Dossiê CIÊNCIA HOLÍSTICA

Post date: 10/01/2014 00:16:31

HOLÍSTICA: UMA NOVA VISÃO E ABORDAGEM DO REAL

Definições e esclarecimentos necessários

Pierre Weil

Está na hora de levar ao público interessado, com maior clareza, a definição de um novo vocábulo que se introduz sub-repticiamente na linguagem científica e filosófica e cujas conotações epistemológicas são evidentes.

Já fizemos um primeiro esforço nesse sentido no nosso Novo Vocabulário Holístico (Editora Espaço e Tempo). O presente livro constitui um novo esforço. Nele o leitor encontrará uma série de trabalhos publicados na Europa nos últimos três anos. Eles respondem a esta necessidade e dão explicações indispensáveis a todos os que decidiram ingressar na nova perspectiva holística, que integra o antigo e o novo paradigma da ciência assim como a visão pessoal e transpessoal do Real e da existência.

Depois de definir e esclarecer a visão holística, a abordagem holística, a experiência holística e o movimento holístico, damos alguns exemplos de enfoque holístico. O primeiro ensaio coloca em questão a existência desse ego tão estudado pela psicologia moderna: quando são tiradas as máscaras, o que resta? O segundo, constitui uma contribuição bastante original ao principal enfoque da abordagem holística: a iluminação. O que é este fenômeno humano ou sobre-humano? De que se trata realmente? O que é um ser iluminado e como reconhecê-lo? De que luz se trata? O que significa, de fato, o transpessoal? Esta segunda parte termina abordando aquela que nos parece ser a questão essencial do encontro entre ciência e tradição: como pode o cientista compreender a tradição sem ter passado por uma experiência transpessoal? Isso é possível?

O livro dá também muitas elucidações aos que se perguntam quais as relações entre a abordagem holística e a psicologia transpessoal. Queremos deixar bem claro que a psicologia transpessoal continua seguindo o seu próprio caminho, tendo uma importância primordial no domínio das ciências. Foi ela que abriu, em grande parte, as portas para uma visão e uma abordagem holística no campo geral do conhecimento, a qual inclui o enfoque

pessoal relativo e o enfoque transpessoal e absoluto.

HOLÍSTICA: UMA NOVA VISÃO E ABORDAGEM DO REAL

Holismo

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Holismo (do grego holos que significa inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes. O sistema como um todo determina como se comportam as partes.

O princípio geral do holismo pode ser resumido por Aristóteles, na sua Metafísica, quando afirma: O todo é maior do que a simples soma das suas partes.

A palavra foi criada por Jan Smuts, primeiro-ministro da África do Sul, no seu livro de 1926, Holism and Evolution, que a definiu assim: "A tendência da Natureza, através de evolução criativa, é a de formar qualquer "todo" como sendo maior do que a soma de suas partes". 1

Vê o mundo como um todo integrado, como um organismo.

É também chamado não-reducionismo, por ser o oposto do reducionismo e ao pensamento cartesiano. Pode ser visto também como o oposto de atomismo ou mesmo do materialismo.

De uma forma ou de outra, o princípio do holismo foi discutido por diversos pensadores ao longo da História. Nomeadamente pelo primeiro filósofo que o instituiu, para a ciência, que foi o francês Augusto Comte (1798-1857) ao sobrepor a importância do espírito de conjunto (ou de síntese), sobre o espírito de detalhes (ou de análise), para uma compreensão adequada da ciência em si e de seu valor para o conjunto da existência humana. Entretanto, já no nosso tempo, o sociólogo e médico Nicholas A. Christakis explica que "nos últimos séculos o projecto cartesiano na ciência tem sido insuficiente ou redutor ao pretender romper a matéria em pedaços cada vez menores, na busca de entendimento. E isso pode funcionar, até certo ponto ... mas também recolocar as coisas em conjunto, a fim de entendê-las melhor, devido à dificuldade ou complexidade de uma questão ou problema em particular, normalmente, vem sempre mais tarde no desenvolvimento da pesquisa, da abordagem de um cientista, ou no desenvolvimento da ciência"2 .

Nunca o termo "holístico" foi tão utilizado quanto nos últimos dez anos. A visão holística do mundo parece ter sido descoberta há pouco, como uma sequência da visão mecanicista de Robert Boyle. Entretanto o pensamento holístico foi concebido há milênios, quando a visão mística foi substituída pela observação e interpretação racional, e teve seu apogeu na Grécia Antiga.

o que vem a ser holístico? Antes de qualquer conjectura, deve-se ter uma visão completa do termo. Aliás, uma visão holística. Pois bem, holístico vem do grego e significa, grosso modo, o todo; completo. De maneira mais precisa!!!!

Holística é um termo que vem do grego “holos” = igual ao todo, mais que se inspira também da palavra inglesa “wholy” = igual ao sagrado, santo. Holística é, por conseguinte um termo que ao mesmo tempo indica uma tendência ao ver o todo além das partes, ele considera esse todo como santo e sagrado.

A palavra holística nestes últimos 20 anos tem penetrado progressivamente no âmbito da filosofia, da teologia, da educação, da ecologia, da economia, e demais domínios do conhecimento humano. Ela representa na realidade todo um movimento de mudança de sentido, não somente da ciência mais ainda de todo conhecimento humano. Uma nova visão, chamada visão holística do real tem surgido sob influência das descobertas da Física Quântica e da Psicologia Transpessoal.

A Física Quântica, de um lado tem mostrado que a nossa percepção de uma realidade concreta de objeto percebido por um sujeito é uma ilusão e que em última instância, depois da fórmula da relatividade de Heistein, matéria é energia. De outro lado, a Psicologia transpessoal nos mostra que o estado de consciência de vigília, em que estamos percebendo o mundo concreto e tangível é, na realidade, uma ilusão e que existe o estado transpessoal da consciência, vivenciado pelos grandes santos místicos. Existe uma realidade iluminada absoluta, em que o ego como o sujeito se dissolve completamente constatando que era uma ilusão. O movimento holístico consiste em passar da realidade relativa do mundo concreto a realidade absoluta do mundo de luz e de integrar os dois mundos de tal modo que o programa do todo se encontra em todas as partes. O movimento holístico, por conseguinte, transcende toda fragmentação disciplinar e integra nele o novo paradigma transdisciplinar, tal como foi descrito, por Basarab Nicolescu.

Inúmeros congressos holísticos e transdisciplinares tem sido realizado no Brasil pela Universidade Holística Internacional de Brasília. Neles cientistas, artistas, filósofos e membros das grandes tradições espirituais trocam idéias e comungam de um mesmo espírito. Creio que o movimento da nova consciência também pode se inscrever como movimento holístico, no que se refere sobretudo ao aspecto transreligioso.

Mas, o que vem a ser holístico?

Antes de qualquer conjectura, deve-se ter uma visão completa do termo. Aliás, uma visão holística. Pois bem, holístico vem do grego e significa, grosso modo, o todo; completo. De maneira mais precisa, holístico é aquilo que refere-se ao holismo, que é a "tendência, que se supõe seja própria do universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas".Entretanto seu significado prático vai muito além. Em termos filosóficos, significa "a interação do todo com o todo", "como cada parte funcional de um sistema qualquer interfere no todo, e o todo nestas". Outro termo muito utilizado é ontológico. Porém, a ontologia está, hoje, muito mais ligada a questões abstratas, principalmente no tocante ao comportamento humano. Holístico reflete muito mais a análise de sistemas científicos e concretos. A visão holística da química, bem como de todas as demais áreas do conhecimento humano, vem há tempos contestando o pensamento reducionista de Descartes e Newton. Diferentemente de outros pensadores ancestrais e contemporâneos, estes cientistas propuseram procedimentos para análises sistemáticas de fenômenos físicos e químicos. Newton e Leibnitz, principalmente, criaram ferramentas matemáticas de alta sofisticação para comprovação e quantificação dos fenômenos naturais observados - o que mais tarde foi denominado simplesmente de "cálculo diferencial".O pensamento newtoniano-cartesiano é basicamente reducionista, isto é, todos os fenômenos naturais podem e devem ser separados, classificados e reduzidos em suas menores partes, irredutíveis. A análise completa e individual desses componentes fundamentais produziriam as respostas essenciais para entender e manipular os fenômenos naturais de acordo as necessidades do homem.

Renné Descartes, em "O Discurso do Método", evidencia este caminho não somente como o mais sensato, mas como o único possível para a compreensão do universo físico. Este pensamento reducionista difundiu-se por quase todas as áreas do conhecimento humano, da física até a psicologia, e realmente produziu, a partir de sua adoção por toda a comunidade científica, resultados e descobertas surpreendentes.

A divisão dos grandes problemas em menores transformou os mais complexos sistemas num simples quebra-cabeça, onde bastava a definição do local correto para a colocação de cada peça para formar o retrato completo do fenômeno. A comunidade científica da época estava em êxtase, a tal ponto que a aceitação de uma teoria dependia da análise crítica quanto aos preceitos do que foi chamado de "Método Científico". O método científico nada mais é que um conjunto de quesitos que uma teoria deve apresentar para ser aceitável como modelo físico do fenômeno, bem como estipula os procedimentos para a determinação de tais quesitos. Assim, um modelo deve ser matematicamente comprovado, e os resultados teóricos devem apresentar uma aproximação estatisticamente aceitável em relação aos empíricos.Desde então, o empirismo foi tomado como ferramenta substancial da análise científica. Hoje, entretanto, fenômenos que ocorrem em condições extremas, como temperaturas ou pressões impossíveis de serem alcançadas com a tecnologia atual, são demonstrados teoricamente. Este modelamento teórico, entretanto, é aceitável apenas se nenhum conceito fundamental for violado, e se todas as aproximações empíricas apontarem para aquela direção.O empirismo teve enorme contribuição para o pensamento reducionista. A partição dos complexos fenômenos naturais em elementos fundamentais proporcionou aos químicos, entre eles Robert Boyle, ícone da química contemporânea, desenvolver, analisar, explicar, quantificar e, principalmente, manipular os experimentos de forma a reduzir os complicados sistemas físico-químicos em simples equações matemáticas.Este fato, aliás, não ocorreu tão somente no campo da química ou da física. Todas as ciências acompanharam o pensamento de Descartes. A medicina passou a tratar o homem como uma máquina, quase perfeita, cujo mau funcionamento era proveniente de um "defeito" de uma de suas peças. O interesse pela fisiologia humana data de épocas mais remotas que a construção das pirâmides do Egito, com estudos documentados do comportamento dos tecidos ao contato com determinadas substâncias. Mais remota ainda é a busca de elixires e drogas que prolongassem ou, eventualmente, perpetuassem a vida, segundo os preceitos alquímicos - onde destaca-se o excepcional trabalho de Paracelso. Entretanto foi a partir da introdução do pensamento newtoniano-cartesiano que o mundo da medicina viveu uma explosão de experimentalismo que culminou no entendimento quase que completo dos órgãos e suas funções.

Dividiu-se o cérebro em partes. A produção de substâncias químicas, bem como as reações eletroquímicas que ocorriam naquele tido como o principal órgão do corpo humano, começaram a ser exaustiva e sistematicamente estudadas. Ainda hoje não se conhecem todas as funções e capacidades do cérebro humano. Acredita-se que o homem utiliza menos de 20% de seu potencial criativo. Os "defeitos" do cérebro começaram a ser relacionados com as demências e desvios de comportamento.Os avanços conseguidos com o método científico reducionista são inquestionáveis. Entretanto, uma parcela de cientistas argumenta que o método reducionista teve efeitos colaterais significativamente negativos para o desenvolvimento da ciência e do bem-estar do homem moderno.O principal argumento dessa ala de pensadores é que, conforme a ciência moderna reduziu os fenômenos nas suas menores partes, esqueceu-se de analisar as interações entre elas, bem como o comportamento do todo na ausência de uma delas e o contexto do próprio homem nestas partes diminutas. Assim, com o passar dos anos, as pesquisas científicas tornaram-se tão específicas que perderam seu significado original: o perfeito entendimento das forças da natureza, em benefício do bem-estar do homem.Realmente é possível observar, em todos os campos do meio científico, que os sintomas apontados por estes cientistas é fatídico. As investigações químicas tomaram caráter cada vez mais pontual, e seus efeitos tornaram-se relativamente diminutos. O pensamento newtoniano-cartesiano foi, assim, posto em xeque. Mas até que ponto estas observações são válidas? Esta generalização realmente é correta? Seriam os benefícios trazidos pelo reducionismo compensadores desta suposta falta de visão científico-holística?Renné Descartes, em seu Discurso do Método onde explana sobre o método científico e suas aplicações, cita de maneira indireta que para o completo entendimento de qualquer investigação científica deve-se avaliar as causas e conseqüências. Ou seja, Descartes já possuía, inspirado na filosofia grega, conhecimento do holismo. Entretanto essas informações foram transmitidas nas entrelinhas, de maneira metafórica. Quando Descartes dizia, logo na parte introdutória de seu Discurso, que "de todas as virtudes que os homens possuem, o bom senso é a única que todos acreditam já ter o bastante, de modo que nenhum mais é bem-vindo" e que "ser possuidor de bons poderes mentais não é suficiente, o importante é saber como aplicá-los bem, já direcionando o espírito do leitor para o pensamento holístico, que se seguiu por todo o restante da explanação. Mesmo enquanto explanava sobre o pensamento reducionista, Descartes ressaltava que o estudo só estaria completo e, portanto, o fenômeno plenamente dominado, após o mapeamento de todas as possíveis interações, incluindo a do sistema como um todo com o ambiente onde está inserido, e vice-versa.

Outro pensador cujos trabalhos foram inquestionavelmente fantásticos foi Sir Isaac Newton. Ele criou um tipo cálculo matemático totalmente novo, porém tão elegante e preciso que chamou a atenção de toda a comunidade científica da época - o cálculo diferencial e integral. Essa forma de "traduzir" as observações do mundo físico em equações matemáticas só foi possível pela adoção de técnicas essencialmente empíricas e reducionistas. O intuito de Newton era transformar em números tudo o que era observado. Seria como se o fenômeno físico em questão não passasse de um input para que as equações matemáticas fizessem todo o trabalho e devolvessem, àqueles que soubessem enxergar, as respostas às mais complexas questões sobre o comportamento da natureza. Entretanto, Newton tinha plena consciência de que a utilização do cálculo por si só não daria sequer uma única resposta. Acompanhando a inferência matemática, deveria existir uma força mental que ia além da simples materialização em modelos geométricos. Newton argumentava que o fato de os modelos geométrico-matemáticos nunca serem capazes de reproduzir os fenômenos físicos com a mesma perfeição da natureza era evidência cabal e suficiente.Assim, o modelo geométrico-matemático deveria, após todos os cálculos estarem completos, ser analisado por outra óptica. Esta óptica nada mais era que a visualização do fenômeno na mente daquele que concebeu seu modelo aproximado, analisando os desvios entre eles e avaliando suas possíveis causas. Numa terceira etapa, o modelo matemático poderia ser analisado sob vários pontos de vista e em vários contextos, sempre mantendo em mente seu grau aproximativo.Mas não era possível chegar a tais análises de interação sem possuir uma visão plena do que de fato ocorria. Deste modo, Newton também aplicava a seus modelos geométrico-matemáticos o holismo. Porém, como fizeram muitos outros sábios na história da humanidade, seus raciocínios foram expostos de maneira matematicamente metafórica e elegante, e não apenas quem pudesse poderia apreciá-los, mas quem realmente quisesse. Note que as três Leis de Newton, que regem a física clássica - longe dos campos gravitacionais fortes e a velocidades bem mais baixas que a da luz, onde deve ser aplicada a Teoria da Relatividade de Einstein - são extremamente simples e aplicam-se a todo o universo tangível.

Albert Einstein também aplicava a visão holística em suas pesquisas. Acredita-se que Einstein não foi um bom matemático, ou não tão excepcional a ponto de derivar tantas equações quantas na realidade o fez. Mas o que este gênio da ciência moderna possuía era uma clareza de visão, percepção e raciocínio lógico que o deixava sempre muitos passos à frente daqueles que eram cegados justamente pelo refino matemático. Antes de conceber qualquer equação das Teoria da Relatividade - Especial e Geral - Einstein já "via" a dinâmica do fenômeno relativístico.

Einstein também afirmava: "meu dedo mindinho me diz que a teoria da mecânica quântica está incompleta". Tentou por várias vezes demonstrar seu ponto de vista, mas não obteve sucesso. Ainda hoje, cientistas de todo o mundo, com uma tecnologia muitas vezes mais avançada que aquela de que Einstein dispunha, procuram uma teoria que unifique a mecânica quântica e a Teoria da Relatividade!Nicolas (ou Niklas) Tesla, criador da bobina eletromotriz entre várias outras utilidades ligadas ao eletromagnetismo, era grande possuidor de visão holística, à sua maneira - muito embora acredita-se que ele nunca tenha sequer pensado sobre isso. Antes mesmo de iniciar a construção de qualquer protótipo, Tesla o idealizava em sua mente de tal forma que, normalmente, poucos ajustes eram realmente necessários. A idéia materializava-se já quase que perfeita! Muitos outros pensadores, como Euclides, Hermógenes, Kepler, Demócrito, Leibnitz, Shrödinguer e Arquimedes aplicaram e tantos outros continuam a aplicar o holismo em suas pesquisas e descobertas. Levanta-se, então, a seguinte questão: por que hoje tantos cientistas apontam a falta de visão holística como grande retardatário ao desenvolvimento da humanidade, principalmente no campo das ciências? Alguns autores modernos chegam até a criticar as obras de Descartes e Newton, argumentando que em algum ponto estes ícones da ciência deixaram algo para trás.

Entretanto a visão holística não é congênita. Ela é desenvolvida ao longo das experiências e de acordo com os estímulos recebidos pelo pesquisador do meio externo. A visão holística é aplicada atualmente, e também nas áreas essencialmente científicas - não apenas filosóficas. Mas não a todo tempo, e nem em todas as áreas. Como já argumentado, o meio externo - ou seja, tudo que rodeia o pesquisador - é fator determinante para o desenvolvimento do holismo. Um cientista que tenha prazos para concluir uma pesquisa certamente não aplicará o holismo de maneira satisfatória, bem como aquele que possua interesses exclusivamente mercantilistas e econômicos. J. W. Gibbs, um dos maiores químicos de todos os tempos e o homem que criou grande parte das relações termodinâmicas, publicou seus pensamentos um único volume, num trabalho que tomou toda sua vida. Este trabalho era tão complexo e completo, que a comunidade científica demorou mais de dezessete anos para compreender sua grandiosidade. Morreu tendo ainda seus estudos questionados por vários pensadores da época. Hoje são plenamente aplicados em diversas atividades industriais.A visão holística é algo que a mente humana só é capaz de conceber quando livre de interesses "mundanos". A palavra "visão" tem um sentido bem mais próprio e completo que imaginam aqueles que criticam o cartesianismo e o newtonianismo. Aliás, é esta palavra que diferencia os grandes mestres! Eles eram capazes de realmente "ver" a ocorrência dos fenômenos, de maneira bem mais precisa e completa que os próprios modelos que desenvolviam e apresentavam!

Assim, Newton e Descartes não erraram e nem falharam ao desenvolver as premissas do método científico. Erram aqueles que não as interpretam de maneira holística. Estes grandes pensadores foram grandes divulgadores do holismo, mesmo não o fazendo de maneira explícita. Erram aqueles que não aplicam de maneira consciente o método científico. Erram os hipócritas que escondem-se atrás de um pseudo-conhecimento. Erram aqueles que criticam seus trabalhos, mesmo sem compreender seu significado e sua magnitude!

Ciência Holística

O objectivo último da ciência é compreender a natureza e comportamento do universo físico através da formulação de leis genéricas, derivadas após rigorosa observação, experimentação e medição.Para atingir este objectivo, a ciência adoptou uma abordagem bastante característica, que parte do pressuposto que problemas complexos podem ser divididos em problemas mais pequenos e simples de resolver. Usando palavras de Isaac Newton, “a verdade encontra-se na simplicidade, e não na multiplicidade e confusão das coisas”. Como o problema complexo é “reduzido” em unidades mais simples, esta abordagem designa-se “reducionista”, tendo predominado largamente no panorama científico dos últimos séculos.O reducionismo predomina igualmente nas ciências médicas, influenciando o modo como se diagnosticam, tratam e previnem doenças. Se uma infecção nos aflige, o alvo é o elemento patogénico. No caso do cancro, o alvo é o tumor. A tendência natural é tentar encontrar um factor único que seja a causa mais provável para o que observamos. Esta abordagem foi bastante importante, pois permitiu explicar os fundamentos químicos que estão na base de numerosos processos biológicos. No entanto, muitas questões permanecem sem resposta: por exemplo, qual o papel da idade, alimentação ou hábitos de sono no surgimento e progressão da doença.O reducionismo está intimamente ligado ao determinismo, em que se assume que qualquer acontecimento é perfeitamente determinado por um conjunto prévio de condições. Isso cria a ideia que todos os acontecimentos são facilmente previsíveis, bastando para isso estudar-se cada factor individualmente. No entanto, sistemas complexos são normalmente caracterizados por uma teia intricada de interacções, frequentemente circulares, em que um mesmo factor pode originar efeitos opostos dependendo do contexto, e em que pequenas alterações podem ter consequências completamente diferentes e imprevisíveis. Sistemas biológicos são particularmente complexos, apresentando um comportamento dito “emergente”, pois emerge, de forma frequentemente imprevisível, da interação entre os inúmeros componentes do sistema, cada um dos quais, quando analisados individualmente, poderiam mesmo ser considerados simples.

Uma das principais limitações do reducionismo é a sua incapacidade em explicar este tipo de comportamento emergente presente em muitos sistemas complexos. A metodologia científica que está na base das práticas médicas actuais, desde o diagnóstico até ao tratamento e prevenção, baseia-se no pressuposto que a informação de partes individuais é suficiente para explicar o comportamento do todo. Por isso não é de estranhar que, embora se celebre este ano uma década desde que se descodificou o genoma humano, seja desconhecida a função de uma parte significativa das proteínas presentes nas nossas células. Conhecer a sequência da proteína não é suficiente para compreender a sua função, pois esta depende do contexto molecular global (outras proteínas e moléculas presentes na célula). A abordagem reducionista tradicional subestima a complexidade inerente a muitos problemas, e os seus limites manifestam-se através de uma incapacidade cada vez mais patente em descobrir novas curas para um vasto leque de doenças debilitantes. Um óptimo exemplo é o cancro, em que mesmo após décadas de investigação ainda se está bastante longe de obter uma cura eficaz numa parte significativa dos casos.A natureza complexa do corpo humano e das doenças que o aflige exige uma abordagem global, que tome em consideração múltiplos níveis de informação. Nesse sentido, os últimos anos testemunharam a expansão de uma filosofia diferente de fazer ciência, uma ciência dita “holística” (do todo). Esta forma de fazer ciência, que nas ciências da vida é comum designar-se biologia sistémica, procura identificar as múltiplas interdependências entre as diferentes partes de um problema, tanto no plano espacial como temporal. Inspirando-se na engenharia, procura compreender, recorrendo frequentemente a modelos matemáticos, como é que genes, proteínas, células e tecidos dão origem à complexidade dos seres vivos à nossa volta. Até agora, o sucesso desta abordagem limita-se sobretudo ao nível do comportamento de células individuais, tendo-se conseguido já o desenvolvimento de ferramentas poderosas que conseguem modelar o comportamento destas células em resposta a diversos estímulos ambientais. O grande desafio consiste agora em tentar passar destas células individuais para organismos completos.

A biologia sistémica é inovadora no sentido em que se demarca das tradicionais abordagens reducionistas. Em vez de reduzir o problema a hipóteses simples, procura antes englobar o máximo de informação possível em modelos globais, na esperança de alcançar novos conhecimentos sobre os mecanismos que originam e permitem a vida. O painel de problemas que a biologia sistémica procura resolver é diverso, indo desde o desenvolvimento embrionário do organismo até o surgimento e progressão de doenças como o cancro.

Márcio Mourão e Daniel Sobral

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Holismo

http://www.raiadiplomatica.com/442

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080417065545AAyyYXq

http://www.pierreweil.pro.br/Livros/Portugues/on%20line/Holistica%20-%20Uma%20Nova%20Visao%20e%20Abordagem%20do%20Real.pdf

http://www.cantinhodeluz.com/Visao%20Holistica%20da%20Ciencia.htm

http://fatymaalpha.wordpress.com/visao-holistica/