Foram associadas imagens contemporâneas de determinados locais onde a escritora Clarice Lispector viveu no Brasil (cidades de Recife, Olinda e Rio de Janeiro), com trechos de suas obras, de forma a buscar explicações – ou mais indagações - para seu comportamento. O trabalho significa uma condução de leitura semelhante àquela que Clarice gera em seus leitores, desaprendendo um olhar viciado sobre as coisas e fazendo ruir as “verdades” estabelecidas. Condução Clariciana “Vísceras torturadas me guiam.” Encontramos em Clarice um estilo ensaístico indagador, desconcertante e incômodo. O leitor se encontra no livro quando é atingido e enriquecido pela escritora, mas ao mesmo tempo se perde nele quando se faz sentir menos sólido e seguro. Reconhece-se em Clarice, uma escrita sugestiva e flutuante, de tom ligeiramente fora de foco, que tende ao silêncio quanto mais almeja representar. A ausência de voz, ou o silêncio, ocupa na narrativa a função de núcleo, em torno do qual a linguagem constrói os seus ruídos. Trata-se de desaprender um olhar viciado sobre as coisas. Por paradoxal que pareça, a riqueza advém da consciência de que a literatura não pode - ou não consegue - dizer tudo, nem captar – ou traduzir – a totalidade do real, nem compensar a ânsia de idealização humana, denuncia assim a irrepresentabilidade do real. Clarice trabalha a “precariedade” dos seres e da linguagem além de lidar com a aparente simplicidade dos fatos, fazendo caber tanto em tão pouco espaço e, ao mesmo tempo, alargar o próprio espaço, expandindo sentidos e significações. Fotografia como meio não-verbal na percepção das cidades “Fotografo cada instante. Aprofundo as palavras como se pintasse mais do que um objeto, a sua sombra.” A percepção das cidades é sinestésica. Essa compreensão pré avalia a capacidade da fotografia de representar a linguagem gerada pelo ambiente. Na fotografia, a realidade é reconstruída a partir de princípios que dizem mais respeito à estrutura interna da própria imagem. A linguagem muda fotográfica constrange pela viagem interior. Segundo Cristiano Mascaro, fotógrafo e escritor têm o mesmo “ímpeto de falar alguma coisa a respeito do mundo.” Uma das grandes riquezas da fotografia é a capacidade de transmitir a natureza de interrogações sobre o mesmo mundo, apesar de que cada imagem seja captada por um ponto de vista único. Se por um lado a fotografia parece não atender a um desejo de esgotar uma comunicação, ela ganha força ao multiplicar significados. Como o Francisco Homem de Melo aponta, “a linguagem deve ser usada na sua capacidade de reverter uma percepção, flagrar o inusitado, surpreender o espectador”. Resta-nos então, tentar capturar o que sobrou da sua não representabilidade. | Brasil Faz Design
2002 – Milão - Itália. Projeto premiado na categoria Design Gráfico.
Abril 2002. Versão em vídeo ITAÚ CULTURAL DE BELO HORIZONTE. maio 2003, Museu Abílio Barreto/ Belo Horizonte– MG; MOSTRA DO AUDIOVISUAL PAULISTA ANO 15. março 2003, Centro Cultural Banco do Brasil/ São Paulo – SP; SARARTE. Novembro 2002, UFRJ/ Rio de Janeiro – RJ; Projeto Nascente 11 (USP). Novembro e dezembro 2001, na Estação Ciência/ São Paulo-SP Vídeo finalista na categoria cinema/ vídeo. Menção Honrosa; Festival Universitário de Cinema e Vídeo/ UFRJ/ Rio de Janeiro. Outubro 2001; Festvídeo Belém AnoII – Mostra Paralela. Outubro 2001; 15º Festival de Vídeo Brasileiro de Santo André. 3º lugar. Setembro 2001; 24º Festival Guarnicê de Cine-Vídeo - Maranhão. Junho 2001; Mostra Paralela - A Universidade vai ao Cinema – com debate. V Festival de Cinema, Vídeo e Dcine de Curitiba. 18 de maio 2001; MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) Aeroporto MAM. 12 de abril 2001. Vídeo selecionado para a Videoteca do 12º Festival Internacional de curtas metragens de São Paulo. Agosto 2001. |
incomunicabilidade (2000)
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jornal da USP