Dossiê INVENÇÕES que mudam o MUNDO

Post date: 08/01/2014 03:18:33

Uma coletânea de matérias sobre descobertas científicas e invenções que podem revolucionar o futuro da humanidade

O Carro movido a hidrogênio

Imagine uma cidade com milhões de carros lançando água pelo cano de escape!

Fonte: A TRIBUNA VITÓRIA, ES, TERCA-FEIRA, 10 DE MARCO DE 2015

(clique na imagem para ver a matéria original)

INOVAÇÃO - PERFIL Roberto de Souza

> O ANALISTA de sistemas tem 41 anos, é paulista, mas mora no Espírito Santo desde 1998.

> É DONO da WTC Server, empresa especializada na prestação de serviços de tecnologia.

> HÁ UM ANO e seis meses, se empenha no projeto de utilizar o hidrogênio como combustível.

Montadora quer comprar invenção de carro a hidrogênio

Proposta da empresa do ramo automotivo é fechar uma parceria com o inventor do sistema inovador ou comprar sua ideia

Francine Spinassé Pollyanna Dias

Com uma invencão capaz de fazer um carro andar mais de mil quilometros com um litro de água destilada transformada em hidrogênio, o analista de Sistemas, Roberto de Souza, 41 anos, já recebeu até proposta de montadora. O sistema criado por Roberto ganhou repercussão nacional depois de ter sido tema de reportagem de A Tribunano mês passado.

Roberto explicou que a invenção não altera em nada os veículos, que continuam funcionando com gasolina e álcool. “Apenas adaptamos, acrescentando acessórios, como um dispositivo eletrônico, um gerador e um reservatório. Todos os itens são pequenos”, apontou.

Para o carro andar, o sistema transforma a água destilada em hidrogênio, que aciona o motor. Como teste, Roberto adaptou seu próprio carro, um Chery S18, e viajou até o Rio de Janeiro, com 1,5 litro de água no reservatório. Ele explica que, para percorrer 1.000 quilômetros, é necessário um litro de água destilada, que custa R$ 3.

Mais de 1 milhão de e-mails

Funcionamento

CURIOSIDADES - IGNIÇÃO - Gerador de hidrogênio

A LIGACÃO DO VEÍCULO ocorre normalmente e a transformacão para utilizar apenas o hidrogênio é feita por um dispositivo semelhante ao utilizado em carro movido a gás natural, uma espécie de interruptor.

O que é o hidrogênio?

O hidrogênio é um gás que, ao reagir com oxigênio em alta temperatura, libera calor, ou seja, produz energia.

O gás é incolor, inodoro e altamente inflamável. O hidrogênio é uma fonte alternativa que pode ser produzido a partir de várias energias primárias, incluindo a energia solar e a eólica. Elemento químico com número atômico 1, é representado pela letra H na tabela periódica. É também o átomo mais simples que existe, possuindo apenas um elétron girando em torno de um próton.

COMO FUNCIONA

Abastecimento

Para que o sistema funcione, o veículo é abastecido preferencialmente com água destilada, depositada em um reservatório. Não sendo necessário abastecer em postos de combustível.

SUSPEITAS:

Veja as hipóteses levantadas pelo site E-Farsas, para tentar esclarecer a veracidade dessa invenção antiga, que foi supostamente aperfeiçoada por Roberto Souza:

Vídeo que circula pela web mostra a reportagem de um brasileiro que afirma ter inventado o um equipamento que faz o carro funcionar com água! Será que isso é verdade?

A reportagem, produzida pela equipe de jornalismo da TV Tribuna, foi publicada no começo de março de 2015 no YouTube e quase que imediatamente se tornou viral no Facebook, alcançando centenas de milhares de compartilhamentos.

Na matéria, os jornalistas mostram a história de um inventor capixaba que, após instalar um equipamento no motor do seu automóvel, afirma que seu carro agora faz 1000 quilômetros com apenas um litro água!

O tal invento, segundo o rapaz, transforma as moléculas de água em hidrogênio através de um processo chamado eletrólise e esse elemento químico é que serve de combustível para o veículo.

Será que isso é verdade? Assista à reportagem abaixo e veja o que descobrimos a respeito:

Verdadeiro ou falso?

O que podemos verificar na matéria acima é um exemplo de mal jornalismo! Uma reportagem que não fornece dados técnicos ou demais detalhes e/ou a opinião de entendidos no assunto dá margem a muita especulação e, é claro, deixa os mais céticos de orelha em pé.

  • O que tem dentro da “caixinha” mostrada na reportagem?
  • Isso é mesmo um invento desse rapaz que aparece no vídeo?
  • É possível separar o hidrogênio da água através da eletrólise?
  • Se o invento transforma água em hidrogênio, por que ainda sai água do escapamento?
  • Essa água que sai do escapamento poderia ser usada novamente pelo motor? (Dessa forma, o carro nunca mais precisaria ser reabastecido!)

Essas dúvidas não foram respondidas nessa reportagem e, igualmente, não foram respondidas nas outras matérias que foram feitas posteriormente com o mesmo inventor.

Como não tivemos acesso ao trabalho do inventor (e quem afirma é quem tem que provar), vamos tentar explicar algumas coisas:

Em primeiro lugar, o invento de um motor que “gera” hidrogênio retirado-o da água para transforma-lo em combustível já é antigo e patentes já foram registradas em 1978, em nome do norte-americano Yull Brown. Chamado de “Gás Brown”, a suposta mistura hidrogênio-oxigênio “inventada” por ele foi contestada por vários cientistas e provou ser uma fraude em um artigo de 2008 da revista especializada PopularMechanics. Na verdade, o motor de Brown funcionava com combustível normal e água e, segundo afirmava-se, servia para reduzir o consumo da gasolina. A alegada economia de combustível vinha, na realidade, de regulagens feitas nos carburadores dos veículos onde os equipamento eram instalados.

O motor a água também já foi patenteado por outros inventores ao longo da história e um dos mais famosos foi o ex-motorista de ônibus chinês Wang Hongcheng. Em 1983, aproveitando-se do crescimento e da proliferação das pseudociências e das superstições na China, Hongcheng conseguiu investimentos do Governo e de outros apoiadores o equivalente a mais de 30 milhões de dólares para o financiamento de seu invento: Um liquido capaz de transformar água em combustível! Pra encurtar um pouco a história, acabaram descobrindo que o inventor era um charlatão e ele amargou 10 anos de cadeia. A empresa milionária fundada por ele nunca chegou a produzir nenhum ml desse liquido milagroso…

Outros “inventores” também alegam ter conseguido criar o tão sonhado carro movido a água, como o norte-americano Denny Klein, que disse ter inventado um carro – em 2010 – que percorria 160 Km com 1 litro de água! Claro que seu invento, o Aquygen, nunca saiu do papel, conforme apurado aqui!

Então, voltando ao carro a água brasileiro, mesmo que o rapaz tenha inventado algo nesse sentido, é bem capaz que ele não consiga registra-lo, tendo em vista que outros inventores foram mais espertos do que o capixaba.

Por outro lado, a eletrólise da água é um processo conhecido pela humanidade há mais de dois séculos. Basta passar uma corrente elétrica através de um par de eletrodos (que estão em um recipiente com água) e “como por mágica” bolhas de oxigênio se formarão em um eletrodo e, no outro, hidrogênio. O problema de se criar um motor que aproveite esse hidrogênio gerado por eletrólise é que, infelizmente, ainda se gasta muito mais energia para se separar os átomos de hidrogênio do que a energia que ele poderá gerar.

Atualização 11/03/2015

Na edição do dia 10 de março de 2015, o jornal A Tribuna explica que Roberto Souza é um capixaba dono de uma empresa de informática e que a sua invenção (que, na verdade, é uma adaptação de outras já existentes) se baseia na eletrólise, mas não acrescenta muito à notícia! Igualmente, a matéria não explica de onde vem a energia usada na eletrólise!

Conforme é explicado nesse artigo publicado no site AutoBlog, apesar dos avanços nos estudos a respeito da “geração” de hidrogênio, o processo ainda é cerca de 70% eficaz na melhor das hipóteses. Ou seja, de toda a energia gasta para se criar o hidrogênio, quase um terço se perde no processo. Nas contas feitas pelo AutoBlog, dos 24 kWh de energia vindos do motor, somente 14 kWh seria devolvido de volta. Dessa forma, em poucos quilômetros o veículo deixaria de funcionar…

Esse é o mesmo problema enfrentado por aqueles que sonham em criar o moto perpétuo, um tipo de maquina que não gastaria energia e funcionasse sem parar. Como já explicamos aqui no E-farsas, é impossível gerar energia do nada!

Kit de hidrogênio

Quando a reportagem do brasileiro “inventor do carro a água” começou a fazer sucesso na web, vários leitores do E-farsas entraram em contato, nos questionando a respeito de kits de hidrogênio que estão sendo vendidos online. O produto seria um conjunto de componentes que realizariam a eletrólise da água (igual ao aparelho que foi supostamente inventado pelo homem da reportagem) e que o hidrogênio resultante ajudaria a diminuir o consumo de gasolina do automóvel.

O que podemos afirmar é que vários testes já foram feitos com esse tipo de produto e a sua eficácia beira ao zero por cento! Em janeiro de 2014, por exemplo, a revista automotiva Quatro Rodas testou o mais popular desses kits que estão à venda por aí e concluiu que o aparelho (vendido a R$2mil) não diminuiu em nada o consumo de combustível.

Comprar esse tipo de kit é jogar dinheiro fora!

"Kit de hidrogênio" não cumpre o que promete! (foto: reprodução/Quatro Rodas)

“Kit de hidrogênio” não cumpre o que promete! (foto: reprodução/Quatro Rodas)

Alternativas pouco viáveis

Em 2014, a montadora de veículos Toyota anunciou que lançará o primeiro veículo movido a hidrogênio no ano seguinte. A diferença do Mirai (nome do veículo, que – segundo o Portal Exame, significa “futuro” em japonês) para esses veículos que (não) funcionam a partir da eletrólise é que o carro da Toyota vem com tanques que armazenam o hidrogênio já pronto para ser usado. Aliás, o tanque de combustível é um dos equipamentos que mais preocuparam os engenheiros da montadora japonesa:

Tanques de hidrogênio do Mirai suportam grande pressão! (foto: Reprodução/Wikipédia)

Tanques de hidrogênio do Mirai suportam grande pressão! (foto: Reprodução/Wikipédia)

O Portal Exame explica que o carro é, na verdade, elétrico:

“O Mirai possui uma célula de combustível onde o hidrogênio se combina com o oxigênio do ar, produzindo água e eletricidade. É como uma bateria. Mas, em vez de recarregá-la com eletricidade, coloca-se mais hidrogênio para que a reação química possa continuar.”

Vamos deixar de lado a explicação de como o hidrogênio será transformado em energia (não é explicado como essas “células de combustível” irão funcionar), e nos ater ao fato de que a montadora ainda terá outro desafio pela frente: Para garantir que o projeto do Mirai dê certo, a Toyota terá que investir em postos de combustível onde o hidrogênio deverá ser vendido. A que preço? Não se sabe, mas o hidrogênio não deve ser mais barato que da gasolina…

Em 2006, uma equipe de engenheiros mecânicos da Universidade de Minnesota (EUA) descobriu que a água reage com um elemento químico chamado boro, quebrando suas moléculas e liberando hidrogênio puro a partir da água mineral. O problema é que o boro se desgasta muito rápido! Para se ter uma ideia, na produção de hidrogênio, cada 45 litros de água consome 18 quilos do minério. Inviável, até agora…

Mais sobre carros movidos a água (que não funcionam):

Conclusão

Não acredite em tudo o que você vê na televisão ou lê na internet! Esperamos que os jornalistas da TV Tribuna desfaçam esse “mal-entendido” e produzam outra matéria em breve, esclarecendo que a notícia do carro movido a água enganou a todos (até à equipe de reportagem). Ah! Sobre a questão das teorias conspiratórias afirmando que todo mundo que inventa carro movido a água é morto pela máfia dos magnatas do petróleo, falaremos em breve!

5 descobertas da física que mudaram profundamente como vemos o mundo

A revista britânica physicsworld.com, que está completando vinte e cinco anos de atividades, resolveu comemorar o aniversário elaborando uma lista com as descobertas físicas mais relevantes dos últimos tempos.

A seleção elegeu cinco eventos que estariam, segundo eles, acima dos demais no quesito “transformar o modo como entendemos o mundo”, mas a escolha final, conforme os autores reconhecem, está aberta a debates. Todas as pequenas revoluções no universo da física datam depois de outubro de 1988, quando a primeira revista foi publicada.

O mais antigo dos marcos selecionados pela equipe é de duas décadas atrás, quando uma equipe de cientistas americanos anunciou a possibilidade do teletransporte quântico pela primeira vez. Já o mais recente é a descoberta do Bóson de Higgs, no CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) no ano passado. Confira a lista completa por ordem cronológica:

5. Teletransporte quântico (1992)

Em dezembro de 1992, um grupo de seis cientistas da computação da multinacional IBM, nos Estados Unidos, colocou no papel pela primeira vez a noção de que partículas poderiam ser transmitidas de um lugar a outro, a qualquer distância, se os padrões quânticos pudessem ser repetidos entre o ponto inicial e o final.

A essência da ideia estabelece que duas partículas podem ser colocadas em um estado chamado de “emaranhamento quântico”, e uma alteração no estado de uma delas é imediatamente refletido na outra partícula. Logo, não se trata de transporte de matéria, e sim de informação.

Cinco anos depois do enunciado, um trabalho de outros cinco pesquisadores verificou que a teoria se confirmava. Desde então, a ideia se sofisticou na prática, e cientistas de várias partes do mundo têm obtido sucesso em fazer teletransportes quânticos a distâncias cada vez maiores.

O primeiro teletransporte no modo como a ciência o aplica hoje aconteceu em 2004, quando cientistas americanos e austríacos conseguiram transportar partículas por cerca de 600 metros usando fibra ótica. O atual recorde de distância é de 143 km, e foi feito com fótons (partículas de luz) entre duas ilhas do arquipélago de Canárias, na Espanha.

4. Condensado de Bose-Einstein (1995)

Os físicos Albert Einstein e Satyendra Nath Bose produziram seus trabalhos na primeira metade do século XX. Mas uma das maiores revelações científicas dos últimos tempos só foi materializada há menos de vinte anos, por cientistas que se inspiraram no trabalho deles. Em 1995, Eric Cornell e Carl Weiman conseguiram, grosso modo, resfriar átomos de rubídio a uma temperatura próxima do zero absoluto, criando uma nova fase da matéria que não podia ser classificada como líquida, sólida ou gasosa. Estava criado o condensado de Bose-Einstein.

O trabalho, que rendeu a Cornell e Weiman o prêmio Nobel de 2001, mostrava que naquela temperatura, as partículas se unem e tornam-se indistinguíveis. Os princípios envolvidos neste esquema de resfriamento máximo de átomos e partículas subatômicas têm sido úteis, desde então, na investigação de várias questões da física fundamental, incluindo algumas das que seguem na lista.

3. Aceleração da expansão do universo (1997)

Em 1997, os astrofísicos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess reverteram completamente uma ideia que permeava a ciência. Até então, acreditava-se que o universo, devido à atração gravitacional entre os corpos celestes, se expandia em ritmo cada vez mais lento. A partir de uma experiência, os três provaram justamente o contrário. Vencedores do Nobel em 2011, eles observaram uma supernova do tipo Ia (os resultados das famosas explosões estelares, no caso, de estrelas anãs brancas). Ao visualizar tais explosões em ação, eles puderam fazer medições na maneira como a luz se distorcia. Os padrões observados permitiram concluir que o universo está se expandindo cada vez mais rapidamente.

A força motriz desta expansão, no entanto, segue um mistério. Já enunciada por estudos desde aquela época, a chamada “energia escura” ainda deixa pontos de interrogação em pesquisas sobre o tema, mas serve para definir o fenômeno descoberto pelos três cientistas. A ideia de que o universo realmente se expande com velocidade crescente é encarada com alto nível de convicção na astrofísica.

2. Comprovação de que neutrinos têm massa (1998)

Uma antiga mina na cidade de Hida, no oeste do Japão, é o berço de uma das mais importantes revelações científicas da atualidade. Neste local, em 1998, uma equipe internacional de pesquisadores comprovou que os neutrinos, previstos com precisão crescente desde a década de 1930, têm massa, ao contrário do que se imaginava até então. Neutrinos são partículas subatômicas sem carga elétrica, e sua interação com outras partículas só acontece sob condições específicas. Na série de experimentos no final dos anos 90, os cientistas já sabiam que existiam três “sabores” de neutrinos: do elétron, o primeiro a ser descoberto, e o do múon e do tau, partículas descobertas posteriormente que também têm carga negativa.

Foi descoberto, na ocasião, que os neutrinos têm a propriedade de oscilar entre um tipo e outro. Isso implica, conforme os pesquisadores comprovaram, que os neutrinos têm uma massa não nula. Do contrário, a oscilação não poderia acontecer. Trabalhos publicados desde então foram gradativamente reforçando esta tese.

1. Bóson de Higgs (2012)

A comunidade científica e o público acompanharam com crescente interesse ao longo dos últimos anos a caminhada dos cientistas baseados no subsolo franco-suíço do CERN para confirmar a existência do que acabou ficando conhecido (um físico tem um ataque cardíaco a cada vez que isso é lido) como “partícula de Deus”. Ela recebeu este apelido uma vez que, teoricamente surgida logo após o Big Bang, confere massa às demais partículas, ou seja, seria elementar para a formação de tudo o que existe. O primeiro cientista a enunciá-la, o britânico Peter Higgs, publicou em 1964 o trabalho que serviu de base aos físicos contemporâneos. Sua tese, no entanto, passou mais de 40 anos abstrata, até a criação do Grande Colisor de Partículas (LHC, na sigla em inglês), em 2008. O inédito equipamento, instalado no CERN, acelerou o ritmo das descobertas de forma impressionante.

Uma série de conferências e medições aproximaram os pesquisadores do bóson. Materialmente, o LHC aos poucos definiu a faixa de energia onde uma partícula com as características compatíveis a ele poderia ser encontrada. Com alarde na imprensa mundial, o bóson de Higgs foi finalmente confirmado por duas equipes de cientistas no dia 4 de julho de 2012, um marco histórico para a ciência.

Na ocasião, foi anunciado que o resultado era promissor, mas era preciso uma análise mais detalhada para comprovar que a nova partícula realmente era o que parecia. Em março deste ano, os cientistas fizeram uma contraprova com mais do que o dobro de dados, e reconfirmaram que a partícula é, de fato, o bóson de Higgs. [BBC / Physics World]

Vacina anti-HIV da USP passa em teste inicial com macacos

SALVADOR NOGUEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

17/02/2014 02h00

O projeto piloto do teste em macacos de uma vacina contra o HIV desenvolvida pela USP obteve resultados preliminares surpreendentemente positivos, afirmam os cientistas que o conduziram.

"Testamos a resposta imune dos animais e os resultados foram excelentes", conta Edecio Cunha Neto, pesquisador que liderou os trabalhos de desenvolvimento da vacina. "Os sinais foram bem mais intensos do que os que encontramos em camundongos", diz Susan Ribeiro, cientista associada ao projeto.

O aumento da resposta imune, comparado ao estudo com camundongos, foi de 5 a 10 vezes, dependendo do macaco testado.

A surpresa dos pesquisadores, que ministraram três doses separadas por 15 dias em quatro macacos-resos do Instituto Butantan, se deu pelo fato de que normalmente a reação a essa modalidade de vacinação é menor em primatas do que em roedores.

Trata-se de uma vacina de DNA. Os cientistas "escrevem" nessa molécula trechos de genes que codificam pedaços de proteínas do vírus causador da Aids.

Com a inserção do DNA no organismo, a ideia é que ele seja usado dentro das células para fabricar só essas miniproteínas (chamadas peptídeos), sem o vírus original.

Esses pequenos pedaços proteicos foram escolhidos com base em pacientes que têm resposta imune incomumente alta ao HIV. Estudos conduzidos desde 2001 chegaram a 18 peptídeos que são candidatos a produzir reação forte do sistema de defesa.

Testes feitos em camundongos modificados para ter imunologia similar à humana mostraram que é possível ensinar células responsáveis pela identificação de patógenos invasores a identificar esses peptídeos e atacá-los.

A premissa é que, se o sistema imunológico aprender a reconhecer esse material rapidamente e reagir para destruí-lo, é isso que ele fará ao encontrar o HIV de verdade.

Contorna-se, portanto, um dos maiores desafios de combate ao vírus: o fato de que ele costuma passar ileso pelo sistema imunológico, que não o reconhece como um invasor perigoso até que seja tarde demais. Como o HIV infecta justamente as células de defesa, ele desativa mecanismos do nosso organismo que nos defendem de infecções.

Os dados obtidos pelo projeto-piloto são animadores, mas ainda não consistem em prova definitiva de sucesso. Um dos problemas é o número reduzido de animais.

A ideia agora é expandir o teste para 28 macacos e desenvolver um protocolo diferente, que envolve outra forma de administrar a vacina.

Em vez de injetar o DNA diretamente no organismo, a proposta envolve incluir o DNA que codifica esses peptídeos do HIV no genoma de vírus "atenuados" -incapazes de causar infecção mas indutores de potentes respostas imunes. Uma opção seria usar o vírus da vacina da febre amarela em combinação com outros vetores virais, aparentados da vacina da varíola e do causador do resfriado nos chimpanzés.

O procedimento torna esses vírus uma espécie de dublê do patógeno mortal. Espera-se que a resposta imune seja ainda mais poderosa com o uso desse recurso.

Caso os testes sejam todos bem-sucedidos, estará pavimentado o caminho para os ensaios clínicos com humanos. O grupo da USP busca parceiros na iniciativa privada para conduzir essa etapa final, que envolve custos da ordem de R$ 250 milhões. Até o momento, a pesquisa consumiu cerca de R$ 1 milhão.

Cientistas usam técnica simples para criar células-tronco

REINALDO JOSÉ LOPES

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

29/01/2014 15h12

Cientistas do Japão e dos EUA descobriram uma receita que parece ridiculamente simples para fazer com que células adultas voltem a um estado semelhante ao embrionário: basta aumentar um pouco a acidez do meio onde elas estão sendo cultivadas. Poucas horas de exposição a um meio levemente ácido (pH de 5,5, enquanto o normal da água é 6) foi suficiente para "reprogramar" células dos mais diferentes tecidos de camundongos, do sangue ao fígado, relata a equipe liderada pela japonesa Haruko Obokata e pelo americano Charles Vacanti na revista científica "Nature".

Essa conquista é um sonho antigo dos pesquisadores que estudam a chamada diferenciação celular, ou seja, o processo que faz com que uma única célula, a do óvulo fecundado, dê origem a uma miríade de tipos celulares especializados, com forma e função próprias.

Afinal, a possibilidade de controlar esse processo permitiria, em tese, a produção de órgãos sob medida para transplante. Seria necessário apenas fazer uma biópsia de pele do paciente, por exemplo, e as células da epiderme seriam transformadas, em laboratório, nos tecidos "de reposição" necessários - sem riscos de rejeição, já que, do ponto de vista genético, elas seriam idênticas ao resto do corpo do paciente.

SEM DNA EXTRA

A reprogramação de células adultas já é rotineira hoje, mas os métodos atuais exigem a inserção, no DNA dessas células, de alguns genes a mais, sabidamente ligados à versatilidade (ou "pluripotência", como dizem os biólogos) das células embrionárias.

Isso é visto como um empecilho para o uso das células reprogramadas em pessoas, já que há o temor de que o DNA extra possa afetar a estabilidade dessas células.

Para contornar esse problema, Obokata, que trabalha no Centro Riken de Biologia do Desenvolvimento, partiu do princípio de que esse tipo de reprogramação celular parece acontecer em células de plantas e de salamandras expostas a fatores estressantes, como a acidez.

Como forma de testar a ideia, ela usou células do sangue de camundongos transgênicos, cujo DNA foi modificado com a presença da receita para a produção da GFP, substância que dá um brilho verde fluorescente aos bichos.

Aí é que está o pulo-do-gato (ou do roedor): a receita da produção da GFP foi "colada" a um gene que só fica ativo em células embrionárias ou reprogramadas. Ou seja, a proteína só "acenderia" se esse gene também fosse "ligado", indicando que a reprogramação tinha dado certo.

Foi o que aconteceu quando as células foram expostas à acidez. Vários testes mostraram que elas eram capazes de assumir a função dos mais diversos tecidos do organismo. De início, os cientistas tiveram problemas para multiplicá-las em laboratório, mas o uso de um "caldo" especial destinado à nutrição de células embrionárias pareceu resolver essa questão.

"Nossos achados sugerem que, de alguma forma, por meio de um processo de reparo natural, o estresse causado pela acidez leva as células a desligar os controles que as impedem de voltar ao estado embrionário", resumiu Charles Vacanti, que trabalha na Escola Médica de Harvard.

"Se isso funcionar em seres humanos, será a descoberta capaz de virar o jogo e disponibilizar terapias celulares que usam as células do próprio paciente como ponto de partida", declarou Chris Mason, chefe de medicina regenerativa do University College de Londres (Reino Unido).

Essa é a próxima grande pergunta: células humanas também reagirão dessa forma? Os cientistas também querem entender outro mistério: por que outras situações estressantes que as células enfrentam, dentro e fora do laboratório, aparentemente não são suficientes para desencadear o mesmo efeito.

Corrida pela nova tecnologia de recarga sem fio ganha força na CES

A CES está mostrando que empresas estão dispostas a aposentar o cabo ligado na tomada para recarregar seus gadgets. A recarga sem fio ganhou força na feira, por mais que a tecnologia ainda não tem pegado entre consumidores. E é isso que as

fabricantes tentam mudar.

A aposta da vez é a tecnologia de ressonância, capaz de carregar múltiplos aparelhos diferentes ao mesmo tempo e a distâncias maiores e com posições mais imprecisas do que a tecnologia de indução, que era aplicada até o momento. ConvenientPower, MediaTek, PowerbyProxi e WiTricity são empresas trabalhando para fazer isso acontecer, segundo a PCWorld.

A diferença entre os sistemas indutivos e os ressonantes são poucas, mas importantes. No primeiro caso, são necessárias duas bobinas perfeitamente alinhadas (uma no carregador, outra no aparelho); no caso da ressonância, isso não é necessário. Além disso, múltiplas bobinas podem ser utilizadas, permitindo que muitos aparelhos possam ser carregados ao mesmo tempo, segundo a MediaTek.

A WiTricity mostrou na feira um sistema de recarga à base de ressonância capaz de carregar dois smartphones ao mesmo tempo. É possível colocar a superfície de recarga embaixo da mesa e colocar seu aparelho em cima dela. Já a ConvenientPower anunciou o WoW Z, capaz de carregar por ressonância aparelhos com a tecnologia Qi já adotada por várias empresas. Ele seria capaz de funcionar em distâncias de até 1,8 centímetros, e seria três vezes mais potentes que outras soluções de Qi, com 65% de eficiência, diz a empresa.

A PowerbyProxi já teria um acordo com a Texas Instruments para a produção de uma tecnologia semelhante à da ConvenientPower. Enquanto isso, a MediaTek estaria apoiando tanto a WPC (Wireless Power Consortium), com responsável pelo Qi, quanto a concorrente PMA (Power Matters Alliance). A empresa teria mostrado um receptor capaz de funcionar com ressonância e indução e o fato de que a empresa está investindo nesta área deve significar que aparelhos baratos, que são seu ganha-pão, deverão receber tecnologia de recarga sem fio em breve.

Por enquanto não há previsão de chegada, mas com tantas empresas apoiando, é certo que o mercado deva ver um empurrãozinho nesta área. Vale lembrar que até a Intel apresentou um conceito de tigela inteligente capaz de recarregar aparelhos por ressonância na CES, e a Qualcomm também tem interesse no assunto.

6 substâncias que não dão a mínima para as leis da física

A física é uma grande sacana em que não se pode confiar. Basta caminhar para um penhasco e ver como ela está disposta a dar um chute no traseiro até dos maiores amantes da ciência apenas para provar que está certa. Felizmente, a humanidade tem as suas formas de enganá-la, com as leis da matéria e do movimento. Nós já mostramos em outros artigos, mas vale a pena reiterar que os gênios modernos são mais do que capazes de lograr a física com as irmãs gêmeas inovação e tecnologia.

6. O grafeno pode fazer quase tudo

Visível a olho humano em uma camada de apenas um átomo de espessura, capaz de dobrar-se em formas que fariam a minha mãe corar (e olha que isso não é pouca coisa) e muito provavelmente o material mais forte do mundo: o grafeno é, sem dúvida, um valentão de primeira.

Na verdade, ele mostra suas propriedades incríveis em quase todos os campos de força e condutividade. Ele transporta os elétrons 10 vezes mais rápido do que o silício e em breve poderá substituí-lo como material principal para transistores e peças de computador. Se isso não é impressionante o suficiente para você, que tal o fato de que o grafeno é tecnicamente um plástico, por isso não deveria ter nenhum papel em conduzir eletricidade – no entanto, ele desempenha esse papel melhor do que ninguém?

Estamos falando de uma condutividade que permite carregar iPhones em cinco segundos. Imagine um mundo com os carros elétricos que recarregam tão rapidamente quanto levariam para encher o tanque com gasolina, ou telefones de plástico dobráveis tão finos como uma folha de papel que recarregam no instante em que você os conecta no carregador. É exatamente esse tipo de coisa que o grafeno oferece.

E depois há a pequena questão de sua força. Misture o grafeno com metais e terá aumentado a sua resistência em 500 vezes. Também há o aerogel grafeno, um dos materiais mais leves do mundo. Um pequeno cilindro do aerogel grafeno pode ser colocado sobre uma flor e não chegar nem perto de amassar as suas pétalas.

5. LiquiGlide faz a fricção de boba

LiquiGlide é um revestimento insano e super escorregadio que impede literalmente o aderimento de qualquer coisa a ele. Os GIFs abaixo mostram o produto em ação. Veja uma garrafa de ketchup revestida com LiquiGlide:

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Esse foi o primeiro round. Aqui está o segundo, no qual o LiquiGlide é desafiado por uma substância ainda mais esperta, a maionese (se você não achava que maionese podia ficar mais nojenta, é hora de rever seus conceitos:

5--

A preocupação óbvia (uma vez que o produto está sendo demonstrado em recipientes de comida) é se o material é ou não seguro para o consumo. Afinal, mesmo maionese antiaderente não vale a pena se lhe dá uma noite de dor e intestinos antiaderentes. Não temais: LiquiGlide é feito de materiais completamente comestíveis e é insípido. Sinta-se livre para revestir seus pratos com a substância e nunca mais se preocupar com a hora de lavar a louça!

Claro, você terá que se preocupar com o menor movimento descuidado, que pode mandar seu macarrão com queijo voando do seu prato para o outro lado da sala de jantar – mas, ei, apenas aplique LiquiGlide nas paredes e está tudo certo. E no piso. E no sofá. Passe LiquiGlide em tudo.

Quem teria pensado que o mundo acabaria desta forma? Não com um estrondo, mas com o barulho sutil de tudo na Terra deslizando suavemente para longe no espaço.

4. Baterias em spray para transformar qualquer coisa em uma fonte de alimentação

Uma das maiores lutas diárias da vida moderna é o flagelo da bateria vazia. Se você já esteve se guiando pelo GPS do celular para um lugar totalmente desconhecido quando ele te deixou na mão, a ciência está aqui para resolver seus problemas.

Pesquisadores da Universidade Rice não são os primeiros a abordarem a questão da bateria, mas a sua solução é de longe a mais elegante. Eles estão planejando dar adeus à bateria convencional e substituí-la com um composto que pode ser aplicado com spray em qualquer superfície.

Veja como funciona: uma bateria de íons de lítio convencional é feita de ânodo, cátodo e eletrólito. Estes ingredientes são montados para formar a bateria física que todos nós conhecemos e com a qual nos decepcionamos constantemente. Os cientistas a transformaram em uma versão spray simplesmente através da liquefacção de cada um dos componentes – presumivelmente enquanto acariciavam um gato branco e resmungavam sobre como eles falharam pela última vez, ao melhor estilo de vilão de Hollywood. Assista o vídeo demonstrativo:

A técnica parece funcionar em praticamente qualquer material, desde aço, indo para madeira, chegando até mesmo a… canecas de cerveja inovadoras? Ninguém disse que você precisava fazer ciência sóbrio, não é?

Tudo que você tem a fazer é pulverizar a bateria sobre uma superfície e começar a alimentar o seu dispositivo instantaneamente.

No entanto, por mais atraente que possa parecer ligar o seu computador portátil deste jeito, vale a pena lembrar que a tecnologia não está exatamente em fase comercial ainda. Construir uma bateria em spray funcional requer várias camadas de diferentes “tintas”, e anexar uma ao seu gadget preferido requer um pouco de fiação criativa.

3. Polímero “Exterminador do Futuro” que se cura sozinho

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As substâncias autocura que a ciência conseguiu desenvolver no passado foram de uma qualidade relativamente baixa, consertando apenas pequenas fissuras com resina de uma forma que é mais próxima ao modo como o corpo cura lentamente pequenas feridas. O que estamos prestes a te mostrar é algo completamente diferente. Conheça o primeiro polímero realmente autocurável do mundo:

Se você não quiser assistir ao vídeo, aqui vai um passo-a-passo. Primeiro, eles cortaram um pedaço da coisa pela metade.

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Em seguida, eles colocaram as peças juntas novamente e saíramm, por exemplo, para almoçar por duas horas.

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E então… Ah meu pai, isso não pode ser real!

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Finalmente, um descrente apavorado agarra a peça restaurada e a estica, tentando encontrar provas da ferida, mas não descobre nada.

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O polímero pode realmente se curar de basicamente qualquer dano dentro de um par de horas e com uma eficiência de 97%, representando, assim, uma ameaça para o superpoder de cura do Wolverine. Não é apenas um produto extravagante de cientistas – na verdade, o material é barato, bastante simples de fazer e possivelmente estará disponível em breve para todos. Os pesquisadores até apelidaram o material de “Terminator Polymer”, como uma homenagem à famosa máquina de matar de metal líquido de autocura de O Exterminador do Futuro.

2. Metamaterial metamorfo que tem memória

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Pesquisadores da Universidade de Cornell recentemente se depararam com um tipo de metamaterial de DNA metamorfo – um hidrogel sintético que pode lembrar a sua forma original e voltar a ela.

No começo, é apenas o líquido em um prato. Ei, vamos adicionar um pouco de água e ver o que acontece.

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Espera, isto está se movendo por conta própria?

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É quase como se essas manchas vermelhas estivessem formando uma espécie de… Ah meu Deus, está tentando se comunicar!

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Essas letras que soletram “DNA” eram, na verdade, a forma original do material e a adição de água agiu como um sinal para que ele retomasse seu formato. O material também consegue realizar o mesmo truque em 3D.

Apesar de soar como um daqueles animais de brinquedo que você colocava na água e que cresciam até virarem uma coisa grande e viscosa, quem pensa assim está enganado. Na verdade, o que está acontecendo aqui é tão estranho que até mesmo os próprios cientistas não são capazes de explicar exatamente como funciona.

Mas, ei, não se preocupe com o fato de que os acadêmicos creem que esse material se compara a um famoso monstro tecnológico assassino, que está além de sua compreensão e sobre o qual eles não têm absolutamente nenhum controle. Quer dizer, provavelmente você deveria se preocupar, mas o que diabos você pode fazer a respeito?

1. Starlite é imune ao calor (e explosões nucleares)

Starlite pode soar como um membro particularmente infeliz dos X-Men da década de 1990, porém, na verdade, é praticamente a substância mais legal do mundo. Este material pode suportar temperaturas extremamente altas e permanecer inalterado.

O Starlite não é o produto de uma equipe profissional de pesquisa ou mesmo um acidente radioativo numa discoteca russa que produziu o super-herói mais descontraído desde Gelado, de “Os Incríveis”. O material foi inventado por um químico amador talentoso chamado Maurice Ward, que de alguma forma conseguiu cozinhá-lo em sua casa, há duas décadas. Desde então, passou a se tornar um dos segredos mais bem guardados do mundo da ciência.

Dê uma olhada:

Aqui temos um ovo perfeitamente normal, sendo aquecido com um maçarico de oxi-acetileno.

O apresentador, em seguida, pega o ovo super aquecido como se não fosse grande coisa, apesar de sua superfície ter sido exposta a 3315° C, o ponto de fusão do diamante.Depois, ele quebra o ovo para nos mostrar que ele não está nem mesmo ligeiramente cozido.

Aqui está o que acontece com papel normal, sob a tocha de acetileno:

E aqui está como papel revestido de Starlite se comporta, em comparação:

Inicialmente, os cientistas se recusavam a acreditar nas propriedades quase mágicas do Starlite, o que não era surpreendente, considerando o seu nome piegas e requintado local de nascimento da “cozinha de um cara”. Alguns acreditam que é uma farsa; outros, uma conspiração. No entanto, teste após teste após teste, realizados por todos os tipos de peritos independentes, mostraram que poderia fazer tudo o que prometia e mais: pesquisadores militares obtiveram uma amostra e a submeteram a temperaturas próximas a mais de 5500° C e até mesmo a um flash nuclear equivalente a 75 Hiroshimas. Esse pequeno chamuscado que pode ser observado abaixo é o único prejuízo registrado.

Ambas Boeing e NASA manifestaram interesse na subtância, visto que esta poderia revolucionar o mundo. Ward chegou a negociar a venda do produto, que não deu certo porque ele se recusou a dar a receita para o Starlite. Ele iria licenciar a produção tanto quanto quisessem, contudo exigia que a receita continuasse exclusivamente sob seu poder. Ele até mesmo recusou-se a patentear o composto, uma vez que isto o obrigaria a revelar seus segredos.

Infelizmente, Ward morreu em 2011, e Starlite está longe de ser visto. Ainda assim, há esperanças: há rumores de que a família de Ward está em posse da receita, de modo que, a não ser que o governo norte-americano a tenha declarado Top Secret – o que pode ter realmente acontecido – você ainda pode ter a chance de, um dia, deslizar pelas ondas de lava de um vulcão em uma prancha super-resistente. [Cracked]

Retrospectiva 2013: os maiores avanços da Ciência no ano

O ano de 2013 foi palco de descobertas e avanços científicos incríveis, e muitos deles foram publicados aqui no Mega Curioso. Então, que tal relembrar algumas das notícias mais impactantes da Ciência com uma breve retrospectiva? Nós aqui da redação selecionamos 10 das mais significativas, as quais você pode conferir a seguir:

1 – Supervelocidade

Fonte da imagem: Reprodução/Universidade de Leicester

Um grupo de estudantes de física da Universidade de Leicester, na Inglaterra, finalmente matou a curiosidades de milhares de fãs de filmes de ficção científica ao criar uma representação gráfica que mostra o que veríamos se pudéssemos ultrapassar a velocidade da luz.

2 – Fábrica de órgãos

Fonte da imagem: Reprodução/Discovery News

Durante o ano testemunhamos grandes avanços no sentido de criar estruturas funcionais a partir de células-tronco, e os cientistas já conseguiram produzir vários órgãos humanos — como pele, orelha, nariz e coração — em laboratório.

3 – Primata de 55 milhões de anos

Fonte da imagem: Reprodução/The Verge

O fóssil do primata mais antigo de que se tem notícia — com 55 milhões de anos — foi encontrado no leito de um lago na China e, segundo os cientistas que o encontraram, trata-se de uma espécie até então desconhecida que poderia explicar o surgimento dos humanos, grandes primatas e outros símios.

4 – Genoma ancestral

Fonte da imagem: pixabay

Uma equipe de cientistas dinamarqueses conseguiu decodificar o genoma mais antigo da História a partir do material obtido de um fóssil de cavalo de 700 mil anos.

5 – Guerra contra o HIV

Fonte da imagem: shutterstock

Entre novas vacinas, equipamentos para realização de diagnósticos e terapias inovadoras, em 2013 os avanços na busca de uma forma de aniquilar o HIV e encontrar uma maneira de curar os doentes foram gigantescos.

6 – Fast food sintético

Fonte da imagem: Reprodução/The Verge

Pesquisadores europeus desenvolveram — e inclusive ofereceram uma seção de degustação — o primeiro hambúrguer cultivado em laboratório do mundo, produzido a partir de células-tronco de bovinos.

7 – Gigante adormecido

Fonte da imagem: Reprodução/Phys.org

O maior vulcão do planeta — e um dos maiores do sistema solar inteiro! —, ocupando uma área superior a 310 mil quilômetros quadrados e medindo 3,5 quilômetros de altura foi descoberto submerso no Oceano Pacífico, ao leste do Japão. Por sorte, Tamu Massif (como é chamado) está inativo há 114 milhões de anos, e tomara que permaneça assim.

8 – Boa viagem, Voyager 1

Fonte da imagem: Reprodução/NASA

Lançada ao espaço em 1977, a sonda espacial Voyager 1 foi o primeiro objeto construído pelo homem a deixar o sistema solar e alcançar o espaço interestelar.

9 – A água quente e o gelo

Fonte da imagem: shutterstock

Desde a antiguidade já se sabia que a água quente — por alguma razão misteriosa — congela mais rapidamente do que a fria, mas foi apenas este ano que cientistas de Cingapura apresentaram um estudo que finalmente parece solucionar essa questão.

10 – Regeneração

Fonte da imagem: shutterstock

Pesquisadores descobriram por acidente que o gene Lin28a — que fica ativo no início da vida, mas se torna inativo conforme os tecidos ficam mais maduros — é capaz de reprogramar as células somáticas humanas de forma que elas voltem ao seu estado embrionário. Essa descoberta permite o avanço nos estudos sobre a regeneração de membros amputados.

Descobertas menores, mas interessantes:

- Não fumar melhora dores nas costas: um estudo publicado em dezembro no Journal of Bone and Joint Surgery identificou que pessoas que nunca haviam fumado ou que abandonaram o vício relataram dor significativamente menor nas costas e pernas.

- Risco de depressão é maior em consumidores de fast-food: a ingestão de alimentos gordurosos pode aumentar o risco de depressão em 51%, de acordo com pesquisa divulgada no Public Health Nutrition. Isso vale não só para fast-food, quitutes de padaria também se incluem: croissant, bolos, entre outros.

- Quiropraxia pode ser mais eficaz que remédios no combate a dor no pescoço: a quiropraxia se dedica ao tratamento de problemas músculo-esqueléticos, através de técnicas de terapia manual, exercícios e orientação postural. Em estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine, foi observado que pessoas que se submeteram à prática dela se recuperaram melhor do que outras que se utilizaram de exercícios físicos e remédios.

- Acupuntura produz efeitos positivos duradouros para quem sofre de enxaqueca: pesquisa feita com 500 adultos na China descobriu que acupuntura reduz frequência e intensidade de enxaquecas.

- Ficar muito tempo sentado reduz expectativa de vida: pesquisa desenvolvida na Austrália identificou relação entre tempo que as pessoas passam sentados e diminuição da expectativa de vida. Segundo estudo, cada hora sentado “rouba” 21 minutos de vida. Uma das possíveis explicações é a ausência prolongada de contração dos músculos das pernas.

- Refrigerante em excesso aumento risco de asma: refrigerante, além de ser pouco nutritivo, quando consumido em demasia contribui para o desenvolvimento de doenças respiratórias, conforme estudo publicado no periódico Respirology.

- Caminhada diminui riscos de doenças cardíacas e diabetes: Mas tem que acelerar o passo. Especialistas afirmam que a intensidade é mais importante até que a duração,para quem quer garantir melhor qualidade de vida e reduzir chances de problemas do coração.

- Cirurgia de catarata chega a reduzir até 28% do risco de queda do idoso: os benefícios já eram previstos, porém esse foi o primeiro estudo relevante sobre quão benéfica a cirurgia poderia ser.

CIÊNCIA DÁ PASSOS DE GIGANTE: AS DEZ MAIORES DESCOBERTAS DE 2013

A origem dos raios cósmicos, a utilidade do sono, novas abordagens na luta contra o câncer: a pesquisa científica em 2013 foi longe, e promete muito mais no futuro.

Por: Equipe Oásis ( no Brasil 247 )

Como em todo final de ano que se respeite, chegou o momento de prestar contas. As feitas pela revista Science a respeito das descobertas científicas mais importantes do ano que termina estão entre as mais abalizadas e esperadas. Entre o sono que restaura as energias, a origem dos raios cósmicos e novas terapias contra o câncer, aqui estão os estudos mais marcantes feitos em 2013

As dez mais da ciência:

A imunoterapia treina o sistema imunológico para que aprenda a atacar as células cancerígenas

1. A imunoterapia contra os tumores. O primeiro prêmio para a área de pesquisa mais útil e promissora toca este ano a uma abordagem totalmente inovadora na luta contra o câncer. A imunoterapia consiste na ativação do sistema imunológico, que normalmente está empenhado na proteção do corpo contra os perigos externos, para que lute também contra as células. A técnica na verdade remete aos anos 80, sobretudo ao trabalho do cientista James Allison, que agora opera na University of Texas MD Anderson Cancer Center di Houston. Ela consiste na manipulação dos linfócitos T (células fundamentais para a resposta imunológica) bloqueando com anticorpos um seu receptor específico, de modo a que essas células respondam contra os tumores, enfrentando-os. Resultados clínicos encorajadores já foram obtidos com esse tratamento na luta contra as metástases de melanoma e contra algumas formas de leucemia, embora ainda subsistam algumas dúvidas quanto aos efeitos colaterais dessa terapia.

2. "Microcirurgia" genética. O segundo lugar toca a uma complexa técnica de manipulação genética chamada CRISPRs (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) que consente intervir com muita precisão em genes de células animais e vegetais, modificando-as, ativando-as ou eliminando-as.

3. O cérebro transparente. Ela se chama "clarity", clareza, e é uma nova técnica de visualização cerebral que permite a observação de pequenas áreas do cérebro (até o momento, do cérebro de ratos) com grande clareza. Removendo a camada de lipídios da membrana celular, que normalmente interfere na passagem da luz, o cérebro aparece transparente aos instrumentos de observação e desse modo o seu estudo se torna muito mais fácil. O vídeo abaixo mostra como funciona a nova tecnologia "clarity".

4. Células tronco de embriões humanos. Uma nova técnica que lança mão, entre outras coisas, do uso da cafeína. Ela permitiu a obtenção de células tronco (células capazes de se diferenciar em qualquer outro tipo de célula humana) a partir de embriões humanos clonados com finalidades terapêuticas. Trata-se de um desafio ligado às complexas implicações éticas que o tema encerra, mas capazes de oferecer novos desenvolvimentos para a cura e a pesquisa de doenças até agora incuráveis.

5. Miniórgãos em proveta. Trata-se de obter, a partir de células pluripotentes, pequenos modelos de órgãos humanos não maiores que um grão de arroz, mas com tecidos extremamente similares aos do nosso fígado, dos nossos rins e do nosso cérebro. Tal feito foi alcançado por pesquisadores do Instituto de Biotecnologia de Viena. Esses estudiosos usaram esses pequeninos órgãos para fazer testes e experimentos, poupando desse modo as cobaias animais.

6. A origem dos raios cósmicos. Um século após a sua descoberta, e graças ao trabalho do telescópio espacial Fermi Gamma-ray, sabemos agora de onde provêm os raios cósmicos. Eles surgem das ondas de choque provocadas pela explosão de estrelas particularmente grandes (supernovas) e das nuvens de gás e de poeiras criadas por esses fenômenos.

7. Energia limpa a baixo custo. No campo das descobertas tecnológicas assinala-se a criação de unidades fotovoltaicas a base de perovskite, mineral econômico e fácil de ser produzido. Tais unidades são capazes de converter em eletricidade cerca de 15% da energia dos raios solares que captam. Elas ainda não alcançaram a eficiência das unidades fotovoltaicas a base de silício, mas o desenvolvimento dessa tecnologia é muito promissor.

8. Dormir é limpar. 2013 foi um ano importante também para as pesquisas sobre o sono. Confirmou-se que durante essa fase da nossa vida o cérebro é "limpo" das proteínas que acumulou em excesso. Esse depósito excessivo de proteínas, como se sabe, pode favorecer o aparecimento de doenças degenerativas como o Alzheimer. Quem faz a limpeza do cérebro é o líquido cerebroespinhal que, durante a noite, flui em toda parte no interior do nosso órgão pensante.

9. As bactérias são nossas aliadas. Os micróbios que povoam o corpo humano desempenham um papel vital na proteção de algumas doenças, para tornar mais eficazes algumas terapias (por causa do seu papel no sistema imunológico) e para responder a situações de desconforto e privação física, como a má nutrição.

10. Vacinas e design. Quando se trata de criar uma vacina, o seu "look" molecular conta muito: a análise da disposição e da estrutura das suas moléculas pode ajudar a criar vacinas com objetivos específicos, como aconteceu no caso do estudo sobre a vacina contra o vírus respiratório sincicial humano, responsável por infecções que atingem milhões de crianças todos os anos.

Fontes:

http://hypescience.com/5-descobertas-da-fisica-que-mudaram-profundamente-como-vemos-o-mundo/

http://hypescience.com/6-substancias-que-nao-dao-a-minima-para-as-leis-da-fisica/

http://www.megacurioso.com.br/ciencia/40447-retrospectiva-2013-os-maiores-avancos-da-ciencia-no-ano.htm

http://www.ype.ind.br/noticias/descobertas-cientificas-de-2012-para-voce-se-atentar-em-2013/

http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/125653/Ci%C3%AAncia-d%C3%A1-passos-de-gigante-As-dez-maiores-descobertas-de-2013.htm

http://olhardigital.uol.com.br/noticia/39700/39700

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/02/1413154-vacina-anti-hiv-da-usp-passa-em-teste-inicial-com-macacos.shtml

http://pdf.redetribuna.com.br/2015/marco/10-03-2015/no10031502.pdf

http://www.e-farsas.com/brasileiro-inventa-um-carro-movido-a-agua-sera-verdade.html

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/01/1404567-cientistas-reprogramam-celula-adulta-para-estado-similar-ao-embrionario.shtml