oferecem benefícios materiais em troca de exposição na mídia, publicidade ou elogios. Na maior parte das vezes, porém, este tipo de "propina" ou "suborno" ocorre tacitamente, veladamente, para evitar que alguma das partes seja formalmente acusada. Uma maneira comum de oferecer esta troca é enviar presentes ao responsável pela matéria. No Brasil, esta prática de suborno implícito é chamada pelo jargão jabaculê ou simplesmente jabá.

O jabá ocorre freqüentemente com críticos e no Jornalismo Cultural.

Matéria encomendada

Também é um problema ético quando determinadas assessorias de imprensa negociam com jornalistas dos veículos a inclusão na pauta de determinado assunto que seja de interesse da instituição ou do indivíduo que elas assessoram. Nos casos em que o assunto, por conta própria, não tenha valor noticioso suficiente para ser publicado, diz-se que a matéria foi "plantada" na redação — ou seja, nascida no ambiente externo à redação, e não naturalmente, pelo "faro" dos repórteres. Quando, por outro lado, a pauta é indicada por um superior na redação, por um dos diretores, executivos ou até pelo dono do veículo, diz-se que a matéria é "recomendada", termo que no jargão jornalístico é conhecido como reco, pauta rec ou pauta 500.

Quarto Poder

Uma função do Jornalismo nos regimes democráticos é fiscalizar os poderes públicos e privados e assegurar a transparência das relações políticas, econômicas e sociais. Por isto, a imprensa e a mídia são às vezes cognominadas de Quarto Poder (em seguida aos poderes constitucionalmente estabelecidos: Executivo, Legislativo e Judiciário).

PiG

Partido da Imprensa Golpista (comumente abreviado para PIG ou PiG) é uma expressão usada por órgãos de imprensa e blogs políticos de orientação de esquerda para se referir a órgãos de imprensa e jornalistas por eles considerados tendenciosos, que se utilizariam do que chamam grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos de orientação política contrária. É um conceito duvidoso, pois basta que o poder nacional mude e os novos jornalistas criaram um termo análogo contra seus concorrentes, isto é, jornalistas contratados por partidos políticos contrários a situação.

Código de Ética do Jornalismo no Brasil

O Código de Ética dos Jornalistas brasileiros está em vigor desde 1987, depois de aprovado no Congresso Nacional dos Jornalistas. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) o documento "fixa as normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional, nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação, e entre jornalistas". As punições previstas incluem desde advertência até expulsão do sindicato respectivo. O que normalmente os jornais fazem atualmente é ter um responsável jurídico para adequar textos que possam difamar, caluniar e injuriar pessoas. Não só pela questão social democrática do direito do indivíduo, mas porque os processos judiciais saem muito caros e danosos financeiramente para os veículos de comunicação e muito caros para a imagem. As matérias mais polêmicas portanto são verificadas e colocadas em termos jurídicos não prejudiciais à sociedade e ao veículo de comunicação.

Um caso notório de erro jornalístico no Brasil foi o da Escola Base, no qual vários órgãos de imprensa publicaram acusações de que um casal de pedagogos numa escola em São Paulo estariam praticando abuso sexual com seus alunos. Mais tarde, as acusações se provaram infundadas e a Justiça determinou que os caluniados fossem indenizados.

Outros casos foram os programas polêmicos de televisão que duvidam da veracidade dos casos apresentados. E teve uma pressão comercial de que marcas e produtos não fizessem propostas de comerciais com as emissoras,

Em janeiro de 2012, a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro decidiu punir profissionais da mídia que comemorarem gols durante uma partida.3 4 A medida ocorreu após o repórter Eric Faria, da TV Globo, ser flagrado pelas câmeras do Premiere, da Globosat, comemorando o primeiro gol vascaíno durante uma partida entre Fluminense e Vasco.5 6 7

Código Deontológico do Jornalismo =

Em Portugal, o Código de Ética se denomina Código Deontológico.

O episódio da crianças de pré-escola situada no bairro do Cambuci, São Paulo, foi praticamente esgotado no livro "Caso Escola Base - Os abusos da imprensa", do então graduando em jornalismo, Alexander Augusto Ribeiro, conhecido por Alex Ribeiro. O então bracharelando pesquisou sobre o assunto - teve facilidades, porque era oficial de justiça do Fôro Criminal de São Paulo - para elaborar trabalho de conclusão de curso. O então diretor da Escola de Comunicações e Artes - ECA - da Universidade de São Paulo, Jair Borin, já falecido, afirmou que o aluno havia escrito um livro sobre ética da profissão, ao invés de mero trabalho de conclusão de curso. Publicado, se tornou referência em Ética Jornalística, propicando ao autor o "Prêmio Jabuti". Hoje, a obra se encontra esgotada, e o autor é correspondente em Washington, de um grande jornal brasileiro de economia.

Bibliografia

  • ANDRÉ, Alberto. Ética e Códigos da Comunicação Social. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1994.
  • BELTRÃO, Luiz. Iniciação à Filosofia do Jornalismo. São Paulo, Edusp, 1992.
  • BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
  • CAMPONEZ, Carlos. Deontologia do Jornalismo: a auto-regulação frustrada dos jornalistas portugueses (1974-2007). Coimbra: Almedina, 2011.
  • CHRISTOFOLETTI, Rogério. Ética no Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2008
  • FORTES, Leandro. Os Segredos das Redações. São Paulo: Contexto, 2008.
  • HERNANDES, Nilton. A Mídia e seus Truques. São Paulo: Contexto, 2006.
  • JOBIM, Danton. Espírito do Jornalismo. São Paulo: EdUSP, 1992.
  • KARAM, Francisco J. Jornalismo, Ética e Liberdade. São Paulo: Summus, 1997.
  • KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo na Era Virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética. São Paulo, UNESP, 2005.
  • MEYER, Philip. A Ética no Jornalismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.
  • TÓFOLI, Luciene. Ética no Jornalismo. Petrópolis: Vozes,
  • Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Rio de Janeiro: 1985.
  • Código Latino-Americano de Ética Jornalística. in: Comunicação e Sociedade, n. 5. São Paulo: Cortez/IMS, março/1981.

Mídia independente carioca adota 4G para cobrir protestos

Fernando Paiva

As manifestações que tomaram as ruas do Brasil em junho perderam força na maior parte do país, mas não no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, os protestos prosseguem, com pautas diversas, do transporte coletivo à segurança pública, passando pelos direitos indígenas, a opressão policial, o caso Amarildo, e, mais recentemente, a educação. É nesse contexto de ebulição da participação popular que surgem diversas iniciativas individuais e coletivas de mídia independente que usam a tecnologia móvel para transmitir fotos e vídeos ao vivo dos protestos, oferecendo uma narrativa diferente daquela provida pelos meios tradicionais. É uma cobertura feita pelos próprios manifestantes, de dentro dos atos, que, não raro, confrontam as versões propagadas pela grande mídia. A cada nova manifestação é possível encontrar diversos links de transmissão ao vivo, muitos deles usando smartphones conectados à rede 4G e o aplicativo Twitcasting, nos moldes do Mídia Ninja. MOBILE TIME conversou com representantes de um desses coletivos, o Rio na Rua, que chegou a transmitir por quase oito horas seguidas o protesto de 7 de setembro e alcançou 3,2 mil pessoas assistindo simultaneamente a sua cobertura do protesto dos professores na Cinelândia no dia 1 de outubro. O Rio na Rua é composto por jovens voluntários, alguns deles formados em jornalismo, com o objetivo de fazer uma cobertura independente e bem apurada das manifestações. Usam um smartphone coletivo com plano 4G para transmitir os protestos e contam com o apoio de aparelhos 3G individuais dos integrantes para complementar o trabalho. Para garantir energia durante todo o protesto, levam baterias externas extras. A transmissão é feita preferencialmente pelo app Twitcasting ou pelo Bambuser. O grupo também usa um app de bate-papo para trocar mensagens sobre a cobertura em tempo real. Os custos com hardware e com o tráfego de dados são divididos entre os membros, não havendo qualquer apoio financeiro de fontes externas.

O Rio na Rua usa uma página no Facebook e um site próprio para publicar suas matérias, assim como o Twitter e outros canais digitais. Além da cobertura ao vivo, de dentro dos protestos, há sempre alguém apoiando na base, escrevendo textos a partir do material bruto transmitido ao vivo. A audiência varia de acordo com o tamanho e a importância de cada evento. O recorde até agora foi no dia 1 de outubro, quando 18 mil visitantes únicos acessaram o link de transmissão. A página do grupo no Facebook já ultrapassou 13 mil fãs.

Tecnologia

O smartphone se tornou instrumento de trabalho de grupos como o Rio na Rua, ajudando inclusive quando surgem pautas repentinas. "Como somos cidadãos e circulamos pela cidade, algumas pautas "não previstas" também costumam surgir e ter o celular à mão permite a cobertura de casos assim, como quando parte da equipe foi surpreendida, enquanto desfrutava de um chopp com amigos, por um protesto "espontâneo" na praça são salvador. A cobertura foi realizada através dos celulares pessoais dos colaboradores", relata um dos representantes. Mas há muito o que pode ser aprimorado na tecnologia para melhorar a cobertura da mídia independente: "A rede de transmissão de dados é ainda muita instável no Brasil. Sofremos com perda de sinal e variações inesperadas na rede. Além disso, o 4G ainda não funciona em muitas áreas do Rio. Quanto aos smartphones, o que mais atrapalha é o rápido consumo da bateria durante as transmissões ao vivo. Além disso, a qualidade da imagem não é das melhores. Mas isso está atrelado ao fato de que a transmissão de dados não é muito boa. Talvez, em breve, seja possível transmitir em alta qualidade", comenta outro membro do coletivo.

Narrativa

Sempre houve iniciativas de mídia alternativa na cobertura de movimentos sociais, mas talvez nunca tenham alcançado a dimensão atual, no Brasil e no mundo, em boa parte graças à Internet e às redes sem fio. Os representantes do Rio na Rua reconhecem o papel da tecnologia, mas destacam que ela não é um fim em si mesmo, preferindo ressaltar a consequente transformação da narrativa jornalística. "O maior ganho do uso destas tecnologias não está, obviamente, na tecnologia em si, mas no potencial narrativo que elas introduzem na comunicação em rede", analisa um dos membros. E prossegue: "Ainda há uma grande lacuna, no debate social que emergiu nos últimos meses, a respeito de linguagens e narrativas introduzidas por estas tecnologias, quando apropriadas por cidadãos, na disputa política. Já conversamos, por exemplo, sobre as características narrativas do streaming ao vivo, uma espécie de "rádio com imagens", já que alia características típicas do rádio tradicional, como a cobertura ao vivo, in loco, focada na figura do narrador e que conta fatos ainda não terminados."

INFORMAÇÃO & CREDIBILIDADE

Jornalistas vs. blogueiros

Por Luana Santana na edição 689

A popularização da internet como um veículo de comunicação capaz de alimentar fluxos contínuos de informações e transcender os limites de tempo e espaço físico traz à tona a discussão sobre a esfera midiática à qual o jornalismo se configura na nova era digital. Se até então os jornalistas eram vistos como articuladores detentores das informações às quais a sociedade confere total confiança e credibilidade, hoje, com a consolidação da web e a expansão massiva da chamada blogosfera, muito se discute sobre a atuação dos blogueiros como produtores e comunicadores públicos. De fato, existem características que diferem o jornalista e o blogueiro. No entanto, nada impede que ambos tenham o seu espaço. O jornalista como ser crítico, politizado, formador de opinião, defensor da veracidade dos fatos, comprometido em denunciar todo tipo de corrupção, tem ou deveria ter o compromisso ético com a apuração, a credibilidade e publicação das informações, devendo aproveitar ao máximo as possibilidades oferecidas pela internet de maneira que o caráter social da profissão sobressaia. Isso não significa que blogueiros articuladores, engajados, que denunciam problemas em suas comunidades locais, trocam informações sobre política e conhecimento, não sejam considerados comunicadores em potencial, até porque sabe-se que a maioria dos grandes veículos de comunicação brasileiros sofre sanções políticas, econômicas e editoriais, o que no território da blog não acontece.

Talvez o grande o abismo dessa competição seja a comparação entre jornalistas bem preparados e “blogueiros-soft”, que se consideram aqueles que são pagos para falar bem de uma marca ou um produto, que publicam de tudo para ganhar status ou crachá de imprensa na primeira fila dos desfiles de moda, baladas e eventos da alta sociedade. Sem falar nas “coberturas” em que há exposição da fonte, falta de aprofundamento das informações e baixa escolaridade, dentre outros fatores. Não que estes aspectos não ocorram no jornalismo. O que é importante salientar é que os jornalistas, de maneira geral, ao cometerem esses erros, sofrem punição ética e judicial, além de terem sua imagem associada ao descrédito, o que raramente ocorre com os blogueiros.

***

O que se pode traduzir desse texto é: nunca aceite apenas uma fonte de informação quando for julgar um fato jornalístico, até mesmo porque um jornalista conceituado pode ter sido corrompido pelo poder e vendido uma pauta, isto é, recebeu uma encomenda de uma matéria jornalística para favorecer o seu patrocinador. E o blogueiro também. Cabe a você julgar observando vários pontos de vista.

Por uma mídia livre

Movimento reúne comunicadores e veículos comprometidos com a diversidade informativa e independentes dos interesses comerciais e políticos que tradicionalmente pautam a mídia convencional

Por Anselmo Massad

Em um fim de semana na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 600 fazedores de mídia se reuniram no I Fórum de Mídia Livre Rio. A insatisfação com a concentração midiática no país motivou os participantes a debaterem, nos dias 14 e 15 de junho, um leque de questões que abarcou desde a elaboração de políticas públicas até a discussão das rádios comunitárias e as possibilidades das novas tecnologias na luta pela democratização da comunicação no Brasil. O nome do movimento se inspira em uma luta articulada há mais tempo, a das rádios livres e comunitárias. Desde a segunda metade da década de 80, dezenas de emissoras se articulam em defesa de políticas públicas que não se atenham exclusivamente aos interesses dos donos de concessões de radiodifusão ou, para dar dimensão do que está em jogo, para combater a criminalização das rádios comunitárias. Para Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, a grande riqueza do movimento midialivrista é a diversidade. “Não queremos criar uma central única das mídias livres”, avisou na mesa de abertura do evento. O objetivo não é repetir as fórmulas e padrões da mídia convencional, mas construir redes com produtores fora da estrutura tradicional. “Precisamos superar o discurso da falta, de que não temos espaço na mídia e aproveitar a ‘potência de fazer’ existente”, alertou. O editor da revista Fórum, Renato Rovai, acredita ser preferível que existam diversos veículos de mídia independente para que possa haver maiores possibilidades de êxito no enfrentamento contra o que ele chama de “imprensa grande”. “É grande apenas no tamanho, mas não possui a grandeza real da mídia produzida pelos movimentos sociais e blogues”, sustentou. A luta passa por uma plataforma ampla e complexa para abarcar tanto a radiodifusão quanto as novas mídias. Por isso, é importante garantir mecanismos de distribuição e circulação da produção de mídia, ao mesmo tempo em que se faz o enfrentamento da mídia monopolista que reflete a desigualdade e a injustiça social brasileiras.

“Existe a necessidade de dar uma resposta a essa situação que a imprensa está passando. Isso que acontece no Brasil não é jornalismo, é atendimento a interesses de grupos econômicos”, protesta Joaquim Palhares, diretor da Agência Carta Maior. “A oposição no Brasil é muito ruim e se agarra na imprensa. O governo comete erros e, em cima disso, criam-se situações absurdas”.

Jornalistas discutem em Piracicaba novas mídias e lições dos protestos

Para repórter do Mídia Ninja, principal desafio do jornalismo é se reiventar.

Simpósio que reúne estudantes e profissionais na Unimep acaba nesta 5ª

O repórter do Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação (Mídia Ninja), Thiago Dezan, afirmou na noite desta quarta-feira (25), durante a terceira noite do 6º Simpósio de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), que o grupo investirá em pautas investigativas e séries de reportagens após a experiência adquirida durante a cobertura das manifestações populares que levaram milhões de pessoas às ruas em todo o Brasil em junho. Para ele, é fundamental que se utilize das novas ferramentas midiáticas para fazer um jornalismo livre. "Quando transmitimos protestos ou então programas originais ao vivo pelo celular, juntamos a dificuldade com a oportunidade. O novo jornalista tem que estar na rua e trabalhar sem submissão a editorias", disse Dezan, para quem a internet estimula produção de conteúdo. "O grande desafio é o jornalismo se reinventar, buscar novas pautas."

A palestra contou também com a participação do jornalista Altamiro Borges, do Centro de Mídia Barão de Itararé, que falou a respeito das diferenças entre a nova e a velha mídia. O repórter Thomaz Fernandes, do G1 Piracicaba, mediou as discussões. A programação do simpósio termina nesta quinta-feira (26). O último evento terá início às 19h30 no Auditório Verde da Unimep.

Para Borges, há diferenças entre ser jornalista e fazer jornalismo. "Essa nova mídia, a mídia livre, surge em uma brecha tecnológica que tira leitores das mídias tradicionais", afirmou. Segundo ele, esse fenômeno gera uma crise nos meios tradicionais e alerta os estudantes e novos jornalistas para qual será o futuro da profissão.

O jornalista acredita que a nova mídia influencia a sociedade como um todo. "As mudanças acarretadas por manifestações em todo o mundo, por exemplo, só ganharam a ciência da sociedade a partir das mídias sociais. A velha mídia ainda não morreu, mas a nova ainda está em formação, por isso é preciso atenção dos jornalistas e de toda a sociedade".

Programação

Nesta quinta-feira, último dia do simpósio, uma mesa-redonda discutirá o tema Jornalismo e Copa do Mundo, tendo como expositores João Palomino (diretor de jornalismo da ESPN) e Marcelo Gomes (editor-chefe da ESPN Brasil) e coordenação de Leonardo Moniz (editor de esportes do Jornal de Piracicaba).

O movimento MÍDIA LIVRE

Inspirado no Centro de Mídia Independente, o Mídia Livre é um portal de notícias que busca agregar notícias independentes e livres, onde qualquer pessoa pode publicar uma notícia, artigo, áudio ou vídeo, como forma de descentralização da imprensa e da geração de notícias — e busca a promoção de ideais libertários e igualitários, como a democracia direta, a igualdade de gêneros, raças e espécies, a liberdade de expressão e os direitos animais, humanos inclusive. Leia nossa Política Editorial.O Mídia Livre privilegia a pluralidade de pontos-de-vista e opiniões, porém nos reservamos o direito de não publicar materiais que incitem o ódio, ou que se oponham aos nossos ideais.

Como funciona?

O Mídia Livre é mantido por voluntários anônimos autônomos, é hospedado em um servidor seguro mantido por um outro coletivo de voluntários. Não é vinculado a qualquer tipo de instituição, sendo completamente livre e independente.

Todo material publicado aqui é divulgado segundo as políticas de Copyleft — exceto materiais republicados de outros sites divulgados sobre as políticas de Creative Commons — portanto ao enviar uma publicação de sua autoria você aceita que ela seja distribuída, compartilhada e modificada de forma completamente livre. Se você estiver publicando material de terceiros, certifique-se de que eles estão de acordo com esta política. Publicações que contiverem material protegido por direitos autorais não serão publicadas, a menos que este material esteja sendo sujeito à análise ou crítica.

Nos damos também ao direito de não publicar material considerado fantasioso ou sensacionalista, que não possua fontes sólidas.

Como publico uma matéria?

Para enviar uma matéria, basta preencher este formulário, que ela será publicada em algumas horas. A princípio todo material enviado será publicado, entretanto nos reservamos o direito de não publicar materiais que violem nossa Política Editorial.

Posso publicar de forma anônima?

Sim, você pode publicar sem divulgar seu nome. Se você quiser garantir a sua anonimidade e segurança recomendamos que você utilize o Tor Browser e somente softwares seguros, este site possui uma ótima lista.

Como faço para publicar vídeos?

Na nossa página de publicação, há um botão: incorporar vídeos de outros sites, onde você pode inserir o link de sites como YouTube e Vimeo. Entretanto, esses sites pertencem a grandes corporações que colaboram com a vigilância por países como os Estados Unidos, enviando dados sobre seus usuários. Portanto, recomendamos a utilização de sites baseados no Media Goblin, uma plataforma descentralizada e baseada em software livre que permite a publicação de vídeos de forma segura e anônima. Aqui tem uma lista de sites que rodam o Media Goblin onde você pode publicar seus vídeos.Para incorporar um vídeo do Media Goblin no Mídia Livre, você precisa clicar com o botão direito sobre o vídeo e escolher a opção “Copy Video Location”. Então na página de publicação do Mídia Livre clique em “Incorporar vídeo de outros sites” e pressione ctrl + v para copiar o endereço do vídeo.

Quem financia o Mídia Livre?

Até o momento tivemos pouquíssimas despesas que foram bancadas pelos próprios voluntários e voluntárias. Caso um dia, porventura, precisarmos de algum tipo de financiamento, abriremos um sistema para que os usuários, colaboradores e leitores do site possam contribuir.

Que ferramentas posso usar para filmar com segurança?

As ferramentas tradicionais para transmitir em tempo real são os tablets e celulares com pelo menos uma conexão 3G, utilizando apps como o Tweetcasting. Os vídeos também podem ser colocados nas redes sociais e em canais de vídeos como o youtube. Outras formas de gravar mais seguras podem ser feitas com as ferramentas abaixo, que um bom 007 teria orgulho de possuir:

1. Caneta Espiã

Hoje em dia o que mais tem na internet é anúncios sobre canetas espiã. E essa que separei é descrita em um site especializado no assunto como a melhor caneta espiã do mundo, mas não há nada que comprove esta frase.

Ela é equipado com uma resolução de 1280×960 pixels, tem entrada para cartões MicroSD, e sua câmera tem sensor de movimento que trabalha juntamente com um áudio ultra cristalino de 24 kHz.

Sua autonomia gira em torno de 2 horas por cada carga e seu tempo de carregamento é de até 4 horas.

O site Espionagem está vendendo ela.

2. Relógio Espião

Nem os relógios ficaram de fora do mercado da espionagem. Este relógio abaixo vem com uma câmera filmadora e também microfone.

Ele tem a capacidade 3GB, grava no formato AVI e sua bateria de Li-on tem duração de 1,5 a 2 horas, e para carrega-lo basta só conectar o cabo usb do relógio em uma entrada no computador/notebook ou outros dispositivos.

Ele está a venda na ShopTime

3. Camiseta com câmera

Quem diria que em uma simples camiseta com estampa de um filme fictício teria uma câmera espião. Sim, está camiseta tem uma câmera escondida e fica localizada logo onde o ator está procurando alguma coisa com uma lente.

A câmera é controlada por um disparador que fica e lado da camiseta.

Esta camiseta está a venda na ThinkGeek

4. Botão Espião

Quando você está sendo espionado você nem imagina que é nos pequenos detalhes que se esconde os equipamentos, como é o caso desse botão. Ele é capaz de fotografar(JPG) e gravar vídeos(AVI) em uma resolução de 640×480 pixel.

Possuindo uma memória de 4Gb, sua bateria tem autonomia de 120 minutos por cada recarga.

Você pode encontra-lo também na loja Espionagem

5. Óculos espião

Anonymous Brasil Faz Lista de Mortos e Feridos em Manifestações

Em resposta à cobertura desproporcional que a grande mídia vem dando à morte do cinegrafista Santiago Andrade, que trabalhava para a TV Band, o coletivo Anonymous Brasil divulgou uma lista de pessos que foram mortas ou feridas em manifestações no Brasil. Santiago foi a última vítima, mas não foi o único a morrer e algumas das outras mortes sequer foram mencionadas nos telejornais da TV aberta — algumas delas causadas pela própria Polícia Militar. Sim, a morte de Santiago Andrade foi uma tragédia e o crime deve ser investigado, e seu assassino punido. Mas e os PMs que abusaram do gás lacrimogêncio e causaram a morte de Fernando Cândido e Cleonice Vieira de Moraes? E Douglas Henrique de Oliveira, de 21 anos, que morreu ao pular de um viaduto, tentanto fugir da violência da PM em BH? E os policais que agrediram jornalistas, tirando a visão de um olho do fotógrafo Sérgio Silva e ferindo o olho de Giuliana Vallone com tiros de bala de borracha não merecem também ser investigados e punidos? Infelizmente houveram centenas de feridos e vários mortos nos protestos no Brasil, somente jornalistas agredidos em 2013, foram 102, segundo dados da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), que divulgou uma planilha com as informações – 75% dessas agressões partiram da própria polícia, que deveria garantir a integridade física do jornalistas e assegurar que pudessem exercer sua profissão com segurança.

É óbvio que a pessoa que matou Santiago Andrade deve ser punida, assim como devem ser punidos todos os responsáveis pelas outras mortes e agressões. E não faz nenhum sentido criminalizar todos manifestantes e movimentos sociais pela inconseqüência de uma pessoa.

Confira abaixo a lista publicada pelo Anonymous.

Lista parcial onde constam apenas alguns casos de conhecimento público. Temos certeza que há dezenas de outros, mais graves que sequer tomamos conhecimento. Fiquem a vontade para informar com referências a links nos comentários. Agradeçemos a todos pelas colaborações!

SÉRGIO SILVA – SP - CEGO PELA PM – 14/06/2013

DOUGLAS HENRIQUE DE OLIVEIRA – BH MORTO ao pular do viaduto para tentar fugir da violência da PM – 27/06/2013.

VITOR ARAÚJO – SP CEGO PELA PM – 07/09/2013

PEDRO RIBEIRO NOGUEIRA – RJ ESPANCADO PELA PM – 13/06/2013

MANIFESTANTE [quem tiver referências sobre nome da pessoa, avise, por favor!] – RJ DEDO QUEBRADO PELA PM – 07/09/2013

RANI MESSIAS CASTRO – RJESPANCADA PELA PM – 27/08/2013

MANIFESTANTE [quem tiver referências sobre nome da pessoa, avise, por favor!] – RJFERIDO NO BRAÇO COM ARMA LETAL PELA PM – 20/07/2013

MANIFESTANTE [quem tiver referências sobre nome da pessoa, avise, por favor!] - Fortaleza – CEFERIDO NA PERNA COM ARMA LETAL PELA PM – 23/06/2013

MANIFESTANTE [quem tiver referências sobre nome da pessoa, avise, por favor!] – RJFERIDO NA PERNA COM MUNIÇÃO LETAL PELA PM – 17/06/2013

MANIFESTANTE [quem tiver referências sobre nome da pessoa, avise, por favor!] – SPESPANCADA PELA PM – 03/07/2013

LAISE LEAL – BAAtingida com cacetete pela PM – 07/11/2013 (segundo Laise, a menina que estava a seu lado recebeu 2 socos no rosto de outro PM)

Vendedor ambulante que passava pelo local entrou em pânico e tentou atravessar a Av. Presidente Vargas em frente a Central do Brasil e foi atropelado por um ônibus violentamente 06/02/2014

Existem vários outros casos que não estão acima, todos podem ir aos motores de buscas e fazerem pesquisas, inclusive em nosso site mesmo tem mais matérias, na lateral direita superior você pode fazer busca por palavras sobre o assunto.

O que faz esse drive USB colado na parede ?

Nova York está ganhando uma cara nova, Drives USB estão espalhados por muros e prédios em vários lugares da cidade. A idéia é criar uma rede anônima de troca de arquivos em espaço público. Os drives são completamente públicos e qualquer um pode largar e baixar arquivos deles.É sério. Você pode plugar o seu notebook no drive USB. Que nem esse cara aí . A ação é parte de um projeto artístico . Não sei quanto a vocês, mas se eu visse um drive USB dando bobeira em um muro eu morreria de curiosidade se não soubesse o que tem nele. #FicaDica: Faça isso na sua cidade

Sugestão: coloque vídeos e fotos dos protestos para que amigos copiem e vejam o que a mídia aberta tenta esconder.

Anonymous

Anonymous (palavra de origem inglesa, que em português significa anônimos) é uma legião que se originou em 2003. Representa o conceito de muitos usuários de comunidades online existindo simultaneamente como um cérebro global.2 O termo Anonymous também é comum entre os membros de certas subculturas da Internet como sendo uma forma de se referir às ações de pessoas em um ambiente onde suas verdadeiras identidades são desconhecidas.3

Na sua forma inicial, o conceito tem sido adotado por uma comunidade online descentralizada, atuando de forma anônima, de maneira coordenada, geralmente em torno de um objetivo livremente combinado entre si e voltado principalmente a favor dos direitos do povo perante seus governantes. A partir de 2008, o coletivo Anonymous ficou cada vez mais associado ao hacktivismo, colaborativo e internacional, realizando protestos e outras ações, muitas vezes com o objetivo de promover a liberdade na Internet e a liberdade de expressão. Ações creditadas ao Anonymous são realizadas por indivíduos não identificados que atribuem o rótulo de "anônimos" a si mesmos.4

Origens

Conceito

Um membro segurando um panfleto do Anonymous durante a Occupy Wall Street, um protesto que o grupo apoiou ativamente. 17 de Setembro de 2011

O nome Anonymous foi inspirado no anonimato sob o qual os usuários postam imagens e comentários na Internet. O uso do termo Anonymous no sentido de uma identidade iniciou-se nos imageboards. Uma etiqueta de "anônimo" é dada aos visitantes que deixam comentários sem identificar quem originou o conteúdo. Usuários de imageboards algumas vezes brincavam de fingir como se Anonymous fosse uma pessoa real. Enquanto a popularidade dos imageboards crescia, a ideia de Anonymous como um grupo de indivíduos sem nome se tornou um meme da internet.5

Anonymous representa amplamente o conceito de qualquer e todas as pessoas como um grupo sem nome. Como um nome de uso múltiplo, indivíduos que compartilham o apelido Anonymous também adotam uma identidade online compartilhada, caracterizada como hedonista e desinibida. Isso é uma adoção intencional, satírica e consciente do efeito de desinibição online.6

Nós [Anonymous] somos apenas um grupo de pessoas na internet que precisa — de um tipo de saída para fazermos o que quisermos, que não seríamos capazes de fazer numa sociedade normal. ...Essa é mais ou menos a ideia. Faça como quiser. ... Há uma frase comum: 'faremos pelo lulz.'

—Trent Peacock. Search Engine: The face of Anonymous, 7 de Fevereiro de 2008.6

Definições tendem a enfatizar o fato de que o conceito, e, por extensão, o grupo de usuários, não podem abranger prontamente uma simples definição. Ao invés disso, ela são geralmente definidas como aforismos que descrevem qualidades encontradas.2 Uma das auto-descrições do Anonymous é:

Nós somos Anonymous. Somos uma legião. Nós não esquecemos. Nós não perdoamos. Esperem por nós.7

Composição

Anonymous, em grande parte, consiste de usuários de múltiplos imageboards e fóruns da internet. Além disso, várias wikis e redes de Internet Relay Chat são mantidas para superar as limitações dos imageboards tradicionais. Esses modos de comunicação são o meio pelo qual os manifestantes do Anonymous que participaram no Projeto Chanology se comunicaram e organizaram os protestos.8 9

Uma "livre coalizão de habitantes da internet,"10 o grupo se uniu pela internet, através de sites como 4chan,8 10 711chan,8 Encyclopædia Dramatica,11 canais do IRC8 e YouTube.3 Redes sociais virtuais, como Facebook, são usadas para criação de grupos que mobilizam os protestos no mundo real.12

Anonymous não possui um líder ou partido controlador, e depende do poder coletivo dos participantes em agir de uma maneira que o resultado beneficie o grupo.10 "Qualquer um pode se tornar Anonymous e trabalhar em direção a um certo objetivo..." um membro do Anonymous explicou para o jornal Baltimore City Paper. "Nós temos essa agenda, na qual todos concordamos, coordenamos e seguimos, mas todos andam independentemente em sua direção, sem nenhum desejo de reconhecimento. Queremos apenas fazer algo que sentimos que é importante que seja feito..."2

Cronograma de Eventos

Atividades em 2006-2010

Prisão de Chris Forcand

Em 7 de dezembro de 2007, o jornal canadense Toronto Sun jornal publicou um relatório sobre a detenção do predador sexual Chris Forcand 13 . Forcand, de 53 anos, foi acusado de seduzir uma criança menor de 14 anos de idade 14 . O relatório afirma que Forcand estava sendo monitorado pelo "cyber-vigilantes, que procuravam por pessoas que apresentam interesse sexual em crianças13 .

Um relatório da Global Television Network identificou o grupo responsável pela prisão de Forcand como "um grupo de vigilantes da internet auto-intitulado Anonymous" que contactaram a polícia depois que alguns membros receberam "propostas sexuais" de Forcand. O relatório também afirmou que esta é a primeira vez que um predador sexual da internet foi detido como resultado da acção de um grupo de vigilantes 15 .

Projeto Chanology

Anonymous

— Chris Landers. Baltimore City Paper, 2 de Abril de 2008.2

[Anonymous é] a primeira superconsciência com base na internet. Anonymous é um grupo, no mesmo sentido que um bando de pássaros é um grupo. Como você sabe que eles são um grupo? Porque estão viajando na mesma direção. A qualquer momento, mais pássaros podem entrar, sair, voar para uma direção completamente diferente.

Anonymous

Protesto do grupo contra as práticas e a situação fiscal da Igreja da Cientologia.

O grupo ganhou atenção mundial com o Projeto Chanology, uma série de protestos contra a Igreja da Cientologia.16

Em 14 de janeiro de 2008, um vídeo de uma entrevista com Tom Cruise produzido pela Igreja vazou para a Internet e foi enviado ao YouTube.17 18 19 A Igreja emitiu um pedido de violação de direitos autorais contra o YouTube, pedindo a remoção do vídeo.20 Em resposta a isso, o grupo formulou o projeto.2122 23 24 Eles consideram a ação da Igreja da Cientologia contra o Youtube como uma forma de censura na Internet. Os membros do Projeto Chanology organizaram uma série de ataques de negação de serviço contra sites da Cientologia, e trotes aos centros da igreja.25

Ficheiro:Message to Scientology.ogv

"Mensagem para a Cientologia", 21 de janeiro de 2008

Em 21 de janeiro de 2008, os indivíduos que afirmavam falar pelo grupo anunciaram seus objetivos e intenções através de um vídeo postado no YouTube, intitulado "Mensagem para a Cientologia", e, em um comunicado de imprensa, eles declararam guerra tanto contra a Igreja quanto ao seu Centro de Tecnologia.24 26 27 No comunicado, o grupo afirma que os ataques contra a Igreja da Cientologia irão continuar, a fim de proteger o direito à liberdade de expressão, e ao que eles acreditam ser a exploração financeira dos membros da igreja 28 . Um novo vídeo "Call to Action" (do inglês, Chamada para Acção), apareceu no YouTube no dia 28 de janeiro de 2008, pedindo protestos fora da Igreja da Cientologia e de seus centros no dia 10 de fevereiro de 2008 29 30 . Em 2 de fevereiro de 2008 , 150 pessoas se reuniram em frente de um centro Igreja da Cientologia, em Orlando, Flórida, para protestar contra as práticas da organização 31 32 33 34 . Outros protestos menores também foram realizadas em Santa Barbara, na Califórnia 35 , e Manchester, na Inglaterra 32 36 . Em 10 de fevereiro de 2008, cerca de 7000 pessoas protestaram em mais de 93 cidades do mundo 37 38 . Muitos manifestantes usavam máscaras baseado no personagem V de V de Vingança (que por sua vez foi influenciado por Guy Fawkes), ou de outra forma disfarçaram a sua identidade, em parte para se proteger de represálias por parte da Igreja39 40 .

Em 15 de março de 2008, o grupo realizou uma segunda onda de protestos em cidades de todo o mundo, incluindo Boston, Dallas, Chicago, Los Angeles, Londres, Paris, Vancouver, Toronto, Berlim e Dublin. A taxa de participação global foi estimada entre 7 mil e 8 mil pessoas, um número semelhante ao da primeira onda de protestos 41 . Uma terceira onda de protestos ocorreu em 12 de abril de 2008 42 43 . Com o nome de "Operation Reconnect" (do inglês, Operação Reconectar), que teve como objetivo aumentar a consciência das pessoas em relação à prática que existe na igreja de "desconectar" os seus fiéis das pessoas que podem estar atrapalhando o seu crescimento espiritual 17 .

Em 17 de outubro de 2008, um jovem de 18 anos de Nova Jersey, descreveu-se como um membro do Anonymous e afirmou que iria se declarar culpado de envolvimento nos ataques de DDoS de Janeiro 2008 contra os sites Igreja da Cientologia 44 .

Invasão do fórum da Fundação de Epilepsia da América

Em 28 de março de 2008, a Wired News noticiou que Internet griefers - expressão que designa pessoas cujo único interesse consiste em assediar outros, pela Internet 45 - "hackearam" um fórum de discussão sobre epilepsia, mantido pela Fundação de Epilepsia da América 46 . Segundo a publicação, o código JavaScript e animações de computador foram postados com a intenção de desencadear enxaquecas e convulsões nos epilépticos 46 . Ainda de acordo com a Wired News, a evidência circunstancial sugeria que o ataque foi perpetrado por membros do Anonymous. Os membros do fórum epilepsia disseram ter encontrado uma mensagem de que o ataque estava sendo planejado no site 7chan.org, um imageboard considerada como reduto dos membros do grupo. Entretanto, não foi possível associar de fato a causa ao grupo, uma vez que muitos jovens na Internet se passam por integrantes do grupo para popularizar tais feitos.

RealTechNews relatou que um outro fórum sobre epilepsia, desta vez do Reino Unido, mantido pela Sociedade Nacional para Epilepsia, também foi alvo de um ataque semelhante. O jornal afirmou que " membros de Anonymous" haviam negado a autoria de ambos os ataques e informaram que os ataques teriam sido feitos pela Igreja da Cientologia 47 . News.com.au informou que os administradores do 7chan.org postaram uma carta aberta afirmando que os ataques foram realizados pela Igreja da Cientologia "para arruinar a opinião pública em relação ao Anonymous, para atenuar o efeito dos protestos legais contra a sua organização" 45 .

Alguns participantes do Projeto Chanology sugeriram que os agressores são usuários da Internet que apenas se mantêm no anonimato, no sentido literal e, portanto, não teve nenhuma afiliação com os esforços anticientologia atribuídos ao grupo 48 . Durante uma entrevista com a CNN, Anonymous foi acusado de invadir o site da Epilepsy Foundation para obrigá-lo a exibir imagens com a intenção de causar crises epilépticas. O entrevistador John Roberts afirmou que o FBI disse que "não encontrou nada que conecte (esses ataques) ao Anonymous", e que também não tem "nenhuma razão para acreditar que acusações serão apresentadas contra o grupo".

Protestos contra resultados da eleição presidencial de 2009 no Irã

Página de abertura de The Pirate Bay, em 20 de junho de 2009, manifesta apoio ao Movimento Verde Iraniano.49

Ver artigo principal: Protestos eleitorais no Irã em 2009

Após as alegações de manipulação dos resultados da eleição presidencial de junho de 2009, que deram a vitória ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, milhares de iranianos participaram de manifestações de protesto.

Anonymous, juntamente com The Pirate Bay e vários hackers iranianos lançaram um site de apoio ao Movimento Verde Iraniano, chamado Anonymous Iran.49 50 O site foi apoiado por mais de 22.000 usuários em todo o mundo e permitiu a troca de informações entre o Irã e o resto do mundo, apesar das tentativas do governo iraniano de censurar notícias sobre os protestos enviadas pela Internet.51 52

Vingar Assange

Em dezembro de 2010, o site WikiLeaks foi duramente pressionado a parar de publicar telegramas secretos do serviço diplomático dos Estados Unidos. Anonymous anunciou seu apoio a WikiLeaks,53 e lançou ataques DDoS contra Amazon, PayPal, MasterCard, Visa e contra o banco suíço PostFinance, que haviam tomado medidas hostis contra Wikileaks (bloqueio de ativos e transferências financeiras, recusa de hospedagem do site, etc.).54 55 56 57 A segunda parte da ofensiva foi executada sob o codinome Operation Avenge Assange (Operação Vingue Assange).58 59 60 61 62 63 Em razão dos ataques, tanto o site da MasterCard quanto o da Visa foram derrubados, em 8 de dezembro.64 65 Um pesquisador da PandaLabs disse que Anonymous também lançou um ataque que derrubou o site da promotoria sueca, em retaliação ao pedido de extradição para a Suécia do fundador da WikiLeaks, Julian Assange, que já se achava preso em Londres, sem direito a fiança.66

Desde que Bradley Manning - o soldado suspeito de ter promovido o vazamento do material confidencial para Wikileaks - foi transferido para a prisão de uma base dos marines em Quantico, Virginia, em julho de 2010, as denúncias de abuso aumentaram, dadas as condições de isolamento de Manning, em uma área de segurança máxima, e o regime de intensa supervisão (suicide watch) sob o qual fora colocado, incluindo frequentes verificações pelos guardas e nudez forçada67 68 69 70 71 Os militares negaram que o tratamento fosse abusivo ou anormal. No episódio que levou à sua renúncia, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip J. Crowley, deu declarações, condenando o tratamento.72 73 Em resposta à prisão de Manning e ao tratamento dado a ele, Anonymous ameaçou desestabilizar as atividades da base de Quantico através de ciber-ataques às comunicações, com exposição de informações privadas do pessoal e outros métodos de constrangimento.74 75 A chamada "Operação Bradical"76 seria, segundo declarou o porta-voz Barrett Brown, uma resposta direta aos maus-tratos que Bradley teria sofrido.77 78 Porta-vozes dos militares responderam que a ameaça visava impedir o cumprimento da lei e atingir os militares que atuavam no contraterrorismo, e que Anonymous seria objeto de investigação.79 80

Atividades em 2011

Primavera Árabe, Operação Egito e Operação Tunísia

Imagem espalhada durante a Operação Tunísia

Os websites do governo da Tunísia foram alvos do Anonymous devido à censura dos documentos da WikiLeaks e da Revolução da Tunísia.81 Houve relatos de tunisianos ajudando os ataques DDoS lançados pelo Anonymous.82 O papel do Anonymous nos ataques DDoS contra os sites do governo da Tunísia levaram a um aumento significativo no ativismo por parte dos tunisianos contra o seu governo.83 Uma figura associada ao Anonymous lançou uma mensagem online denunciando a repressão do governo sobre os recentes protestos e a colocou no site do governo tunisiano.84 O Anonymous nomeou seus ataques como "Operação Tunísia",85 e realizou ataques DDoS com sucesso em oito websites do governo, que respondeu tornando suas páginas inacessíveis para acessos de fora do país. A polícia tunisiana prendeu ativistas online e bloggers de dentro do país, e os interrogaram sobre os ataques. O website do Anonymous sofreu um ataque DDoS em 5 de Janeiro.86

Durante a Revolução Egípcia de 2011, websites do governo egípcio, junto com websites do Partido Nacional Democrático, foram hackeados e tirados do ar pelo Anonymous. Os sites permaneceram offline até o Presidente Hosni Mubarak renunciar.87

Anonymous se divertiu quanto à Guerra Civil Líbia, enquanto uns hackearam os websites do governo líbio e convenceram o host do website pessoal do líder líbio, Muammar Gaddafi, a tirar o site do ar, outros membros do grupo se aliaram ao ditador, no que eles chamaram de "Operação Reação Razoável". Os ataques pro-Gadaffi foram muito mal sucedidos, apenas conseguindo tirar do ar uma minoria dos sites da oposição, mas por pouco tempo.88

O Anonymous também liberou os nomes e senhas de endereços de email de oficiais do governo do Oriente Médio, em apoio à Primavera Árabe.89 Países afetados incluem oficiais do Bahrein, Egito, Jordânia e Marrocos.90

Operação Malásia

Em 15 de Junho de 2012, o grupo lançou ataques contra noventa e um websites do governo da Malásia, em resposta ao bloqueio de websites como WikiLeaks e The Pirate Bay dentro do país, o que o grupo considerou como censura de direitos humanos básicos à informação.91

Operação Síria

No início de Agosto, o Anonymous hackeaou o website do Ministério da Defesa da Síria, e o substituiu com uma imagem da bandeira pré-Baath, um símbolo do movimento a favor da democracia no país, assim como uma mensagem de apoio à Revolta na Síria e chamado aos membros do Exército Sírio para desertarem e defenderem os protestantes.92

Em Setembro, um grupo ligado ao Anonymous apareceu no Twitter, chamando-se RevoluSec, abreviação de "Revolution Security". Eles fizeram um comunicado de imprensa no Pastebin para esclarecer a sua missão.93 Eles desfiguraram muitos sites Sírios, incluindo as páginas de cada grande cidade do país.94 Para visualizar as páginas depois de terem sido tiradas do ar, a Telecomix criou mirrors.95 RevoluSec também desfigurou o site do Banco Central da Síria,96 assim como diversos outros sites a favor do regime,97 substituindo-os com uma imagem de Bashar al-Assad acompanhado do Nyan Cat.

A Telecomix trabalhou com o Anonymous através da operação. Enquanto a Telecomix mostrava aos sírios como escapar da censura, o Anonymous hackeava o regime de todas as maneiras que conseguiam. Ambos os grupos possuíam canais IRC dedicados à operação.

Apoio ao Occupy Wall Street

Diversos membros do Anonymous demonstraram apoio ao movimento Occupy Wall Street, atendendo aos protestos locais e criando blogs que davam cobertura ao movimento.98 99 100

Operação DarkNet

Em Outubro de 2011, o grupo realizou uma campanha contra a pornografia infantil protegida por redes anônimas.101 Eles derrubaram 40 sites de pornografia infantil, publicaram o nome de mais de 1500 pessoas que frequentavam essas páginas,102 e convidaram o FBI e a Interpol para acompanhá-los.103

Atividades em 2012

Occupy Nigéria

Em solidariedade com o Occupy Nigéria, o Anonymous juntou forças com o grupo "Frente Popular de Libertação" e o "Naija Cyber Hacktivists of Nigeria". Anonymous prometeu "um assalto implacável e devastador sobre os bens da web do governo da Nigéria". Isso foi em protesto à remoção do subsídio de combustível, do qual a maioria da população pobre nigeriana dependia para sobreviver. Como consequência da ação, o preço do combustível e do transporte subiu muito, causando extrema dificuldade para a maioria dos nigerianos. Em 13 de Janeiro, o website da Comissão de Crimes Financeiros e Econômicos da Nigéria foi hackeado.104

Operação Megaupload e Protesto anti-SOPA

Em 19 de Janeiro de 2012, o Megaupload, um site que fornecia serviços de compartilhamento de arquivos, foi tirado do ar pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o FBI.105 Isso levou ao que Anonymous chamou de "o maior ataque da história da Internet".106 Barret Brown, descrito como um porta-voz do grupo Anonymous pela RT, disse que o momento do ataque "não poderia ter vindo numa pior hora, em termos do ponto de vista do governo".106 Com o protesto contra a SOPA tendo acontecido no dia anterior, foi alegado que usuários da internet estavam "muito bem preparados para defender uma internet livre".106

Brown disse à RT que a página do Departamento de Justiça foi derrubada apenas 70 minutos depois do início dos ataques. Dias depois, muitas das páginas ainda estavam fora do ar ou muito lentas ao carregar. O ataque desligou diversos websites, incluindo aqueles que pertencem ao Departamento de Justiça, ao FBI, Universal Music Group, a RIAA, a MPAA, e a Broadcast Music, Inc.106 "Mesmo sem a SOPA ter passado, o governo federal sempre teve um tremendo poder para fazer algumas das coisas que eles queriam fazer. Então, se isso é o que pode ocorrer sem a SOPA ter passado, imagine o que pode ocorrer depois que a SOPA passar," comentou Brown.106 Alguns comentaristas e observadores afirmaram que o desligamento do Megaupload pelo FBI prova que SOPA e PIPA são desnecessárias.107 108 Apesar das ações do Anonymous receberem apoio, alguns comentadores argumentaram que os ataques de negação de serviço colocavam em perigo o caso antiSOPA.109 110 111

O ataque incluiu um novo e sofisticado método, onde usuários da internet clicavam em links distribuídos pelo Twitter e salas de bate-papo e, alguns sem o seu conhecimento, participavam em um ataque de negação de serviços, infringindo leis existentes nos Estados Unidos. Anonymous usou o "Low Orbit Ion Cannon" (LOIC), no dia 19 de Janeiro de 2012, para atacar quem apoiasse a SOPA. O grupo afirmou que esse havia sido o seu maior ataque, com mais de 5,635 pessoas participando no DDoS através do LOIC.112

A revolução Polonesa e o ativismo anti-ACTA na Europa

Em 21 de Janeiro, foi realizada uma série de ataques DDoS contra websites do governo da Polônia, pelos quais o Anonymous assumiu a responsabilidade e se referiu como "a Revolução Polonesa".113 O grupo, através de sua conta no Twitter, afirmou que era uma vingança pela futura assinatura do acordo ACTA pelo governo polonês.

Iniciando com o bloqueio das páginas sejm.gov.pl, do Primeiro Ministro Polonês, do Presidente, do Ministério da Cultura e Patrimônio Nacional, e continuando depois com o bloqueio dos websites da polícia, da Agência de Segurança Nacional e do Ministério de Relações Estrangeiras. O ataque foi fortalecido pela cobertura da mídia, o que resultou em um interesse de opinião pública extremamente alto, seguido pelo blackout de populares websites poloneses no dia 24,114 e protestos contra a assinatura nos dias 24 e 25 de Janeiro, com milhares de participantes em grandes cidades polonesas.115 Outros alvos suspeitos foram as páginas do Paweł Graś, o porta-voz do governo (bloqueado depois de Graś negar que qualquer ataque tenha ocorrido), a página do Partido Popular Polonês (bloqueada após Eugeniusz Kłopotek, membro do partido, apoiar a ACTA no ar em uma das maiores estações de TV). Páginas governamentais na França116 e o Ministério da Justiça, Ministério da Economia e a página do chanceler da Áustria117 também foram paralisados.

Revolta dos 20 Centavos

Estes eventos antecederam a Revolta dos 20 centavos mas foi primordial para a explosão de revoltas populares em junho de 2013 no Brasil. No início de Maio de 2013 na cidade de Goiânia houve uma paralisação dos motoristas de ônibus, todos os usuários ficaram muito prejudicados. Poucos dias depois foi anunciado o reajuste, a tarifa do transporte coletivo em Goiânia aumentou de R$ 2,70 para R$ 3 no dia 22 de maio de 2013, um acréscimo de 11%. O reajuste e a demora nos ônibus resultaram em protestos na capital. No dia 28 de maio de 2013 aconteceu um protesto na cidade organizado através das redes sociais com participação de diversos grupos incluindo a Anonymous. Esta manifestação foi respondida de forma violenta e truculenta pela Polícia militar que atirou balas de borracha e bombas de efeito moral nos manifestantes. Nesse mesmo período ocorria o congresso mundial de transportes em Genebra na Suíça. Goiânia sediava o Encontro da União Nacional de Estudantes - UNE e ironicamente no mesmo período a cidade também sediava , estudantes do país inteiro se reuniam aqui, e todos ficaram sensibilizados com o ocorrido, encerrado o encontro os estudantes voltaram para suas respectivas cidades e se depararam com aumentos em suas cidades também. No dia 10 de Junho de 2013 uma liminar da justiça suspendeu o reajuste da tarifa em Goiânia, a primeira vitória dos manifestantes.

Revolta do Vinagre

Em Junho de 2013, o Prefeito da Cidade de São Paulo, decidiu aumentar a tarifa da passagem de ônibus em vinte centavos, essa mudança causou protestos pacíficos na cidade que foram respondidos pela Polícia Militar de forma violenta, o que resultou em um descontentamento muito grande por parte da população, não só brasileira, mas mundial. Os protestos se alastraram pelo país inteiro, e até em outros países, agora não só pelo aumento da passagem mas por tudo o que os brasileiros aturaram em todos esses anos, entre corrupção na política, descaso na educação, na saúde entre outras reivindicações. Os representantes do Anonymous no Brasil participaram amplamente dos protestos e se organizaram para maiores resultados. Começaram com ataques hackers contra sites governamentais brasileiros, o primeiro foi o site de educação de São Paulo no dia 13 de Junho. Logo depois, no site Anonymous Brasil, postaram vários textos mostrando como o reajuste de passagem por conta da economia é uma farsa e marcando horas e datas para protestos no Brasil. Continuaram divulgando textos mostrando como a corrupção tomou conta do Governo Brasileiro nos dias seguintes. No dia 17 de Junho, hackearam o site oficial da copa na cidade de Cuiabá mostrando um vídeo em que comprovavam os atos de violência da Polícia Militar do Brasil. Nessa mesma data foi marcado um novo protesto em todo o Brasil, onde centenas de milhares de pessoas foram as ruas em todo o país. No dia 18 de Junho hackearam o site do Partido do Movimento Democrático Brasileiro mostrando fotos dos protestos. No dia 19 de Junho, hackearam o twitter da revista Veja, motivados pela conduta manipuladora da revista contra os protestos. No mesmo dia hackearam o instagram da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff e postaram fotos apoiando os protestos. No dia 20 de junho, organizaram a maior e mais preocupante para os governantes manifestação dos últimos 20 anos no Brasil, mais de um milhão de pessoas foram as ruas em dezenas de cidades no país, capitais e do interior, muitas pessoas aderiram a mascara do meme que representa o grupo. Até agora as ameaças de protesto continuam, e o grupo Anonymous continua nessa luta, levando ao Rio de Janeiro cerca de 1 milhão de pessoas, Fazendo com que o Exército, a PM e a Marinha fizessem rondas por São Paulo e Rio de Janeiro.118 119 120 121 122 123 124 125 126

WikiLeaks: quem lucra com a espionagem digital

Por Bruno Fonseca, Jessica Mota, Luiza Bodenmüller e Natalia VianaAs revelações de que a presidenta Dilma Rousseff tornou-se um alvo direto da vigilância da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, acenderam um alerta de emergência no alto escalão do governo. Documentos vazados por Edward Snowden, ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência), mostram que a espionagem tem como foco números de telefone e e-mails, além do rastreamento do IPs por meio de softwares como o “DNI selectors”, capazes de fazer uma varredura por todos os dados de navegação de um usuário na internet, incluindo seus e-mails.

Mesmo depois de o vazamento de documentos secretos da NSA jogar luz sobre a espionagem massiva realizada pela agência de segurança norte-americana, continuam nas sombras as empresas que fabricam e vendem essas tecnologias de vigilância e fazem lobby para o seu uso. Não há nenhuma estimativa que mostre o tamanho desse mercado. Sabe-se que apenas a área de spyware – um software-espião instalado sorrateiramente no computador – movimenta US$ 5 bilhões, e tem potencial para crescer cerca de 20% ao ano.

Segundo levantamento do jornal The Washington Post, o “black budget”, o orçamento destinado aos serviços de inteligência do governo dos Estados Unidos, soma US$ 52,6 bilhões ao ano – mais de 68% disso vai para a CIA, a NSA e o NRO (Escritório Nacional de Reconhecimento, órgão responsável por desenvolver, construir e operar satélites de reconhecimento). O valor reservado para as áreas de inteligência e vigilância dobrou em relação a 2001. A maior parcela de gastos é com coleta, exploração e análise de dados. Apenas a CIA tem um gasto previsto de US$ 11,5 bilhões para coleta de dados em 2013. As empresas contratadas são mantidas em segredo.

Quem lucra com tanta vigilância

Mas quem são as empresas que fabricam e vendem a tecnologia que permite tamanha vigilância digital e fazem lobby para o seu uso? Algumas informações vêm à luz hoje, com a nova publicação do WikiLeaks, uma continuação do “Spy Files”, publicado em 2011.

São 249 documentos de 92 empresas de vigilância, entre brochuras, contratos e metadados referentes a alguns dos principais empresários do ramo. “A publicação Spy Files 3 faz parte do nosso compromisso contínuo de jogar luz nessa indústria obscura de vigilância. E a base de dados do Spy Files continuará a crescer, tornado-se um recurso para jornalistas e cidadãos, detalhando as condições orwellianas sob as quais levamos nossas vidas supostamente privadas”, diz Julian Assange. Além da Agência Pública, outro 18 veículos internacionais são parceiros na publicação, incluindo Pagina 12, da Argentina, La Jornada, no México, e o canal RT, da Rússia.

Os documentos mostram, por exemplo, que empresas como Glimmerglass e Net Optics oferecem tecnologia para “grampear” o tráfego de dados em cabos ultramarinos de fibra ótica. Outras empresas fornecem equipamentos sofisticados de gravação e reconhecimento de voz, além de softwares que analisam diversas gravações ao mesmo tempo; outras permitem analisar diversos materiais (vídeos, fotos, gravações) simultaneamente. Há ainda empresas que se especializam em descobrir falhas em sistemas operacionais e vendem essas “dicas” a governos – eles podem, com essa informação, hackear um computador “alvo”. Outras empresas vendem tecnologias que permitem monitorar a atividade online de ativistas e manifestantes.

Muitas delas vendem tecnologia para diversos órgãos do governo americano, como a Cyveillance, pertencente à empresa QinetiQ, usada pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos para monitorar a rede 24 horas por dia. E muitas já têm forte presença no Brasil, seja vendendo tecnologia e serviços para empresas como Vale e Petrobras, seja abocanhando contratos de vigilância para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Por conta dos megaeventos – e das manifestações de junho – o Brasil tem se tornado um mercado prioritário para essas empresas de vigilância.

Uma indústria nas sombras. “Confidencialidade é essencial para o negócio de segurança”, diz o site da empresa alemã Elaman, uma subsidiária do grupo Gamma Group, um dos mais famosos grupos que vendem tecnologias para vigilância digital na rede. Famoso não por iniciativa própria, mas por ter se envolvido em diversos escândalos recentes, o Gamma está sendo investigado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) por ter tido alguns dos seus softwares espiões usados contra ativistas no Bahrein.

Seu principal produto, o software-espião FinFisher, infecta computadores para capturar informações, enviadas a uma central interceptadora. Pesquisadores da Universidade de Toronto descobriram servidores de monitoramento do FinFisher em 36 países – incluindo Turquia, Paquistão, Panamá, Etiópia, Malásia, Qatar e Vietnã. Também encontraram o spyware “disfarçado” do navegador Mozilla Firefox, uma isca para levar “alvos” a fazer o download em seus computadores.

O diretor da Gamma – que tem sedes na Alemanha e na Inglaterra –, Martin J. Muench, reafirmou que a empresa coopera com as regulações dos dois países e que o produto teria sido roubado durante uma apresentação. Segundo o executivo, uma cópia do software foi feita no evento e, depois, o spyware foi modificado e usado em outras partes do mundo. O vazamento do WikiLeaks, porém, mostra que os executivos da Gamma teriam viajado recentemente para países com governos autoritários, como Guiné Equatorial, Turcomenistão, Malásia, Egito e Qatar. Contratos indicam ainda que a empresa negociou o fornecimento de componentes de software e hardware para Omã, num projeto que seria chamado de “sistema de monitoramento para i-proxy”, em parceria com a empresa alemã Dreamlab. A mesma Dreamlab chegou a negociar um sistema de monitoramento semelhante com o Turcomenistão.

Outras empresas de peso do setor também fornecem software para governos repressivos pelo mundo, como mostra um mapa desenvolvido pela agência de notícias Bloomberg em 2010. Mais de dois anos depois, o vazamento do WikiLeaks mostra que executivos dessas empresas continuam a visitar países do Oriente Médio, incluindo Emirados Árabes, Líbano, Qatar e Kuait.“A indústria de vigilância caminha de mãos dadas com governos de todo o mundo para permitir a espionagem ilegítima dos seus cidadãos. Com pouca fiscalização e nenhuma regulação, essa ampla rede de espionagem envolve a todos nós contra a nossa vontade e, geralmente, sem o nosso conhecimento”, explica Assange.

Quem é quem. Glimmerglass e Net Optics oferecem tecnologias para “grampear” tráfego de conexões de até 10 Gbps, motitorando informação em tempo real. A principal tecnologia da Glmmerglass, do vale do Silicio, o CyberSweep (algo como “cibervarredura” em português), serve para interceptar o sinal em cabos de fibra ótica. Com isso, é capaz de selecionar, extrair e monitorar todo e qualquer tipo de dado que trafega pelos cabos, como vídeo, áudio e ligações de celular e telefone fixo, entre outros. Também consegue fazer a sondagem de conteúdo do Gmail, Yahoo!, Facebook e Twitter. Esse tipo de tecnologia é usado por agências nacionais de segurança nacional.Segundo ativistas emfavor da privacidade na rede, a Glimmerglass deve ser fornecedora de tecnologia de monitoramento para a NSA

Mas o setor das empresas de vigilância e segurança digital não se resume à interceptação de dados. Um exemplo é a Vupen, que identifica falhas em sistemas de segurança de internet e revende essas informações para governos e grandes corporações. Como diz o próprio CEO da empresa, Chaouki Bekrar, em livreto de propaganda , as “agências policiais precisam da mais avançada pesquisa de intrusão em TI e das ferramentas de ataque mais confiáveis para secretamente e remotamente acessarem sistemas de computador. Usar vulnerabilidades de software anteriormente desconhecidas poderia ajudar os investigadores a alcançar essa tarefa com êxito”. A NSA gastou US$ 25 milhõe este ano com este tipo de serviço, segundo o levantamento do Washington Post.

A Agnitio, uma empresa privada espanhola, é líder em fornecer programas de leitura biométrica de voz a setores de diversos governos e empresas ao redor do mundo, em mais de 35 países. A tecnologia da Agnitio pode reconhecer a voz de um suspeito em tempo real, rastreando milhões de ligações e sem deixar rastros do grampo. Outra que atua na área da biometria é a Human Recognition Systems. A empresa oferece uma variedade de tipos de reconhecimento biométrico que vão desde a análise de padrões (íris, tamanho dos membros do corpo, etc) até a análise de comportamento e de padrão de veias humanas. Essas tecnologias seervem tanto para garantir a identificação de um funcionário ao acessar documentos privilegiados, até ser usada em checkpoints em locais de guerra para determinar se um habitante do país é “insurgente ou um civil inocente?”, como mostra a brochura institucional”

Algumas dessas empresas também possuem escritórios ou estão presentes no Brasil por meio de parceiras. Das que aparecem nos documentos vazados pelo WikiLeaks, 16 têm ligação com o Brasil. Dentre essas, nove têm escritórios subsidiários aqui.

É o caso da Autonomy, que em 2011 foi comprada pela gigante HP, e que, em 2010, vendeu seu programa de análise de dados IDOL para o Banco do Brasil . O IDOL monitora e rastreia vários tipos de informação coletados por uma empresa ou governo. Ao buscar uma palavra-chave, o sistema irá rastrear registros de reconhecimento facial, gravações de áudio e vídeo, todos os tipos de dados disponíveis e até a análise comportamental para produzir um monitoramento unificado.

Outras empresas, como o i2 Group, comprado por outra gigante, a IBM, possui empresas brasileiras parceiras que mediam a contratação de tecnologias. Através da Tempo Real Group, a empresa fechou contratos com a Controladoria-Geral da União, o Ministério Público Federal e organizações de segurança, como a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. A empresa desenvolve softwares de coleta e análise de informações.

Contra manifestações. A Cyveillance, uma subsidiária da empresa americana QinetiQ, especializa-se em monitoramento 24 horas da internet e, segundo ela mesma define em sua brochura, análises de inteligência sofisticadas para “identificar e eliminar ameaças a informações, infraestruturas e indivíduos, permitindo aos nossos clientes preservar a sua reputação, receita e a confiança dos clientes”. A empresa afirma servir a maioria das empresas mais ricas do mundo “e mais de 30 milhões de consumidores através de sua parceria com provedores que incluem AOL e Microsoft”.

A brochura da empresa, vazada pelo WikiLeaks, mostra bem o uso dessa tecnologia: uma foto traz manifestantes portando bandeiras num protesto. O texto explica: “Protestos, boicotes e ameaças contra seus empregados, oficinas e escritórios causam caos na sua organização”. Por meio de monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, a empresa afirma que resolver ameaças requer incorporar inteligência à segurança. A Cyveillance garante que tem pessoas, processos e tecnologias para prover inteligência sobre as atividades relacionadas a uma empresa, “permitindo que você aja antes que um evento ocorra”. Também garante monitoramento contra vazamentos de informações por whistleblowers da empresa.

A tecnologia da Cyveillance é amplamente utilizada pelo Departamento de Segurança Interna do governo americano. Tanto que, em dezembro de 2012, o órgão publicou um relatório sobre as ameaças do uso dessa tecnologia em cidadãos americanos. “Embora o propósito inicial da Cyveillance não seja coletar informações pessoais, o conteúdo de interesse do serviço secreto coletado pela Cyveillance pode conter esses dados”, diz o texto. Informação potencialmente relevante é enviada ao serviço secreto, que determina se é necessário mais investigação para avaliar o conteúdo – e pode compartilhá-lo com outras agências do governo americano.

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Confira abaixo entrevista com o ativista alemão Andy Müller-Mahuhn, membro de um dos clubes hackers mais atuantes do mundo:

“O negócio delas é assassinar a democracia”

O ativista alemão Andy Müller-Mahuhn é membro de longa data do Chaos Computer Club, um dos clubes hackers mais atuantes do mundo, além de investigar assiduamente a indústria de vigilância para o site colaborativo Buggedplanet. Desenvolvedor virtuoso, Andy trabalha com comunicações criptográficas e é criador da empresa Cryptophone, que comercializa dispositivos de comunicação vocal segura. Foi cofundador da European Digital Rights (Edri), ONG que defende a garantia dos direitos humanos na era digital, e ocupou o cargo de diretor europeu da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann), responsável pela elaboração de políticas internacionais para os endereços adotados na internet. É um dos maiores nomes da filosofia cypherpunk, autor do livro de mesmo nome juntamente com Julian Assange. Ele deu esta entrevista à Pública através de chat criptografado.

AP - Quem são os clientes dessas empresas de vigilância?

AM - Falando o genericamente, as empresas expostas no Spy Files do WikiLeaks fornecem na maioria para mercados nacionais, ou seja, os malucos por controle dos governos – seja no Oriente Médio, no coração da Europa e da África, na Ásia ou nas Américas do Sul, do Norte e Central.

AP - Quais dessas empresas têm contrato com a NSA?

AM - Há pelo menos uma, a Glimmerglass, que é contratada da NSA, segundo revelações dos documentos que o Snowden vazou. Quanto a outras, é muito provável que Vastech e Net Optics também estejam fornecendo tecnologia usada nos programas da NSA.

AP - Por que provavelmente?

AM - A Vastech é uma empresa sul-africana que fornece tecnologia de monitoramento estratégico (interceptação e gravação) de todas as telecomunicações, não para alvos específicos. Não sabemos muito sobre os seus clientes (além de que eles foram flagrados na Líbia), mas eles estavam entre os primeiros a fornecerem tecnologia para gravar e arquivar todas as comunicações em um ambiente de rede específico. A Net Optics fornece equipamentos para “grampear” conexões de fibra ótica e fios elétricos até o nível de 10 Gbps, que é geralmente o tipo de velocidade usada para monitorar todo o tráfego de um provedor, um pouco similar à Glimmerglass. Muito provável que seja usada se você quer interceptar todo um país ou todas as comunicações de um provedor. A Speech Technology Center, na Russia, e Agnitio, da Espanha, são alguma das mais importantes empresas para sistemas de reconhecimento de voz, ambas fornecendo novas tecnologias para interceptação estratégica, ou seja, você pode analisar um conjunto de gravações e interceptações, e não apenas uma por vez. Então a Agnitio tem mais probabilidade de fornecer para a NSA do que a Speech Technology Center, mas ainda estamos pesquisando isso. A Vupen é muito provavelmente fornecedora da NSA. Eles vendem “exploits”, e há apenas um punhado de empresas fazendo isso profissionalmente.

AP - O que são “exploits”?

AM - São falhas em programas de computador que podem ser usadas para explorar a máquina, ou seja, para adquirir controle sobre ela sem o dono tomar conhecimento. Esse é um mercado muito quente e especial. Podemos comparar isso com pessoas que vendessem informação sobre o seu bairro para criminosos: quem deixa às vezes a janela aberta, quem não tranca a porta etc. Então elas não invadem as casas nem roubam nada, mas vendem a informação para os governos fazerem isso. Não é um comércio muito ético, para colocar de maneira gentil. Eles compram essas informações no mercado negro, de quem encontra bugs nos sistemas da Microsoft e da Apple, por exemplo. Em vez de ajudar essas empresas a corrigir as falhas, usam as brechas para invadir.

AP - Você mencionou que considera algumas dessas empresas “malignas”. Por quê?

AM - A NICE – “bonzinho”, em inglês – tem um approach de vigilância de 360 graus. Isso não é compatível com o meu entendimento do que são direitos humanos, mas é uma empresa sediada em Israel, então talvez não devêssemos ficar muito surpresos. No entanto, o que eles fazem não é nada “bonzinho”. A Vastech está matando a privacidade de pessoas em nações inteiras… Isso também é muito do mal ao meu ver. Todo mundo é suspeito, isso muda a maneira que os governos veem seus cidadãos, e tem implicações muito amplas… E o pior é que isso é vendido como uma estratégia de marketing! Em uma palavra, o negócio delas é assassinar a democracia.

AP - Muitos dizem que essas tecnologias são necessárias para segurança – por exemplo, durante os megaeventos. Qual é o limite entre segurança e invasão da privacidade?

AM - Qualquer tecnologia que trate seres humanos como objeto é maligna, ela não tem a natureza da humanidade. Vigilância e segurança não são a mesma coisa. A vigilância somente dá mais opções de ação àqueles que coletam os dados ou as filmagens. Então megaeventos requerem atenção humana entre aqueles que deles participam. A tecnologia não pode resolver problemas de natureza social. Pode amplificar esses problemas. Depende muito da situação saber qual é a melhor solução. Mas a vigilância é um conceito que traz muitos problemas para o indivíduo.

AP - A Alemanha sediou uma Copa do Mundo. No Brasil, muitas dessas empresas estão vendendo câmeras, software etc. Houve um aumento da vigilância na Alemanha por causa da Copa?

AM - Sim, houve. Eles aumentaram as câmeras de CCTV nas ruas e outros tipos de vigilância, mas na maioria aumentaram a presença policial, porque tinham medo de vandalismo e ataques terroristas. Mas os alemães são muito sensíveis ao abuso da vigilância por causa dos tempos de nazismo e das atividades da Stasi (a polícia secreta do regime nazista).

AP - Houve uma reação da população?

AM - Há um longo embate ocorrendo aqui entre cidadãos e autoridades, que constantemente está chegando até a Corte Suprema em relação a, por exemplo, retenção de dados e o direito à privacidade, também garantindo o direito à segurança do seu computador pessoal contra aqueles que podem querer invadi-lo (como agências de governo com vírus espiões, o que foi declarado ilegal na Alemanha).

AP - Há algum risco para o governo brasileiro de comprar essas tecnologias de empresas que vendem para muitos países e muitas empresas? As informações coletadas por esses softwares poderiam, por exemplo, ser repassados para outros governos ou empresas?

AM - Olha, isso depende da tecnologia. Mas há algumas empresas – como a Gamma – que têm uma atuação muito global e que não apenas ajudam seu clientes a espionar alvos, mas também coletam dados em nome dos seus clientes! Isso sugere que eles podem ter seus próprios interesses, ou seguir os interesses de terceiros ao lidar com esses dados. Fornecer tecnologia de vigilância é um negócio muito sensível porque você aprende não apenas sobre a estrutura da segurança de um governo, mas também sobre os seus “medos” – e ambas são é informações muito interessantes para agências de inteligência de outros países. Além disso, quando você vê nos contratos que a Gamma (Alemanha-Reino Unido) está comprando tecnologia da Dreamlab (Suíça), que então está incorporando peças de uma empresa israelense… Seria muito ingênuo não pensar que a empresa israelense teria interesse se essa tecnologia fosse instalada em países do Oriente Médio.

AP- Para a Copa do Mundo de 2014, elas estão vendendo ao Brasil câmeras de helicópteros, softwares de monitoramento e análise, sistemas de rádio, antenas de telecomunicação…

AM - Esses exemplos já mostram que é toda uma indústria, com muitos componentes e obviamente interesses financeiros por trás deles. Se isso traz mais segurança ou somente dinheiro para aqueles que simulam prover segurança é algo que ainda vamos ver.

*Publicado originalmente na Agência Pública

Comentário da semana: Os métodos jornalísticos, a ética, a intimidação e o autoritarismo

Francisco José Castilhos Karam

Professor na Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador do objETHOS

A luta milenar entre mostrar e esconder é incessante. Se alguns tentam esconder e outros mostrar, temos claramente um conflito de interesses. Em sociedades complexas tais métodos se tornam ainda mais sofisticados, com a tentativa de obscurecer dados da realidade ou de revelar elementos dela. O critério de publicização passa a ser a relevância do desvendamento para a sociedade e em que isso pode contribuir para que se veja melhor. Na Alemanha, a expressão “método wallraffen” chega a representar disciplinas em cursos de jornalismo sobre a forma de trabalho de Gunter Wallraff, autor, entre outros livros, de “Cabeça de Turco”, “Fábrica de Mentiras” e “O jornalista indesejável”, os dois primeiros traduzidos no Brasil. “Cabeça de turco” chegou a vender muitos milhões de exemplares em todo o planeta, com tradução em vários países.

O método wallraffen inclui infiltração e alteração de identidade, coisa que nem Wallraff foi o primeiro a fazer e nem será o último. Tampouco essa conduta é exclusiva da área jornalística. Mas é paradigmático de um método que, mediante avaliação moral e técnica jornalística, legitima-se em decorrência de possíveis benefícios sociais.

Amparados pela regulamentação, policiais fazem isso há muito tempo, técnicos em inteligência também. Amparados pela Modernidade e pelo contrato social baseado em uma divisão de funções e trabalhos, jornalistas fazem isso desde a consolidação da reportagem como gênero central no jornalismo, afirmado no ambiente de uma sociedade republicana, democrática, industrial. E na qual a Instituição Imprensa passa a ter papel relevante na disseminação e compartilhamento de fatos, versões e debates contemporâneos, mediante alguns critérios como interesse público.

Ainda que a Imprensa seja crescentemente um negócio que inclui a informação apenas como um de seus produtos – e, a meu ver, o principal-, conceitos como credibilidade e legitimidade sociais foram e são importantes para que o jornalismo se mantenha como essencial à vitalidade democrática e aos debates e decisões gerados a partir dessa.

Recomendações e liberdade

Na maioria dos códigos de ética aplicada, deontológicos, de conduta de jornalistas profissionais em todo o planeta, em geral há uma recomendação de que deve se evitar métodos ilícitos ou duvidosos para obtenção de informação. Mas comumente há uma vírgula e, depois dela, uma célebre expressão: “a não ser que os métodos tradicionais tenham sido utilizados sem sucesso e a informação a ser dada tenha relevância”. Foi assim que jornalistas ingressaram em determinados supermercados para conferir, após denúncia, como funcionários alteravam, durante a noite, a data de validade de determinados produtos perecíveis. Prestaram à sociedade um serviço diante do engodo e desserviço que as redes de supermercados estavam fazendo. Foi assim que jornalistas ingressaram em manicômios para mostrar, com texto e fotos, o tratamento desumano dado a pacientes internados. De outra forma, uma visita jornalística guiada e autorizada possivelmente encontraria o local com flores, tapete vermelho e um cenário montado e bem arrumado. Em geral, logo após a publicização de matérias/reportagens com tais métodos, há uma divisão em duas perspectivas. De um lado, há os que bradam que faltou “ética” aos profissionais jornalistas, talvez menos pelo método e mais porque ficaram “nus” diante da sociedade quando tentavam bater a carteira dela. De outro, os que celebram o desvendamento de uma realidade que afeta número significativo de pessoas.

Assim, embora o mandato popular conferido ao jornalista não passe pelo sufrágio universal, há uma legitimidade em nome da posição de ofício que ele tem para mostrar dados e fatos que atinjam diretamente a vida dos cidadãos. E que bom se assim fosse sempre, acima dos interesses mercadológicos e econômicos que autorizam algumas investigações jornalísticas a seguir adiante e outras não, a partir dos centros de poder da empresa.

O método wallraffen está dentro do conceito de legitimidade, comparável ao trabalho dos detetives, embora jornalistas não tenham a mesma garantia constitucional e jurídica e, muitas vezes, física para tal exercício. No entanto, há uma garantia moral, dada pelo papel social que representa ou deve representar a profissão. Não para generalizar tal método, mas para utilizá-lo quando necessário e de acordo com as plenas convicções de que tal trabalho trará esclarecimento à sociedade que pode estar sendo enganada ou prejudicada com a ocultação. E também onde as instituições do Estado começam a falhar ou quando estão envolvidas elas mesmo em atos duvidosos. Ou, ainda, onde setores particulares se apropriam do interesse público para defender apenas o próprio bolso.

Métodos na profissão e no ensino

Tais métodos são discutidos na profissão (como nos congressos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji – e no âmbito acadêmico), tanto eticamente como no exercício da prática que simula a profissão e tende, em uma boa escola, a se aproximar da realidade do trabalho. Em vários casos, trabalhos são feitos com algum risco. Se não fosse assim, seria melhor os jornalistas ou estudantes cobrirem apenas baile de debutantes ou inauguração de estátuas. Felizmente não é assim, e jornalistas e estudantes correm riscos, como acompanhar manifestações nas ruas; cobrir greves; fazer viagens com certa aventura e desafios para um TCC (trabalhos de conclusão de curso); acompanhar trabalhos como o da Cruz Vermelha em zonas de guerra e situações similares. Jornalistas e futuros jornalistas, ainda que com alguns riscos, não podem fugir de situações tais quando estas exigem a presença de alguém que ajude a desvendar o cenário e colocá-lo à disposição do público. E há discussão sobre isso, supervisão de profissionais mais experientes ou de professores jornalistas com experiência no assunto e que sabem o que é ser jornalista. Quando fazem isso, não são burocratas do ensino e nem capachos do Poder.

É com tal perspectiva que para jornalistas consagrados em todo o planeta um carimbo de “secreto” em um documento é apenas um carimbo de “secreto”, que pode representar algo muito estratégico a ser mantido em sigilo, mas também significar que alguém, por razões particulares ou “razões de Estado particulares”, quer esconder algo que beneficiará alguns e prejudicará a muitos. É o interesse particular travestido de público. Jornalistas desmancham tais esconderijos, como Gunter Wallraff e inúmeros outros. E se baseiam em documentos que chegam a eles para iniciar um processo de investigação jornalística ou em investigações que eles próprios decidem a partir de denúncias, constatações ou desconfianças.

Seja na profissão ou no âmbito acadêmico, também é preciso cuidado com a segurança e sempre há algum risco. E quem decide sobre apurar ou não apurar é a profissão, com base no contrato social expresso por uma atividade que se vale da clássica expressão constitucional que integra os textos relativos à Imprensa pós- Revolução Inglesa e Francesa e no cenário em que se consolidou o direito social à informação como um dos fundamentais na era dos direitos civis, como o direito à saúde, à educação… O contrário disso é tentativa de esconder e, em alguns casos, aproxima-se da intimidação e da censura, mesmo no ambiente de Universidade, em que algumas vezes se confunde as autoridades do momento com toda a Instituição. Dentro dela, há profissões. E profissões exigem compromissos acadêmicos, morais e técnicos com a futura atividade profissional, por mais que autoridades não gostem.

O brado de falta de ética confunde tais investigações acadêmico-jornalísticas com etiqueta, com bons modos, coisa que os jornalistas investigadores têm ao cumprimentar as pessoas ou segurar os talheres… Mas no exercício do ofício existe a ética profissional, nem sempre a dos “bons modos”, nem sempre a do baile de debutantes… Existe a necessidade de mostrar algo qualificado e importante à luz do jornalismo em relação ao todo social. E que faz ir por água abaixo a etiqueta, os bons modos, o jornalismo de compadre… O jornalismo que surge, então, é o que incomoda, o que faz perguntas incômodas, o que entra em lugares “proibidos” para verificar; o que legitimamente utiliza a infiltração porque fontes mentem, escondem e enganam o público, maior ou menor público.

Quem intimida sempre se desculpa com o argumento de que não é censura nem intimidação. Mas quer que o profissional ou estudante seja seu porta-voz ou relações públicas. Há profissões que zelam pela imagem, pela fidelidade ao assessorado, que tentam gerenciar crises. Ainda que haja um jornalismo de serviço e suas derivações, o essencial dele, e que dá sentido à área em uma perspectiva ampla, histórica, moral e tecnicamente defensável, é o tipificado pela figura do repórter, o que faz aflorar crises e não o contrário. Gera controvérsia, e esse é o sentido da profissão diante de um espaço público complexo e crescente na contemporaneidade. Seu sentido primordial é informar o público com precisão e sobre assuntos relevantes.

As tentativas de censura à investigação jornalística, a matérias de profissionais, a trabalhos feitos por estudantes em universidades, ampliam o leque de uma vertente autoritária, já alertada por Wallraff quando escreveu várias reportagens na Europa expressa pela clássica frase “nosso fascismo ao lado, lições para o amanhã”. Para evitar isso, o jornalismo deve fazer seu trabalho bem feito, com critérios baseados na relevância social da informação para o público e com precisão, verossimilhança e narração compatíveis com o conceito de credibilidade. E universidades devem assimilar que nem tudo são flores e que, em um curso de jornalismo, estudantes trabalham junto com professores, em geral experientes jornalistas que se titularam e que sabem algo sobre a profissão. E sabem que censura e intimidação não estão em seu dicionário e devem ser combatidos pelo que ocultam: interesses particulares e tentativa de “dourar a pílula”, não hesitando, muitas vezes, em diversos tipos de pressão, que vão da suspensão de verbas a determinados projetos a tratamento diferenciado em relação a um ou outro Curso. Nada pior para a democracia.

Em um cenário em que jornalistas são ameaçados em manifestações; em que autoridades internacionais querem prender ou matar jornalistas ou fontes que revelam documentos comprovadores de danos sociais; em que há tentativa de intervenção na produção laboratorial de cursos de jornalismo, parece haver necessidade de defesa da profissão naquilo que a consagrou perante a sociedade, a reportagem. Sem ela, não há jornalismo. E só reportagem autorizada não contribui para o Jornalismo em sua mais alta magnitude.

FONTES:

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http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/jornalismo_de_mentirinha_publicidade_de_verdade

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http://www.contentmarketing.blog.br/jaba-a-polemica-entre-jornalistas-chega-aos-blogueiros/

http://jabanao.wordpress.com/2008/08/20/o-custo-de-um-carro-inclui-verba-para-puxar-saco-de-jornalista/

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http://www.cartacapital.com.br/internacional/wikileaks-quem-lucra-com-a-espionagem-digital-971.html

http://www.androidpit.com.br/pt/android/forum/thread/559514/Protestos-no-Brasil-Como-liberar-seu-Wi-FI

http://info.abril.com.br/noticias/internet/campanha-pede-que-moradores-liberem-wi-fi-em-protestos-17062013-15.shl

https://objethos.wordpress.com/tag/etica-jornalistica/