Dossiê da Morte - A certeza de todos os vivos...

Post date: 03/04/2014 00:49:28

Vaidade e envelhecimento

Por que a beleza está associada a juventude?

A vaidade boa e a vaidade má A vaidade, na Psicanálise, está ligada ao conceito de narcisismo. Mas, para facilitar o entendimento e evitar uma exposição teórica, vamos falar de forma mais simples. A vaidade é natural do ser humano. E quando em equilíbrio, promove a saúde e o bem estar do sujeito. Uma vaidade diminuída também tem suas conseqüências, pois o sujeito disponibiliza poucos cuidados para si. Entretanto, de modo geral, nossa sociedade encontra-se num momento de vaidade excessiva. A sociedade moderna busca a felicidade. Este é o valor de maior importância da atualidade. As noções de beleza e juventude estão atreladas à felicidade, e por isso, tão valorizadas. Agora, os exageros, sejam para mais ou para menos, podem representar questões psíquicas que estão em desequilíbrio, em desarmonia, e surgem como sintomas no excesso de vaidade. Aprendemos na infância Os contos de fadas procuram estabelecer o valor moral do bem sobre o mal. É a princesa boa, que é judiada pela madrasta má. E no final da história, a felicidade é alcançada pela princesa boa. Porém, há uma dicotomia nos contos de fadas, pois a beleza física está atrelada ao bem. Nos contos originais, o belo pode ser lido como beleza estética, mas também como O Bem. Se pensarmos nos filmes, desenhos e revistas que trazem esses contos, as princesas sempre são belas fisicamente. E numa sociedade cuja imagem é um modelo forte, a beleza física das princesas se sobressai à beleza moral. O apego à juventude é um modo de negar o envelhecimento.Perda da juventude A beleza é um conceito estético e, por si só, não está atrelada ao envelhecimento. Um quadro não deixa de ser belo por ter sido pintado há 60 anos. Porém, em relação ao homem, a beleza está ligada à juventude. Uma mulher de 60 anos, embora possa ser muito bonita, não é considerada como tal por ter perdido os predicados da juventude. E o apego à juventude é um modo de negar o envelhecimento, e por sua vez, a morte. Na realidade, é a morte que o homem moderno não suporta. É o desconhecido que apavora o ser humano, pois não há registro da própria morte no inconsciente do sujeito. E numa tentativa de lidar com o pavor da morte, o homem busca negar a própria morte através da tentativa de manutenção da juventude que se perde ao longo do tempo.

Ideal de beleza

Existe um ideal de beleza em nossa sociedade que é inalcançável, o que provoca a busca incessante pelos mais diversos métodos estéticos.

A busca por esse ideal de beleza não permite a existência das diferenças. Se essa busca é exacerbada, é importante que a pessoa busque um tratamento analítico, pois esse exagero de vaidade é um sintoma de um sofrimento psíquico que precisa de cuidados.

Queen - Who Wants To Live Forever - Legendado - Highlander

Clipe da banda Queen, trilha sonora do filme "Highlander"

Connor MacLeod (Christopher Lambert), um guerreiro escocês do século XVI, imortal e, após algum tempo, encontra Juan Ramirez (Sean Connery), imortal como ele. Ramirez o ensina a manejar uma espada, pois a única forma de matar um imortal cortando sua cabeça. Após alguns séculos, surge um inimigo, imortal como ambos, que pretende decapitar Connor, para se tornar o único imortal da face da Terra.

Quem quer viver 1 000 anos?

Nunca tantas pessoas viveram por tanto tempo. Até onde o homem vai conseguir chegar? Há quem afirme que podemos durar muito mais

por Celia Demarchi

O sonho da vida eterna é tão antigo quanto a autoconsciência humana da inevitabilidade da morte. Segundo os textos bíblicos, é acalentado desde o dia em que a curiosa Eva se rendeu à tentação do conhecimento, experimentou o fruto proibido e foi expulsa do paraíso da inconsciência, ao descobrir-se mortal. O fato é que, do primeiro casal para cá, não somente perdemos a prerrogativa da imortalidade como também alguns séculos de vida, pois dizem que Adão teria morrido aos 930 anos. Desde então, a pessoa que, comprovadamente, viveu mais tempo foi a francesa Jeanne-Louise Calment, morta em 1997, aos 122 anos – sinalizando que esse seria aproximadamente o limite de sobrevivência do corpo humano. Mas há quem desafie esse senso comum. O biogerontologista inglês Aubrey de Grey está convencido de que o envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como incuráveis. De Grey, que é formado em ciência da computação, mas se tornou um dos principais teóricos do mundo em longevidade humana, trabalha atualmente no Departamento de Genética da Universidade de Cambridge. Ele já comparou o corpo humano a um carro. Com manutenção periódica e adequada – conserta um defeito aqui, põe um lubrificante ali, troca uma peça velha acolá –, dá para aumentar significativamente a vida útil de um carro. Embora o corpo humano seja muito mais complexo do que um carro, De Grey acredita que é possível fazer o mesmo, combatendo regularmente os processos que levam ao envelhecimento e à morte das células.

Vida pra chuchu

Para estimular as pesquisas sobre a longevidade, De Grey criou há alguns anos a Fundação Matusalém, cuja principal atividade é promover um concurso para premiar a equipe de cientistas que conseguir prolongar por mais tempo a vida de um Mus musculus, uma espécie de camundongo comumente utilizada em experiências em laboratório. O recordista atual é um exemplar que viveu 1 819 dias, o dobro da média desse animal. A intenção de De Grey é que os resultados obtidos com camundongos chamem a atuação de empresas dispostas a investir na pesquisa sobre a longevidade humana. Se tudo correr conforme prevê o cientista inglês, em dez anos a ciência conseguirá prolongar significativamente a vida de camundongos. E, aplicando-se o conhecimento adquirido com essas experiências, até 2030 já será possível aumentar a expectativa de vida do homem para algo em torno de 130 anos – quase o dobro da média mundial atual. De Grey vai mais longe em seus prognósticos para lá de otimistas. Em um artigo publicado no final de 2004 no site da rede BBC, ele disse acreditar que a primeira pessoa a viver até 1 000 anos já está entre nós e tem hoje por volta de 60 anos. É difícil encontrar na comunidade científica quem faça coro às previsões mirabolantes de De Grey. A opinião predominante é que, a despeito de toda a tecnologia, não deverá haver avanços significativos na longevidade humana em um futuro próximo. Sobre o assunto, cientistas reunidos em um painel promovido há alguns anos pela revista Scientific American não deram motivos para muito otimismo: considerando todas as conquistas iminentes, como a terapia gênica e a possibilidade de substituição de quase todos os órgãos naturais, e mesmo a hibernação humana, a expectativa de vida no planeta alcançará, quando muito, 140 anos... Em 2500!

Mas, se ainda não descobriu a improvável receita da imortalidade, a humanidade já obteve conquistas sólidas, em especial no último século: nunca na história tantos viveram tanto como nos dias atuais. A faixa da população que mais cresce no mundo é a dos idosos, sobretudo os com mais de 100 anos – que, segundo as previsões, no ano de 2050 formarão um grupo 20 vezes maior que o de centenários do ano 2000. A maioria deles viverá nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, estima-se que haverá 131 000 pessoas com um século ou mais de vida em 2010 e 834 000 em 2050. Entre 1990 e 2020, aumentará 74% o número de idosos de 65 a 74 anos naquele país, onde a expectativa de vida ao nascer saltou de 47,3 anos no início do século passado para 78 anos ao seu final. No Japão, atualmente, a expectativa de vida ultrapassa 80 anos, enquanto no Brasil chegou a 71,3. A média mundial situa-se em 66 anos – 20 mais do que em 1959.

Para se ter uma idéia do extraordinário avanço que isso representa, basta dizer que, entre os antigos romanos, a expectativa de vida era de 20 anos. Um terço deles sucumbia antes dos 6 anos e apenas 60% sobreviviam até os 16. Aos 26 anos, 75% haviam desaparecido e, aos 46, a morte já havia tolhido 90% dos romanos. À condição de ancião, alcançada aos 60, somente chegava 3% da população.

Mas, enquanto antigamente nos perguntávamos se chegaríamos a envelhecer, hoje a questão é: será que vale a pena prolongar tanto o período da vida em que somos naturalmente mais frágeis e vulneráveis? Segundo o estudo Our Ageing World (Nosso Mundo que Envelhece), de Justin Healey, publicado em 2003, na Austrália, a resposta é sim, a vida vale a pena mesmo aos 100 anos. A pesquisa constatou que apenas um terço dos centenários vive acamado e precisa de cuidados constantes. Um outro terço precisa de alguma ajuda e o restante é capaz de viver com independência. O mesmo autor afirma que somente 3% a 4% das pessoas com 60 a 74 anos são dependentes de cuidados de terceiros e que, entre os que têm de 75 a 85 anos, esse índice sobe para 10%. Após os 85 anos, 21% dos homens e 28% das mulheres precisam de ajuda no dia-a-dia – o que significa que mais de 70% conseguem dar conta de si mesmos. E esse percentual tende a crescer.

Bons e maus hábitos

A conquista de uma existência mais longa no século 20 resultou da melhoria das condições sanitárias nas cidades, com a criação de serviços públicos de saúde. Além disso, a ciência descobriu vacinas e antibióticos que possibilitariam a prevenção de doenças e o controle de epidemias. Se não para ampliar ainda mais a longevidade, o aumento do nível educacional e de renda deverá contribuir para melhorar a qualidade de vida na terceira ou – talvez possamos dizer – quarta idade. Até porque essas são condições importantes para o acesso à avalanche de informações sobre cuidados com a saúde que tem jorrado dos veículos de comunicação nas últimas décadas e despertado a consciência de que viver mais e melhor depende também de hábitos saudáveis. Sabe-se hoje, por exemplo, que o consumo excessivo de calorias é prejudicial à saúde. Um estudo da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, de 2001, demonstrou que dietas pobres ou isentas de gordura animal podem resultar em ganho de dois anos de vida e que exercícios diários moderados ajudam a aumentá-la em seis anos. Além disso, o estudo revelou que fumantes vivem em média 10 a 11 anos menos do que não-fumantes. Enquanto se multiplicam no mundo os estudos sobre bons e maus hábitos, os cientistas matutam para encontrar drogas capazes de curar ou impedir o surgimento das doenças que acometem os mais idosos, como o Alzheimer, além das herdadas geneticamente. Inventam órgãos artificiais. Aprendem a corrigir genes defeituosos. Aprimoram técnicas de transplante e conhecimentos sobre células-tronco que, no futuro, servirão para cultivar novos órgãos – da pele ao pênis, do coração ao fígado. E se debruçam sobre o mapa genético humano na tentativa de encontrar uma causa específica para o envelhecimento.

Os cientistas querem descobrir agora como funciona o relógio orgânico que, fatalmente, conduz o ser humano ao fim. Eles até já teriam pistas do funcionamento do gene responsável por desencadear o processo. Se um dia se desvendará o mistério, ainda não se sabe. Mas, na dúvida, é melhor começar a pensar. Se o inglês De Grey estiver certo, você corre o risco de se aposentar aos 65 anos e viver até 1 000 anos. E aí: o que faria para não morrer de tédio nos 935 anos que ganharia de lambuja?

Tendências

• CENTENÁRIOS

No mundo todo, a faixa da população que vem crescendo mais é a dos idosos, sobretudo aqueles com mais de 100 anos. No ano de 2050, eles deverão formar um grupo 20 vezes maior que o de centenários do ano 2000.

• PERSPECTIVA

Mesmo levando-se em conta os avanços da ciência que devem ocorrer nos próximos anos, a maioria dos cientistas se mantém cética quanto à possibilidade de um aumento dramático na expectativa de vida do homem neste século.

• QUALIDADE DE VIDA

Se não vamos viver muito mais, ao menos deveremos viver melhor durante a velhice. O número de idosos que conseguem viver sem a ajuda de outras pessoas tende a crescer.

Eterna obsessão

Para o movimento transumanista, a tecnologia vai mudar o homem e, cedo ou tarde, torná-lo imortal

Enquanto os místicos tentam transcender os limites do corpo pela força espiritual, alguns pensadores, na direção oposta, acreditam que poderemos chegar ao paraíso pelo caminho da ciência e da tecnologia. Eles se autodenominam “transumanistas” e acreditam que a humanidade será radicalmente modificada pela tecnologia no futuro – a tal ponto que, em algum momento da história, nossos descendentes deixarão de ser, sob muitos aspectos, seres humanos. Uma das idéias combatidas pelos transumanistas é que o envelhecimento e a morte são acontecimentos inevitáveis. Mas, ao contrário de algumas religiões, que pregam a imortalidade espiritual ou a vida depois da morte, os transumanistas acreditam na possibilidade da imortalidade física. Para isso, bastaria superar as atuais limitações biológicas do homem, por meio dos avanços esperados em áreas como nanotecnologia, engenharia genética e cibernética. Para os transumanistas, cedo ou tarde, vai chegar o dia em que a morte só ocorrerá por acidente ou por decisão voluntária. Um dos principais teóricos do transumanismo foi o escritor F.M. Esfandiary. Filho de um diplomata iraniano, ele nasceu na Bélgica, em 1930, e escreveu algumas obras de ficção científica antes de mudar seu nome para FM-2030, por acreditar que viveria pelo menos até os 100 anos. “Eu não tenho idade. Nasço e renasço todos os dias. Pretendo viver para sempre. E provavelmente viverei, a não ser que ocorra um acidente”, disse certa vez.

FM-2030 morreu em 2000, aos 69 anos, vítima de câncer no pâncreas. Seu corpo foi congelado na Alcor Life Extension Foundation, nos Estados Unidos, seguindo a prática da criogenia, que consiste em preservar o corpo à baixa temperatura – à espera de um dia em que a ciência possa ressuscitá-lo e realizar sua obsessão de vida eterna.

Manipulação genética permite a verme viver 5 vezes além do habitual

O verme C. elegans teve o seu genoma decifrado em 1999

Um experimento realizado com sucesso em dois vermes da espécie C. elegans permitiu que os animais tivessem seu tempo de vida multiplicado por cinco.

ENVELHECIMENTO

Agora, cientistas do Buck Institute of Age Research, na Califórnia, nos Estados Unidos, afirmam que se a técnica puder ser aplicada a mamíferos, dará a seres humanos a capacidade de viver por até 500 anos.

Publicado na edição de dezembro do periódico científico Cell Reports, o experimento consistiu na manipulação genética dos vermes e, em termos práticos, dizem seus autores, aumenta a eficácia e intensidade de tratamentos anti-idade baseados em interações genéticas.

Em laboratório, um time liderado pelo cientista Pankaj Kapahi bloqueou moléculas-chave que afetam a ação da insulina no organismo dos vermes e também uma proteína chamada alvo da rapamicina (conhecida pela sigla mTOR).

Assim, as mutações provocadas na mTOR se mostraram capazes de extender o tempo de vida dos C. elegans em 30%, ao passo que as mutações na ação da insulina chegaram a dobrar o tempo de vida dos vermes.

A junção das duas mutações, esperavam os cientistas, iria extender a longevidade dos vermes em 130%, mas a combinação das alterações em laboratório mostrou ter uma capacidade muito maior do que a estimada.

Vermes do tipo C. elegans vêm sendo amplamente usados em estudos referentes a envelhecimento e longevidade.

"O que vimos foi um aumento sinergético de cinco vezes no tempo de vida. As duas mutações desencadearam uma resposta positiva em tecidos específicos, ampliando a durabilidade dos vermes", diz Kapahi, na divulgação do estudo. "Basicamente, os vermes viveram o que para um ser humano equivaleria a uma idade entre 400 e 500 anos."

Pesquisas futuras usando a mesma técnica devem ocorrer com camundongos e assim verificar se o efeito surtido nos vermes é repetido em mamíferos.

Santa Muerte

Santa Muerte é uma figura sagrada venerada no México, provavelmente um sincretismo entre crenças católicas e mesoamericanas.1 A cultura mexicana mantém desde a era pré-colombiana uma certa reverência em relação à morte,2 manifestada em celebrações sincréticas como o Dia dos Mortos.3 Entre os elementos católicos da celebração está o uso de esqueletos para lembrar as pessoas de sua mortalidade.4

A Santa Muerte geralmente aparece como uma figura esquelética, vestida com um longo manto e carregando um ou mais objetos, normalmente uma gadanha e um globo. O manto costuma ser branco, mas representações da figura variam significantemente de pessoa a pessoa de acordo com o pedido do devoto ou do ritual a ser apresentado.5 Como o culto a Santa Muerte era clandestino até recentemente, a maioria das preces e outros rituais eram feitos de forma privada, em casa.4 Entretanto, nos últimos dez anos, a veneração tornou-se mais pública, especialmente na Cidade do México. O culto é condenado pela Igreja Católica no país, mas está firmemente entranhado nas tradições das classes baixas e marginalizadas do México.1 O número de fiéis da Santa Muerte cresceu nos últimos vinte anos, chegando a aproximadamente dois milhões de seguidores,2 além de atravessar fronteiras, alcançando as comunidades mexicanas dos Estados Unidos.3Origens

De forma similar a outras culturas pelo mundo, deidades pré-cristãs no México são algumas vezes sincretizadas como santos. Por outro lado, na Espanha a expressão santa muerte pode ser simplesmente interpretada como "a sagrada morte". Desta forma, Santa Muerte pode ser simplesmente uma representação da reinterpretação folclórico-religiosa da prática da Igreja Católica Romana de orar para receber um morto em estado de graça.6

Santa Muerte é também adorada pela Iglesia Católica Tradicionalista Mexicana-Estadounidense, uma igreja sem relação com a Igreja Católica Romana.7

AparênciaSanta Muerte é geralmente vestida como o anjo da morte, carregando uma gadanha e uma balança (que pode ser reminiscente de São Miguel. Ela também pode estar vestida com um manto vermelho e uma coroa dourada; nesta forma, a veem como uma variação da Virgem Maria.

Estátuas de Santa Muerte são confeccionadas em vermelho, branco, verde e preto, para o amor, sorte, sucesso financeiro e proteção. Oferendas à Santa Muerte incluem rosas, maconha, cigarros, frutas, doces e tequila. Santuários em homenagem a Santa Muerte são adornados com rosas vermelhas, cigarros e garrafas de tequila, e velas queimam em adoração. Por todo o México e em parte dos Estados Unidos (especialmente em comunidades de imigrantes mexicanos), são vendidos itens como cartas, medalhas e velas relacionados à santa.8 Santa Muerte é frequentemente tomada por padroeira por traficantes, sequestradores e outros criminosos, ou por pessoas que vivem em comunidades violentas.9 Muitos dos altares dedicados a La Santissima Muerte podem ser encontrados ao longo das estradas no nordeste do México, e foram construídos por traficantes.10

Destruição de altares

Em 24 de março de 2009, autoridades mexicanas destruíram 30 capelas dedicadas a Santa Muerte nas cidades de Nuevo Laredo e Tijuana em resposta às suas fortes associações com traficantes de drogas e a pedido de moradores locais.11 José Manuel Valenzuela Arce, um pesquisador do Colegio de la Frontera Norte, fez um comentário sobre a ação: "a destruição dessas capelas não vai diminuir em nada o crime... alguém que está indo cometer um crime poderia ir tanto a uma capela de Santa Muerte quanto a uma Igreja Católica, ou simplesmente não ir a lugar nenhum".12

Morte e esquecimento

Em “Os Nomes”, o poeta Manuel Bandeira escreveu:

“Duas vezes se morre:

Primeiro na carne, depois no nome.

A carne desaparece, o nome persiste mas

Esvaziando-se de seu casto conteúdo

– Tantos gestos, palavras, silêncios –

Até que um dia sentimos,

Com uma pancada de espanto (ou de remorso?)

Que o nome querido já não nos soa como os outros”.

Se há uma certeza absoluta, esta é a finitude. Porém, não deixa de ser interessante como a encaramos. Somos conscientes de que chegará a hora final. E, para aumentar a nossa angústia, também sabemos que não é uma hora marcada. Pode ser daqui a um segundo, como pode demorar anos.

Vivemos a fugir do nosso inexorável destino. A religião é uma das principais respostas a este dilema. A recusa a pensar é outra forma de não sofrer. E há quem viva cada segundo como se fosse o último. O consumismo desenfreado, o individualismo extremado e o estilo de vida dos que apenas vivem, como qualquer animal, se revelam estratégias fúteis. Alguns indivíduos temem mais o esquecimento do que a morte. Permanecemos na memória dos que vivos através das nossas obras e pelo sentimento dos mais próximos. Mas, por mais que nos amem, a vida continua e tem sua dinâmica própria. Com o tempo, nos relegam a segundo plano. É normal e seria egoísmo esperar que deixem de viver as suas vidas. Nos esquecerão!

E se tivéssemos como registrar a nossa memória e esta pudesse ser codificada e editada para a posteridade? Algo como as biografias e auto-biografias, com a diferença de que um “editor” tem o filme inteiro da nossa vida, sem cortes, em suas mãos. O seu trabalho consiste em selecionar aquilo que as famílias e os mortos desejam. No final, teremos um filme editado, algo como os melhores momentos de uma vida, segundo a vontade declarada do morto e/ou da sua família. Então, os nossos amigos, familiaresetc., serão convidados para uma “sessão de cinema”. Na tela, a nossa vida tal qual gostaríamos de ser lembrados.

No filme “Violação de Privacidade” (The Final Cut), é implantado um chip em cada indivíduo, desde o nascimento. Ele grava o filme da vida, o qual será editado pelo “comedor de pecados”. Caberá a este profissional ser uma espécie de “confessor moderno”, assistindo a tudo que fizemos de mais abjeto na vida e que, para o bem da família e da nossa memória, terá que eliminar da edição final. Como humano não ficará imune ao que ouve e vê e, assim, carregará a nossa culpa em sua consciência. Um detalhe importante: para nos resguardar, ele não terá o implante em sua cabeça.O recurso tecnológico não nos imunizará da culpa e nem evitará o destino fatal. Quanto ao esquecimento, nada nos garante que o filme da nossa vida seja esquecido em meio aos móveis residenciais. Mas, se você for famoso, talvez seu “filme” se torne objeto de consumo. Como hoje!

Com tudo isso, é admirável como algumas pessoas não percebam a futilidade da sua aparente superioridade. Talvez seja o medo da morte; talvez o medo do esquecimento. Como este sentimento geralmente é acompanhado de arrogância, tudo indica que serão esquecidos.

Ritos Fúnebres

Desde os tempos imemoráveis, há 50 mil anos que existe os Ritos Fúnebres até chegar a atualidade, todos os rituais funerários que hoje se praticam estão baseado em crenças e costumes dos tempos primitivos. Todos temos incorporados no subconsciente estes Ritos e Costumes que a modernização foi transformando. O que desejo expressar é que não devemos permitir a extinção destes ritos porque isso levaria ao desaparecimento de nossa profissão.

Se devemos contribuir para a atualização e modernização dos cortejos fúnebres como velórios e atenção ao cliente, não devemos deixar de lado as origens das Pompas Fúnebres, motivo fundamental para que nossos clientes solicite nossa assessoria. Para isso é essencial que compreendamos as origens e nos transportemos para a época de cada acontecimento para possamos adapta-lo aos tempos atuais.

Os Ritos Fúnebres estão dividido em duas grandes épocas, a primeira baseada no temor, onde todos os riscos estavam vinculados a crença de que se estas cerimônias não agradassem aos defuntos estes ficariam na terra e não poderiam descansar na eternidade. A segunda baseada no sentimento de que todos os ritos e cerimônias eram para honrar o ente querido.

Já o Homosapiens (homem primitivo) realizava dois ritos, a inumação e a cremação como na atualidade.

Com o transcorrer dos tempos as antigas civilizações mantiveram os ritos porém começaram a realizar cerimônias nas inumações com a crença de que estas cerimônias agradariam ao morto e contribuiriam para a sua ida para o céu, acreditavam que se a cerimônia não agradasse ao defunto ele se vingaria mantendo-se entre os vivos, por isso as cerimônias se tornaram cada vez maiores dando origem as Pompas Fúnebres.

Os corpos eram cobertos por flores e os cortejos fúnebres e os velórios foram guarnecidos com tochas que depois foram substituídas por grandes velas, pois a crença era que a fumaça que se desprende da tocha ou da vela serviria como guia para que a alma fosse para o céu e que os espíritos reinavam nas trevas, e que mantendo o lugar bem iluminado era um obstáculo a mais para que os espíritos caíssem. Devemos observar que a origem da palavra funerária vem do latim - funus que significa tocha.

Durante o cortejo até os cemitérios, que ficavam sempre em lugares longínquos, com caminhos sinuosos e escarpados para dificultar o regresso do finado, essas velas levadas pelos familiares e amigos acompanhavam toda a trajetória. Se durante o cortejo fúnebre algumas das velas se apagavam era pressagio de má sorte, por esse motivo os cortejos se realizavam numa marcha muito lenta, rito este incorporado a atualidade.

Foram os ritos usados nas antigas civilizações que estabeleceram a ordem dos funerais e que mudaram segundo as crenças costumes e religiões.

Um rito das primitivas civilizações era fazer com que o corpo fosse cremado e sepultado. Em outros lugares se armava uma plataforma sobre a árvore mais alta e se depositava o corpo para que o sol o curtisse e em seguida sendo o mesmo sepultado. Em todos os estudos realizados foi comprovado que os defuntos desde esta época eram acompanhados por flores.

Também em comunidade mais avançada começaram a utilizar-se de ataúdes de junco e logo depois de madeira. A tampa do mesmo era pregada e atada sendo que a utilização destas caixas era evitar que o corpo saísse, e por isso mesmo colocavam muitas pedras sobre o túmulo ou uma única grande pedra onde escreviam mensagens para o defunto, porém todas com sentimento de desculpas. Na atualidade as mensagens são menores porque mudou o conceito e a crença, como veremos mais adiante. Esta etapa dos ritos fúnebres se apoiava na crença de que os defuntos continuavam vivendo no céu, ou na terra como maus espíritos, comprovando que o ser humano sempre acreditou na vida após a morte, sendo que o que mudou nas civilizações e religiões é o modo de vida após a morte.

A outra crença totalmente oposto é que as pessoas após a morte, gozavam de uma vida paradisíaca onde todos iam para o céu dando início a uma segunda etapa nos ritos fúnebres onde se começa a honrar os mortos como na China, Japão e Egito.

São os egípcios que desenvolvem esta última crença utilizando ataúdes munidos de equipamentos para o bem estar do defunto, são eles que implementam as primeiras técnicas de conservação do corpo crendo que se o corpo se mantivessem depois de morto conseguiria viver eternamente, resultando no descobrimento da arte de embalsamar a mais de 6.000 anos originando-se as conhecidas múmias.

Primeiramente extraia-se o cérebro e as vísceras do cadáver que era então lavado com vinho de palma e depois submerso durante 60 dias em uma solução salina chamada Natrón. O corpo se convertia em múmia, contraindo-se ao ponto da pele escura e dura não cobrir nada mais senão o esqueleto. Colocava-se então mirra e outros produtos, enrolava-se em ataduras e se recobria de uma massa branca que se endurecia rapidamente. Colocava-se então dentro do ataúde acompanhado de amuletos para protege-lo na viagem. O escaravelho estava sempre presente entre eles porque ele tinha uma bola de estrume que para os egípcios era o símbolo solar. Este amuleto se converteu no símbolo da ressurreição dos mortos. Os ataúdes eram pintados com uma imagem ou retrato similar ao defunto e adornado com fórmulas na língua hieroglífica que ajudavam os defuntos no além. Estas caixas eram colocadas uma dentro da outra e se o personagem era importante as mesmas eram fechadas num sarcófago de pedra.

Por último levava-se o cadáver para a sua inumação enquanto os membros da família choravam e entoavam cantos fúnebres.

Nos cortejos levavam-se também velas, tochas e ramos de oliveira que simbolizavam a ressurreição. Depois oferecia-se um banquete na casa do defunto onde se vestiam adequadamente colocando colares funerários e realizando-se ritos especiais, difundindo-se a crença de que depois de morrer se desfrutava uma vida eterna em um Egito celestial e perfeito.

As inumações se realizavam em tumbas piramidais majestosas, sendo que as mais antigas eram escalonadas, depois se construíam com as paredes lisas. As pirâmides foram construídas segundo os vários requisitos como passagens e desvios para dificultarem o acesso as câmaras mortuárias.

Como os deuses precisavam saber se o morto era digno de ir para o reino celestial, nas tumbas reais pintavam-se cenas dos deuses e do além, colocavam-se jóias, armas, comidas, roupas, ferramentas e estátuas de escravos, com a crença de que uma vez terminada a tumba o proprietário morria e por esse motivo sempre se juntavam mais pinturas terminando por ser tumbas mais que majestosas.

As pirâmides e as mumificações eram muito custosos pelo que só tinham possibilidades os mais ricos, para o resto da população, se utilizavam diferentes lugares e formas de inumação, como covas, vasilhas e árvores entalhadas porém mantendo-se os ritos de ser acompanhado pelos seus pertences.

Palavras do nosso vocabulário relacionadas com o tema:

Rito = é a ordem estabelecida para as cerimônias de uma religião

Cerimônia = expressão externa de um culto ou religião

Pompa = significa acompanhamento solene e suntuoso

Designers imaginam novos métodos de cremação e enterro

Alternativas consideram os problemas contemporâneos do aumento populacional e da agressão ao meio ambiente.

Veja o vídeo de apresentação dos projetos (em inglês)

http://vimeo.com/68051257#at=0

O método como somos enterrados se mantém inalterado por milênios, mas é preciso encontrar alternativas mais ecológicas para nossos mortos antes que a Terra vire um grande cemitério de lápides e covas.

Pensando nisso, o grupo Designboom, com o auxílio de entidades filantrópicas e fundações de preservação do meio ambiente, lançou uma competição para designers com o objetivo de encontrar novas formas de homenagear os mortos sem agredir tanto a natureza.

Hoje, a prática de enterro e de cremação dos restos mortais é bastante prejudicial para o ambiente e também para os organismos vivos, mas a busca por alternativas acaba encontrando resistência tanto pela indústria estabelecida em torno dos funerais quanto pela cultura já arraigada entre as pessoas de homenagear e se despedir de um ente querido por meio desses rituais.

A iniciativa “Design for Death”, do grupo Designboom, ajuda no processo de conscientização de que novos métodos precisam ser criados pela própria saúde do planeta. A competição recebeu um total de 2.050 inscrições e sete projetos foram contemplados com prêmios, três na categoria “cuidado ecológico”, três por formas de preservação da memória e um projeto recebeu o prêmio especial do júri.

Confira abaixo os detalhes dos projetos contemplados:

1. “Emergence”

O projeto vencedor na categoria ecológica propõe um caixão feito de materiais biodegradáveis que enriquecem o solo e permitem o crescimento de plantas e árvores acima da superfície.

O “Emergence” sugere a continuidade da vida através do uso da tecnologia. O gás carbônico da atmosfera e da decomposição do corpo é utilizado para gerar energia e iluminar perpetuamente a lápide na terra.

2. “Design for Death & Living”

O designer sul-africano Ancunel Steyn foi ao passado para buscar uma referência conceitual ao seu projeto, que visa reestabelecer o debate sobre a vida e a morte de forma mais presente no cotidiano das pessoas.

Seu trabalho consiste em uma série de opções para incorporar memoriais e espaços de homenagens aos falecidos em meio às diferentes localidades urbanas e sociais.

3. “I wish to be rain”

Há maneiras conhecidas de jogar as cinzas de um ente querido depois da cremação, desde lançar ao ar ou em alto-mar. Outras são mais inusitadas, como a proposta da iniciativa Heaven Above Fireworks, que incorpora as cinzas em fogos de artifício.

Já a ideia “I wish to be rain” de uma equipe do Reino Unido leva as cinzas até a troposfera por meio de um balão, misturando-se entre as nuvens. As cinzas caem com a chuva, promovendo uma última homenagem ao parente ou amigo.

4. “Family Tree”

O vencedor na categoria de preservação de memória sugere a construção de uma cadeia de urnas, em formato de colmeia, representando a árvore genealógica das famílias.

Cada urna guarda os restos mortais de um membro da família e contém uma tela OLED que informa o nome do falecido junto com uma mensagem que o representa. Essas informações podem ser modificadas pelos familiares através de aplicativos que conectam aparelhos celulares com as urnas dos falecidos.

5. “Urn for memorial ceremony on water”

O projeto da húngara Agnes Hegedus é certamente um dos mais baratos e eficientes entre os inscritos na competição.

Feito de maneira artesanal, com materiais biodegradáveis, a urna para cerimoniais na água se decompõe em poucos dias no mar, oferecendo o fundo dos oceanos como alternativa para o repouso final dos falecidos.

6. “Souvenair”

O artista francês Chen Jiashan criou um modelo de urna que se assemelha aos apanhadores de sonhos. A proposta é fazer com que a representação do falecido esteja sempre presente, em um espaço visível, podendo até mesmo decorar o ambiente público ou doméstico.

O aro, no qual pode ser gravado o nome do ente querido, funciona também como um sino que emite som sempre que bater o vento, ecoando a memória do falecido.

7. “Mushroom Death Suit”

De acordo com Jae Rhim Lee, a criadora do traje de cogumelo e vencedora do prêmio especial do júri desta competição, “ao tentar preservar os cadáveres, nós negamos a morte, envenenamos as coisas vivas e prejudicamos o ambiente”.

Veja a inventora neste vídeo: http://on.ted.com/JaeRhim

A vestimenta desenvolvida por ela utiliza espécies de cogumelo para tratar as toxinas liberadas pelo corpo e evitar a contaminação do solo. O “Mushroom Death Suit” é feito de uma camada interna de algodão orgânico que veste facilmente o corpo. Já a parte externa é revestida de uma rede de esporos e micélios que permitem o crescimento de cogumelos.

Enterro ecológico: cremação e enterro ficam ambientalmente corretos

Eternamente verdeAs pessoas que se preocupam com o meio ambiente durante a vida brevemente poderão continuar sendo "verdes" também depois da morte.

Engenheiros europeus desenvolveram dois métodos inusitados de eliminação do corpo: o primeiro é um método de cremação de baixa temperatura, e o segundo é um método mais ecológico do que o tradicional enterro, transformando rapidamente o corpo em uma espécie de adubo.

As duas técnicas foram publicadas nesta semana na revista da American Chemical Society, dos Estados Unidos.

Preocupações fúnebres

A editora da revista, Sarah Everts, comenta o artigo, afirmando que as pessoas ambientalmente conscientes têm várias preocupações sobre a cremação e as práticas do enterro.

A alta temperatura da cremação queima muito combustível e emite dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás de efeito estufa. A cremação também libera no ar o mercúrio das obturações dentárias do finado.

Outros, prossegue Everts, temem que o formaldeído e outras substâncias tóxicas que as funerárias usam para preparar os corpos para o enterro possam "acabar contaminando o ambiente ao redor dos cemitérios" (sic).

Cremação de baixa temperatura

As novas técnicas já estão sendo lançadas empresarialmente na Europa e nos Estados Unidos.

A cremação de baixa temperatura substitui a queima do combustível e o calor por uma substância alcalina altamente corrosiva, que literalmente dilui o corpo.

Como a temperatura utilizada neste novo processo é 80 por cento menor do que a temperatura da cremação padrão, o processo usa menos energia e produz menos emissões de dióxido de carbono.

Compostagem póstumaO outro método, que substitui o enterro tradicional, faz uma espécie de compostagem do cadáver. O processo começa com o congelamento do corpo em nitrogênio líquido, quebrando-o em pedaços menores.

A seguir, os restos são secos por um processo chamado liofilização, por meio do qual a água congelada sublima-se, passando diretamente da fase sólida para gasosa.

Finalmente, o que sobrou é colocado dentro de um caixão biodegradável para o enterro, e o ambientalista liofilizado pode descansar duplamente em paz - consigo e com o meio ambiente.

Eternamente verde: as pessoas que se preocupam com o meio ambiente durante a vida brevemente poderão continuar sendo "verdes" também depois da morte.

Cemitério de animais

FILME: O coveiro e o cemitério de animais do RN

Direção/ Roteiro e Produção: Bárbara Medeiros, Dayse Guedes e Ismael Medeiros.

Professor Orientador: Fábio

Câmera e Edição de Imagens: Ademar Gouveia e Hércules Barbosa

"Um Santo Francisco no Sertão" é um vídeo documentário que retrata a história e o trabalho peculiar e inusitado de um coveiro de animais em Carnaúba dos Dantas - RN, sertão nordestino.

O vídeo traz impressões de pessoas da comunidade a especialista sobre o comportamento e as práticas exercidas por Alexandre Lúcio Dantas, sobretudo a encomendação do corpo dos bichos numa missa fúnebre. Apontamos ainda, como são feitos os resgates, os procedimentos de praxe, a ligação do coveiro com os animais e as reações dos donos dos bichos falecidos.

Abre-se também uma discussão acerca do "diferente" e da alteridade nos dias de hoje com base na vida de Alexandre.

Porque deixar uma lápide no mundo?

O mistério de Rosalia Lombardo

Isso não é uma escultura. É um cadáver mesmo. Trata-se do corpo de Rosalia Lombardo, uma menina de dois anos de idade que morreu de pneumonia na Itália em 1920. Rosalia Lombardo é a mais famosa múmia descoberta numa catacumba de um monastério Siciliano em Palermo. Os monges apelidaram o corpo de “beleza adormecida”.

Até recentemente era um mistério o porque de Rosalia Lombardo não entrar em decomposição como os demais corpos das catacumbas vizinhas. A menina permanece do mesmo modo que foi armazenada num caixão com tampa de vidro desde o dia de sua morte. Por muitos e muitos anos, a fórmula de preservação usada para manter o corpo da menina permaneceu um mistério.

Só recentemente uma equipe de especialistas da National Geographic Magazine teve acesso ao corpo e usando métodos científicos conseguiu determinar a formulação desenvolvida por Alfredo Salafia, um taxidermista que preparou o corpo da menina para que nunca perdesse sua beleza.

Descobriu-se que o preparador do corpo havia injetado na menina uma mistura de formol, sais de zinco, álcool e acredite se quiser: ASPIRINA, além de glicerina.

Aparentemente foram os sais de zinco que a mantiveram bem preservada, e adicionalmente petrificaram seu corpo como uma estátua de carne e ossos.

Gaúcho constrói túmulo com churrasqueira e terraço

Mumias nas catacumbas

Que gaúcho gosta de churrasco, todo mundo sabe. Mas o aposentado Osório Oliveira da Rosa, de 73 anos, resolveu que nunca vai morar em uma casa sem churrasqueira, por isso construiu um jazigo de três andares com direito a terraço e churrasqueira no cemitério do município de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul. O aposentado diz que, quando morrer, quer uma festa bem grande com familiares e amigos.

Kyusouzu - as 9 etapas da morte em pinturas budistas muito realistas

Apesar deste post tratar de pinturas, as imagens a seguir podem ser bastante perturbadoras! Não prossiga em abrir o link abaixo quem não quiser ver pinturas de cadáveres!

LEIA O ARTIGO AQUI (CLIQUE)

Riso For

Famosos Mortos

Hoje temos ainda muitos mortos famosos que continuam fazendo sucesso, mesmo depois de ter deixado este mundo. É incrível, mas é um fato, e podemos até citar muitos deles que viveram em várias épocas, mas que até hoje continuam fazendo o maior sucesso.

Começando de longe, Darwin com suas teorias, Elvis Presley, Marilyn Monroe, Bob Marley, Michael Jackson, Albert Einstein, e tantos outros, mas o mais interessante é que muitos deles fazem sucesso nas redes sociais.

Vamos dispor para você alguns dos mais buscados na internet, confira: O guitarrista Jimi Hendrix – ocupa o 8º lugar no ranking das redes sociais, somente no Face este tem mais de 3,4 milhões de acessos, especialmente de fãs comprando camisetas.

E de maneira geral na internet, os acessos ultrapassam 10,8 milhões de fãs.

Marlyn Monroe – na 7ª posição, ultrapassa os 17 milhões de fãs e somente no Twiter são 83 mil fãs.

Sites onde você pode encontrar mais informações sobre vários famosos que já faleceram:

1- Mortos famosos - http://www.fabiodicas.com/mortos-famosos-e-o-sucesso/

2- Veja velórios de famosos http://www.assustador.com.br/principal.php?corpo=famosos/index.php

3- Ache o túmulo de um famoso http://www.findagrave.com/

ESPIRITISMO

O Nosso Lar, Cidades Espirituais e o Umbral

Nosso Lar1 é um dos livros psicografados pelo médium brasileiro Chico Xavier, que compõem uma coleção intitulada A Vida no Mundo Espiritual, atribuída ao espírito André Luiz. No movimento espírita brasileiro essa coleção é também conhecida como Série Nosso Lar.

Clássico da literatura espírita brasileira, Nosso lar é um romance que versa sobre os primeiros anos do médico André Luiz após sua morte, numa "colônia espiritual", espécie de cidade onde se reúnem espíritos para aprender e trabalhar entre uma encarnação e outra. O romance levanta questões acerca do sentido do trabalho justo e dignificante e da Lei de Causa e Efeito a que todos os espíritos, segundo o espiritismo, estariam submetidos.

A novelista Ivani Ribeiro teve o livro Nosso lar entre suas bases para escrever a novela A viagem, que até agora teve produzidas duas versões, ambas com sucesso e impulsionando a venda de literatura relacionada ao tema.

Nosso Lar obteve o primeiro lugar entre os dez melhores livros espíritas publicados no século XX, segundo pesquisa realizada em 1999 pela "Candeia Organização Espírita de Difusão e Cultura"2 ).

Desenhos minuciosos do mapa da cidade "Nosso Lar" assim como a arquitetura das edificações, ministérios e casas, foram criados pela médium Heigorina Cunha através de suas observações realizadas durante supostos desdobramentos (saídas do corpo) em março de 1979, conduzidas e orientadas pelo espírito Lucius. Estes desenhos serviram de inspiração para criar o visual arquitetônico da cidade que se vê na adaptação cinematográfica da obra, o filme Nosso Lar. Seus desenhos foram esclarecidos e confirmados por Chico Xavier de que se tratava realmente da cidade "Nosso Lar". A obra de Chico Xavier, também ganhou versão para o teatro, com direção de Gabriel Veiga Catellani.

Leia um artigo completo sobre o assunto neste link:

https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxvbmdub3ZhY29uc2NpZW5jaWF8Z3g6MmUwNjM3MzcwZGEwMDI2MA

Saiba como a morte é vista em diferentes religiões e doutrinas

Carolina Nascimento

De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os espíritas crêem na reencarnação: o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.

Filosofia

A sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e no julgamento após a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. Já Sartre, filósofo francês, defendia que o indivíduo tem uma única existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte.

Doutrina niilista

Sendo a matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo

Doutrina panteísta

O Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, com a morte, à massa comum

Dogmatismo Religioso

A alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. Os que morreram em 'pecado' irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso.

Budismo

O Budismo prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do seu carma, a pessoa pode renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos animais, espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais. Estes determinam a Roda de Samsara, ou seja, o transmigrar incessante de um mundo a outro, ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, brigando e reclamando. Em qualquer um destes estágios as pessoas estão sujeitas a transformações.

De acordo com o Livro Tibetano da Morte, existem 49 etapas, ou 49 dias, após a morte. Os monges oram para que as pessoas atinjam a Terra Pura - lugar de paz, tranqüilidade e sabedoria iluminada - ou renasçam em níveis superiores.

Para libertar-se do carma e alcançar a iluminação ou o Nirvana, o ciclo ignorância, sede de viver e o apego às coisas materiais deve ser abolido da mente dos homens. Para isso, a doutrina budista ensina a evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento. O leigo deve praticar três virtudes: fé, moral e benevolência. Para eles, todo ser humano é iluminado, embora não tenha consciência disso.

Hinduísmo

A visão hindu de vida após a morte é centrada na idéia de reencarnação.

Para os hinduístas, a alma se liga a este mundo por meio de pensamentos, palavras e atitudes. Quando o corpo morre ocorre a transmigração. A alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, a depender das nossas ações, pois a toda ação corresponde uma reação - Lei do Carma. Enquanto não atingimos a libertação final - chama de moksha -, passamos continuamente por mortes e renascimentos. Este ciclo é denominado Roda de Samsara, da qual só saímos após atingirmos a Iluminação.

No hinduísmo, a alma pode habitar 14 níveis planetários distintos (chamadosa Bhuvanas) dentro da existência material, de acordo com seu nível de consciência. Quando se liberta, a alma retorna ao verdadeiro lar, um mundo onde inexistem nascimentos e mortes.

Os hindus possuem crenças distintas, mas todas são baseadas na idéia de que a vida na Terra é parte de um ciclo eterno de nascimentos, mortes e renascimentos.

Islamismo (Religião Muçulmana)

Para o islamismo, Alá (Deus) criou o mundo e trará de volta a vida todos os mortos no último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da avaliação divina. Esta vida seria então uma preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno.

Quando a pessoa morre, começa o primeiro dia da eternidade. Ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição (juízo final) para ser julgado pelo criador. O inferno está reservado para as almas 'desobedientes', que foram desviadas por Satanás. No Alcorão, livro sagrado, ele é descrito como um lugar preto com fogo ardente, onde as pessoas são castigadas permanentemente. Para o paraíso, vão as almas que obedeceram e seguiram a mensagem de Alah e as tradições dos profetas (entre eles, os cinco principais: Noé, Abrão, Moisés, Jesus filho de Maria e Mohammed). No Alcorão, o paraíso é descrito como um lugar com rios de leite, córregos de mel e outras belezas jamais vistas pelo homem.

Espiritismo

Defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro corpo. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente. Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria através das inúmeras encarnações. Crêem na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de pessoas boas ou más. Deus criou os espíritos simples e ignorantes, sem discernimento do bem e do mal. Quem constrói o céu e o inferno é o próprio homem.

Pela teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para a sua verdadeira vida no mundo espiritual. E mesmo no paraíso, acredita-se que o espírito esteja em constante evolução para o seu aperfeiçoamento moral.

As almas dos mortos ligam-se umas às outras, em famílias espirituais, guiadas pela sintonia entre elas. Consequentemente, os lugares onde vivem possuem níveis vibratórios diferentes, sendo uns mais infelizes e sofredores, e outros mais felizes e plenos.

Muitas escolas espiritualistas – não todas - defendem a idéia da sobrevivência da individualidade humana, chamada espírito, ao processo da morte biológica, mantendo suas faculdades psicológicas intelectuais e morais.

#Q#

Igreja evangélica

Como no catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu ou inferno) e na eternidade da alma. A diferença é que o morto faz uma grande viagem e a ressurreição só acontecerá quando Jesus voltar à Terra, na chamada 'Ressurreição dos Justos', ou, então, aqueles que forem condenados terão uma nova chance de ressurreição no 'Julgamento Final'. Os que morrerem sem Cristo como seu Deus também receberão um corpo especial para passar a eternidade no lago de fogo e enxofre.

Igreja Adventista do Sétimo Dia

Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, os mortos dormem profundamente até o momento da ressurreição. Quem cumpriu seu papel na Terra recebe a graça da vida eterna, do contrário desaparece.

Igreja Batista

Crêem na morte física (separação da alma do corpo físico) e na morte espiritual (separação da pessoa de Deus). Os que, após a morte física, acreditam ou passam a confiar em Jesus Cristo, vão para o Paraíso onde terão uma vida de paz e felicidade. Com a morte espiritual, a alma vai para o Inferno para uma vida de angústia, sofrimento, dor e tormentos.

Catolicismo

A vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório. Dependendo de seus atos, a alma se dirige para cada um desses lugares.

A alma é eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos em animais. Crê na imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma. A Bíblia ensina que morreremos só uma vez. E ao morrer, o homem católico é julgado pelos seus atos em vida. Se ele obtiver o perdão, alcançará o céu, onde a pessoa viverá em comunhão e participação com todos os outros seres humanos e, também, com Deus. Se for condenado, vai para o inferno. Algumas almas ganham uma chance para serem purificadas e vão para o purgatório, que não é um lugar, e sim uma experiência existencial da pessoa. Quem for para o céu ressuscitará para viver eternamente. Depois do Juízo Final, justos e pecadores serão separados para a eternidade. Deus julga os atos de cada pessoa em vida de acordo com a palavra que revelou através de Seu Filho, com os ideais de amor, fraternidade, justiça, paz, solidariedade e verdade.

Judaísmo

O judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claro da vida após a morte, e nem mesmo se existe de fato.

O judaísmo é uma religião que permite múltiplas interpretações. Algumas correntes acreditam na reencarnação, outras na ressurreição dos mortos. Enquanto a reencarnação representa o retorno da alma para um novo corpo, a ressurreição é definida como o retorno da alma ao corpo original.

Para os judeus, a lei permite à pessoa que vai morrer pôr a sua casa em ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes e fazer as pazes com Deus. A confissão in extremis é considerada importante elemento na transição para o outro mundo.

Candomblé

Não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que estão na terra devem apenas cumprir o seu destino, caso contrário vagarão entre céu e terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno.

Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos, orixás e guias. Trabalha com a força da natureza existente entre terra (Aìyê) e o céu (Òrun). Nos cultos afros, o assunto de vida após a morte não é bem definido.

Na Terra, o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira completa e satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser humano está pronto para a morte. Após a morte, o espírito será encaminhado ao Òrun, para uma dimensão reservada aos seres ancestrais, ou seja, eternos. O ser humano pode ser divinizado e cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem influenciar negativamente os mortais. Como não se realizaram plenamente, estes espíritos estão sujeitos à reencarnação. Já as pessoas vivas que sofrem as suas influências negativas, precisam passar por rituais de limpeza espiritual para reencontrar o equilíbrio.

Umbanda

A Umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afros e orientais. Como não existe uma unidade ou um 'livro sagrado', alguns umbandistas admitem o céu e o inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e Carma.

Na Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a passagem de um estado a outro de manifestação espiritual, morremos para um lado e nascemos para outro lado da vida, o que nos aguarda do outro lado depende de nós mesmos.

A Umbanda explica o universo através de sete linhas, regidas por Orixás. Ao morrer, a pessoa será atraída por estes mundos espirituais. A matéria é apenas um dos caminhos para a evolução do espírito. Sendo assim, a morte é uma etapa do ciclo evolutivo, sendo a reencarnação a base da evolução. O objetivo maior do nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente do espírito. Após morte, o ser humano leva consigo suas alegrias, sua fé, suas crenças, suas mágoas e suas dores. E terá que lidar com elas, sempre contanto com o auxílio dos espíritos mais evoluídos que o recepcionarão no outro lado da vida e o ajudarão na sua adaptação no mundo espiritual.

Com a morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar protetores, enquanto os maus (espíritos de pouca evolução, devido às poucas encarnações) podem virar perturbadores. Os mortos (desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou afastados.

A Morte

Nós todos vamos morrer. E, acredite ou não, esse é um evento tão natural quanto nascer, crescer ou ter filhos. No entanto, a idéia da finitude nos enche de terror. Por quê? Será que precisa ser assim? Dá para sofrer menos?

Há muito tempo, no Tibete, uma mulher viu seu filho, ainda bebê, adoecer e morrer em seus braços, sem que ela nada pudesse fazer. Desesperada, saiu pelas ruas implorando que alguém a ajudasse a encontrar um remédio que pudesse curar a morte do filho. Como ninguém podia ajudá-la, a mulher procurou um mestre budista, colocou o corpo da criança a seus pés e falou sobre a profunda tristeza que a estava abatendo. O mestre, então, respondeu que havia, sim, uma solução para a sua dor. Ela deveria voltar à cidade e trazer para ele uma semente de mostarda nascida em uma casa onde nunca tivesse ocorrido uma perda. A mulher partiu, exultante, em busca da semente. Foi de casa em casa. Sempre ouvindo as mesmas respostas. “Muita gente já morreu nessa casa”; “Desculpe, já houve morte em nossa família”; “Aqui nós já perdemos um bebê também.” Depois de vencer a cidade inteira sem conseguir a semente de mostarda pedida pelo mestre, a mulher compreendeu a lição. Voltou a ele e disse: “O sofrimento me cegou a ponto de eu imaginar que era a única pessoa que sofria nas mãos da morte”.

A morte pode ser vista como um mistério incompreensível. Ou como um absurdo inaceitável. A morte pode até ser tratada como um tabu, assunto do qual a maioria das pessoas não gosta de falar. Mas, seja como for, aceitemos isso ou não, a morte é um fato, uma realidade inexorável. E que vem para todos nós. Por mais que queiramos nos esconder dela, deixar de existir é uma coisa tão natural quanto existir. Na verdade, a morte é provavelmente a única coisa certa na sua existência ou na minha – e também na de nossos pais, nossos filhos, nossos ídolos e inimigos, de todas as pessoas que amamos e mesmo daquelas que jamais chegaremos a conhecer: é certo que todos nós vamos morrer um dia. Pessoas boas, pessoas ruins, gente em Xanxerê, Santa Catarina, ou em Nagano, no Japão. E esse dia pode acontecer amanhã ou daqui a 60 anos.

A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é um etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua inevitabilidade e olhá-la de frente. Ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família. Mas o fato é que todos nós estamos programados para nascer, crescer e morrer – uma obviedade esquecida por boa parte da sociedade ocidental contemporânea, que teima em ver a morte como um evento artificial, inesperado e injusto. Sobretudo, costumamos vê-la como um evento exclusivo, pessoal, que isola quem sofre uma perda, por meio da dor, do resto do mundo. Quando, ao contrário, não há nada menos exclusivo do que morrer. Nem nada que perpasse mais a humanidade do que o sofrimento de uma perda. Como está expresso na fábula tibetana, a morte não é privilégio nem desgraça particular de ninguém. Ela chega para todos, sem exceção.

Mas, afinal, se a morte é tão comum e corriqueira, por que ela nos causa tanto medo? “O maior desejo do homem é a imortalidade”, diz a psicóloga Ingrid Esslinger, da Universidade de São Paulo (USP), acostumada a atender pessoas em situação de luto. “Por isso, muitas vezes a morte é considerada uma inimiga.” E uma adversária, que poderia ser vencida pelos avanços científico-tecnológicos do século XX, que aumentaram indiscutivelmente a eficiência dos diagnósticos, dos medicamentos, das técnicas cirúrgicas etc. O sonho da permanência ganhou um reforço com as melhorias trazidas pela medicina, com o aumento da expectativa de vida, com a possibilidade de haver cura para todas as doenças, mesmo o câncer ou a Aids. Enfim, soa como um despropósito falar de morte a quem tem as descobertas da ciência a seu favor. Afinal, se existem meios de prolongar a vida útil do ser humano, de manter-se jovem, de atrasar o envelhecimento, de viver mais de 100 anos, por que pensar na finitude?

É um paradoxo: a valorização da vida e a ilusão de eterna beleza e jovialidade trazidas pela vida moderna acabam gerando, por meio do apego a tudo isso, muito mais tristeza e sofrimento pelo fim inevitável da existência do que felicidade pelo mais de vida que proporcionam. O mundo ocidental transformou a morte em tabu: ela costuma ser ocultada das crianças e banida das conversas cotidianas. Tudo aquilo que possa lembrá-la – a enfermidade, a velhice, a decrepitude – é escamoteado. Os doentes morrem no hospital, longe dos olhos – e, não raro, do coração – de seus amigos e parentes. E os rituais de luto são cada vez mais rápidos e pragmáticos. O medo natural que todo ser humano sente diante da própria finitude vira pânico. E mesmo a morte natural – não causada, por exemplo, pela tremenda violência que a cada dia assola os cidadãos no Brasil – acaba virando sinônimo de aniquilamento sumário, de abreviamento. O que, no mais das vezes, não corresponde à realidade por se tratar apenas de uma vida que chegou naturalmente ao fim, de uma existência que simplesmente expirou.

“Partimos de idéias preconcebidas sobre a morte, formadas a partir da nossa personalidade, da educação familiar e do ambiente sociocultural e religioso em que vivemos”, diz a psicóloga Bel Cesar, do Centro de Dharma da Paz, em São Paulo, e autora de Morrer Não Se Improvisa. Tais imagens são rótulos que muitas vezes não correspondem à experiência humana e que acabam alimentando fantasias amedrontadoras. “Refletir sobre a morte pode torná-la mais familiar e, portanto, menos ameaçadora”, diz.

O primeiro passo para conviver melhor com a idéia da morte é esquecer aquela imagem medieval, um tanto tétrica, de um esqueleto coberto com uma capa preta carregando uma foice afiada na mão. Talvez uma imagem melhor para a morte seja imaginá-la como o fim de uma festa muito bacana: você já sabia que ela acabaria, que ela teria que acabar, em algum momento. E, pensando bem, talvez não seja de todo mal que a festa termine. Você agüentaria dançar na pista para sempre? Por melhor que seja a música, tem uma hora que seu corpo e sua mente pedem descanso. E aí, talvez, seja o momento mesmo de sair da pista, serenamente, sem traumas, e dar lugar a quem está chegando à festa cheio de gás.

Bel propõe um exercício de meditação, inspirado nas práticas budistas: repita a palavra “morte”, de olhos fechados, inúmeras vezes. “Surgirão pensamentos, imagens e sentimentos muitas vezes antagônicos. Mas, se você continuar essa experiência de mergulhar até onde a palavra ‘morte’ o levar, verá que algo dentro de você mudará positivamente”, diz ela.

O medo da morte é um sentimento inerente ao processo de desenvolvimento humano. Aparece na infância, a partir das primeiras experiências de perda. E tem várias facetas: trata-se de um medo do desconhecido, somado ao medo da própria extinção, da ruptura da teia afetiva, da solidão e do sofrimento. “O medo da morte é fundador da cultura”, diz a socioantropóloga Luce Des Aulniers, responsável pela disciplina de Estudos Sobre a Morte, da Universidade de Quebec, em Montreal, Canadá. “Esse medo funciona como pivô e como motor de todas as civilizações. A partir do desejo de perenidade, se desenvolvem as instituições, as crenças, as ciências, as artes, as técnicas e mesmo as organizações políticas e econômicas.” Esse é o lado, digamos, vital da morte. “O medo da morte nos força a viver – a nos relacionarmos, a procriarmos, a criarmos, a construirmos coisas que nos transcendam”, diz Luce. Na ilusão da imortalidade, o ser humano acredita que suas obras sejam permanentes e garantam que ele não seja esquecido. Cada um adapta, à sua própria maneira, a máxima “plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um filho”. Isso ocorre porque, para o nosso inconsciente, a morte nunca é possível nem admissível quando se trata de nós mesmos. “A idéia da não-existência provoca tal desconforto que a mente humana acaba criando alguns mecanismos de defesa para fugir dessa realidade”, diz o psiquiatra e psicanalista Roosevelt Smeke Cassorla, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, em São Paulo. A negação e a repressão da idéia de morte são exemplos desses artifícios.

Nada disso é novidade. Desde os tempos mais remotos, os homens já enxergavam a morte como elemento antagônico à vida – e não como parte integrante e inseparável dela. Talvez fosse mais fácil aceitá-la como fato natural quando ela acontecia aos borbotões, quando a expectativa de vida das pessoas era de 35 anos. Mas o estranhamento e o terror sempre existiram. As pinturas encontradas nas paredes de cavernas como Lascaux e Chauvert, na França, revelam o incômodo que a morte provocava no homem de 30 000 anos atrás. Os episódios alegres, como as caçadas, eram retratados em cores vivas, usando óxido de ferro (alaranjado) ou calcário amarelo. As imagens fúnebres, por sua vez, eram pintadas com cores escuras, com carvão. O antagonismo se mantém dentro de cada um de nós, no jogo constante entre Eros, o deus grego do amor, e Tanatos, o deus da morte, para usar uma imagem cunhada por Sigmund Freud, fundador da psicanálise. As forças da vida, representadas por Eros, estimulariam o crescimento, a integração, a autoproteção e a sobrevivência. As forças da morte, representadas por Tanatos, alimentariam os instintos destrutivos e as atitudes de auto-sabotagem, por exemplo. Da conciliação dessas forças contraditórias, surgiria o equilíbrio e o vigor emocional necessários para viver.

No entanto, o medo de morrer pode gerar um apego desmedido a elementos cotidianos e um conseqüente desespero diante da possibilidade de vir a “perder tudo” com a morte – a companhia dos amigos, o carro novo, os imóveis, o status social, os projetos não realizados. No budismo, assim como na tradição cristã, o desapego é condição essencial para uma “boa morte”. “Normalmente assumimos que precisamos dominar alguma coisa para que ela nos traga felicidade. E nos perguntamos: como é possível saborear alguma coisa se não podemos possuí-la?”, escreve Sogyal Rinpoche, em seu O Livro Tibetano do Viver e do Morrer. “Mas, na morte, não podemos levar nada conosco.” Nem bens, nem diplomas, nem o sucesso. Eis aqui outro paradoxo: para viver bem, sem o terror e o tormento da idéia do fim, é preciso cultivar um certo desapego em relação à vida.

Em outras palavras: para experimentar a “boa morte” e morrer serenamente – em oposição a viver atarantado pela iminência da “cadavérica” e assim morrer sofrendo – é preciso absorver a idéia de que, como quase tudo neste mundo, também nós somos impermanentes. A vida é como um contrato que estabelece a própria vigência em uma das cláusulas. Ou seja, basta estar vivo para estar sujeito às leis da existência, que determinam o seu próprio término. Lutar contra esse fato inelutável é garantia de dor. Ao contrário, aceitar a transitoriedade da condição humana – que se aplica a você, a mim e a mais seis bilhões de indivíduos – ajuda a aliviar o sofrimento que a idéia da morte costuma trazer. Você não pode mudar o fato de que vai acabar um dia. Mas você pode mudar o modo como se relaciona com esse fato. Em certas ordens religiosas católicas, os monges, ao se encontrarem nos corredores do mosteiro, costumam dizer uns aos outros: “Memento mori”, uma expressão latina que significa “lembre-se de que vai morrer”. A saudação – que é o contraponto de “Carpe diem” (“aproveite o dia”) – funciona como um exercício espiritual de aceitação gradual e diária da morte, vendo-a como uma conseqüência da própria vida e também de preparação para o momento em que ela acontecer.

O contrário disso é o culto ao ego, ao “pequeno eu” que há dentro de cada um de nós, manifestado na não-aceitação do curso natural dos acontecimentos, quando ele não ocorre como gostaríamos. E que está presente no indivíduo que tenta se colocar sempre acima do todo a que pertence. Ao não conseguir fazê-lo, esse “eu” sofre exagerada e desnecessariamente para aceitar a parte que lhe cabe. Na vida, quanto mais você está centrado em si mesmo, sem compartilhar suas alegrias e suas frustrações com os outros, mais você sofre com a ausência de solidariedade, com o isolamento que impõe a si mesmo, com a falsa idéia de que está desamparado. Na morte, acontece a mesma coisa. Quanto menos você compartilha a sua dor – e o sofrimento é um dos elos fundamentais da humanidade –, mais insuportável ela se torna.

As perdas que você acumula ao longo da vida podem tanto potencializar o seu medo da morte quanto ensiná-lo a conviver melhor com a finitude. “Vivemos pequenas perdas todos os dias. Uma separação, uma demissão, a morte de um amigo, a notícia de uma doença incurável”, diz a psicóloga Maria Helena Bromberg, coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto (Lelu), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. “Essas experiências cotidianas de morte nos ajudam a entender que nada dura para sempre. Inclusive nós, em nossa natureza mortal.” Uma história antiga ajuda a entender melhor esse processo de pequenas aprendizagens – e como muitos de nós o ignoram. Um dia, há muito tempo, um homem resolveu fazer um trato com a Morte. Prometeu a ela que não ofereceria resistência quando sua hora chegasse. Mas pediu, em troca, que fosse avisado com antecedência porque queria ter tempo suficiente para terminar todas as suas tarefas. O acordo foi feito. Tempos depois, houve um acidente grave na cidade e muitos amigos do homem morreram. Anos mais tarde, um vizinho próximo faleceu. Em seguida, foi a vez de um tio. Até que o homem ficou doente e, em alguns meses, encontrou-se com a Morte. Ela tinha vindo buscá-lo. Revoltado, reclamou: “Eu pedi que você me avisasse quando viria e não recebi um sinal!” Ao que a Morte respondeu: “A morte dos seus amigos, do seu vizinho, do seu tio não bastaram?”

Para quem busca na filosofia maneiras de lidar melhor com a morte, as reflexões finais do filósofo grego Sócrates – condenado a tomar cicuta, um veneno letal –, realizadas no século V a.C., representam um excelente exercício de aceitação. “Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas. Ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja. Ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para outro”, afirmou Sócrates. Em outras palavras: para quem não acredita na continuação da vida, a morte é o nada, é a ausência completa de angústias e desesperos, é o fim das aflições. E para quem acredita na continuação da vida, a morte é a passagem desta existência para outra melhor. De qualquer modo, a dor estaria na vida e não na morte. Quando chegou o momento de beber o veneno, Sócrates disse a seus discípulos, numa última lição: “Mas já é hora de irmos: eu para a morte e vocês para viverem. Mas quem vai para melhor sorte é segredo, exceto para Deus.”

A morte é um assunto tão complexo que sequer há uma concordância entre os cientistas quanto sua definição. No campo filosófico, essa discussão fica ainda mais sinuosa. “Apesar de considerarmos a morte como um evento biologicamente irreversível, ela não pode ser determinada exclusivamente pelo critério biológico, pois envolve também questões ontológicas e filosóficas”, afirma o patologista forense Marcos de Almeida, professor de Medicina Legal e Bioética da Universidade Federal de São Paulo. Alma e consciência são sinônimos? Existe uma alma imortal? Se sim, para onde ela vai quando morremos? Sem respostas definitivas da ciência, o homem busca, nas crenças religiosas, explicações para o fenômeno da morte. Para uns, trata-se de uma passagem, uma transição desta vida para outra, mais plena e mais feliz. Para outros, é o momento máximo de iluminação, uma forma de libertação do sofrimento.

Há ainda aqueles para quem morrer é simplesmente deixar de existir – como se fôssemos uma lâmpada que se apaga, sem qualquer possibilidade de transcendência. “Pesquisas demonstram que pessoas com forte grau de envolvimento religioso, independente da crença, geralmente têm menos medo da morte”, afirma a psicóloga Maria Júlia Kovácz, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) da USP e autora de Morte e Desenvolvimento Humano. “A fé ajuda a superar a ansiedade em relação à idéia de finitude”, diz ela. Para o psicanalista Roosevelt Cassorla, “na religião o indivíduo convive melhor com a finitude porque lá encontra certezas sobre por que vive, por que morre e o que acontece após a morte.”

Se há uma outra vida que se segue à morte, existiria então uma continuidade da mente ou do espírito. “Viver em função dessa continuidade nos torna mais responsáveis pelas conseqüências dos nossos atos”, diz a psicóloga Bel Cesar. “O fruto apodrece, cai no chão, mas deixa a semente que dará vida a outro fruto. Assim também conosco.” A visão espiritual da morte implica desapego. Afinal, é também por meio da aceitação da impermanência humana que a religião ajuda a suavizar o sofrimento causado pela finitude. Por outro lado, a idéia de transcendência, do indivíduo que vence a morte, paradoxalmente embute uma aspiração à perenidade, ao não admitir que o sujeito chegue a um fim e ao propor que ele perdure em algum outro lugar, existindo de alguma outra maneira.

Em oposição à visão espiritualista da morte, há a tradição materialista ocidental, que surgiu na Antigüidade e depois foi retomada pelos filósofos do Iluminismo, a partir do século XVIII, para a qual a morte é o fim total e absoluto. Nada mais do que a interrupção de um processo neurofisiológico, de um mero evento biológico. Essa concepção, mais tarde lapidada pelos existencialistas, como o francês Jean-Paul Sartre, funda muito da nossa visão de que morrer é um fracasso, um escândalo, uma idéia inconcebível com a qual é impossível lidar e inútil tentar conviver. “Morrer é um absurdo”, escreveu o filósofo existencialista Arthur Schopenhauer (1788-1860). A morte não cabe na idéia cartesiana de vida – para a qual tudo poderia ser medido, compreendido, planejado. A finitude quebra a ilusão iluminista e antropocêntrica de que o homem poderia controlar tudo por meio da sua razão. A possibilidade de não estar mais aqui amanhã não cabe nesse jeito de entender o mundo. O Ocidente, em seu esforço por não admitir a morte, está há pelo menos 30 anos obcecado pela idéia do jovem como metáfora de vida saudável. O envelhecimento, que também pode ser saudável, é visto sempre como decrepitude – e a morte é vista sempre como a epítome disso. “Há uma negação muito clara da finitude. Sobretudo porque os valores da sociedade de massa e de consumo são antagônicos à idéia de morte: o fetichismo da juventude eterna, os ideais de progresso, a acumulação de bens, a busca da imortalidade”, diz Olgária Feres Matos, professora do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo. A sociedade ocidental vive um presente perpétuo, imediato. “Não há nem a visão de um futuro nem a evocação de um passado. Por isso, a morte não é admitida como uma experiência humana aceitável”, afirma Olgária. O resultado é uma sociedade atormentada, que busca inutilmente a serenidade e a felicidade não no autoconhecimento, mas em fugas da realidade indiscutível de que um dia iremos deixar de existir.

“Atualmente se vive muito mal. As pessoas, hipnotizadas por falsas necessidades, não têm uma vida emocional rica. E morre-se de modo ainda pior”, diz o psicanalista Roosevelt Cassorla. Muitas vezes, morre-se sozinho, na assepsia gelada dos hospitais, experimentando um dos medos mais primitivos do ser humano: a solidão. Até o luto é suprimido – uma exigência implícita para que a dor seja contida, pois os sinais de morte não podem transparecer aos que ficaram. “Gastamos nossos dias tentando aproveitar a vida e chegamos ao momento da morte totalmente despreparados”, afirma o filósofo Basílio Pawlowicz, da Associação Palas Athena, um centro de estudos especializado em temas ligados à espiritualidade, em São Paulo. “Se você não disse o que queria dizer, não amou o quanto poderia amar, não tentou aquilo que desejava tentar, logicamente morrerá angustiado, com a sensação de que a vida se foi e tudo ficou pela metade.”

Mesmo no mundo ocidental, no entanto, sobrevivem tradições que, ao festejar a morte, celebram a vida. O “Dia dos Mortos”, no México, é um exemplo disso. “Ainda existem aldeias que desenterram os mortos nesse dia. Trata-se de um costume indígena milenar. As refeições são feitas no cemitério e as crianças ganham doces e bombons em forma de caveiras”, diz o historiador Leandro Karnal, professor de História da América na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “No interior do país, sobrevive a prática de conversar com os mortos para colocá-los a par do que aconteceu durante o ano.” As famílias preparam altares para seus falecidos e neles colocam os objetos de predileção do parente morto: livros, cigarros, comidas, fotografias.

A atitude de festejar a morte também está presente na cultura japonesa. “Povoado do Moinho”, o último episódio do filme Sonhos (1992), do diretor japonês Akira Kurosawa, exibe o confronto entre a antiga concepção de morte, expressa nos ritos funerários do vilarejo, e a nova, ocidentalizada, representada por um forasteiro que assiste à cerimônia. O cortejo segue, alegre, pelas ruas do povoado. Crianças, jovens e adultos cantam e dançam durante todo o trajeto do enterro. Eles celebram a morte de uma das mulheres mais velhas da aldeia. O clima de festa surpreende o forasteiro, acostumado – como nós – à atmosfera sombria de boa parte da liturgia funerária ocidental. Um velhinho centenário, então, explica ao rapaz que é uma honra encontrar a morte depois de uma existência tão plena como a daquela mulher. Por isso, tal fato merece comemoração. A história mostra como o fato de morrer pode ser encarado com serenidade e satisfação, como uma homenagem à própria vida que terminou ali.

A morte já foi vista de modo mais familiar pelo Ocidente. E não faz tanto tempo assim. Até meados do século passado, era costume morrer em casa, cercado por parentes. “A família reunia-se em volta do leito para ouvir a última palavra daquele que estava morrendo”, afirma o historiador Eduardo Basto de Albuquerque, da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. “Era um momento de despedida.” Não se ocultava das crianças a morte como se faz atualmente. O velório também era, na maioria das vezes, realizado em casa – tradição que ainda sobrevive em algumas cidades do interior do Brasil. “Existiam comidas típicas para a ocasião. Os parentes preparavam alguns pratos para receber os conhecidos que participavam do enterro. Havia, inclusive, cânticos e orações especiais para o momento”, diz Eduardo.

Com a morte tendo sido transferida para a impessoalidade dos hospitais, perdemos a noção da importância dos rituais funerários, que conferem um sentido ao sofrimento e à morte. A expulsão da morte da nossa intimidade, privando aquele que está prestes a morrer da nossa ternura e da nossa solidariedade nos momentos finais, é uma metáfora da negação da finitude que operamos em nossas próprias vidas. “Os rituais de morte estão presentes em todas as sociedades do planeta. Servem para a compreensão ‘social’ do fenômeno: ajudam a digerir o impacto provocado pela perda do outro e funcionam como fator de agregação daquela sociedade”, diz o antropólogo Guillermo Ruben, da Unicamp.

“Os rituais seculares foram esvaziados de sentimentos e significado”, escreveu o sociólogo alemão Nobert Elias, na arguta análise da experiência de morte nos dias de hoje, presente em A Solidão dos Moribundos. “O crescente tabu da civilização em relação à expressão de sentimentos espontâneos e fortes trava suas línguas e mãos. E os viventes podem, de maneira semiconsciente, sentir que a morte é contagiosa e ameaçadora; afastam-se involuntariamente dos moribundos”, afirmou. “Mas, para os íntimos que se vão, um gesto de afeição é talvez a maior ajuda, ao lado do alívio da dor física, que os que ficam podem proporcionar.”

O temor do “contágio” pela morte explica a solidão e a frieza das unidades de terapia intensiva, onde, muitas vezes, os doentes terminais morrem sem a possibilidade de dizer uma última palavra aos que amam e sem ninguém que lhe ofereça conforto espiritual. Claro que morrer assim dá muito medo. Estabelece-se aí um círculo vicioso: temos pânico da morte porque ela nos parece horrível e a tornamos muito mais horrível do que poderia ser porque nos afastamos dela – e de quem morre. O escritor budista Sogyal Rinpoche, autor de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, espantou-se quando visitou o Ocidente pela primeira vez, na década de 1970, e constatou a insensibilidade do atendimento aos doentes terminais. “O que me perturbou profundamente, e ainda continua a perturbar, é a quase inexistência de auxílio espiritual que há na cultura moderna para aqueles que vão morrer”, escreveu ele. “Cuidado espiritual não é luxo para poucos; é direito essencial de todo ser humano.”

No início dos anos 70, iniciou-se um movimento de humanização da medicina, principalmente no campo do atendimento aos pacientes terminais, que veio a se contrapor à frieza ainda dominante dos hospitais modernos. A enfermeira britânica Cicely Saunders inovou ao propor um atendimento multiprofissional aos pacientes portadores de câncer avançado, em locais chamados hospices. Nesses abrigos, o doente conta com os cuidados médicos e com a proximidade da família. Da equipe multiprofissional fazem parte também psicólogos e sacerdotes de diferentes religiões, prontos a oferecer assistência psicológica e espiritual. O “movimento hospice” incentivou a criação das unidades de cuidados paliativos, que funcionam ligadas aos hospitais, e do homecare, o atendimento domiciliar a pacientes terminais. A idéia é simples: tão fundamental quanto ter uma boa vida é gozar de uma morte mais humana, mais envolta em serenidade e ternura.

Eis o conceito, ainda tímido no meio médico mas bastante pertinente, de ortotanásia – a morte digna, sem abreviações desnecessárias e sem sofrimentos adicionais.

No Brasil, o pioneiro na divulgação dos cuidados paliativos foi o médico Marco Tullio de Assis Figueiredo, professor da Universidade Federal de São Paulo, antiga Escola Paulista de Medicina. Além de ter criado dois cursos voltados aos estudantes da área de saúde – um sobre Tanatologia (o estudo da morte) e outro sobre Cuidados Paliativos –, Marco Tullio implantou uma Unidade de Cuidados Paliativos no Hospital São Paulo. “Os estudantes de Medicina, em geral, nada aprendem em seus cursos sobre a morte e a dimensão do processo de morrer”, diz ele, que é sócio-fundador da Associação Internacional para Hospices e Cuidados Paliativos. “Por isso, vemos médicos tentando manter a vida do paciente a qualquer preço, mesmo que isso implique em mais sofrimento para o doente.” Tal prática é conhecida como distanásia, conceito que significa o prolongamento da agonia na tentativa de adiar a morte e de conseguir uma sobrevida sem qualquer qualidade – em oposição à ortotanásia. A equipe multiprofissional de Marco Tullio também prevê o atendimento domiciliar. “Faço o possível para que meus pacientes morram em casa, próximos dos familiares. Procuramos, assim, resgatar as noções de humanidade e dignidade na morte que a medicina contemporânea perdeu”, afirma ele. Outras unidades de cuidados paliativos estão sendo criadas em diversas regiões do Brasil, mas ainda existe resistência, mesmo entre os médicos, em falar de morte.

Num esforço para reaproximar o tema do cotidiano de crianças, adolescentes, adultos e idosos, a equipe do Laboratório de Estudos sobre a Morte, da USP, preparou uma trilogia de vídeos chamada Falando de Morte. Cada episódio é dedicado a uma fase da vida. E a morte é vista como uma das etapas da existência. O objetivo é estimular discussões sobre o assunto na escola, na família, nos hospitais. “Falar da morte é transformá-la em aliada, conselheira, em uma presença natural”, afirma Ingrid Esslinger, integrante da equipe. “Lidar com ela de modo saudável significa ter mais realizações, finalizar mais tarefas e pedir mais perdões ao longo da vida. Só assim se vive de modo mais pleno e se pode morrer mais serenamente, rompendo com o hábito de deixar certas decisões para amanhã, depois de amanhã e assim por diante.” Na filosofia oriental, existem práticas específicas de preparação para a morte. A principal delas é a meditação, que tem o objetivo de domar a mente, a ansiedade e as emoções negativas sempre – mas especialmente no momento em que a pessoa se aproxima da morte. A maior tranqüilidade dos orientais em relação à finitude se expressa também no maior respeito em relação aos velhos. As pessoas que se encaminham para o final da vida são respeitadas, incensadas. E, não raro, têm suas existências festejadas. Não são tornadas invisíveis e indesejáveis, como ocorre com freqüência no mundo ocidental.

Uma das imagens utilizadas na meditação para caracterizar os instantes finais da existência é a de uma bela atriz sentada em frente ao espelho. O último espetáculo está prestes a começar. Ela retoca a maquiagem e repassa a sua fala antes de pisar no palco pela última vez. Está preparada para a apresentação derradeira. Esse é o objetivo da meditação: adquirir a capacidade de manter a mente tranqüila e o espírito sereno no momento da morte, independente de quando e de como ela aconteça. Reconcilie-se com a morte. Não por morbidez, não para se esquecer de viver, não porque seja bom deixar de existir. Mas simplesmente porque ela vai acontecer e não somente com você – mas com todos os que andaram, andam ou venham a andar sobre a Terra. A você e a mim, portanto, resta apenas aprender a conviver com ela. Encará-la de frente, compreendê-la, admiti-la. Em vez de escamoteá-la, negá-la, escondê-la. E, quem sabe, assim, sofrer menos com a visita que ela nos fará um dia e com os eventuais sinais da sua presença que ela já tenha plantado ao nosso redor. Desejo uma excelente vida para você, leitor. E uma boa morte.

Fontes:

http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/11299-vaidade-e-envelhecimento

http://super.abril.com.br/saude/quem-quer-viver-1-000-anos-445501.shtml

http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/12/25/manipulacao-genetica-permite-a-verme-viver-5-vezes-alem-do-habitual.htm#fotoNav=8

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-29586/

http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=dna-rato-pelado-como-viver-10-vezes-mais-sem-cancer&id=6681

http://blogs.diariodonordeste.com.br/cearacientifico/evolucao/cientistas-prolongam-vida-de-fungo-em-dez-vezes-e-acreditam-que-podem-fazer-o-mesmo-com-humanos/

http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/category/longevidade/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Muerte

http://www.forumespirita.net/fe/auto-conhecimento/cremacao-ou-enterro-normal/#.Uzwd-Ffa6uI

http://www.megacurioso.com.br/design/37026-designers-imaginam-novos-metodos-de-cremacao-e-enterro.htm

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=enterro-ecologico

https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20101114150836AAom1mh

http://www.saopauloantiga.com.br/12-tumulos-curiosos-consolacao/

http://tumulosfamosos.blogspot.com.br/

http://www.velhosamigos.com.br/datasespeciais/diafinados.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Rosalia_Lombardo

http://www.mundogump.com.br/o-misterio-de-rosalia-lombardo/

http://menezesciencia.blogspot.com.br/2012/10/morte.html

http://super.abril.com.br/cotidiano/morte-442634.shtml

http://www.rusmea.com/2013/06/kyusouzu-as-9-etapas-da-morte-em.html

http://www.monjacoen.com.br/textos-budistas/textos-da-monja-coen/299-arte-de-morrer-budismo-zen-budismo

http://antoniozai.wordpress.com/2007/07/20/morte-e-esquecimento/

http://pt.slideshare.net/CcarlaSlide/sociedade-secreta-rosa-tmulo-diana-peterfreund

https://sites.google.com/site/temoxum/o-nosso-lar-cidades-espirituais-e-o-umbral

http://www.funerariaonline.com.br/Dicas/Default.asp?idnews=3846

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65777-5856,00-SAIBA+COMO+A+MORTE+E+VISTA+EM+DIFERENTES+RELIGIOES+E+DOUTRINAS.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nosso_Lar

http://www.lemipusp.com.br/

Arte de Morrer – Budismo – Zen Budismo

https://drive.google.com/file/d/0ByugdrMFiyUdM01pX3Uwc0JodGc/view?usp=sharing

O Nosso Lar, Cidades Espirituais e o Umbral - temoxum

https://drive.google.com/file/d/0ByugdrMFiyUdbkJFeHNKMW5scTg/view?usp=sharing

Kyusouzu - as 9 etapas da morte em pinturas terríveis

https://drive.google.com/file/d/0ByugdrMFiyUdUDEyTUQzcGRSZmc/view?usp=sharing